Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Análise:Alta do IBC-Br contraria indústria, comércio e serviços fracos

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBCBr) de julho mostrou um crescimento forte e inesperado em relação a junho, de 0,57%, na série com ajuste sazonal. O resultado surpreendeu para cima, dado o comportamento fraco registrado no mês por indicadores importantes com a produção industrial, as vendas no varejo e a prestação de serviços. A média das projeções de 21 analistas ouvidos pelo Valor Data apontava para uma alta do IBC-Br de apenas 0,05%. Em julho, a indústria teve queda de 0,2% em relação ao mês anterior, enquanto o comércio varejista ampliado (que inclui veículos, autopeças e material de construção) encolheu 0,4% na mesma base de comparação.

O volume de serviços prestados teve desempenho ainda pior, com recuo de 2,2% sobre o mês anterior. O IBC-Br tem mostrando grande divergência em relação ao comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo IBGE. Os dois indicadores têm metodologias de cálculo distintas, mas mesmo assim chama a atenção como os resultados têm sido diferentes. Em nota, o diretor de pesquisa da América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destacou que o IBC-Br foi uma “aproximação muito imprecisa” do desempenho do PIB no segundo trimestre.

Enquanto o IBC-Br caiu 0,8% em relação ao primeiro trimestre, na série livre de influências sazonais, o PIB cresceu 0,2% no período. Desse modo, o número divulgado nesta segunda-feira pelo BC parece dizer pouco sobre o ritmo da atividade econômica. O efeito da greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio, se dissipou, mas deixou um impacto negativo sobre a confiança de empresários e consumidores.

Além disso, as incertezas relacionadas às eleições contribuem para a cautela nas decisões de consumo e de investimento, ainda mais num cenário marcado pelo mercado de trabalho fraco e pela grande ociosidade na economia. Para completar, houve piora significativa das condições financeiras nos últimos meses, dada a desvalorização do câmbio, o aumento do risco país e a elevação dos juros futuros.

Esse quadro aponta para uma economia fraca, com ritmo lento de expansão. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira pelo BC, o consenso de mercado para o crescimento de 2018 recuou de 1,4% para 1,36%.

 

Investidores acompanham discursos do PT e PSL e juros futuros caem

Depois das primeiras reações negativas às pesquisas eleitorais no início do pregão, os contratos de juros futuros passaram a cair no fim da manhã e fecharam a sessão regular desta segunda-feira (17) em baixa. Diante das incertezas ainda muito elevadas em relação à corrida eleitoral, o noticiário político acaba contribuindo para o movimento, além da tendência positiva das moedas emergentes no exterior.

Embora os indícios ainda sejam muito iniciais e os investidores questionem a validade, o noticiário do dia mostra alguma tentativa de flexibilização tanto da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) quanto da de Fernando Haddad (PT), de acordo com uma fonte que preferiu não ser identificada.

Direita x Esquerda

No lado do candidato de extrema-direita, o coordenador da campanha, o deputado federal Major Olímpio, afirmou nesta segunda-feira que os partidos do Centrão (DEM, PP, PRB, PR e SD) poderão formalizar nos próximos dias apoio ao candidato do PSL. Do lado da esquerda, Haddad começou a mudar o discurso e reconheceu, hoje, que o país tem problema fiscal e que quer abrir uma mesa de negociações para discutir reformas, incluindo a da previdência.

“Ninguém é a favor da trajetória explosiva da dívida pública. Lula foi o presidente que mais reduziu a dívida”, disse, nesta segunda, o petista. “É uma mudança em relação ao discurso recente e chamou a atenção do mercado. Os dois lados indicam que talvez os governos não sejam de ruptura”, afirma essa fonte. “Mas é difícil dizer, o sinal foi pequeno e precisa sem amplificado. É preciso um contato maior das equipes econômicas com o mercado”, completa.

Os olhos estarão voltados também para o desempenho dos candidatos nas próximas pesquisas eleitorais. Os levantamentos recentes trazem argumentos positivos e negativos, na avaliação de David Cohen, sócio e gestor da Paineiras Investimentos, com Jair Bolsonaro (PSL) ganhando força por um lado, inclusive no segundo turno, e a esquerda se consolidando pelo outro. Nesse cenário, diz o gestor, os investidores ainda têm pouca convicção sobre suas apostas.

Vale ressaltar que o dia foi relativamente tranquilo para as moedas emergentes, com exceção da lira turca, que negociavam em alta sobre o dólar no exterior, o que ajudou o movimento local. Por aqui, a moeda americana fechou em queda de 0,98%, a R$ 4,1261. Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2020 fechou com taxa de 8,52% (de 8,64% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 anotou taxa de 9,82% (de 9,92% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 encerrou a 12,30% (de 12,38% no ajuste anterior).

 

Dólar tem maior queda desde atentado contra Bolsonaro

Depois de oscilar sem direção clara durante grande parte da sessão, o dólar firmou-se em queda contra o real e registrou sua maior baixa em cerca de uma semana. A moeda americana caiu 0,98%, a R$ 4,1261, marcando o recuo mais intenso desde o último dia 6 quando o atentado contra Jair Bolsonaro (PSL) impulsionou especulações sobre a corrida presidencial. Desta vez, o pano de fundo da política traz o fortalecimento de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas de intenção de votos, indicando um possível embate contra Bolsonaro no segundo turno.

O quadro não é considerado ideal para grande parte dos participantes do mercado, que já desistem das apostas numa candidatura mais centralista que viria no nome de Geraldo Alckmin (PSDB). Por outro lado, Haddad começa a mostrar um discurso mais conciliador em relação ao ajuste de contas públicas, principal preocupação entre os profissionais. O petista reconheceu que o país tem um problema fiscal e sinalizou que quer abrir uma mesa de negociações para discutir reformas, incluindo a da Previdência, e a necessidade de definir uma idade mínima para aposentadoria. “Nós temos um problema fiscal. Nossa divergência com o PSDB e com o Bolsonaro é como resolver, em qual horizonte”, disse o petista, em sabatina do UOL, “Folha de São Paulo” e SBT, em São Paulo. “Ninguém é a favor da trajetória explosiva da dívida pública. Lula foi o presidente que mais reduziu a dívida”, acrescentou.

Operadores comentam, entretanto, que o discurso só evita uma piora ainda maior do ambiente de negócios. Isso não significa que a versão mais reformista de Haddad já tenha sido absorvida entre os profissionais de mercado. A incerteza política sustenta a cautela no mercado e evita qualquer alívio mais significativo.

Por outro lado, como os investidores já assumiram posições mais defensivas, há espaço menor para grandes solavancos no mercado — a não ser que surpresas apareçam no caminho. Ao mesmo tempo, são avaliadas oportunidades de realização de lucros, tendo em vista o nível elevado da moeda americana.

Na mínima, o dólar comercial caíu a R$ 4,1181, depois de subir até R$ 4,2036 no pior momento de nervosismo do dia. Além das falas de Haddad, o índice de rejeição a Bolsonaro tende a ser um dos principais termômetros para o clima político. Hoje, a pesquisa BTG/FSB mostrou que Bolsonaro vence os principais oponentes num eventual segundo turno.

Para operador Cleber Alessie Machado, na H. Commcor DTVM, o mercado parece estar aliviado que, mesmo com crescimento do petista, o candidato do PSL ainda ganha terreno de forma gradativa. “Não tem uma conjuntura forte o suficiente que alimente uma nova mudança de patamar no dólar”, diz.

Olhando para frente, os especialistas do Citi apontam que mesmo uma vitória de Haddad pode significar um alívio pequeno após a eleição. Isso porque grande parte do prêmio de risco é embutido antes do resultado. “Também notaríamos que o incentivo inicial para Haddad seria soar mais ortodoxo. E, finalmente, achamos ainda que o posicionamento é relativamente comprado em dólar”, dizem em nota.

Por isso, a ideia inicial é comprar “put” (opção de venda) de dólar e “call” (opção de venda) de real pouco antes da eleição, apesar da alta volatilidade implícita. As carteiras de investimentos já têm mostrado uma postura mais defensiva no mercado. Só na primeira sessão de setembro, os investidores institucionais brasileiros compraram US$ 2,275 bilhões em derivativos (dólar futuro e cupom cambial), reforçando a carteira depois da aquisição líquida de US$ 1,096 bilhão em agosto. Por outro lado, a atuação no mercado nas últimas duas semanas não tem se aprofundado e o saldo de setembro é de compra líquida de US$ 1,034 bilhão, de acordo com dados registrados na B3 até a última sexta-feira.

 

Crescimento projetado na Focus volta a recuar

A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2018 voltou a mostrar recuo, o quarto consecutivo, agora de 1,40% para 1,36%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central. As estimativas estão em trajetória quase ininterrupta de queda desde o fim de fevereiro, quando a mediana do mercado atingiu o auge de 2,92%. Para 2019, o ponto-médio das estimativas manteve-se em 2,50%, percentual em que está há 12 pesquisas. Entre o fim de fevereiro e o começo de junho, a mediana das projeções para o ano que vem ficou praticamente parada em 3%, patamar alcançado no fim de janeiro.

O dado que chamou mais atenção foi a revisão do dado do primeiro trimestre, de crescimento de 0,4% para 0,1%, junto com novos números para os três últimos períodos de 2017 devido a mudanças no modelo de ajuste sazonal. A projeção atual do governo federal para a economia brasileira em 2018 é de um crescimento de 1,6%, após o corte publicado no relatório de receitas e despesas referente ao terceiro bimestre, divulgado em 20 de julho.

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2018 subiu de 4,05% para 4,09%, segundo a pesquisa Focus. Para 2019, o ponto-médio das expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) manteve-se em 4,11%. Para os próximos 12 meses, a estimativa registrou leve alta, de 3,89% para 3,90%. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação de 2018 subiu de 4,06% para 4,17% e manteve-se em 4,10% para 2019.

As medianas das estimativas para a taxa básica de juros não sofreram alterações: ficaram em 6,50% no fim deste ano tanto entre os economistas em geral (pela 17ª semana consecutiva) quanto entre os Top 5 de médio prazo (neste caso pela 18ª semana seguida).

 

'Retomada é lenta e frágil, mas risco de recessão hoje é baixo'

A recuperação da economia brasileira é lenta e frágil, mas o risco de uma recessão hoje é muito baixo, diz a economista Marcelle Chauvet, da Universidade da Califórnia, em Riverside. Segundo ela, a fragilidade da retomada se deve a uma série de incertezas, como a relacionada às eleições de outubro. "Os fatores de incerteza, que são vários, não causam uma recessão; eles atuam como se fosse um freio na produção e no consumo, por exemplo", diz Marcelle, integrante do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável por definir a cronologia de expansões e recessões do país.

Para 2019, ela vê um cenário em aberto para a economia brasileira, não sendo possível descartar uma recessão nem um crescimento mais forte da atividade, a depender do resultado das eleições e das políticas que venham a ser adotadas pelo próximo presidente. "Tudo pode ocorrer", afirma Marcelle, que ressalta também a importância para o Brasil do que se passa na economia americana. A continuidade de um crescimento forte nos EUA pressiona os juros americanos, o que atrai capital estrangeiro para o país, diz a economista.

O modelo de Marcelle para a economia brasileira mostra que hoje a probabilidade de uma recessão é baixíssima - de apenas 3%. De acordo com ela, o modelo "extrai o ciclo comum da economia inteira", levando em conta diversas variáveis. "Ele separa o sinal do ruído", diz Marcelle. Se a indústria subiu e a agricultura caiu, o modelo extrai o movimento de cada um desses segmentos relacionado ao ciclo de toda a economia, e não de movimentos específicos setoriais.

A partir daí, cria-se um indicador coincidente, que hoje aponta uma chance muito pequena de recessão, segundo Marcelle, que participou na semana passada da 34ª Conferência do Ciret (Centre for International Research on Economic Tendency Surveys), promovida pela Fundação Getulio Vargas, no Rio. No fim do ano passado, Marcelle via como possível um crescimento de 2,5% a 4% para o PIB de 2018, com base no intervalo de confiança de seu modelo de previsão.

Naquele momento, não havia um cenário de tanta incerteza e o país não havia sofrido o choque da greve dos caminhoneiros, que afetou em cheio a economia brasileira por 11 dias, começando em 21 de maio. Hoje, o consenso dos analistas ouvidos pelo Banco Central (BC) é de uma expansão de 1,36% neste ano.

O principal efeito negativo da paralisação dos motoristas foi sobre a confiança, diz a professora da Universidade da Califórnia. Foi mais um fator a pesar sobre a economia, num cenário marcado por incertezas. Segundo ela, o episódio mostrou a "fragilidade da estrutura produtiva e econômica" do país, uma vez que uma greve de caminhoneiros parou a produção e o abastecimento.

Além disso, também ficou evidente a vulnerabilidade do governo. Ao falar dos motivos que têm causado incerteza, Marcelle cita o fato de o país ter passado por uma recessão "tão duradoura e tão profunda" - de acordo com o Codace, o período recessivo começou no segundo trimestre de 2014 e só se encerrou no quarto trimestre de 2016. Nesse ambiente, as expectativas de empresários e consumidores ficam "impregnadas pelo pessimismo dos últimos anos", diz Marcelle.

 Isso afeta decisões de consumo e de investimento. Ela também menciona as notícias frequentes sobre corrupção. "Elas causam desconforto e desconfiança, provocando uma incerteza muito grande." Outro fator de indefinição está relacionado às eleições presidenciais deste ano. "A incerteza política é muito grande porque ninguém sabe o que vai ocorrer", afirma a economista, lembrando que há candidatos com posições extremas "de um lado e de outro", havendo o risco de que o próximo presidente adote políticas muito negativas para a economia. Esse conjunto de incertezas torna a recuperação frágil.

Marcelle também chama a atenção para a importância do cenário internacional, ressaltando a situação da economia americana. Com crescimento forte, o Fed tem elevado os juros, atraindo capital externo para os EUA, um movimento desfavorável para países emergentes como o Brasil. A economista diz não ter hoje uma estimativa para o crescimento da economia em 2018 e em 2019. "Eu precisaria rodar novamente o modelo."

Para o ano que vem, ela vê um quadro muito aberto. É possível um cenário bastante positivo se o novo presidente tiver capacidade de negociação no Congresso, aprovando uma reforma da Previdência e enfrentando a questão dos gastos do governo, por exemplo. Se adotar políticas equivocadas, porém, nem uma recessão pode ser desconsiderada.

A professora da Universidade da Califórnia destaca a necessidade de medidas para combater o desequilíbrio das contas públicas, mas diz que um ajuste fiscal abrupto teria um impacto negativo sobre a atividade, numa economia que já se recupera lentamente. Para ela, é fundamental uma reforma da Previdência e iniciativas que apontem para um ajuste de médio prazo das contas públicas.

Na visão de Marcelle, um ponto importante seria rever créditos e subsídios concedidos pelo governo. Há muitas desonerações que podem ser revertidas, contribuindo para melhorar o resultado fiscal. A integrante do Codace diz que não foi surpreendida pela lentidão da atual retomada, mas sim pelo tamanho da recessão. Ela foi muito longa e muito profunda, reitera Marcelle. Nos 11 trimestres em que durou a recessão, houve uma perda acumulada do PIB de 8,6%, de acordo com números do Codace.

 

IBC-Br surpreende, mas recuperação deve continuar fraca

A retomada da economia deve continuar lenta e instável neste ano, apesar de o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ter surpreendido positivamente. O indicador teve alta de 0,57% em relação a junho, na série com ajuste sazonal. O resultado ficou acima da projeção média de 21 instituições financeiras ou consultorias ouvidas pelo Valor Data, que apontava para alta de 0,05%.

Ainda assim, fatores como a eleição presidencial, principalmente, e a piora do cenário externo indicam uma recuperação econômica mais lenta do que a sugerida pelo índice de julho, dizem economistas. Alberto Ramos, diretor do departamento de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs, afirma que o IBC-Br não desafia a avaliação, sustentada por vários outros dados, de que a economia está "muito, muito débil". "Até porque, infelizmente, esse dado do Banco Central não tem sido muito fidedigno ultimamente", diz.

Para o economista, indicadores antecedentes ao Produto Interno Bruto (PIB), como o próprio IBC-Br, não têm aderência perfeita ao resultado trimestral efetivo, já que contam com metodologias diferentes. Mas, para ele, as discrepâncias observadas no caso do índice do BC desvalorizam o indicador. Ele destaca a "diferença enorme" entre a variação da atividade apontada pelo IBC-Br no segundo trimestre do ano (queda de 0,8%, revisada de recuo de 1%) e o resultado apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o PIB (alta de 0,2%).

Em julho, já feitos os ajustes sazonais, a produção industrial recuou 0,2%, o volume de serviços prestados no país teve queda de 2,2% e as vendas no varejo encolheram 0,5% frente a junho, segundo dados do IBGE. As três pesquisas são usadas como base para o IBC-Br, que também incorpora outros dados sobre a atividade da economia. O fato de o índice do BC ter apresentado crescimento, enquanto as três sondagens foram negativas, pode ser explicado por efeitos estatísticos do cálculo de ajuste sazonal, segundo Fábio Ramos, economista do UBS Brasil.

Para a Tendências, o indicador divulgado ontem ainda está contaminado pelos efeitos do movimento de paralisação dos caminhoneiros no fim de maio. "Por isso, ainda é difícil ver com clareza qual o movimento subjacente da atividade econômica no último trimestre", diz Thiago Xavier, economista da consultoria.

Dada essa distorção causada pela greve, Ramos não descarta que mais para frente o BC revise o número de julho para baixo. "Isso [alta de 0,57%] não quer dizer nada de especial", afirma o economista, que não vê perda de qualidade do indicador do BC. Em maio, o IBC-Br havia registrado queda de 3,35%. A retração foi mais do que compensada por uma alta de 3,42% (dado revisado de 3,29%) do indicador em junho. No ano, o IBC-Br acumula alta de 1,19%. Nos 12 meses até julho, o crescimento é de 1,46% na série sem ajuste.

Na comparação com julho de 2017, houve avanço de 2,56%, sem ajuste. Mesmo assim, a maior parte dos analistas ainda não vê motivos para otimismo. Desde a greve dos caminhoneiros, a Icatu Vanguarda calcula crescimento de 1% do PIB neste ano. Mas Ana Flávia Soares, economistachefe da gestora de recursos, não descarta uma expansão ainda menor, no caso de vitória de um candidato não alinhado à agenda de reformas.

Ela lembra que a herança estatística do PIB do primeiro semestre para o resto do ano é de 0,8%. Ou seja: se a atividade permanecer até dezembro no mesmo patamar que estava em junho, o PIB terá alta de 0,8% em relação a 2017. Eventuais desempenhos fracos no terceiro e quarto trimestres, portanto, podem fazer com que a atividade cresça menos do que o 1% calculado pela Icatu.

Ramos lembra que a recuperação, além de frágil, acontece a partir de uma baixa base de comparação. Como exemplo, ele cita o fato de o IBC-Br estar de 4% a 5% abaixo do nível verificado entre 2012 e 2014. Além disso, o comportamento atual das variáveis financeiras, como juros e câmbio, apontam para um quarto trimestre de PIB mais fraco, segundo ele. Índices de confiança da indústria e do consumidor também mostraram desempenhos ruins recentemente, segundo Ana Flávia, o que reforça esse cenário de uma lenta recuperação. Já Xavier, da Tendências, destaca que, além das incertezas relacionadas às eleições, outros obstáculos à recuperação da economia são o alto endividamento das famílias e das empresas e o grave quadro fiscal do setor público.

 

Trump sobretaxa US$ 200 bi de produtos chineses em 10%

O governo do presidente Donald Trump anunciou ontem que vai impor tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses como parte de sua campanha para pressionar Pequim a mudar suas práticas comerciais. A sobretaxa, que começará com uma alíquota de 10%, entrará em vigor na próxima segundafeira, e atingirá 25% até o fim do ano.

As novas tarifas vão atingir milhares de produtos de consumo, desde bagagem até o marisco, estendendo o impacto da política tarifária de Trump pela primeira vez aos consumidores americanos. "Os prejuízos têm sido tão gritantes, há tantos anos para nosso país", afirmou Trump ontem, horas antes do anúncio, referindo-se ao déficit comercial dos EUA com a China. "Simplesmente não podemos deixar isso acontecer mais."

As declarações de Trump resultaram na queda dos mercados de ações em Nova York. O índice S&P 500 fechou em queda de 0,56%, enquanto o Nasdaq recuou 1,43%. A China já havia anunciado que iria reagir aumentado a punição aos exportadores americanos com tarifas retaliatórias, assim como fez depois que Trump impôs tarifas sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses em julho.

"Se os EUA impuserem tarifas adicionais à China, teremos que tomar as medidas contrárias necessárias e salvaguardar nossos direitos", disse ontem o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, se antecipando ao anúncio. Quando as novas tarifas entrarem em vigor, Trump terá sobretaxado quase a metade dos produtos chineses exportados aos EUA, que em 2017 somaram US$ 505 bilhões. O anúncio deixa incerto o status das negociações comerciais que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, vem tentando reviver com autoridades chinesas.

As novas tarifas entram em vigor três dias antes da chegada do vice-premiê e principal negociador chinês, Liu He, a Washington, num claro sinal de que não havia perspectiva de que as negociações articuladas por Mnuchin pudessem evitar a sua implementação. Questionado se Liu seguiria em frente com a viagem se as tarifas fossem anunciadas antes de sua chegada, Geng disse que a China só manterá negociações "com base na igualdade", uma indicação de que as novas sobretaxas poderiam inviabilizar essas negociações.

Para tentar suavizar o impacto potencial das novas tarifas na economia americana, o governo Trump optou por um aumento escalonado da alíquota. "Queríamos dar às pessoas mais chance de procurar por fornecedores alternativos... para fazer ajustes", disse um funcionário do governo. Outras autoridades disseram que também queriam diminuir o impacto sobre os consumidores antes da temporada de compras de Natal.

Em resposta a milhares de comentários enviados pelas empresas americanas durante as audiências públicas, o governo Trump removeu 300 produtos da lista original divulgada no início de julho. Entre eles estão os "relógios inteligentes" da Apple, dispositivos Bluetooth, capacetes de bicicleta, cadeiras altas e assentos de carro. Apesar desses ajustes, a nova rodada de tarifas foi criticada pela comunidade empresarial americana. "As tarifas são um imposto sobre famílias americanas", disse Hun Quach, vice-presidente da Retail Industry Leaders Association, grupo que representa grandes redes como Walmart e Best Buy. "Os consumidores - e não a China - vão pagar por essas tarifas."

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Banco Central definirá nova Selic, que deve ficar em 6,5% ao ano

Esta semana, nos dias 18 e 19, o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, se reúne para deliberar sobre a taxa básica de juro, a Selic, que vem rodando em 6,50% ao ano desde maio.

O encontro da autoridade monetária está ofuscado pela política, pelo acirramento da corrida presidencial, onde sobram dúvidas e nenhuma certeza. O desinteresse se explica também pela falta de convicção de que haverá alguma alteração na Selic, diante de uma inflação que, salvo por algum choque de preços, acena com bom comportamento nos próximos meses, além da atividade econômica que continua em marcha lenta.

Quer dizer, não haveria necessidade de calibrar o juro para cima para frear o consumo, desaquecer a economia e segurar um suposto aquecimento da inflação. Assim, o entendimento é que, se depender da decisão sobre o rumo da Selic, tudo deve permanecer como está, principalmente para quem se preocupa com o bolso, tanto os que têm dívidas quanto aplicações financeiras.

A rigor, o nível da taxa básica de juros afeta, nesse grupo de interesses, apenas as aplicações remuneradas por taxas de juro. Pela insistência da Selic em permanecer marcando passo em 6,50% ao ano, a rentabilidade de 0,37% ao mês ou 4,55% ao ano (70% do juro básico) da caderneta passou a ser visto como piso e teto de ganho das aplicações de renda fixa.

Investidores que aplicam em CDB, fundos de renda fixa e fundos DI, além de caderneta, precisam conformar-se com um rendimento líquido mensal em torno de 0,40% durante bom tempo. E torcer ainda para que a inflação siga em trajetória de baixa, apesar de alguns fatores de risco.

A ameaça vem dos persistentes reajustes nos preços dos combustíveis e de energia elétrica, que têm forte influência no comportamento da inflação. Sem falar da escalada do dólar, que costuma encarecer os preços de produtos importados (combustíveis inclusive) e de outros fabricados domesticamente com insumos e matérias-primas importadas.

Caso a inflação retome o fôlego, pressionada por esses fatores, e os juros permaneçam nos atuais níveis, o aplicador em renda fixa corre o risco de ficar com o rendimento no vermelho, sem ganho real. Até porque o rendimento nominal continua muito baixo.

Especialistas orientam, ainda assim, que o investidor dê preferência à segurança e proteção ao capital, em vez de rentabilidade mais atraente, neste momento de incertezas e turbulências no mercado financeiro.

Descompasso da Selic

A taxa Selic, na prática, exerce duas funções. Define a remuneração dos títulos públicos, em operações de financiamento da dívida pública no mercado financeiro. É quanto rende o dinheiro para o investidor que compra títulos do Tesouro Nacional para financiar a dívida pública. E também baliza o custo de captação de recursos pelos bancos que abastecem, na outra ponta, as diversas linhas de crédito.

Outras aplicações, mais sofisticadas e de maior risco, têm como referência de rentabilidade os juros futuros, que andam descoladas cada vez mais da taxa Selic. São os juros que realmente contam para a remuneração de aplicações e para o custo de investimentos produtivos porque dão ideia do nível de juros que estarão rolando no futuro.

São taxas de juro que, impregnadas pelas dúvidas e temor com o processo eleitoral, estão correndo bem à frente da Selic. O juro para 2021 embutido nos contratos futuros de acordo com as projeções dos investidores superou a marca de 10% ao ano na sexta-feira.

No crédito

A expectativa de que os juros estejam mais elevados no futuro – apesar da manutenção da Selic em 6,50% –  é determinante também para a definição de juros no segmento de crédito. Os analistas não se mostram otimistas com a perspectiva de novas reduções das taxas cobradas nos financiamentos. Aliás, algumas estimativas apontam até para o ajuste para cima no custo de determinadas linhas de crédito.

No cheque especial estão os juros mais altos entre as diferentes modalidades de financiamento. Na última semana de agosto, nos cinco maiores bancos do País, elas estavam em 11,4% ao mês ou 263% ao ano no Itaú; em 11,7% ao mês e 277% ao ano no Bradesco; em 11,9% ao mês ou 287% ao ano no Banco do Brasil, em 12,4% ao mês e 308% ao ano na Caixa; e 14,7% ao mês ou 419% ao ano no Santander. Níveis muito superiores aos da Selic, de 0,53% ao mês ou 6,5% ao ano.

No rotativo do cartão de crédito, nessas mesmas instituições, os juros variaram de 8,44% ao mês ou 164% ao ano no Banco do Brasil a 13,74% ao mês ou 369% ao ano no Bradesco. No crédito pessoal, em que o custo do dinheiro é bem mais baixo, os juros oscilaram de 4,1% ao mês no Banco do Brasil a 5,23% ao mês no Bradesco. E no crédito consignado, que oferece os juros mais baixos do mercado, as taxas estavam entre 1,6% ao mês no Santander a 3,06% ao mês no Itaú.

 

Analistas consideram IBC-Br de julho como “falso positivo”

Artigo – José Paulo Kupfer

 IBC-Br de julho trouxe uma surpresa positiva, com alta de 0,57% sobre junho, bem acima das projeções conhecidas, que apontavam estabilidade, na comparação com o mês anterior. Surpreendeu o fato de o indicador mensal de atividade econômica do Banco Central ter registrado expansão mesmo com as pesquisas do IBGE demonstrando recuos na produção industrial, no comércio varejista e no volume de serviços, com alta modesta nas estimativas da produção agrícola.

Mesmo assim, as perspectivas não são animadoras e a economia, segundo analistas, deve mostrar, nos próximos meses, ritmo ainda mais lento. Eles têm observado que a trajetória do IBC-Br tem discrepado mais do que a sua tendência histórica da variação do Produto Interno Bruto que ele pretende antecipar. Não que o índice do BC vise a ser de fato uma “prévia” do PIB, como se costuma rotular. Mas, de todo modo, embora seja construído de forma diversa da utilizada para aferir a evolução efetiva da economia, objetiva captar as tendências do comportamento econômico.

Isso não tem ocorrido, mais recentemente, pelo menos a partir do início do segundo trimestre e a disparidade ganhou intensidade depois da greve dos caminhoneiros. IBC-Br indicou, por exemplo, um recuo de 0,8% na atividade entre abril e junho, ao passo que o PIB registrou expansão de 0,2% no mesmo período.

Simulações para o PIB de julho, como as elaboradas pelos economistas do Banco Itaú, sinaliam crescimento, embora mais modesto, de 0,3%. Para o terceiro trimestre, o Bradesco prevê alta de 0,2% para o PIB, mantendo o ritmo lento de expansão verificado no segundo trimestre de 2018.

Para analistas, o ambiente econômico do momento faz com que a trajetória do IBC-Br informe pouco sobre o real movimento dos negócios na economia. O resultado de julho seria uma espécie de “falso positivo”. A tendência é a de manutenção de um ritmo de crescimento insuficiente até o fim do ano, que pode ser classificada como uma “quase recessão”.

Ainda que os impactos negativos da greve dos caminhoneiros, em maio, já tenham se dissipado, restaram sequeles fortes nos índices de confiança de consumidores e empresários. Agravadas pelas incertezas eleitorais e pela situação menos confortável na economia global — que colaboram para manter o dólar pressionado — as condições financeiras se mostram mais “apertadas”, como dizem os analistas, permitindo antever dificuldades para uma retomada mais vigorosa no futuro próximo.

O encerramento do ciclo de afrouxamento monetário — a taxa básica de juros deve permanecer inalterada na reunião do Comitê de Política Monetária  (Copom) desta quarta-feira e assim permanecer até depois das eleições, mas há pressões de alta em formação — determina um freio nas expectativas de redução dos juros dos empréstimos. Ao mesmo tempo a taxa real de juros da economia pulou de 2% para 4%, nos últimos meses.

Assim, as perspectivas de consumo, já atrapalhadas pela taxa elevada de desemprego e de informalidade da mão de obra, e de investimentos, engessadas pela generalização das incertezas, seguem rebaixadas. Não é por coincidência que as projeções medianas do mercado para o crescimento da economia em 2018 vêm caindo semana após semana.

No Boletim Focus desta segunda-feira, a variação do PIB, em 2018, recuou de 1,4% para 1,36%. O movimento para baixo deve prosseguir nas próximas semanas, estabilizando somente quando as projeções do crescimento econômico neste ano alcançar o entorno de 1%.

 

 

 

 

 

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