Sexta-feira

Real perde 6,2% em sete dias com tensão externa e eleição

A combinação de um cenário externo menos favorável para investimentos em mercados emergentes com a crescente preocupação quanto ao resultado da eleição presidencial provocou desvalorização do real em relação ao dólar de 6,18% nos últimos sete dias - 1,68% só no pregão de ontem. O dólar fechou cotado a R$ 4,1222. No ano, a queda da moeda brasileira já é de 19,62%, o terceiro pior desempenho entre as principais divisas emergentes, melhor apenas que o peso argentino e a lira turca.

Embora grande parte da desvalorização seja explicada pelo temor dos investidores com a sucessão presidencial, gestores de fundos de investimento consultados pelo Valor acreditam que a piora se deva à diminuição do incentivo para a compra de ativos em países emergentes - é o que os investidores chamam de aumento da aversão a risco.

Nos Estados Unidos, a taxa de juros do título do Tesouro americano com prazo de dez anos está em 2,8% ao ano. "Quando o juro no mundo é zero, você consegue tolerar muita coisa. Mas, com o juro americano em 3%, não há por que aceitar determinados riscos", observa o gestor de um grande fundo em São Paulo. "Há algo maior acontecendo, que amplifica os movimentos aqui", diz o gestor.

Na semana passada, quando a preocupação com a eleição aumentou, saíram do país US$ 4,313 bilhões, segundo dados do Banco Central. Em agosto, o fluxo líquido foi negativo em US$ 5,894 bilhões. Não há informações oficiais sobre o destino desse dinheiro, mas participantes do mercado informam que houve resgate por parte de investidores que haviam aplicado no Brasil até março deste ano, período em que ainda prevalecia um quadro de maior interesse por ativos de risco.

Lá fora, a situação política do presidente dos EUA, Donald Trump, piorou ontem, contribuindo para deteriorar o cenário internacional. David Pecker e Dylan Howard, executivos da revista "National Enquirer", ganharam imunidade judicial, um indício de que podem delatar Trump no caso da compra do silêncio de duas atrizes de filmes pornô.

 

Disparada do dólar aquece debate sobre intervenção do BC

O novo salto do dólar aumenta a ansiedade no mercado, que aguarda alguma sinalização do Banco Central sobre o comportamento do câmbio. Alguns profissionais de mercado afirmam que já existem motivos para uma nova intervenção da autoridade monetária. Além do próprio avanço da cotação, que deixa o mercado local num dos piores desempenhos globais nos últimos dias, há também pressão sobre o cupom cambial - que equivale ao juro medido em dólar. No fechamento, o dólar ficou em R$ 4,1222, alta de 1,71%.

O contrato para setembro fechou em R$ 4,1285, alta de 2,06%. Por outro lado, há quem veja que o movimento acompanha uma reprecificação de riscos locais e externos. A piora do mercado externo pega o mercado local mais fragilizado após a recente desvalorização do real diante de preocupações com a corrida eleitoral. Mais do que intervenção em si, o que os profissionais de mercado estranham é o silêncio dos dirigentes do Banco Central. “A estratégia do Banco Central para o câmbio não está sendo bem comunicada”, afirmou um profissional, que preferiu não se identificar.

Ele lembra, em maio, as intervenções com swap demoraram para ter efeito no mercado. E o impacto, mesmo que ainda limitado, só ocorreu com o programa de US$ 20 bilhões em swap durante um período de seis dias. “E mesmo assim, o câmbio só foi acalmar com o alívio do dólar no exterior e, depois, a aproximação do Alckmin com o Centrão”, acrescenta.

Desta vez, o mercado é tomado por uma onda de pessimismo diante do avanço do Partido dos Trabalhadores (PT) nas pesquisas eleitorais, enquanto o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) continua mostrando dificuldade para angariar apoio popular.

 

Juros futuros fecham em alta seguindo dólar acima de R$ 4,10

A aversão ao risco por parte dos investidores globais aumentou no início da tarde desta quinta-feira (23) e os contratos de juros subiram ainda mais até o fechamento do pregão regular, às 16h, seguindo o dólar que passou o patamar de R$ 4,10. Com a tendência vista nos últimos dias, os ativos mais longos já começam a se aproximar das máximas observadas no ano, em junho.

O DI janeiro/2025, por exemplo, era negociado hoje próximo do patamar de 12,20%. No pior momento de 2018, o contrato bateu 12,40%. Enquanto no início dessa semana o que dominou foi o noticiário político, hoje o movimento é global e os ativos de países emergentes como um todo se depreciam, conforme conta David Cohen, sócio e gestor da Paineiras Investimentos. Cohen afirma que o movimento desta quinta leva, inclusive, os investidores que apostaram em uma melhora ao longo da semana a zerar posições.

“Os investidores ainda estão ajustando as carteiras.” EUA x China Está no foco hoje a retomada nas negociações comerciais sino-americanas. Conforme destaca o Rabobank em relatório, nesta madrugada entraram em vigor as novas tarifas no comércio bilateral entre Estados Unidos e China, que inclui sobretaxas de 25% impostas pelos EUA a US$ 16 bilhões em importações de produtos chineses.

A China manteve sua promessa de retaliação e também impôs tarifas semelhantes, e sobre a mesma quantidade de importações de bens produzidos nos EUA. O movimento acontece depois de dias de muita instabilidade nesta semana com o noticiário sobre a corrida eleitoral. As pesquisas eleitorais motivaram o desempenho negativo dos contratos ao mostrar grande vantagem do ex-presidente Lula em relação aos seus adversários e a forte posição de Jair Bolsonaro.

Para os dois candidatos, cai a confiança de avanço das reformas. De acordo com a Guide Investimentos, a incerteza política persiste. “Bolsonaro sinaliza que pode não participar mais de debates e Haddad tenta ficar mais conhecido no Nordeste e se aproxima também do mercado”, comenta em nota a corretora.

Ao fim da sessão regular de hoje, o DI janeiro/2020 terminou com taxa de 8,56% (de 8,41% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 anotou taxa de 9,73% (de 9,56% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 registrou 12,10% (de 11,96% no ajuste anterior).

 

Economistas veem custo do ajuste maior que em 2002

A situação da economia brasileira hoje está pior do que em 2002. O grave desequilíbrio das contas públicas e a dificuldade política em aprovar medidas para resolver o problema fiscal tornam os riscos da atual eleição mais elevados, segundo economistas ouvidos pelo Valor — percepção compartilhada pelo ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga.

Para o também ex-BC Gustavo Loyola, embora as contas externas estejam mais sólidas e o Brasil disponha de um grande colchão de reservas internacionais, o tamanho do esforço para estabilizar e reduzir a dívida pública torna o cenário atual mais desafiador do que há 16 anos.

Em entrevista ao Valor, publicada nesta quinta, Arminio avaliou que o vencedor das eleições deste ano terá que fazer um ajuste fiscal equivalente a 6% do PIB para colocar a relação entre a dívida e o PIB em trajetória de queda. Depois de ganhar o pleito de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva elevou o superávit primário em 0,5% do PIB.

O resultado primário mostra a diferença entre receitas e despesas do setor público, excluindo gastos com juros. Loyola também considera necessário colocar a relação dívida/PIB em trajetória de baixa — estabilizá-la na casa de 80% a 85% do PIB seria um nível muito elevado. Em junho, ela estava em 77,2% do PIB, devendo subir nos próximos anos. Hoje, o país tem um déficit primário na casa de 3% do PIB, sem contar receitas e despesas extraordinárias. Para reduzir o endividamento como proporção do PIB, será preciso um superávit de 2% a 3% do PIB.

“O tamanho do ajuste requerido hoje é bem maior”, diz Loyola, sócio da Tendências Consultoria Integrada. O chefe do Centro de Estudos Monetários da FGV/Ibre e ex-diretor do Banco Central, Jose Júlio Senna, corrobora os argumentos de Arminio e Loyola: “Lá atrás, os fatores macros não tinham saído dos trilhos e agora o desafio é colocá-los de volta aos trilhos, algo de custo muito mais elevado”.

Conforme o economista do Ibre, “em 2002, olhando para frente, tinha muita coisa para fazer, mas vínhamos de uma grande virada no combate à inflação, de onda boa de privatizações que trouxe ganhos de eficiência para o sistema econômico, especialmente na siderurgia e nas telecomunicações, o [saldo] primário era positivo desde 99, com uma média de 2,5% do PIB de superávit, os gastos federais em proporção ao PIB tinham um patamar bem inferior ao de hoje, em torno de 15% do PIB, e a dívida pública não era tão alta”. Um problema existente na época, aponta o economista, era o fato de 30% da dívida pública estar indexada ao dólar, o que fazia com que desvalorizações do câmbio tivessem um impacto negativo sobre as contas públicas. Hoje, essa fragilidade não existe mais.

Na atualidade, o país está muito mais resistente a choques de fora. As contas externas estão bem melhores atualmente. O déficit em conta corrente é inferior a 1% do PIB e o país tem US$ 380 bilhões de reservas . A retomada da confiança a partir de 2003, com uma política fiscal responsável, trouxe de volta fluxos de capitais para o país. Embora tenha menor exposição externa, o país atualmente enfrenta desafios maiores comparados a 2002. “Hoje o grau de intervenção na economia cresceu, com a criação de empresas estatais em ritmo mais acentuado, o lado fiscal hoje apresenta um déficit há cinco anos, os gastos federais agora alcançam 20% do PIB e, de lá para cá, houve crescimento acentuado dos gastos públicos de maneira real”, compara Senna, do Ibre.

O economista acrescenta que “a trajetória da relação dívida/PIB é nitidamente explosiva: representava 53,5% do PIB em 2014, hoje está em torno de 77% do PIB e subindo”. “Não tenho ilusão de que [a situação fiscal] se resolva em dois ou três anos”, diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator. Para o especialista, o cenário para crescimento piorou na atualidade em relação a 2002. “Agora claramente a chance de a economia melhorar é muito pequena, seja pelo cenário internacional ou por investimentos domésticos.”

 De fato, o cenário externo está se tornando mais complicado para países como o Brasil. Os juros americanos estão em alta e há uma onda protecionista no comércio mundial, puxada pelas ações do presidente Donald Trump. Já nos anos que se seguiram à posse de Lula, houve um ciclo internacional benigno, com a forte alta dos preços de commodities, pondera Loyola.

O economista-chefe do Fator lembra ainda que “em 2002, se a economia voltasse a crescer e os juros caíssem, já melhorava a situação fiscal, que foi o que acabou acontecendo”. Agora, diz o Gonçalves, “nem uma melhora fiscal daria para se colocar na conta de uma melhora da atividade”. Conforme o economista, o cenário depende de equalizar o déficit da Previdência, “uma incerteza brutal”.

E, diz o especialista, “isso não depende de atividade ou até piora com uma retomada se não for feito nada”. Além da magnitude do esforço fiscal, as medidas necessárias para realizar o ajuste exigem uma coordenação política complexa e difícil. Loyola, da Tendências, observa que aumentos de tributos, por exemplo, encontram feroz resistência da sociedade. Reonerações tributárias, com o fim ou redução de isenções, são possíveis, mas elevar impostos não parece uma saída factível para melhorar o resultado fiscal.

Do lado da despesa, é preciso fazer uma reforma da Previdência e conter os gastos com funcionalismo, o que é complicado do ponto de vista político, afirma o ex-presidente do BC. “Não há nenhuma despesa óbvia para cortar.” Os gastos discricionários, aqueles sobre os quais o governo tem mais controle, já foram muito reduzidos nos últimos anos. De acordo com Senna, do Ibre, o governo atual piorou muito o problema com sua reação à greve dos caminhoneiros.

“Depois da paralisação dos profissionais de transportes, inventaram uma tabela para o frete e subsídio ao diesel, soluções populistas e péssimas, que contaminam a maneira de as pessoas pensarem e gera demanda por mais ações populistas”, diz. Para o pesquisador, “esse ambiente torna mais difícil implantar política econômica de maneira racional”. Para Senna, “se o ajuste não for feito logo na largada, nos primeiros trimestres do próximo governo, não será mais feito e o investimento vai ficar inibido”.

O economista, porém, faz críticas à possibilidade de o novo governo optar por subir impostos. “Minha ponderação é que devemos evitar a qualquer custo aumento de impostos, porque é uma ilusão achar que se corrige déficit primário com aumento de impostos e a razão é simples: sempre que se entrega mais receita tributária ao governo ele gasta mais.”

 

PIB em 2019 depende da governabilidade, diz Itaú

Um crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 só será possível com uma normalização das condições financeiras após as eleições, avalia o Itaú Unibanco. "As condições financeiras são o que mais nos preocupa agora", disse Mario Mesquita, economista-chefe do banco, em evento realizado ontem. Para este ano, a instituição projeta uma alta do PIB de 1,3%.

Segundo Mesquita, aos preços atuais, ativos como juros futuros e o Ibovespa em dólares - que tem boa correlação com a produção industrial - sugerem um PIB próximo de zero ou até mesmo ligeiramente negativo no próximo ano. Mas a tendência natural é que a volatilidade pré-eleitoral se dissipe, passada a votação. Essa distensão poderia não acontecer, disse o economista, caso não sejam construídas condições de governabilidade após a eleição. "Isso envolve muitos fatores como o anúncio do programa [de governo], formação da equipe e relação com o Congresso", citou.

"Se essa construção da governabilidade não for favorável, as condições financeiras podem continuar adversas", antecipou Mesquita. No front externo, a principal ameça para 2019 é um agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, avalia a equipe do Itaú. Num cenário extremo, a guerra comercial poderia reduzir o crescimento global no próximo ano em 0,7 ponto percentual, para 3%, calculam os economistas. "Como o Brasil tem uma economia fechada, o principal risco é se esse PIB global menor tiver impacto sobre as condições financeiras", disse Felipe Salles, economista da instituição.

Quanto à alta recente do dólar, Salles avalia que ela não coloca em risco a trajetória inflacionária benigna do país. As expectativas de inflação bem ancoradas pelo Banco Central e o desemprego ainda elevado têm contribuído para um repasse cambial aos preços menor do que sugerem os modelos econométricos, disse. O Itaú tem como cenário um dólar a R$ 3,90 ao fim de 2018.

Ontem, a moeda americana fechou pelo segundo dia acima dos R$ 4, nível inédito desde 2016. Já para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a estimativa é de um avanço de 4,1% em 2018 e 4,2% em 2019, após alta de 2,8% em 2017.

Segundo Mesquita, a aceleração do IPCA este ano está mais relacionada à normalização dos preços dos alimentos, após comportamento atípico em 2017, devido ao excesso de oferta. Os preços industriais também seguem acelerando, movimento que deve continuar no próximo ano, mas a partir de um nível muito baixo.

A inflação de serviços, por sua vez, deve seguir reduzida, avalia Salles, influenciada pela baixa inflação passada e pelo desemprego. Já o repasse cambial, que na média histórica é de 7,5% - ou seja, cada 10% de depreciação cambial joga 0,75 ponto percentual na projeção de inflação - tem sido menor do que isso neste ano, também devido à atividade fraca.

Mesmo com a desaceleração da economia provocada pela greve dos caminhoneiros em maio, o Itaú estima um avanço de 0,3% para o PIB do segundo trimestre em relação ao primeiro e feito o ajuste sazonal, com uma desaceleração do investimento no período. Já no trimestre de julho a setembro, o produto também deverá ter um pequeno crescimento, de até 0,5%, mas muito influenciado por efeitos estatísticos.

Segundo Salles, a queda da produção em maio puxa para baixo a média do segundo trimestre, o que torna a base de comparação mais favorável para o terceiro trimestre. Ao mesmo tempo, a recuperação da produção em junho deixa um carregamento estatístico positivo. No campo fiscal, o Itaú avalia que a meta de déficit primário será cumprida neste ano com folga e que também não haverá dificuldades para que o teto de gastos seja respeitado.

 Em 2019, o cumprimento do teto deve exigir um ajuste de R$ 6 bilhões nas despesas do governo, que poderá ser integralmente obtido através da redução de despesas discricionárias, calculam os economistas. "É uma boa notícia do ponto de vista de governabilidade, pois significa que o novo presidente não começará o mandato com uma 'espada na cabeça'", disse Mesquita.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Moody's reduz previsão para PIB do Brasil e vê risco em guerra EUA-China

A agência de classificação de risco Moody’s reduziu nesta quinta-feira (23) a previsão para o crescimento do Brasil em 2018, em meio a um cenário ruim para emergentes pelo aumento do preço do petróleo e pelas tensões comerciais entre EUA e diante das incertezas eleitorais no país.

Segundo a Moody’s, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro crescerá 1,8% neste ano. Antes, a expansão prevista era de 2,5%. Para 2019, a projeção diminuiu de 2,7% para 2%. A análise está no relatório “Global Macro Outlook 2018-2019” (“Panorama Macro Global 2018-2019”, em tradução livre), divulgado nesta quinta.

A agência atribui a piora na perspectiva de curto prazo a uma combinação de cenário externo mais desafiador e a fragilidades internas do país.

A Moody’s diz que a paralisação dos caminhoneiros em maio provocou uma contração da atividade econômica, e que dados de varejo e produção industrial indicam que uma recuperação mais ampla está perdendo ímpeto.

Enquanto isso, as expectativas de inflação começaram a subir, e a desvalorização do real deve contribuir para uma pressão inflacionária adicional, diz o relatório. “A inflação crescente vai afetar os gastos do consumidor ao erodir os salários reais, enquanto maiores taxas de juros vão refrear os investimentos.”

A esse panorama, ainda é preciso somar a incerteza sobre o resultado das eleições e as políticas do próximo governo, “fonte adicional de risco”, indica a agência. E um contexto global de alta de juros nos Estados Unidos, que favorece a atração de fluxo de investimentos para o mercado americano e agrava as turbulências locais.

“O maior risco para os mercados emergentes é o aperto na política monetária americana. Como esperamos que a política monetária continue se normalizando nos EUA, esperaríamos fluxo monetário saindo dos mercados emergentes”, afirma Elena Duggar, diretora-adjunta da Moody’s.

Segundo o relatório, o aumento do preço do petróleo e a desvalorização das moedas de emergentes constituem uma considerável deterioração nas trocas comerciais desses países, o que leva à piora nas perspectivas econômicas.

“De uma maneira geral, os mercados emergentes permanecem inerentemente vulneráveis ao risco de fluxos de capitais associados ao aperto da liquidez global, conforme bancos centrais de economias avançadas revertem medidas de estímulo”, indica o texto.

E como pano de fundo, a disputa comercial entre EUA e China, que, segundo a agência, deve se agravar neste ano e pesar sobre o crescimento econômico em 2019. “A magnitude do impacto macro vai depender crucialmente na resiliência do sentimento”, indica o estudo.

Para a China, a disputa deve retirar de 0,3 a 0,5 ponto percentual do crescimento do PIB em 2019 --a Moody’s projeta expansão de 6,6% neste ano e 6,4% em 2019.

Nos Estados Unidos, a perda deve ser de 0,25 ponto percentual, “ofuscando parte do forte momento atribuído aos estímulos fiscais” do governo de Donald Trump.  O PIB americano deve crescer 2,9% neste ano e 2,3% no próximo, diz a Moody’s.

As previsões da agência não consideram as tarifas de 25% sobre US$ 200 bilhões de importação da China ou a tarifa de 25% sobre veículos e autopeças. “A implementação de qualquer uma delas significaria um grande choque adverso por múltiplos canais e também significaria uma séria escalada na disputa comercial”, indicam.

A Moody’s avalia que um passo nessa direção poderia ser prejudicial ao crescimento global, não apenas pelas cadeias de valor no comércio mundial, mas por injetar um alto nível de incerteza, frear o investimento e pressionar os preços de ativos no mundo.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Julgamento do STF sobre terceirização irrestrita será retomado no dia 29

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma na próxima quarta-feira, 29, o julgamento sobre terceirização irrestrita. Até o momento, quatro votos foram favoráveis à terceirização de todas as atividades, e três contrários. Os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Cármen Lúcia ainda precisam votar sobre o tema, que já tomou três sessões plenárias da Corte.

Último a votar nesta quinta-feira, 23, o ministro Ricardo Lewandowski se posicionou de forma breve, apenas acompanhando os votos dos ministros Edson Fachin e Rosa Weber, contrários à terceirização irrestrita.

Já os ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes votaram pela terceirização de todos as atividades, inclusive das atividades-fim, seguindo a posição dos relatores Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, que votaram nesta quarta-feira, 22.

Os ministros julgam duas ações apresentadas antes das alterações legislativas de 2017, que autorizam a terceirização irrestrita. Os processos contestam decisões da Justiça do Trabalho que vedam a terceirização de atividade-fim baseadas na súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Para Toffoli, que assume a presidência do STF em setembro, a terceirização irrestrita reflete a realidade do mercado de trabalho em todo o mundo. "Posicionamento vem ao encontro da evolução da súmula, ou seja, alargar as possibilidades de terceirização. Não é uma desautorização do TST, mas reflete a realidade de um mundo globalizado", disse.

Antes de Toffoli, que fez um voto breve, a ministra Rosa Weber leu um longo e incisivo voto contrário à terceirização irrestrita. Em posição mais abrangente que a do colega Edson Fachin, a ministra afirmou que a perspectiva de terceirização de atividade-fim "contraria o próprio conceito de terceirização".

"Na atual tendência observada pela economia brasileira, a liberalização da terceirização em atividades-fim, longe de interferir na curva de emprego, tenderá a nivelar por baixo nosso mercado de trabalho, expandindo a condição de precariedade hoje presente nos 26,4% de postos de trabalho terceirizados para a totalidade dos empregos formais", afirmou a ministra.

Fachin, que se posicionou antes de Rosa Weber, foi menos extensivo em sua posição sobre a terceirização de atividade-fim. O ministro frisou diversas vezes que as ações analisadas pelo plenário são anteriores às inovações trazidas pela Lei da Terceirização e pela Reforma Trabalhista.

Para o ministro, não há nenhuma violação constitucional na súmula 331 do TST, que baseou as decisões que restringem a terceirização até 2017. Por isso, Fachin votou para manter as decisões tomadas com base na súmula.

Moraes, primeiro a votar na sessão de hoje, criticou a diferenciação feita entre atividade-fim e meio das empresas, feita com o fim de restringir a terceirização. "Todas as atividades dentro do fluxo de produção, todas, absolutamente todas contribuem para o resultado final. Podemos ter atividades principais e secundárias. Essa classificação é muito mais moderna do que atividade-meio e atividade fim", assinalou.

Ações

São duas ações em análise no plenário. Uma, relatada por Barroso, foi proposta pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que questiona decisões trabalhistas que restringem a terceirização, com base na Súmula 331 do TST. O outro processo, com relatoria de Fux, é um recurso da Celulose Nipo Brasileira S/A - Cenibra contra acórdão da 8ª Turma do TST que manteve decisão do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG), cuja posição foi pela ilicitude da terceirização da atividade-fim.

O que for decidido no recurso da Cenibra irá destravar quase 4 mil processos trabalhistas que aguardam a palavra da Corte sobre o processo, que teve a repercussão geral reconhecida em 2016. Como mostrou o Broadcast, mesmo após as inovações trazidas em 2017, tribunais continuam decidindo de forma contrária à terceirização de atividade-fim, baseando-se na súmula do TST que inibe essa possibilidade. Por isso, especialistas entendem que a palavra do STF neste julgamento deve trazer uniformidade para a Justiça do Trabalho.

Relembre

A possibilidade de terceirizar todos os setores das empresas foi uma das medidas propostas pelo governo de Michel Temer com o objetivo de reformar a economia brasileira.

Como o governo pretendia emplacar a proposta antes mesmo da reforma trabalhista, alguns caminhos foram cogitados. Inicialmente, as opções apresentadas eram enviar uma proposta própria ou acelerar no Senado um projeto de lei que já havia sido aprovado pela Câmara em 2015.

Uma terceira alternativa, no entanto, foi escolhida: um projeto, originalmente proposto em 1998, que já havia sido aprovado pelo Senado. Em 22 de março de 2017, a proposta foi aprovada na Câmara por 231 votos a 188.

 

Guerra comercial e alta do dólar podem ser oportunidades, diz especialista

Entrevista com Paul Sobel, presidente do Instituto de Auditores Internos de 2013 a 2014

Em meados de junho, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a primeira imposição de tarifas sobre importações chinesas, iniciando uma guerra comercial que vem mergulhando a economia global em incertezas. No entanto, para Paul Sobel, ex-presidente do Instituto de Auditores Internos, associação internacional com sede nos Estados Unidos, as companhias que investem em processos para detectar e se preparar para cenários extremos tiveram com isso uma forte vantagem competitiva em relação a suas concorrentes.

Sobel, que atualmente é o chefe de gestão de risco na empresa americana Georgia-Pacific, cargo que acumula com a vice-presidência da companhia, explica que as siderúrgicas que atuam nos Estados Unidos, por exemplo, podem ver suas receitas subirem ao incrementar sua produção em tempo, buscando ocupar o espaço aberto pela restrição de importações no setor.

De maneira similar, o aumento da taxa básica de juros americana, que provoca a alta do dólar nos países emergentes e ameaça as empresas com dívidas nessa moeda, pode recompensar as empresas com uma gestão de risco madura. O americano, que virá ao Brasil em outubro para participar do Congresso Latino-Americano de Auditoria Interna, afirma que essas companhias ficam em melhor situação financeira em relação àquelas que não conseguem mitigar os impactos da alta no caixa. Confira abaixo a entrevista completa.

É possível se preparar para a guerra comercial?

Vivemos em uma economia globalmente interconectada, de maneira que acontecimentos em um determinado país podem podem afetar também outros mercados. Guerras comerciais são um bom exemplo disso e são casos em que uma gestão mais formal de riscos pode ajudar. Ao ter processos estruturados para identificar e avaliar ameaças que surjam, as empresas podem se posicionar melhor e, em alguns casos, explorar esses riscos e criar valor a partir deles.

Como fazer isso?

Depende muito de como determinados produtos ou serviços serão afetados pela guerra comercial. A chave é quanto mais uma empresa consegue antecipar o acontecimentos de diferentes cenários, mais elas serão capazes de reagir em tempo e reduzir os impactos.

Então, por exemplo, se automóveis estão sujeitos a tarifas inesperadas, uma organização pode conseguir diminuir a sua produção, antecipando o período de tempo em que você não poderia exportar carros para outro país. Ou talvez possa mudar o foco para países que não estão envolvidos na guerra comercial e, se há estoque extra, conseguir melhores preços para um país que esteja fora da disputa.

De novo, a chave é entender que não é possível impedir acontecimentos ruins, mas é possível sim reduzir os impactos se houver um planejamento prévio. Quando se fala nas estratégias para o ano, é preciso entender quais os cenários que poderiam dificultar a concretização dos objetivos e depois planejar com antecedência sobre como administrar isso quando e se acontecer.

As empresas americanas estavam preparadas para a guerra comercial deste ano?

Para muitas companhias, foi um evento de risco que elas conseguiram administrar de maneira natural. Isto é, aquelas que tinham uma gestão de riscos mais madura não estão sentindo impactos significativos, e aquelas menos maduras nesse sentido estão sofrendo, mas conseguem sobreviver.

Em alguns casos, uma guerra de tarifas pode ser na verdade um benefício para algumas empresas, por exemplo, uma siderúrgica que pode aproveitar tarifas ao aço, que aumenta suas receitas dentro dos Estados Unidos. Mas essas vantagens costumam ser apenas temporárias, na medida em que o mercado se ajusta, portanto é preciso saber explorar essa janela de vantagem.

Quais as outras principais ameaças à economia global hoje?

Há líderes bem dinâmicos e incomuns no planeta atualmente, e isso cria uma imprevisibilidade adicional, então acho que certamente há possibilidades que possamos ter um aumento das regulações em algumas economias, como o caso da imigração que temos visto nos EUA que restringe o fluxo de potenciais trabalhadores, o que pode causar depois escassez de mão-de-obra.

Há ainda o aquecimento global, que ainda é imprevisível e cujos efeitos ainda não são completamente conhecidos. Podem acontecer mais secas em algumas partes do mundo. Negócios que dependem de hidrovias para exportar devem começar a pensar o que fazer se determinado rio secar, por exemplo.

Outro fator que chama atenção é a transformação digital, que pode ser mais uma oportunidade do que uma ameaça, dependendo em que lado se esteja. A maneira como os negócios são feitos será muito diferente no futuro e, mesmo que seja caro e difícil estar na vanguarda desse movimento, não é possível tomar uma postura do tipo "esperar para ver". Companhias devem descobrir quanto de experimentação deve ser feita para estar perto o suficiente dos que lideram esse movimento, para não ficar muito atrás e poder reagir rapidamente conforme a tecnologia muda.

Considera a normalização da política monetária nos Estados Unidos um risco?

Esse é um problema significante para várias economias, com a Venezuela sendo um dos principais e mais trágicos exemplos recentes. A companhia que identificar em tempo as ameaças que a política monetária pode criar dentro da economia em que ela atua pode entender como elas podem ser prejudicadas e assim desenvolver proativamente estratégias para lidar com esses riscos, minimizando possíveis estragos.

Em casos de forte variação cambial, como articular os setores de gestão de risco e financeiro?

Nenhum desses setores deve funcionar de maneira independente, a risco de haver um funcionamento precário. A gestão de risco deve identificar que há uma vulnerabilidade com a alta de uma moeda e conversar com a tesouraria, saber qual é a projeção deles e propor se vale a pena fazer alguma operação de proteção cambial.

No fim das contas, o setor de gerenciamento de risco pode não ter autoridade para implementar essas ações, mas estão pelo menos informando melhor o setor que pode tomar essas medidas. Nesse caso, a mitigação do risco é mais uma transferência de risco, já que você leva o risco para a instituição que vende o outro ativo de proteção (hedge). E há outras maneiras de administrar esse risco, comprando dólares, por exemplo, e segurando essa moeda até o momento do pagamento nessa moeda, em vez do rela, no caso.

Há obviamente vários cenários possíveis, mas a principal mensagem é que uma gestão de risco que seja efetiva faz com o que os tomadores de decisão, nesse caso, aqueles no setor financeiro, tenham a melhor informação possível para que então eles possam decidir sobre como, quando e se tentarão mitigar esse risco.

 

'Volatilidade de curto prazo no dólar não afeta decisões de investimento', diz Dyogo

A alta recente do dólar se deve à "volatilidade de curtíssimo" prazo e não deverá afetar decisões de longo prazo sobre investimentos, disse nesta quinta-feira, 23, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira. Por isso, o executivo não crê que a alta do dólar afetará as perspectivas de liberações de crédito do banco.

Segundo Oliveira, os desembolsos para empréstimos já aprovados somaram cerca de R$ 33 bilhões de janeiro a julho, sendo que as consultas por pedidos de crédito e os enquadramentos de pedidos para análise subiram 4% e 18%, respectivamente.

Com isso, o BNDES mantém a expectativa de liberar de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões neste ano. Ano passado, os desembolsos somaram R$ 70,751 bilhões.

Ainda sobre o dólar, Oliveira não crê que a alta recente na cotação da moeda americana vá aumentar a demanda de investidores em infraestrutura por mecanismos de proteção contra o risco cambial. Segundo o presidente do BNDES, as medidas serão adotadas, mas, pelas condições atuais, é mais vantajoso para os investidores captarem no mercado local do que no exterior.

 

 

 

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