Quarta-feira

AGÊNCIA BRASIL

Custo da construção acumula alta de 6,74% em um ano

O Índice Nacional de Custo da Construção do Mercado (INCC-M) atingiu 0,7% em janeiro, superior ao resultado de dezembro (0,25%). Foram registrados aumentos nos preços de materiais, equipamentos e serviços (de 0,27% para 0,62%), além da mão de obra (de 0,24% para 0,77%). A coleta de preços foi feita no período entre 21 de dezembro de 2014 e o último dia 20.

Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 6,74%. Em um ano, os materiais, equipamentos e serviços tiveram aumento de 5,71% e a mão de obra, de 7,68%.

A pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre–FGV) mostra que em janeiro a contratação de serviços foi um dos componentes que contribuíram para encarecer as obras da construção civil no país com alta de 0,99% ante 0,19%. Esse acréscimo foi puxado pelo vale-transporte corrigido em 5,64%, na comparação com o mês anterior, quando o índice ficou estável.

O aumento no custo também foi influenciado pelos preços nas instalações elétrica e hidráulica que passaram de 0,24% para 1,55%.

No que se refere à mão de obra, o avanço foi consequência do reajuste salarial em Belo Horizonte e da antecipação de 2,5% do reajuste salarial esperado para Porto Alegre.

Das sete capitais pesquisadas, apenas Recife apresentou elevação de preços em ritmo mais lento, com variação do INCC-M em 0,34% ante 2,44%. Em Salvador, a taxa passou de 0,09% para 0,35%; em Brasília, de 0,02% para 0,23%; em Belo Horizonte, de 0,17% para 3,62%; no Rio de Janeiro, de 0,13% para 0,39%; em Porto Alegre, de 0,25% para 0,53%, e em São Paulo, de 0,13% para 0,3%.

As cinco maiores influências vieram do itens: ajudante especializado (de 0,23% para 0,82%), servente (de 0,24% para 0,72%), tubos e conexões de PVC (de -0,35% para 3,94%), vale-transporte (de 0% para 5,64%) e carpinteiro (de 0,25% para 0,85%).

Em sentido oposto colaboraram para enfraquecer os aumentos os seguintes itens: aluguel de máquinas e equipamentos (de -0,01% para -0,24%), cimento portland comum (de 0,08% para -0,08%), vergalhões e arames de aço ao carbono (de -0,47% para -0,06%), portas e janelas de madeira (de 0,64% para -0,07%) e rodapé de madeira (de 0,02% para -0,07%).

 

VALOR ECONÔMICO

A prova dos nove para a 'bolha' imobiliária

Onze entre dez analistas dão como certo que 2015 será um ano difícil para o Brasil como um todo. E se isso é verdade, este ano tem tudo para ser especialmente doloroso para o mercado imobiliário. Será a prova dos nove para a disputa entre aqueles que discutem, no próprio mercado, na academia e nas redes sociais, sobre a existência ou não de uma bolha imobiliária no país.

Não há nada no horizonte que represente um alívio para o segmento. Os preços reais pararam de subir, os investidores se afastaram, os estoques das incorporadoras estão elevados, os distratos seguem altos, o retorno com aluguéis está na mínima dos últimos anos e, para piorar o cenário, os juros básicos e do crédito imobiliário estão em alta.

Depois de subir na casa de 18% em 12 meses acima da inflação, o ritmo de alta dos preços dos imóveis em São Paulo perdeu definitivamente o vigor e fechou 2014 com avanço nominal praticamente em linha com o IPCA, de acordo com o índice FipeZap. Isso significa zero de alta real.

Economia fraca, juro alto e desemprego vão testar preços

Mas muito mais importante do que ocorreu no ano passado é saber qual será o comportamento neste ano.

Como minha bola de cristal teima em não funcionar, me limito a analisar dados históricos e os vetores que podem influenciar o comportamento futuro dos preços. E o cenário não é bom.

Em países com séries longas de indicadores imobiliários, como os Estados Unidos e o Reino Unido, o comportamento típico que se observa nesse mercado é cíclico. Movimentos grandes de alta real nos preços de casas e apartamentos são seguidos de perdas reais, sendo que o próximo "vale" fica num nível superior ao anterior.

Aqui no Brasil não dispomos de séries de décadas, mas dirigentes de incorporadoras e de bancos financiadores insistem em dizer que "dessa vez será diferente" e que movimento semelhante não ocorrerá por essas bandas. No pior dos casos, admitem que os preços vão seguir a inflação. Entretanto, ainda que esses agentes acompanhem o mercado mais de perto do que qualquer outro, as opiniões deles têm um viés legítimo e claro - o de proteger o próprio bolso.

O modelo de negócios de incorporação imobiliária usado no país, em que o prédio só começa a subir depois de um volume mínimo de vendas contratadas, sem dúvida nenhuma ajuda a controlar o excesso de oferta.

Mas nem sempre tudo corre como planejado, como evidencia o nível recorde de estoques ao fim de novembro, de 26,5 mil unidades em São Paulo, conforme dados do Secovi-SP (esse estoque representa mais de um ano de vendas na capital, que somaram 18 mil unidades de janeiro a novembro de 2014).

Para que não haja dúvida de que esse "encalhe" seja intencional, é oportuno lembrar que alguns anos atrás, durante teleconferência de resultados da Cyrela, um analista perguntou a Elie Horn, acionista controlador e um dos empresários mais respeitados desse mercado, qual era o nível de estoques que poderia ser considerado "bom". Ele não teve dúvidas e respondeu: "zero".

O descompasso do modelo de análise de crédito usado por corretores de imóveis, interessados na gorda comissão de 6% recebida no momento da venda, e bancos que financiam os compradores após a entrega das chaves, bem mais rigorosos, também não ajuda.

Exatamente por isso o volume de distratos por não aprovação de crédito segue alto, com o agravante de que agora a incorporadora está ganhando menos na revenda (antes elas lucravam porque vendiam a unidade por um preço bem maior do que no lançamento).

A recente elevação dos juros pela Caixa Econômica Federal, que já tinha sido precedida por reajustes nas taxas de bancos privados, é um peso contra adicional para a aprovação dos financiamentos, já que uma prestação mensal maior exige renda também mais elevada, o que reduz o número potencial de compradores elegíveis ao crédito.

Dados da Abecip mostram que não existe uma crise no financiamento habitacional, mas já não há mais o mesmo vigor de outros tempos. O volume liberado em 2014 somou R$ 112,9 bilhões, mas com alta nominal de apenas 3,4%, depois de ter subido 32% entre 2012 e 2013.

O comprador investidor, que normalmente toma pouco crédito, também está mais distante. De acordo com pesquisa Raio-X FipeZap, apenas 20% dos que compraram imóveis entre julho e setembro de 2014 o fizeram com o objetivo de investir. O índice era de 39%, no segundo trimestre, e de 41%, no terceiro trimestre de 2013.

Esse comportamento do investidor não surpreende. Nada sugere que os preços vão seguir em forte alta como nos últimos anos - pelo contrário -, e o retorno com aluguel segue em queda, tendo atingido a mínima de 0,43% ao mês em dezembro. E enquanto a taxa de aluguel cai, a Selic sobe, o que reduz ainda mais a rentabilidade relativa doinvestimento imobiliário.

O que ainda não ocorreu, mas que está no radar dos macroeconomistas, é uma redução do nível do emprego e da renda real do trabalhador.

Se o mercado imobiliário sobreviver a isso tudo sem queda real nos preços é porque realmente não havia uma bolha.

 

VALOR ECONÔMICO

Crédito do BNDES acelera antes de nova equipe

Os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cresceram fortemente em dezembro, às vésperas de a nova equipe econômica assumir com o discurso de moderação nas operações de crédito dos bancos federais lastreadas com recursos públicos.

Dados divulgados pelo Banco Central (BC) mostram um crescimento de 3,7% na carteira de crédito do BNDES em dezembro, na comparação com novembro, chegando a um total de R$ 595 bilhões, considerando empréstimos a pessoas jurídicas. A cifra equivale a 11,6% do Produto Interno Bruto (PIB), ou pouco menos de um quinto do crédito total do sistema bancário.

Só em dezembro, o crédito concedido pelo BNDES somou R$ 23 bilhões, uma alta de 90,5% em relação aos valores observados em novembro. A forte liberação de recursos ocorreu no mesmo mês em que o Tesouro Nacional fez um aporte de R$ 30 bilhões no banco de desenvolvimento. Essa operação, assinada pelo ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria sido o "último baile da Ilha Fiscal", numa referência à festa feita pela realeza brasileira logo antes da Proclamação da República.

O forte desembolso de dezembro adiou para 2015, na prática, a correção de rumos dos bancos federais sinalizada pela nova equipe econômica. Já em fins de novembro, ao ser anunciado novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy indicou o fim da era de grande protagonismo dos bancos públicos. Em 2014, a carteira de crédito do BNDES cresceu 15,7%, o que representa pequena aceleração em relação aos 15,2% observados em 2013.

Analisando os dados pela ótica dos desembolsos, houve certa estabilidade. As concessões acumuladas ao longo do ano somaram R$ 168,9 bilhões, ou 0,5% menos do que os R$ 169,7 bilhões concedidos em 2013. De qualquer forma, houve uma moderação em relação aos períodos de expansões vigorosas nas concessões de crédito. Em 2013, por exemplo, o avanço havia sido de 23% e, em 2012, de 38%.

Quando são analisados os estoques de operações de crédito, a forte liberação de recursos em dezembro impediu que houvesse desaceleração no crescimento da carteira do BNDES em 2014. Em meados do ano, o portfólio do banco federal chegou a avançar em velocidade pouco superior a 10%.

No último quadrimestre, o BNDES pisou no acelerador. Nesse mesmo período, durante a campanha eleitoral, o papel do banco federal foi questionado pelos principais adversários da presidente Dilma Rousseff, que criticaram a transferência de recursos públicos subsidiados ao setor privado. Analistas econômicos e agências de classificação de risco de crédito vinham alertando, nos últimos anos, que as injeções de recursos no banco federal pressionava a dívida pública bruta e fragilizava a posição fiscal do país.

Em fins de 2013, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou uma redução na taxa de expansão dos bancos públicos, devido à falta de espaço fiscal para fazer aportes de recursos do Tesouro para capitalizar e dar "funding" a esses bancos para expandir o crédito.

Os dados divulgados pelo BC mostram que, de fato, houve uma desaceleração na taxa de crescimento da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e outros bancos federais de menor porte. Para os demais bancos públicos, o avanço de suas carteiras de crédito se desacelerou entre 2013 e 2014, de 22% para 16,9%. O avanço do BNDES permaneceu quase estável. Ainda assim, as instituições públicas crescem a taxas mais robustas do que as concorrentes privadas. A carteira dos bancos privados nacionais teve incremento de 6,4%, e a dos estrangeiros, 4,5%.

O BNDES declarou, por meio de sua assessoria de imprensa, que sazonalmente costuma haver uma concentração das concessões de crédito em dezembro, comparado com novembro. "O salto nas concessões de crédito de novembro para dezembro ocorreu porque esse período costuma concentrar uma quantidade grande de financiamentos", declarou a assessoria de imprensa, em nota. A título de comparação, a alta em dezembro em 2013 tinha sido de 74%, e em dezembro de 2012, de 143%, informa.

Mas, em 2011, o avanço nas concessões havia sido de 35%. A série estatística do BC começa em 2011, por isso não é possível conhecer o comportamento das concessões em anos anteriores. Em 2010, o saldo cresceu apenas 0,9% no mês. A elevação de 3,7% observada no saldo contratado em dezembro de 2014 é a maior em cinco anos.

Segundo o BNDES, o resultado de 2014 apresentou uma ligeira moderação nas concessões de crédito. "Foi resultado, em parte, das modificações feitas pelo banco em suas políticas operacionais, que diminuiu o nível de participação máxima do banco nos financiamentos e restringiu o uso do funding em Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para áreas prioritárias", declarou a assessoria de imprensa.

 

Lava-Jato derruba projeções de PIB e investimento

A paralisia em projetos da Petrobras e das construtoras envolvidas nas investigações da Operação Lava-Jato pode resultar em uma queda na ordem de 15% nos investimentos em infraestrutura no país em 2015 e, com isso, puxar a economia inteira para baixo. Isso confirmaria a perspectiva crescente de uma recessão em um momento em que a atividade já caminha fraca. A estimativa é da Tendências Consultoria, que mapeou o peso das empresas envolvidas no escândalo e calcula que o desdobramento das investigações deve retirar até 1,5 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Isso levou a consultoria a revisar sua projeção de crescimento da economia brasileira em 2015 de alta de 0,6% para queda de 0,5%. "Já contávamos com uma redução na projeção anterior por conta da Lava-Jato, mas o impacto deve ser maior do que imaginávamos inicialmente", disse a analista Alessandra Ribeiro.

Isso significa que, na visão da consultoria, não fosse pelo estouro do escândalo e suas consequências sobre os negócios de algumas das maiores empresas do país, o PIB poderia crescer 1% em 2015, mesmo sob os efeitos negativos de um consumo já fraco e do aperto nos gastos do governo, que já estavam na conta. A Tendências engrossa uma lista de consultorias e instituições financeiras que começam a revisar as estimativas e, em muitos casos, a vislumbrar um PIB negativo no ano, conforme evoluem as investigações da operação da Polícia Federal.

"O efeito multiplicador da Petrobras é muito grande", explica Alessandra. A estimativa da Tendências, com base no histórico do PIB e dos investimentos da empresa, é de que para cada R$ 1 que a Petrobras aplica, alavanca-se mais R$ 1,90 na economia. Além disso, sozinha, a companhia representa cerca de 2% do PIB - é o quanto representaria, anualmente, os US$ 220 bilhões planejados inicialmente no programa de investimentos de 2014 a 2018 da empresa. O peso das empreiteiras é igualmente grande. O levantamento da Tendências estima que os projetos tocados por elas atualmente, uma carteira que abrange a maior parte das obras de infraestrutura do país, representem 2,8% do PIB.

É por isso que a revisão cortou crescimento em praticamente todos os segmentos da economia: o PIB industrial foi revisado de alta de 0,8% para queda de 2,6%, puxado por um encolhimento de 6% só na construção civil. A projeção para a formação bruta de capital fixo (FBCF), a medida do PIB para os investimentos, saiu de alta de 1,1% para queda de 4,3%. Isso deve ter impacto no mercado de trabalho - com desemprego subindo a 6,3% e a renda crescendo 0,2%, em vez de 0,4%. Com consequências também para o consumo, que foi cortado de 0,8% para 0,2%.

O corte generalizado vem pelo entendimento de que a Lava-Jato, somada às próprias questões de financiamento que a Petrobras já enfrentava, engessa a estatal e as construtoras investigadas em várias frentes. Além de problemas financeiros reais, principalmente nas empreiteiras, onde em alguns casos a suspensão de contratos deflagrou problemas de dívidas, segue-se também os problemas jurídicos, que impedem novos contratos ou licitações, e uma crise de credibilidade, o que dificulta a captação de financiamento em bancos nacionais, internacionais e também na bolsa de valores.

"Há implicações tanto legais quanto financeiras, e os efeitos colaterais podem ser maiores do que se imaginava", diz Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, que revisou o PIB de 2015 de alta de 0,3% para queda de 0,5%, sendo que o "efeito Lava-Jato", sozinho, cortou 0,3 ponto do total. O restante entra na conta de prováveis racionamentos de água e de energia no segundo semestre.

"A Petrobras representa cerca de 10% da formação bruta de capital fixo. Cada 10% que ela reduz de seuinvestimento tira 0,3 ponto do PIB", explica Kawall. É uma conta parecida com a do banco Credit Suisse, que, em conferência a investidores ontem, estimou que para cada corte de 10% nos investimentos da estatal se perde 0,2 ponto de PIB. O banco revisou sua projeção para o ano também de crescimento de 0,5% para queda de 0,5%.

"Estamos falando de uma revisão significativa em uma cadeia, a de petróleo e gás, que representa um terço dos investimentos da indústria", pontua o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Sua projeção para o PIB de 2015 saiu de alta de 0,5%, no cenário de economia fraca e ajustes fortes, para queda de 1%, no cenário da mesma economia fraca piorada pelas crises na Petrobras, na energia e na água.

"A importância da Petrobras para nós é indiscutível, basta olhar o tamanho da participação dela no PAC[Programa de Aceleração do Crescimento]", disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins. A Cbic, no entanto, vê a crise menos como um colapso da construção nacional e mais como uma oportunidade para as pequenas e médias empresas - "não será por falta de construtora que não haverá investimentos", reforça Martins.

Os investimentos, de qualquer forma, estão parados. "Todas as empresas com algum vínculo a projetos da Petrobras estão com milhares de equipamentos parados em suas fábricas", conta César Prata, presidente do Conselho de Óleo e Gás da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Segundo Prata, da metade do ano passado para cá, com os projetos entre Petrobras e empreiteiras suspensos, máquinas que já estavam encomendadas foram abandonadas, enquanto novas encomendas praticamente zeraram. "São produtos feitos sob encomenda para a Petrobras, especiais para cada projeto, prontos, embalados e parados. Não servem para mais ninguém. Para quem vamos vender?", conclui.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Crédito bancário supera os R$ 3 tri

O volume de crédito bancário na economia atingiu pela primeira vez a marca dos R$ 3 trilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Em dezembro de 2014, o estoque de crédito somou R$ 3,022 trilhões, cifra que equivale a 58,9% do PIB. Durante o ano, houve uma alta de 11,3%, abaixo dos 12% esperados pelo próprio BC e dos 14,6% observados em 2103.

Ainda assim, o crédito seguiu crescendo a uma taxa mais alta do que o PIB nominal (expansão de 5,95%, pelas estimativas da autoridade monetária), contribuindo como um fator de sustentação da demanda agregada.

Em 2014, o crédito cresceu mais fortemente nos empréstimos direcionados (avanço de 19,6%) do que no chamado crédito livre, com alta de 4,7%. O crédito cresceu mais forte nas operações com pessoas físicas (alta de 11,3% no ano) do que nas operações com empresas (9,8%).

No crédito direcionado, o destaque são as operações com o BNDES e o crédito imobiliário, que avançou 26,7%. Em 2013, o avanço do crédito imobiliário havia sido um pouco mais forte, com uma expansão de 33,7%.

O crédito livre teve avanço particularmente mais fraco nas operações com pessoas jurídicas, com avanço de 3,9%, ante 8% observados em 2013. As linhas de capital de giro, que, grosso modo, representam metade do crédito livre às empresas, tiveram um avanço de apenas 1,8%.

O crédito livre a pessoas físicas cresceu 5,5% em 2013. O destaque negativo foram as operações de financiamento de veículos, com recuo de 4,4% no ano. Em dezembro, porém, houve um aumento de 24,4% nas concessões de financiamentos de veículos, em grande parte devido à antecipação da compra de carros às vésperas do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos.

Os juros médios cobrados pelos bancos no crédito livre subiu de 29% ao ano para 32,4% ao ano, em grande parte devido à alta da taxa básica de juros da economia. Já no crédito direcionado, oscilou de 7,5% para 7,8%. Na média total, houve avanço de 19,7% para 20,9% ao ano. O spread bancário médio aumentou de 11,1 pontos percentuais para 12,1 pontos percentuais.

A taxa de inadimplência recuou levemente durante o ano, de 3% para 2,9%. Nos bancos públicos, houve aumento, de 1,8% para 2,1%. Mas, entre novembro e dezembro, os bancos públicos melhoraram seu índice, de 2,3% para 2,1%.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Avanço dos bancos públicos no crédito não impede freio nos empréstimos

As operações de crédito no Brasil registraram em 2014 o menor ritmo de crescimento em 11 anos, segundo levantamento do Banco Central.

A desaceleração provocada pela perda de fôlego da economia brasileira só não foi maior devido, mais uma vez, ao desempenho dos bancos públicos, que lideraram a liberação de recursos pelo sétimo ano consecutivo.

O estoque total de empréstimos a consumidores e empresas cresceu 11,3% no ano passado, menor percentual desde 2003. Para 2015, o BC espera um avanço de 12%, puxado novamente pelos bancos estatais, que devem registrar expansão de 14%.

O ritmo de crescimento das concessões de novos financiamentos caiu de 12% em 2013 para 5% em 2014, considerando todo o mercado.

Os bancos públicos terminaram o ano com 53% de participação de mercado, a maior desde 1998, época que precede a privatização de várias instituições.

Eles devem terminar este ano com participação de 55%.

O freio no crédito nos bancos privados ajudou a reduzir a inadimplência, que passou de 4,3% para 4% nos nacionais e de 4,1% para 3,5% nos estrangeiros que atuam no Brasil. Nos estatais, subiu de 1,8% para 2,1%.

Reportagem da Folha de setembro mostrou que essa alta nos atrasos tem sido puxada pela Caixa, que apresenta resultado até piores que o setor privado nas linhas ao consumo.

HABITAÇÃO

O avanço dos públicos tem sido impulsionado por modalidades com juros subsidiados, como o habitacional e o crédito do BNDES. Essa primeira linha mostrou desaceleração no ano passado, mas ainda cresce a um ritmo elevado, de quase 30% ao ano.

A alta nos juros da Caixa nessa linha deve contribuir para que esse crescimento seja um pouco menor em 2015.

Em relação ao BNDES, o governo já anunciou a disposição de reduzir a atuação dessa instituição.

No ano passado, o banco liberou menos crédito, com queda de 0,5% nos desembolsos. As concessões na principal linha para empresas a juros de mercado, o capital de giro, no entanto, recuaram ainda mais (-12%).

VEÍCULOS

A liberação de novos financiamentos para compra de veículos por pessoas físicas alcançou em dezembro do ano passado o maior valor desde dezembro de 2010. A concessão de R$ 10,1 bilhões foi influenciada, segundo o Banco Central, pelo fim do benefício do IPI reduzido, no final do mês.

Em dezembro, as concessões subiram 24% em relação a novembro. No ano, no entanto, o avanço foi de 2,6%.

O estoque de financiamentos para veículos caiu 4,4% no ano. Segundo o BC, o dado reflete a antecipação da compra desses bens em anos anteriores. Em 2010, por exemplo, essa carteira avançou 49%. Em 2011, 27%. Desde 2013 o saldo tem recuado.

Segundo o BC, a tendência é que a antecipação de compras para aproveitar o benefício (que ainda é oferecido por algumas montadoras) leve novamente a uma queda nos próximos meses.

Para o BC, o aumento do IOF no crédito às pessoas físicas que começou a valer semana passada deve ter impacto "modesto" sobre o crédito neste ano. Segundo a instituição, a alta de 1,5% para 3,0% no tributo pesa mais para os empréstimos de curto prazo, uma vez que a cobrança se dá nos 12 primeiros meses da operação.

 

Com racionamento de energia, PIB pode retrair 1,5%, estima Credit Suisse

Um eventual racionamento de energia neste ano pode levar à contração de 1,5% na economia do país, estima o banco Credit Suisse.

Segundo a instituição, por causa dos níveis atuais dos reservatórios de água e da falta de chuvas, a chance de um racionamento está agora em 40%. No final do ano passado, o banco estimava que a probabilidade de restrição de acesso à energia era de menos de 20%.

"Basicamente, se considerarmos o que ocorreu em 2001, calculamos que, para cada 10% de racionamento durante um ano, teríamos um ponto percentual de PIB a menos", disse Daniel Lavarda, economista do Credit Suisse, durante evento promovido pelo banco nesta terça-feira (27) em São Paulo.

Se não houver racionamento, a economia brasileira deve recuar 0,5% em 2015, calcula o banco –a crise na Petrobras contribuiu para a que a instituição revisasse para baixo sua estimativa para o desempenho da economia para esse índice.

Segundo o economista-chefe do banco, Nilson Teixeira, a estatal forçou um corte de 0,2 ponto percentual na projeção do PIB (Produto Interno Bruto). "A Petrobras representa cerca de 10% de todos os investimentos do país", afirmou.

IMPACTO

A instituição afirma que, caso o governo decrete racionamento após o término do período de chuvas, em abril, haverá um forte impacto na atividade no segundo e no terceiro trimestre.

"Em 2001, o impacto foi visto no trimestre do anúncio e, logo em seguida, quando tivemos a maior redução", afirmou Lavarda.

O crescimento de 2016 também seria afetado. O Credit Suisse estima que, por causa dos ajustes feitos neste ano, a economia brasileira voltaria a crescer no próximo seguinte, registrando expansão de 1,5%. Caso haja racionamento, contudo, o aumento no PIB deve ficar em apenas 1%, projetam os economistas.

"Isso levaria provavelmente ao carregamento estatístico para o ano que vem. Teríamos um ponto de partida em 2016 muito menor do que esperávamos há alguns meses", disse Lavarda.

INFLAÇÃO

Para o banco, a inflação este ano deve ficar sempre acima de 7%, situação que não se via desde 2003, afirmou o economista-chefe da instituição, Nilson Teixeira.

O eventual racionamento de energia pode pressionar ainda mais os preços, levando a um acréscimo de 0,7 ponto percentual na taxa, de acordo com o banco. A inflação terminaria o ano em 7,8%.

"Ocorreria principalmente por conta de um aumento ainda maior nas tarifas de energia, água e esgoto e por uma maior inflação de alimentos, principalmente a dos alimentos in natura", afirmou Iana Ferrão, economista do banco.

Para o Credit Suisse, há dúvidas de como o governo reagiria num cenário de inflação ainda mais alta e redução mais brusca da atividade.

"Não está claro se manterá os ajustes ou se voltará à política de alíquotas de impostos e subsídios", afirmou o economista do Credit Suisse Leonardo Fonseca.

O banco afirma, contudo, que o mais provável é o resgate de políticas de incentivo aos setores produtivos e aumento maior na taxa de juros.

 

Dilma justifica medidas econômicas e pede empenho a ministros

A presidente Dilma Rousseff justificou nesta terça-feira (27) as mudanças na economia anunciadas por seu governo recentemente, como necessárias e corretivas para "manter o rumo, preservando as prioridades sociais". A defesa integrou a primeira fala pública da presidente (leia a íntegra) depois da posse do segundo mandato, em 1º de janeiro.

"Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo, para ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e econômicas do governo que iniciamos há 12 anos atrás", disse, explicando que a estabilidade da economia é importante para o projeto social de seu governo. "As mudanças que o país precisa dependem muito da estabilidade e da credibilidade da nossa economia. Precisamos garantir a solidez dos nossos indicadores econômicos", afirmou.

Dilma está reunida com seus 39 ministros e com o vice-presidente Michel Temer na Granja do Torto, residência de campo oficial da Presidência da República, em Brasília. Esta é a primeira reunião ministerial realizada no segundo mandato da petista. O último encontro do tipo foi feito em 2013, logo após a eclosão das manifestações.

ECONOMIA

Na fala, Dilma prometeu seguir a política defendida durante a campanha presidencial: "Mostraremos que não alteramos um só milímetro do projeto vencedor das eleições".

A presidente disse que, na gestão passada, o governo federal "cumpriu o seu papel" ao absorver um possível impacto maior da crise e preservar o emprego e a renda do trabalhador. Ela afirmou, no entanto, que agora chegou-se a um "limite" para o que o governo poderia fazer.

"Agora atingimos um limite para isso. Estamos diante da necessidade de promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia o mais rápido possível. Tomamos algumas medidas que tem caráter corretivo, ou seja, são medidas estruturais que se mostram necessárias em quaisquer circunstâncias", disse.

Dilma afirmou ainda que o Banco Central tem tomando medidas para fazer o controle inflacionário no país.

DIREITOS TRABALHISTAS

Dilma também aproveitou a reunião para defender as mudanças anunciadas no pagamento de benefícios trabalhistas e sociais. Para ela, as medidas adequam os benefícios a uma nova realidade.

"Nesses casos, não se tratam de ajustes fiscais mas de aperfeiçoamento de políticas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e sua justiça. Sempre aperfeiçoamos as nossas políticas", explicou.

Ela negou ainda que as medias representem redução dos benefícios trabalhistas. " Os direitos trabalhistas são intocáveis e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los", disse.

CORRUPÇÃO

Sem citar a Operação Lava Jato, Dilma defendeu novamente a Petrobras e afirmou que as empresas públicas e privadas envolvidas no esquema de corrupção com a estatal devem ser preservadas.

"Temos que saber apurar. Temos que saber punir. Isso tudo sem enfraquecer a Petrobras e sem diminuir a sua importância para o presente e futuro do país. [...] Temos que punir as pessoas e não destruir as empresas", disse.

Dilma voltou a dizer que o governo estabelecerá um pacto contra a corrupção no país em todas as esferas de governo e de poder, tanto no ambiente público quanto privado.

CORTES

A presidente aproveitou a reunião para acalmar os ministros em relação aos cortes orçamentários das pastas. No início do ano, Dilma havia anunciado um corte temporário de R$ 22,7 bilhões em gastos não prioritários.

"Quero alertar os ministros que as restrições orçamentárias exigirão mais eficiência no gasto. Vamos fazer mais gastando menos", disse.

Criticada por passar mais de um mês sem dar entrevistas, a presidente retomou seu discurso pós-eleitoral por mais diálogo e pediu a todos os ministros que não se omitam e falem mais com a sociedade para divulgar e defender o seu governo. Ela falou por cerca de 30 minutos. Seu discurso foi transmitido pela TV NBR, canal público do governo federal.

"Devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Não podemos permitir que as falsas versões se criem e se alastrem. [...] Tragam a posição do governo à opinião pública. Sejam claros, se façam entender. Não podemos deixar dúvidas", disse aos ministros.

Dilma chegou ao local da reunião de helicóptero com cerca de 20 minutos de atraso. A reunião estava marcada para começar às 16h. Ao chegar, ela cumprimentou todos os ministros individualmente e depois, já sentada em seu lugar, pediu que todos sejam sucintos em suas exposições.

 

EXAME

Fed deve continuar paciente em orientação sobre juros

Washington - O Federal Reserve deve sinalizar que continua a caminho de começar a elevar a taxa de juros mais tarde neste ano, uma vez que o banco central dos Estados Unidos mostra confiança de que a inflação baixa e os crescentes riscos do exterior ainda não afetaram a recuperação econômica do país.

A primeira reunião de política econômica do ano do Fed termina nesta quarta-feira, e autoridades devem reafirmar sua postura "paciente" para elevar os juros, demonstrando também convicção de que a economia continuará a melhorar.

A chair do Fed, Janet Yellen, enfrenta crescente ceticismo de que o banco central pode apertar a política monetária até meados do ano, com o fortalecimento do dólar e a queda dos preços do petróleo ampliando as preocupações de que a inflação pode permanecer baixa demais para que o Fed comece a elevar os juros.

Mas as autoridades têm argumentado que a queda do petróleo é um fator transitório que beneficia os consumidores norte-americanos no curto prazo.

E com o desemprego caindo e o crescimento nos trilhos, membros do Fed têm indicado que avançarão com uma alta inicial no meio do ano ou no segundo semestre mesmo que outras medidas como os salários continuem fracas.

"O Fed vai avançar e normalizar as taxas mais tarde neste ano... Nosso pensamento é junho. Eu não discutiria com ninguém que disse setembro", disse o economista-chefe da Moody's Analytics Mark Zandi.

A reunião desta semana do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) terá quatro novos presidentes de Feds regionais que assumem posições votantes de acordo com o rodízio: Dennis Lockhart, de Atlanta; Charles Evans, de Chicago; Jeffrey Lacker, de Richmond; e John Williams, de São Francisco.

 

 

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