Sexta-feira

TRIBUNA DO NORTE

Índice de aluguel sobe 2,96%

São Paulo (ABr) - O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) apresentou pequena alta em outubro sobre setembro com variação de 0,28% ante 0,20% e elevação no acumulado de 12 meses de 2,96%. Esta última taxa é a que serve de base para a renovação da maioria dos contratos de aluguel. Desde janeiro, o índice já subiu 2,05%.

O IGP-M é uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP). É medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e registra a inflação de preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.

Os três componentes do IGP-M apresentaram avanços com destaque para o índice de Preços ao Produtor amplo (IPA) com aumento médio de 0,23% ante 0,13%. Essa variação relativa aos preços no setor atacadista reflete em grande parte a elevação no subgrupo alimentos in natura (de -6,39%) para 0,12%).

Também teve influência a cotação de algumas commodities (produtos primários com cotação no mercado internacional) como, por exemplo, o café em grão (de 3,36% para 7%); o minério de ferro (de -5,46% para -4,97%) e aves ( de 2,36%) para 3,97%). No mesmo período, ocorreram decréscimos em relação aos bovinos (de 3,82% para 2,03%); suínos (de 10,75% para 4,22%) e mandioca (de 10,52% para 4,22%).

O IGP-M teve ainda o efeito do aumento de preços no varejo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) passando de 0,42% para 0,46%. A maior pressão foi exercida pelos alimentos que ficaram em média 0,63% mais caros ante  alta de 0,4%. Só as hortaliças e os legumes subiram de -6,85% para 2,36%.

O terceiro componente da taxa- o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC)  - atingiu 0,20%, ante 0,16%. Essa alta corresponde a materiais, equipamentos e serviços ( de 0,34% para 0,43%). No período, não houve alteração nos valores cobrados pela mão de obra.

VALOR ECONÔMICO

Movimento de elevação de juros deve continuar

O placar apertado da reunião de quarta-feira do Copom, que aumentou a Selic para 11,25%, não deve ser interpretado como uma divergência entre os diretores do Banco Central sobre a necessidade de elevar os juros. Segundo uma autoridade do governo com trânsito na área econômica, os cinco votos a favor da alta e os três pela manutenção da taxa espelhariam dúvidas sobre o momento mais oportuno para a elevação da Selic, mas não sobre a necessidade do aumento, tendo em vista os riscos inflacionários.

O ajuste da Selic sinaliza "o início de um novo ciclo de aumento de juros, embora ainda seja difícil mensurar sua intensidade e duração". A indicação de piora no cenário para a inflação é puxada pela desvalorização cambial de 10% desde a última reunião do Copom, mas também pela "resistência" das altas de preços. O BC usou esse termo até a ata de julho e o suprimiu a partir de setembro, mas voltou a ver sinais de dificuldade.

O comunicado do Copom não deu indicações de se tratar de um novo ciclo de aperto monetário, mas a descrição feita ao Valor é que, neste momento, tudo indica que novos ajustes virão. O que não está claro para as autoridades do governo é a duração e intensidade desse aperto. Para uma definição do rumo que seguirão os juros será preciso ter um pouco mais de clareza no cenário econômico. Além do tom mais duro adotado pelo Federal Reserve - banco central dos Estados Unidos --, o governo brasileiro leva em conta incertezas internas, como a formação da nova equipe econômica.

Apesar da surpresa, a alta da Selic foi bem recebida pelo mercado financeiro. As taxas futuras passaram a espelhar uma alta da taxa básica de mais de 12% em meados do ano que vem. O movimento fortaleceu o real, a moeda dos emergentes que mais se valorizou ontem em relação ao dólar, que fechou a R$ 2,469, em baixa de 2,42%.

Para a indústria, a alta dos juros e a queda do dólar foi uma decepção, exatamente no dia em que os dados da confiança empresarial registraram a primeira reação favorável em muitos meses. Julio Sergio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica, disse que "a decisão pode abortar um princípio de recuperação do crédito que há muito tempo desejamos e uma ainda incipiente recuperação da indústria".

BC tem consenso sobre alta de juros

O placar apertado da reunião de quarta do Copom não deve ser lido como uma divergência entre os diretores do Banco Central (BC) sobre a necessidade de subir os juros. O ajuste na taxa Selic para 11,25% ao ano não deve ser interpretado, tampouco, como um ajuste pontual.

Segundo autoridade do governo com trânsito na área econômica, os cinco votos a favor da alta de juros e os três pela sua manutenção espelhariam dúvidas sobre o momento mais oportuno para a elevação da Selic, apesar do consenso de que o balanço de riscos inflacionários piorou e que era preciso agir.

O ajuste da Selic também sinaliza, neste momento, de acordo com esse integrante do governo, "o início de um novo ciclo de aumento de juros, embora ainda seja difícil mensurar sua intensidade e duração".

A indicação de piora no cenário para inflação é puxada pela desvalorização cambial de 10% desde a última reunião do Copom, mas também pela "resistência" dos aumentos de preços. O BC, que usou esse termo até a ata de julho, mas o suprimiu a partir de setembro, voltou a ver sinais de dificuldade.

O IPCA de setembro, de 0,57%, ficou acima das projeções do mercado financeiro e também do governo. Já o IPCA-15 de outubro, de 0,48%, ainda coloca a tendência de inflação acima da meta, num momento em que a sazonalidade é ruim para os preços. Entre outubro e dezembro, os índices de preços normalmente voltam a subir, depois do refresco do início do segundo semestre.

O comunicado do Copom não deu indicações de tratar-se de um novo ciclo de aperto monetário, mas a descrição feita ao Valor é que, neste momento, tudo indica que novos ajustes virão. O que não está claro para as autoridades do governo é a duração e intensidade desse aperto.

Para uma definição do rumo que seguirão os juros, será preciso ter um pouco mais de clareza no cenário econômico. Além do tom mais duro adotado pelo Federal Reserve - banco central dos Estados Unidos --, o governo brasileiro leva em conta incertezas internas, como a formação da nova equipe econômica.

"Essa pode ser uma boa notícia ou ainda causar turbulências", descreve a autoridade do governo.

Os sinais de mudança na política monetária já vinham sendo dados. Na visão repassada ao governo, as falas do diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, e o discurso do presidente do BC, Alexandre Tombini, tinham deixado claro que haveria mudanças. Talvez o foco do mercado financeiro nas eleições tenha desviado análises mais precisas sobre o que o Copom havia sinalizado.

No fim de setembro, quando divulgou o Relatório de Inflação, Carlos Hamilton disse: "Na nossa mensagem está explícito o que não está contemplado em decisões futuras do Copom: redução da taxa de juros. E está implícito o que pode ser contemplado: elevação ou manutenção da taxa Selic". Na entrevista à imprensa, o diretor chegou a afirmar que "se o cenário para a inflação exigir, a política monetária será acionada tempestivamente".

Tombini deu o segundo recado durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) no início do mês: "Nós subimos as taxas de juros e já dissemos que uma parte desse movimento ainda não foi sentido na inflação - ele será sentido mais à frente". No entanto, seguiu Tombini, "isso não quer dizer de modo algum que o BC será complacente com a inflação. Se preciso for, e no momento certo, caso seja necessário, nós estaremos prontos para agir para combater".

Apesar de haver pego o governo de surpresa e causado ruídos na condução do discurso político da presidente reeleita, a reação do mercado financeiro ao aumento da Selic foi considerada boa e amenizou boa parte do descontentamento inicial.

Juros futuros disparam no pós-Copom

Os juros futuros ligados diretamente ao rumo da taxa básica dispararam ontem na BM&F em resposta à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano, no que seria o primeiro passo de um novo ciclo de aperto monetário.

Segundo cálculos da gestora de recursos Quantitas, as taxas futuras passaram a espelhar uma alta da taxa básica para mais de 12% em meados do ano que vem. Ressalta-se que parte desse aperto já estava anteriormente esboçado nos juros futuros, mas em menor magnitude e com início entre dezembro deste ano e janeiro de 2015.

A taxa do contrato futuro de Depósitos Interfinanceiros (DI) com vencimento em janeiro de 2015 - veículo para apostas para a Selic no fim deste ano - subiu de 10,94% para 11,26%, espelhando 60% de chances de que o Copom acelere o passo e promova uma alta de 0,50 ponto da Selic em dezembro. Já a taxa do DI para janeiro de 2016 - que abrange as expectativas para o rumo da taxa básica em 2015 - avançou de 11,83% para 12,16%.

Na contramão, as taxas dos contratos mais longos recuaram, voltaram a se situar abaixo das curtas. O DI para janeiro de 2021 desceu de 12,15% para 12,09%. No jargão do mercado, a curva a termo voltou a ficar "negativamente inclinada", o que atestaria o sucesso do suposto "choque de credibilidade" do Copom. Em tese, há confiança de que o BC será mais rigoroso, abrindo espaço para juros menores no futuro. E credibilidade é fator fundamental para investidores aceitarem prêmios menores em aplicações de prazo mais longo. Não por acaso, as taxas futuras longas desabavam quando candidatos da oposição - que prometiam mudança da política econômica - despontavam como favoritos na corrida presidencial.

Para a equipe de economistas do Brasil Plural, liderada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita, a decisão inesperada do Copom tem como objetivo justamente reforçar a credibilidade, em um movimento que deve ser seguido por anúncios relativos à política fiscal e talvez pelo tão aguardado reajuste dos combustíveis.

A equipe do Plural ressalta, contudo, que o comunicado do Copom não deixa sinais sobre os próximos passos do BC e, por isso, é preciso aguardar a ata para afinar as previsões de médio prazo. De todo modo, diz o relatório, uma única alta de 0,25 ponto é muito pouco para ajustar as condições monetárias. O cenário mais provável é que o Copom eleve a Selic em dezembro, para 11,50%.

Embora também veja nova alta da Selic neste ano, o economista-chefe do Banco Itaú, Ilan Goldfajn, ressaltou, em relatório, que o rumo da política monetária em 2015 vai depender da taxa de câmbio, da evolução da inflação e também da nova equipe econômica.

Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, o Copom iniciou um ciclo de aperto que deve levar a taxa Selic para 12,50%. Ele chama a atenção para fato de o BC ter de lidar, neste momento, com o realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e dos administrados em relação aos livres. Isso em meio à desancoragem das expectativas para a inflação e as incertezas sobre a política fiscal.

Já o diretor de pesquisas para mercados emergentes nas Américas do Nomura, Tony Volpon, vê "vários elementos" no comunicado do Copom que indicam que a alta de juros foi um movimento isolado. Entre esses "elementos", Volpon cita a decisão dividida (foram cinco votos contra três para manutenção); o uso do termo "oportuno", que para o executivo refere-se a uma situação específica que precisa ser resolvida; e, por fim, a ideia de que o BC conterá efeitos de segunda ordem de um real mais fraco no momento certo.

"Por ora, vamos ver essa alta como um movimento isolado. Portanto, não esperamos outro aumento em dezembro", afirma Volpon, em nota a clientes, acrescentando ser possível haver mudanças na composição do Banco Central no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), o que adiciona incerteza à tese de início de um novo ciclo de aperto.

Aumento de fluxo para o país após alta da Selic depende de novos ajustes, dizem analistas

A decisão surpreendente do Copom de elevar a Selic para 11,25% aumenta, em tese, a atratividade do real no curto prazo, diante do retorno maior com as operações de "carry trade" - que visam ganhos com a diferença entre os elevados juros domésticos e as taxas mais baixas no exterior. Mas, apesar de a decisão do BC ser encarada de forma positiva pelo mercado, analistas destacam que é insuficiente para aumentar o fluxo de capital para o Brasil, dadas as incertezas sobre a condução da política econômica.

Ontem o real liderou os ganhos frente ao dólar entre as divisas emergentes, com moeda americana fechando em baixa de 2,42% a R$ 2,4069, na maior queda desde 18 de setembro de 2013. O dia foi de ajuste para os investidores que estavam com posição comprada em dólar (aposta na alta da moeda), principalmente os estrangeiros que tinham aumentando o "hegde" (proteção) da carteira de investimento antes da eleição.

A visão dos analistas é que a elevação da Selic sinaliza uma tentativa do governo de recuperar a credibilidade na condução da política macroeconômica. No entanto, a retomada da confiança dos investidores no Brasil ainda depende do anúncio de medidas concretas em direção a maior austeridade fiscal e recuperação do crescimento. "A medida é consistente com a nossa visão de que o governo deve promover ajustes da política econômica para reverter o quadro de baixo crescimento e inflação alta. Mas seria errado pensar que o aperto da política monetária seria uma solução para essa situação", diz Flavia Cattan-Naslausky, estrategista de câmbio para América Latina do Royal Bank of Scotland (RBS).

A chefe de estratégia para a América Latina do grupo americano Jefferies, Siobhan Morden, também acredita que a alta da taxa Selic não será suficiente, por si só, para atrair um novo fluxo de recursos de investidores estrangeiros para renda fixa local. "Juros mais altos não vão gerar fluxos a não ser que haja confiança no tamanho do ciclo do aperto monetário e a visão de que a alta da Selic faz parte de uma mudança mais ampla para restaurar a confiança na política econômica", afirma a estrategista, que trabalha em Nova York.

Siobhan diz que as atenções dos investidores se voltam agora ao anúncio do novo ministro da Fazenda e da postura do governo no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) em relação à política fiscal. "A qualidade da equipe econômica vai mostrar se há comprometimento em reduzir as intervenções governamentais e dar prioridade à inflação baixa e à restauração da confiança para estimular os investimentos crescimento mais alto."

O estrategista para mercados emergentes do Citi em Londres, Luis Costa, destaca que a apreciação dos ativos domésticos vista nos últimos dias reflete muito mais uma "normalização" das condições de mercado, uma vez que os investidores estavam muito posicionados para um cenário pior.

Para Costa, os desafios à economia brasileira e a postura mais cautelosa do estrangeiro permanecem intactos, o que joga contra a leitura de uma melhora repentina no ingresso de capital ao país no curto prazo. "Existe uma série de questões que precisam ser definidas antes de qualquer mudança mais significativa com relação às expectativas para Brasil."

Em outubro, até o dia 24, o fluxo cambial estava positivo em US$ 3,032 bilhões, resultado de entrada líquida de US$ 2,4 bilhões na conta comercial e ingresso líquido de US$ 599 milhões na conta financeira.

Para o diretor do grupo de pesquisas econômicas para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, o comportamento do câmbio à frente deve ser decisivo para o tamanho do ciclo de alta da taxa de juros. É relevante observar também os sinais sobre se o BC estará pronto a aliviar a intervenção constante no mercado de câmbio, validando assim um câmbio mais competitivo para exportação.

Nesse cenário, o estrategista do Société Générale em Nova York, Eamon Aghdasi, vê o real podendo se apreciar no curto prazo, mas a tendência é desvalorização. "Nosso viés seria para vender dólar/real a estes níveis, com base na nossa visão otimista para o Brasil no curto prazo." O estrategista destaca, no entanto, que a realidade econômica do Brasil ainda aponta para um real mais fraco, frente a um crescimento perto de zero, um déficit de conta corrente alto e fraco desempenho do setor industrial. "O crescimento deve permanecer lento ao longo do próximo ano, especialmente assumindo um aperto monetário, o que conduzirá a um enfraquecimento do real", afirma.

Para analistas, alta do juro dificulta retomada da indústria

O Banco Central subiu a taxa Selic mirando o câmbio, mas, como não é incomum nesse tipo de situação, pode acertar em cheio a indústria. Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que a decisão da autoridade monetária pode comprometer ainda mais uma combalida produção industrial, ao espalhar seus efeitos sobre mercado de crédito, o comércio e também sobre a confiança empresarial.

Julio Sergio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica, diz achar "curioso" que a autoridade monetária tenha tomado a decisão de subir o juro um dia antes de o mercado de crédito mostrar um quadro mais favorável, e no mesmo dia em que os dados de confiança empresarial registraram a primeira reação em muitos meses. "A decisão pode abortar um princípio de recuperação do crédito que há muito tempo desejamos e uma ainda incipiente recuperação da indústria", diz Almeida. "Há muita coisa em jogo."

Segundo o próprio BC, o saldo das operações de crédito cresceu 1,3% em setembro. O estoque de crédito, por sua vez, avançou de 56,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto para 57,2% do PIB em setembro. Já a confiança da indústria voltou a aumentar em outubro, após nove meses consecutivos de queda. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que, mesmo em patamar muito baixo, a melhora foi puxada por expectativas mais positivas quanto ao futuro - justamente a variável que, segundo Almeida, pode ser atingida com a decisão do Comitê de Política de Monetária (Copom).

"Receio que a medida coloque em risco a continuidade de coisas importantes sem que a desvalorização cambial ocorrida recentemente tenha dado sinais claros de que veio para ficar", diz Almeida. A atividade na indústria paulista, por exemplo, ficou estagnada em setembro, de acordo com o Indicador de Nível de Atividade (INA), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para o ano, a Fiesp espera queda de 5% da produção da indústria paulista. Apesar da projeção, o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), Paulo Francini, destaca que a alta de setembro é "elemento essencial" para que o setor inicie um processo de recuperação.

Para Antonio José Alves Júnior, professor da UFRJ e assessor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é possível compreender a preocupação do BC com a inflação perto do teto da meta, mas, se representar a retomada de um ciclo, a decisão do BC pode interferir num momento em que a economia brasileira receberá um grande volume de investimentos em infraestrutura.

"Há uma clara intenção de envolver o setor privado nesses investimentos e quando o BC aumenta o juro, mesmo que em montante pequeno, a primeira reação dos agentes pode ser aguardar para ver até onde isso vai", diz o professor.

Alves Júnior enfatiza que a gestão de Alexandre Tombini à frente do BC foi muito mais "moderada" do que no passado, mas a decisão de elevar a Selic, em sua avaliação, foi excessiva. "A indústria precisa de uma taxa de câmbio mais desvalorizada para estimulá-la e o aumento do juro não contribui em nada para isso. Ele poderia ter aguentado mais", diz.

Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, avalia que, embora seja óbvio que uma taxa de juro mais elevada contém a atividade econômica, o BC foi dúbio em sua ação e pode, na verdade, estar querendo acionar o canal das expectativas. "Isso vai dar um sinal para o mercado e conter as expectativas inflacionárias, o que é bom para a confiança de agentes econômicos."

Segundo Zeina, é o tamanho do tão esperado ajuste fiscal - que será feito "na medida do possível", mas tem que ser feito - que vai permitir entender melhor a dosagem dos juros. "O BC conta com o ajuste fiscal. Se o governo não o fizer, aí sim a indústria vai ter razão para reclamar", diz a economista.

Na mesma direção, o professor da Unicamp, Edgard Pereira, diz que toda elevação de juro é ruim para a indústria, especialmente quando o setor apresenta sinais iniciais de recuperação. "Mas a medida indica que o governo vai atuar para estabilizar expectativas, tendo ao final um impacto que pode ser positivo para a indústria", diz Pereira. "O momento de instabilidade é tal que o BC pode estar no caminho certo."

Almeida pondera que, embora o receio da autoridade monetária seja justamente que o dólar mais forte atinja com mais força a inflação, seria muito cedo para dizer que a desvalorização cambial tão almejada pela indústria realmente veio para ficar. "Mas esse BC geralmente acerta mais do que erra, então tomara que ele esteja certo".

FOLHA DE SÃO PAULO

Para governo, reação do mercado à Selic dá folga para novas medidas

A decisão do Banco Central de subir os juros foi considerada pelo governo uma iniciativa correta, que faz a presidente Dilma Rousseff ganhar tempo para definir com tranquilidade, sem pressões do mercado, seu novo ministro da Fazenda e medidas para ajustar as contas públicas, que estão no vermelho.

Segundo auxiliares, a reação positiva do mercado à medida do BC –a cotação do dólar caiu 2,45%, fechando a R$ 2,408, e a Bolsa subiu 2,5%– alivia a pressão sobre a presidente, deixando-a mais à vontade para tomar com calma suas decisões sobre seu segundo governo.

Um assessor destaca, porém, que isso não significa que ela vai ficar postergando suas medidas até o final do ano. "Só fica mais tranquilo e sem turbulências para ela decidir a seu tempo, que pode ser a qualquer momento", afirmou o auxiliar.

A intenção da presidente é anunciar em novembro seu novo ministro da Fazenda e um pacote de medidas fiscais de médio e longo prazos para melhorar o desempenho das contas públicas.

Ela já encomendou ao atual ministro Guido Mantega (Fazenda) o pacote de ações na área fiscal e vai analisá-lo na próxima semana, depois de voltar de seu período de descanso na Bahia.

Segundo um assessor, está sendo preparado para 2015 um "importante corte de despesas" para garantir um superavit primário (economia de gastos para pagamento de juros da dívida) no próximo ano mais forte do que em 2014 –neste ano, o governo não irá conseguir cumprir sua meta de fazer o setor público economizar 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).

No Banco Central, que elevou na quarta-feira (29) a chamada taxa Selic de 11% ao ano para 11,25%, a avaliação é que a alta dos juros teve o efeito esperado. Assessores presidenciais disseram à Folha que a alta foi um sinal ao mercado de que Dilma começará o segundo mandato priorizando o combate à inflação e fazendo as correções necessárias na área econômica.

A tendência do Copom (Comitê de Política Monetária) é promover mais uma alta da taxa na última reunião do ano, em dezembro, também de 0,25 ponto percentual.

A opção pelo aumento já em novembro foi tomada para reduzir o custo do aperto na política monetária. Deixar a medida para dezembro demandaria um aumento maior da dose, provavelmente de 0,50 ponto percentual, o que poderia causar maior impacto negativo futuro sobre a atividade econômica num período em que o país está registrando crescimento fraco.

JORNAL BRASIL ECONÔMICO

Selic maior tende a moderar evolução do crédito, diz BC

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse ontem que a elevação da taxa Selic de 11% para 11,25% tende a moderar a evolução do crédito. "O mecanismo de transmissão da política monetária é esse. Uma elevação das taxas de juros tem impacto de moderação", disse. No entanto, ele observou que há outros fatores que influenciam sobre a expansão de empréstimos, como nível de atividade, de confiança e sazonalidade. "Há uma série de outras influências", afirmou.

Segundo Maciel, o comportamento do crédito em setembro "seguiu a tendência do ano de crescimento moderado". Ele avaliou ainda que a elevação mensal de 1,3% do saldo das operações "deveu-se ao maior dinamismo do crédito direcionado".

Diferentemente dos empréstimos com recursos livres, em que os bancos têm autonomia, o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo. Em setembro, as concessões nessa modalidade cresceram 2% ante agosto, ante avanço de 0,7% do crédito livre.

Tulio Maciel destacou a continuidade do crescimento do crédito imobiliário para pessoas físicas, que acumula alta de 27,4% em doze meses. "Está bem acima da média, (embora seja importante lembrar) que isso vem moderando. Já chegou a crescer 55%, em 2010", afirmou.Outro motivo para expansão do crédito direcionado foi a elevação de 2,3% na carteira para investimentos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo o BC, a alta pode ser parcialmente atribuída ao comportamento do câmbio no período. "Parte da carteira do BNDES está vinculada à taxa de câmbio", lembrou Maciel. Para o ano, está mantida a previsão de expansão de 12% do crédito.

A elevação da Selic foi criticado pelo comércio e pela indústria. A Associação Comercial de São Paulo demonstrou preocupação. "O aumento da taxa Selic revela que predominou, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a preocupação com a infla ção, apesar do baixo nível da atividade econômica. O que se espera, agora, é que o governo anuncie um ajuste fiscal crível e rigoroso, que permita ao BC reduzir novamente os juros em sua próxima reunião", disse Rogério Amato, presidente da associação.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo também criticou o aumento e considerou a elevação uma ameaça ao emprego. "A economia está estagnada e o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá pouco acima de zero . A alta da taxa Selic não só impede qualquer tipo de retomada da atividade econômica no curto prazo, como também derruba ainda mais a confiança de empresas e consumidores, fator este preponderante para retomada futura, pois sem confiança não há investimento. ", diz nota assinada pelo presidente da Federação, Paulo Skaf. Com ABr

Bancos públicos voltam a impulsionar crédito

São Paulo - A alta da taxa básica de juros (Selic) de 11% para 11,25% ao ano deve elevar em cadeia os juros nas linhas de financiamento com recursos livres e direcionados e afetar o crescimento do crédito na economia em 2014, apesar da retomada em setembro último.

Na avaliação do professor e diretor-presidente do Instituto Fractal, Celso Grisi, depois da última alta da Selic dificilmente o crédito na economia crescerá 12% em 2014. "O crescimento deverá ficar entre 10% e 11% nesse ano. Os bancos comerciais vão continuar muito seletivos na concessão de empréstimos", diz.

De acordo com o boletim do Banco Central (BC) divulgado ontem, o crédito na economia apresentou crescimento de 1,3% em setembro, e 11,7% em doze meses e atingiu a marca de R$ 2,9 trilhões ou 57,2% do produto interno bruto (PIB).

Esse aumento foi puxado principalmente pelo crédito direcionado de bancos públicos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em financiamentos de investimentos e na agroindústria, e pela Caixa Econômica Federal na concessão de crédito imobiliário. "Os bancos privados também avançaram em crédito imobiliário e em linhas que tenham algum tipo de garantia como recebíveis e desconto de duplicatas", acrescentou Celso Grisi.

Por outro lado, mesmo o crédito direcionado já ficou mais caro em setembro, subiu 0,1 ponto percentual para 8,1% ao ano. O spread (diferença entre o custo de captação e taxa final cobrada pelos bancos) dos bancos no crédito direcionado subiu 0,2 pontos percentuais em setembro para 0,3 pontos percentuais.

"Vai demorar um pouco para a alta da Selic alcançar o crédito direcionado do BNDES, pois o banco trabalha a partir da TJLP [taxa de juros de longo prazo], mas haverá um preocupação com o financiamento a investimentos", diz o economista e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-SP) e da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enriquez Garcia.

Ele também apontou uma certa "paralisia" na concessão do crédito consignado em setembro. "É preciso mais confiança na economia", diz.

Como contraponto a expectativa de menor ritmo de crescimento do crédito, o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicolas Tinga, acredita que a dinâmica do quarto trimestre ainda pode ser positiva no setor. "Será um trimestre um pouco melhor, mas há cautela de todos os lados, do consumidor e de pequenos e médios empresários em tomar crédito", diz.

Grisi contou que os bancos brasileiros estão "muito líquidos" devido aos estímulos do próprio governo com a flexibilização do compulsório (depósitos obrigatórios das instituições no Banco Central).

"Os bancos estão com tantos recursos que as taxas de captação caíram. Ao mesmo tempo, os juros estão subindo, com isso os spreads (prêmios) estão crescendo", diz Grisi.

De fato, o boletim de crédito do BC mostra que a taxa de captação caiu de 8,4% ao ano em agosto para 8,3% ao ano em setembro. No início de 2014, a taxa de captação era de 8,9% ao ano, ou seja, uma queda de 0,6 pontos percentuais desde o mês de janeiro.

Cautela com calotes

Garcia também acredita que os bancos ficarão ainda mais cuidadosos na concessão de crédito. "Quando se aumenta o juro também se aumenta o risco de fazer empréstimos como os do cheque especial e em cartões de crédito. Quanto maior esse juro, maior o risco de inadimplência. Os bancos conhecem o risco dos calotes", diz o presidente do Corecon.

Em setembro, a inadimplência (calote) com recursos livres ficou estável em 5%, enquanto calote em crédito direcionado, mais barato, caiu a 0,9%. "No final de ano é momento para liquidar as dívidas", recomenda Celso Grisi, da Fractal.

EXAME

Alta do juro amplia ganhos de aplicações em renda fixa

São Paulo - A alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, vai reforçar a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, como os fundos de investimentos.

Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que, com o juro a 11,25% ao ano, os fundos são mais vantajosos que a poupança na maioria das simulações.

Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, esse ganho de competitividade da renda fixa tende a se consolidar nos próximos meses.

"Com essa alta da Selic, que leva em consideração a pressão do câmbio e as tarifas públicas represadas, se abre uma janela e outras elevações devem vir." Até quarta-feira, 29, a expectativa da Anefac era de manutenção da taxa de juros em 11% ao ano.

A vantagem é ampla para os fundos que têm taxas de administração até 1,5%, segundo o estudo. Com a taxa em 2%, os fundos só mantêm o ganho maior quando o prazo de resgate das aplicações supera um ano.

A poupança, por sua vez, é melhor para o investidor em relação aos fundos quando a taxa de administração é de 2% e com prazo de até um ano. Quando a taxa é de 2,5% ou mais, a poupança rende mais que os fundos qualquer que seja a situação.

Para quem tem pouca experiência com o mundo das finanças, contudo, a poupança costuma ser uma boa porta de entrada, em especial quando o investimento é baixo.

Isso porque, lembra Oliveira, as taxas de administração mais baixas dos fundos, que os colocam em condição mais favorável que a poupança, só estão disponíveis para investimentos de maior valor.

Com a Selic a 11,25%, a caderneta tem ganho de 0,58% mais a Taxa Referencial (ou 6,17% ao ano). A aplicação também é isenta de Imposto de Renda e é possível sacar a qualquer momento.

Já os fundos de renda fixa têm seus rendimentos tributados pelo IR. Quanto menor o prazo de resgate, maior a tributação.

Câmbio pressiona inflação e mercado já prevê Selic a 12%

São Paulo - A depreciação do câmbio de quase 10% ocorrida nos últimos 60 dias foi um dos elementos que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) doBanco Central (BC) a voltar a subir a taxa básica de juros, alegando uma piora dos riscos para a inflação desde a sua última reunião, segundo economistas especializados em inflação.

A decisão de elevar a taxa básica para 11,25% ao ano, depois de ela ter ficado estacionada em 11% desde abril, foi tomada por precaução, quando se leva em conta apenas a depreciação do real.

"Ainda não é perceptível o efeito do câmbio nos preços", afirma o superintendente adjunto de Inflação da FGV/Ibre, Salomão Quadros. Ele faz essa afirmação olhando para o resultado do IGP-M de outubro, divulgado ontem. O indicador subiu 0,28%, com avanço de 0,08 ponto porcentual em relação a setembro.

Mas, diante do conjunto das pressões inflacionárias, e não só o efeito da depreciação cambial, o mercado acredita que o Copom vai estender o ciclo de alta de juros.

Segundo a maioria das instituições consultadas no Termômetro do AE Projeções do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, entre as 33 casas consultadas, a projeção mais frequente é a de que o Copom seguirá elevando a Selic continuamente até março de 2015, mantendo o compasso de 0,25 ponto porcentual. Isso levaria a taxa básica de juros para 12% ao final do período.

Mudança

Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o que mudou para BC entre a divulgação do último Relatório de Inflação e a reunião do Copom de anteontem foi a depreciação do câmbio e os possíveis efeitos sobre os preços. Ele lembra que nesse período o dólar, que estava cotado em R$ 2,25, fechou na quinta-feira, 30, em R$ 2,41.

Essa também é a avaliação do economista do Itaú Unibanco Caio Megale. "O BC deve ter avaliado que essa depreciação cambial pode retardar o objetivo de trazer a inflação para o centro da meta", afirma.

Em 12 meses até setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial de inflação, acumulou uma alta de 6,75%. O centro da meta é 4,5%.

Tanto Lima como Megale ressaltam que a depreciação cambial é mais um fator de risco a ser considerado num cenário inflacionário que não vai nada bem.

Lima destaca, por exemplo, as expectativas inflacionárias em patamares elevados e a forte preocupação dos agentes econômicos em se protegerem de perdas, o que leva à indexação e mais inflação. "A expectativa, somada à inércia, leva a uma inflação mais alta."

Adriana Molinari, economista da consultoria Tendências, lembra de outros fatores negativos do cenário inflacionário, como a forte pressão dos preços dos serviços, que acumulam alta de 8,5% em 12 meses até setembro, e a pressão dos alimentos, que deve afetar a inflação no varejo no último trimestre.

Apesar de a alta do dólar ter sido um elemento novo de preocupação para o BC, o repasse para os preços depende vários fatores. "O ritmo de atividade pode limitar o repasse", observa Lima. Ele acrescenta que a queda nos preços das commodities pode contrabalançar os efeitos da alta do dólar na inflação.

Também pondera que há muita incerteza em relação ao novo patamar do câmbio, o que pode adiar o repasse da depreciação para os preços. Colaboraram Maria Regina Silva, Denise Abarca e Flávio Leonel.

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