Terça-feira

JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO

Setor teme paralisação do programa

Para as empresas que cresceram com o Minha Casa, Minha Vida, esse é um momento delicado. A segunda fase do programa, que começou em 2011, com a meta de contratar 2,7 milhões de unidades, está chegando ao fim. Em junho, quando o Ministério das Cidades divulgou o último balanço, 24 milhões de imóveis já estavam contratados pelas empresas.

Em Brasília, o lobby do setor é intenso para que o governo adote uma medida intermediária nos próximos meses, já que o período eleitoral deve adiar o anúncio da terceira fase do programa. A presidente Dilma Rousseff sinalizou no início do ano que vai incluir mais 3 milhões de moradias na próxima etapa do Minha Casa, caso seja reeleita. "Como a exposição das construtoras ao governo é muito alta,há uma preocupação em relação à continuidade do programa", diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

Há quinze dias, representantes de grandes construtoras se reuniram com membros do governo para discutir a prorrogação da 2. a frise do programa por seis meses, com o acréscimo de 300 mil unidades. Outra sugestão das construtoras é a criação de uma faixa intermediária para contemplar famílias com renda de R$ 1,6 mil a R$ 2 miL "Se nada acontecer, o setor vai parar e haverá desemprego no início de 2015", disse um empresário.

 

Salvador registra 7,5 mil imóveis encalhados

As incorporadoras paulistas desembarcaram em Salvador, em 2009, inventando moda e falando bonito, lembra o empresário Luiz Fernando Pessoa, dono da construtora baiana Sertenge. "Era land bank pra cá, land bank pra lá. E eu não fazia ideia do que era isso", conta. "Só depois descobri que esse é o nome em inglês para banco de terreno."

A agressividade das grandes construtoras na aquisição de áreas na capital baiana foi só o começo de um ciclo que terminou em crise e colocou Salvador como uma das cidades que mais sentiram com o tropeço do mercado imobiliário. Segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), em 2006, foram lançados 2 mil imóveis na capital - número que saltou para 10 mil em 2010.

Empresas como Cyrela, Gafisa, Rossi e PDG fizeram parceria com construtoras locais para explorar o mercado baiano. Uma delas, entre a Cyrela e a Andrade Mendonça, deu origem ao que era, à época, o maior empreendimento residencial em construção no País, com 1.138 apartamentos de alto padrão em 18 torres, na avenida mais movimentada da cidade.

A partir de 2011, porém, o cenário mudou. Antes mesmo de os indicadores econômicos nacionais começarem a se deteriorar, o mercado imobiliário baiano teve problemas. O plano diretor de Salvador, aprovado em 2008, foi suspenso, gerando insegurança jurídica. Em 2011, o número de unidades lançadas caiu para 7,8 mil e despencou para 2,3 mil no ano seguinte - patamar que se manteve no ano passado. "Em junho, estávamos com um estoque de 7,5 mil unidades - quase o dobro do que foi registrado em vendas em 2013", diz Luciano Muricy Fontes, presidente da Ademi. Quase todas as grandes empresas abandonaram os projetos em Salvador.

Aos 67 anos, dono de uma construtora que tem 80% do negócio voltado para a primeira faixa do Minha Casa, Minha Vida (cujo valor do imóvel é 100% subsidiado pelo governo), Pessoa define o que aconteceu em Salvador como uma "hipnose coletiva". "Não entrei nessa, porque sou muito católico e rezo muito. Fui protegido por Deus."

Com receita de R$ 450 milhões em 2013 e 6 mil funcionários, a Sertenge espera a crise passar para voltar a construir imóveis de médio padrão. "Por enquanto, somos filhotes do Minha Casa, e estamos muito bem assim." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

JORNAL O TEMPO (MG)

Construtoras focam agora lançamentos de padrão popular

As vendas de imóveis novos em Belo Horizonte caíram 15,28% na comparação entre o primeiro semestre de 2014 e o mesmo período de 2013. Os dados são da pesquisa Construção e Comercialização do Ipead/UFMG, divulgada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Entre os imóveis mais vendidos nos primeiros meses de 2014 62,79% estão "nos bairros com padrão popular", diz a pesquisa. Em junho, 38,33% dos empreendimentos vendidos custaram de R$ 250 mil a R$ 500 mil, conhecidos como "imóveis econômicos".

De olho no mercado, algumas construtoras já focaram seus projetos em imóveis nessa faixa de preço. "Nossa produção está direcionada para esse tipo de imóvel. Atualmente, 100% dos nossos empreendimentos têm esse perfil", afirma Igor Marfará, diretor do grupo MMC.

A construtora, segundo o empresário, já atuou na região Centro-Sul, mas, no momento, busca oportunidades em regiões adjacentes. "Fizemos uma pesquisa e percebemos que havia uma demanda e teríamos aceitação. O mercado imobiliário é cíclico, e essa faixa ficou realmente desamparada nos últimos dois anos. Agora a procura está voltando", explica Marfará.

Bráulio Franco Garcia, diretor da área imobiliária do Sinduscon-MG, concorda que existe uma tendência de crescimento desses empreendimentos. "Creio que seja uma tendência porque são áreas que ainda podem se expandir", analisa.

A construtora PDG, que atua em empreendimentos supereconômicos, com preços que vão até R$250 mil, deve lançar imóveis na faixa dos econômicos em 2015. "Queremos atender tanto o cliente que comprou um supereconômico e quer investir em um imóvel melhor, como atuar em um novo mercado", diz Edir Lima, superintendente regional da PDG em Minas Gerais.

Mais imóveis no 1°semestre

A pesquisa do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) mostrou que o número de lançamentos na capital cresceu 30% no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013.

"Isso acontece porque a prefeitura está redigindo o projeto de lei sobre o uso do solo. Esses lançamentos surgem na pressão de perder coeficiente de construção", explica Otimar Bicalho, presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais.

 

VALOR ECONÔMICO

BC defende pontuação de crédito contra inadimplência

A discussão que se inicia no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a legalidade dos sistemas de "score" de crédito - um tipo de classificação usada por bancos e empresas - pode ter impacto sobre a inadimplência e a oferta de crédito no país, na avaliação do Banco Central (BC).

De acordo com o procurador-geral do BC, Isaac Sidney Ferreira, a responsabilidade na concessão de crédito constitui um valor inestimável, que é a estabilidade do sistema financeiro. Assim, a inexistência desse sistema de pontuação, que ajuda bancos e empresas a avaliar o risco dos pretendentes a tomar crédito, pode somar riscos indesejados ao sistema financeiro com consequências macroeconômicas.

Ferreira apresentou a posição do BC em audiência pública no STJ, a primeira da história do tribunal. A audiência foi uma iniciativa do relator do caso que terá repercussão geral, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, e foi dividida em blocos, ouvindo partes pró e contra o sistema de "score".

Grosso modo, o que o STJ definirá quando o tema for a julgamento é se o score de crédito é ou não um banco de dados. Se ele for considerado um banco de dados, tem de seguir legislação específica, como alertar os consumidores sobre possíveis rebaixamentos e ter responsabilidade pelos dados nele armazenados, como versam artigos do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Quem é a favor do sistema defende que ele é apenas uma ferramenta matemática, que reúne informações obtidas em diversas bases de dados já existentes, inclusive informações dadas pelo próprio consumidor, para dar uma avaliação de risco. Com base nessa avaliação, a instituição pode cobrar uma taxa de juros mais alta, limitar o valor a ser emprestado e até negar os recursos.

Entre os contrários a esse sistema de pontuação do cliente, a principal queixa é sobre a falta de transparência. Mas as críticas recaem mais sobre a origem e gerenciamento dos dados do que sobre os resultados trazidos pelo sistema.

Outra crítica é que não se apresentam os dados ou a metodologia para se obter essa pontuação de crédito. As empresas que prestam o serviço alegam que há segredo empresarial, pois, na visão deles, o "score" não é um banco de dados, mas uma ferramenta estatística.

A expectativa do BC, segundo Ferreira, é que o STJ julgue pela legalidade da ferramenta, ou seja, que o score não seja considerado uma base de dados. "Score de crédito não é banco de dados. Não reúne informações, apenas avalia", disse Ferreira. "É preciso fugir da tentação dos púlpitos, que levem a embates ideológicos, como banqueiros versus consumidores."

Segundo o representante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancário (IBDConB), Luciano Duarte Peres, o sistema de score de crédito é uma forma de "bullying" contra o consumidor, pois as negativas de crédito têm reflexo "no íntimo do consumidor".

De acordo com Peres, ninguém pode ser excluído no mercado de crédito por ter mais ou menos dados. Segundo ele, esse é um sistema tão ruim quanto o cadastro negativo, que na sua avaliação é punitivo de forma antecipada.

Segundo o advogado da IBDConB, se esse sistema de score de crédito é algo indispensável, que ele seja mantido pelo governo e tenha seu acesso de forma gratuita.

Nas argumentações de Peres e de outros representantes contra o sistema de score foram feitos comentários sobre "os interesses" das empresas privadas que prestam esse tipo de serviço e a elevada lucratividade do setor.

"Sistema de scoring é sim banco de dados e tem que seguir as regras de CDC. Falta clareza e ausência de acesso ao cadastro e total impossibilidade do consumidor de corrigir informações no cadastro", afirmou a representante da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, Josane de Almeida Heerdt.

Ainda não há data para o julgamento do recurso que terá repercussão geral. São mais de 120 mil processos pedindo danos morais em função do score de crédito. A maior parte está concentrada no Rio Grande do Sul.

 

É inadequado falar em recessão, diz Mantega

A economia brasileira dá sinais de recuperação no segundo semestre deste ano e isso permite visualizar um cenário de crescimento moderado em 2014, afirmou na noite de ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele participou de evento de premiação do anuário "Valor 1000". "É inadequado, porém, falar em estagnação, recessão e muito menos ainda em crise", disse o ministro. Mantega repetiu questionamento já feito em entrevista para o Valor na semana passada. "Que crise é essa, que tem valorização da Bolsa, elevado volume de ingresso de investimento estrangeiro direto e taxa de desemprego nas mínimas históricas?", indagou.

Segundo Mantega, alguns críticos do atual governo parecem preferir a agenda europeia de enfrentamento da crise. Para o ministro, essa agenda envolve excessiva austeridade e tem promovido saída lenta da crise nos países europeus, com persistente e alto desemprego, afirmou. "Os críticos prefeririam juros nas alturas e câmbio valorizado", disse.

Para Mantega, a política econômica do atual governo se focou em construir uma economia mais sólida, mais resistente para enfrentar a crise e mais preparada para iniciar um ciclo sustentável de crescimento. O ministro afirmou, porém, ter "consciência de que as condições sólidas não significam ignorar problemas do país". O Brasil começou 2014 com alguns desafios, como uma forte seca que elevou os preços de alimentos e a redução da demanda no mercado externo e no interno. "Até a Copa, que é uma coisa boa, acabou tirando alguns dias úteis e diminuindo atividade", disse.

Para o ministro, a alta de juros mostrou que a política monetária foi bem-sucedida no combate à alta de preços e agora, com a "inflação em queda livre", o Banco Central e o governo começaram a descomprimir a política monetária, para normalizar o crescimento do crédito. "Já detectamos recuperação da atividade no segundo semestre", disse.

Para o ministro, é certo que o Brasil tem problemas conjunturais em alguns segmentos produtivos, com dois desafios principais. Em primeiro lugar, melhorar a infraestrutura de transporte rodoviário, ferroviário, em aeroportos e por vias aquáticas. Para tanto, o governo deve dar continuidade ao ambicioso programa de concessões de obras de infraestrutura para a iniciativa privada, iniciado em 2012.

Além disso, o país precisa melhorar a escolaridade dos brasileiros, afirmou Mantega, lembrando que o atual governo criou programas com o Pronatec e ampliou o Financiamento Estudantil do Ensino Superior (Fies) como parte dessa iniciativa, além de ter triplicado os aportes no Ministério da Educação.

Mantega destacou que o Brasil foi um dos países que mais receberam Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2011 e 2012. O ministro ressaltou que sua equipe econômica reduziu "as tentações da valorização cambial" e se dirigiu mais uma vez aos críticos, afirmando que estes acreditam "que a política econômica do Brasil se resume ao tripé" e que são essas mesmas pessoas que "preferem uma recessão para baixar a inflação". "Claro que falta coragem para dizerem isso com todas as letras", completou.

Mantega afirmou, no entanto, que "ninguém" cumpriu tanto o tripé quanto sua equipe, que tem seguido "à risca" as metas de inflação e que o superávit primário do país está entre os maiores do G-20. "Com base no tripé, fizemos política de desenvolvimento para acelerar crescimento com geração de emprego", disse. O ministro encerrou seu discurso com uma fala otimista, ao afirmar ter convicção de que Brasil reúne condições para suplantar dificuldades externas e internas e embarcar em novo ciclo de crescimento sustentável nos próximos anos.

 

Cenário incerto em 2015 eleva grau de dispersão nas projeções para o PIB

O aumento das incertezas em relação à economia é evidente nas projeções para o crescimento de 2015. O consenso de mercado - alta de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) - comporta estimativas que vão de recuo de 0,5% a expansão de 2,5%. Considerando apenas anos eleitorais, o grau de dispersão entre essas expectativas só não é maior do que em 2002. Em meados de agosto daquele ano, analistas consultados pelo boletim Focus esperavam avanço de 0,5% até 4% para o PIB de 2003.

Uma outra medida considerada por economistas mais fidedigna do que a distância entre os extremos aponta na mesma direção. A série de expectativas do BC mostra um desvio-padrão de 0,53 ponto percentual nas previsões para o desempenho da economia no próximo ano. Quanto maior esse indicador, mais dispersas estão as previsões em relação à média, que, de acordo com o Focus, conta com crescimento de 1,17% em 2015.

Segundo especialistas, é natural que haja consenso menor nas perspectivas para o médio prazo em anos de eleição presidencial, mas a disputa mais acirrada de 2014 pode ter exacerbado o descolamento entre o piso e o teto das projeções. A necessidade de ajustes na política econômica representa outro ponto de divergência nos cenários, já que pode gerar diferentes resultados, a depender de sua intensidade.

O ambiente externo, por fim, é visto como fonte de ajuda à atividade doméstica, ou como mais um elemento de volatilidade. Alguns analistas dão mais peso à recuperação da economia americana nas projeções e, por isso, trabalham com aceleração das exportações em 2015. Do outro lado, há a avaliação de que o início do aumento dos juros pelo Fed (banco central americano) pode ter impacto negativo sobre a atividade.

"Desde 2008, o Fed só corta os juros, então virar a mão será um evento muito importante. Embora haja expectativa de que isso aconteça em algum momento, ninguém sabe quando", diz Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas. Segundo Carvalho, a perspectiva de normalização da política monetária nos EUA e as eleições no Brasil são os principais fatores por trás do descompasso entre as projeções para 2015.

Independentemente de quem vencer o pleito, o economista avalia que ajustes serão necessários nas políticas fiscal, monetária e cambial, o que torna difícil prever crescimento robusto para a economia. Desde o fim de 2013, o BNP projeta expansão de 1% para a atividade em 2015, tendo em vista um aperto adicional dos juros e um ajuste fiscal para evitar outro rebaixamento do rating soberano.

Para o Itaú Unibanco, os ajustes a serem feitos são moderados e não contemplam alta adicional dos juros, o que permite prever crescimento de 1,3% em 2015. O banco trabalha com outras duas hipóteses, de menor probabilidade: na primeira, os ajustes seriam mais fortes e, portanto, com maior impacto negativo sobre o nível de atividade; e, na segunda, não haveria nenhuma mudança. Nos dois casos, o PIB cresceria menos.

"Há a possibilidade de diferentes intensidades de ajustes, um cenário externo conturbado e uma eleição mais apertada, que ficou um pouco mais embaralhada agora", afirma o economista Caio Megale. Por isso, diz, a matriz de combinações para o cenário de 2015 é mais ampla, o que leva a uma maior dispersão nas expectativas para o ano que vem.

Na visão de Megale, o efeito positivo da retomada da economia dos EUA sobre a atividade doméstica será permanente, enquanto o impacto da alta dos juros pelo Fed tende a ser pontual. Assim, o cenário externo deve contribuir para a expansão da economia brasileira, apesar de considerado como fonte de incertezas por outros analistas.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que a mudança de rumo da política monetária americana foi precificada pelo mercado e, por isso, não haverá grande repercusssão sobre os preços de ativos. Para ele, a grande incógnita por trás das previsões antagônicas para 2015 é o processo eleitoral. "Temos dois cenários extremamente opostos", diz.

Mesmo considerando que as expectativas podem melhorar se algum candidato da oposição for eleito, e que a atividade pode ser impulsionada por efeitos estatísticos - base de comparação muito fraca do segundo trimestre deste ano e a revisão metodológica do Sistema de Contas Nacionais - Vale afirma que pensar em um crescimento muito forte no ano que vem é temerário. A MB prevê alta de apenas 0,5% para o PIB em 2015.

No caso de vitória da oposição, o economista aponta como concreta a possibilidade de que a política fiscal seja mais contracionista e que os juros voltem a subir para segurar a inflação. Já a reeleição de Dilma traria mais incertezas ao horizonte, o que manteria os investimentos em trajetória de queda, além de diminuir as chances de que os ajustes necessários seriam colocados em curso. Para qualquer dos lados que se olhe, 2015 será um ano difícil, diz Vale.

Perto do ponto mais pessimista das projeções, o economista-chefe do banco Fibra, Cristiano Oliveira, projeta que o próximo ano será de crescimento nulo da economia e não descarta uma revisão para um número negativo. Segundo Oliveira, todos os vetores de aceleração que ajudaram a atividade na década passada se esgotaram, como a expansão do crédito como proporção do PIB e o cenário externo favorável. Além disso, as condições atuais não são propícias ao desempenho da atividade em 2015, diz.

Como exemplo, Oliveira menciona os investimentos, que, em trajetória negativa, não estão ampliando a capacidade produtiva futura, e o custo da mão de obra, que continua bastante elevado, além da redução do PIB potencial. "Quando as variáveis macroeconômicas estão fora do lugar, não há como ter crescimento sustentado no longo prazo", afirma o economista, para quem um choque de credibilidade da política econômica poderia levar a uma expansão maior do PIB mais à frente. Como, no entanto, não há nenhuma alteração já em curso, diz, o cenário fraco para 2015 já está dado.

 

EXAME

País passou por recessão técnica no 1º semestre, diz FGV

Rio - A economia brasileira passou por uma recessão técnica no primeiro semestre de 2014. O Produto Interno Bruto (PIB), soma da renda gerada no país, recuou 0,45% no segundo trimestre deste ano, após ter diminuído 0,12% nos primeiros três meses, sempre em relação ao trimestre imediatamente anterior, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por meio do Monitor do PIB.

O indicador busca antecipar os rumos da atividade seguindo a mesma metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo cálculo oficial.

Segundo o IBGE, a última vez que a economia brasileira passou por uma recessão técnica, quando há dois resultados negativos consecutivos, foi no início de 2009, na esteira da crise financeira mundial.

"Mas, quando vier o dado do terceiro trimestre, se for positivo, é possível que para trás mude. Por isso, preferimos não falar em recessão, pois o resultado negativo (do primeiro trimestre) pode desaparecer (em função do ajuste sazonal)", pondera Claudio Considera, pesquisador associado do Ibre/FGV e responsável pelo Monitor do PIB. O economista já esteve à frente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE e atuou como secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

Os relatórios do Monitor do PIB até então não contavam com dados ajustados sazonalmente, que permitem visualizar o resultado na comparação com o período imediatamente anterior. Na segunda-feira, 25, a instituição divulgou com exclusividade ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o primeiro relatório nestes moldes.

 Atividades

O desempenho ruim entre abril e junho se deveu principalmente à indústria, cujo PIB teve retração de 2,25% em relação ao primeiro trimestre. A indústria de transformação e a construção tiveram, segundo o Monitor, o quarto trimestre seguido de retração. "É algo assustador, não é pouco não", diz Considera. Entre abril e junho, apenas a indústria extrativa mostrou expansão.

Os serviços, que correspondem a dois terços da economia brasileira, também puxaram o resultado para baixo, com queda de 0,32% no período. A única atividade que permaneceu no azul foi a agropecuária, com elevação de 1,52% no segundo trimestre em relação ao primeiro.

Em 12 meses até junho, o PIB acumula avanço de 1,4%, segundo o Monitor. Os dados oficiais sobre a atividade econômica no segundo trimestre serão conhecidos na próxima sexta-feira, quando o IBGE divulga os resultados das Contas Nacionais Trimestrais.

Há algumas semanas, o mercado tem ventilado a possibilidade não só de uma contração no segundo trimestre, mas também de uma revisão do resultado anterior.

Em 30 de maio, o IBGE anunciou que a economia cresceu 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses do ano passado, mas a expectativa é de que esse número fique negativo por causa do desempenho da indústria, caracterizando a recessão técnica.

A metodologia do Monitor do PIB é "idêntica" à utilizada pelo IBGE, garante Considera, e a margem de erro perante o dado oficial tem sido pequena. Os relatórios são apurados somente pela ótica da oferta, mas a ideia é, no futuro, expandir a análise para a ótica da demanda (que permite visualizar investimentos, consumo das famílias e do governo e importações e exportações).

O indicador ainda difere das projeções do Ibre/FGV, que por sua vez são feitas pelo Departamento de Economia Aplicada da instituição.

 

ESTADO DE SÃO PAULO

Em 13ª revisão para baixo, mercado diminui projeção de crescimento em 2014 para 0,70%

Pela 13º vez consecutiva, o mercado reduziu a projeção de crescimento do País em 2014. Agora, analistas acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) irá aumentar 0,7%, segundo o relatório Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central. Na semana passada, a projeção estava em 0,79%.

As sucessivas quedas das estimativas para este indicador vêm chamando a atenção até da imprensa internacional. Há cerca de 15 dias, o site do Financial Timesdestacou que esse movimento contínuo era semelhante à "dança da cordinha", sempre descendo mais um pouco. Para 2015, porém, a estimativa de expansão ficou estacionada em 1,20% de uma semana para outra. Um mês atrás, a mediana estava em 1,50%.

A expectativa para o fraco crescimento é explicada em grande parte pelas previsões negativas do mercado para o setor industrial. Desta vez, porém, a Focus não trouxe mudanças, mas manteve as taxas negativas para 2014: a mediana das estimativas seguiu em uma retração de 1,76% - estava em -1,15% um mês atrás. Para 2015, porém, a previsão segue em alta de 1,70% como quatro semanas antes.

Os analistas corrigiram também suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2014. A Focus de hoje aponta uma mediana de 34,99% ante taxa de 34,89% da semana passada. Um mês atrás, estava em 34,85%. Para 2015, segue em 35,00% há 10 semanas.

Inflação maior. Depois de cinco rodadas de alívio, as projeções do mercado financeiro para a inflação ao consumidor voltaram a subir. O relatório Focus revelou que a projeção para o IPCA de 2014 subiu de 6,25% para 6,27%. Mesmo assim, a taxa está mais baixa do que a vista há quatro semanas, de 6,41%. Para 2015, a mediana das estimativas também sofreu incremento, passando de 6,25% para 6,28% de uma semana para outra. Um mês antes, a expectativa mediana estava em 6,21%.

Para 2015, a previsão mediana dos cinco analistas continuou em 6,48%. Quatro semanas atrás, o grupo previa taxa de 6,39% para 2014 e de 6,75% para 2015. Para o curto prazo, porém, a mediana das estimativas para o IPCA de agosto caiu de 0,24% para 0,23%. Já para setembro, o ponto central da pesquisa permaneceu em 0,40%.

Juro estável. Os economistas consultados voltaram a elevar suas previsões para a taxa Selic no final do ano que vem. Na semana passada, a mediana das expectativas apontava para uma variação de 11,75% ao ano para os juros e agora voltou para 12%, mesma taxa vista um mês antes.

De acordo com o boletim Focus divulgado esta manhã, não houve alteração na mediana da projeção para a Selic no fim de 2014, que segue em 11% ao ano há 12 semanas. Vale destacar que este é o nível atual da taxa básica de juros da economia brasileira.

O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir o rumo dos juros será nos dias 02 e 03 de setembro. A previsão para a Selic média em 2014 também segue há 12 semanas em 10,91% ao ano. Para 2015, porém, subiu de 11,67% ao ano para 11,69% ao ano - um mês antes essa taxa estava em 11,81% ao ano.

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS