Quarta-feira

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Governo estima R$ 400 bilhões de investimentos em infraestrutura entre 2014 e 2017

Levantamento da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda estima que os desembolsos privados em investimentos de infraestrutura - nas áreas de transporte, eletricidade, telecomunicações e mobilidade urbana - chegarão a R$ 404,2 bilhões, entre 2014 e 2017.

A projeção inclui projetos já licitados ou em fase avançada de licitação. Para o secretário de Acompanhamento Econômico, Pablo Fonseca, os investimentos em infraestrutura estão em trajetória ascendente, principalmente na área de transporte.

Segundo ele, os projetos nas áreas de água e saneamento, nas esferas estaduais e municipais, são setores de boas oportunidades de investimentos privados e ainda pouco explorados no Brasil. A afirmação foi feita no último dia 16, durante seminário empresarial 40 Anos de Parceria Brasil-China. Com informações do Ministério da Fazenda.

 

JORNAL DO BRASIL

Mercado imobiliário do Rio cresce 1% no primeiro semestre

O mercado imobiliário do Rio de Janeiro cresceu 1% no primeiro semestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2013, de acordo com levantamento da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi).

“Apesar de termos tido um semestre com muitos feriados e Copa do Mundo, com decréscimo de 1% no lançamento de imóveis residenciais, acho que o resultado foi bastante animador, superando o que a gente esperava”, avaliou hoje (22) o presidente da Ademi, João Paulo Rio Tinto de Matos. Entre janeiro e junho deste ano, o número de lançamentos na capital fluminense chegou a 8.112.

Dos 26 bairros cariocas onde ocorreram lançamentos de unidades habitacionais no primeiro semestre, a Tijuca, na zona norte da cidade, mostrou a maior alta: 204% em relação a igual semestre de 2013. Foram 255 unidades lançadas, contra 84 no acumulado de janeiro a junho do ano passado.

Matos apontou que a implantação de unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a melhoria da mobilidade urbana viabilizaram  os empreendimentos em várias regiões do Rio. “Tem uma série de empreendimentos que só foram possíveis porque as regiões estavam pacificadas. A Tijuca  é um grande exemplo disso. Só se tornou um bairro desejado a partir do momento em que  houve a pacificação”.

Segundo ele, o Mundial de futebol não contribuiu para elevar os preços dos imóveis no Rio. “A Copa não tem essa capacidade de fazer subir o preço dos imóveis para venda. Para locação, até pode ser, porque houve uma demanda muito grande. Mas, para venda, não.”

A Ademi trabalha com expectativa de expansão no ano de 5%. “A economia continua estabilizada. Apesar de a inflação ter subido um pouco, isso não se reflete no custo dos imóveis, nem no custo do financiamento imobiliário. Também não se reflete no ponto de vista de você ter mais ou menos crédito para a aquisição de imóvel”, disse o presidente da entidade.

Matos destacou que ainda há um déficit habitacional elevado no Rio de Janeiro. Estudo feito pela Fundação João Pinheiro, com base em números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o déficit no estado do Rio de Janeiro alcançou 444.142 unidades naquele ano. Na região metropolitana do Rio, o número totalizava 331.260.

 

TRIBUNA DO NORTE

Número de potiguares inadimplentes sobe 7,2%

O número de consumidores inadimplentes cresceu em todo o Brasil, em junho, e no Rio Grande do Norte alcançou o sexto maior avanço: 7,29%, em relação ao mesmo período do ano passado. O índice registrado no estado ficou acima da média nacional, de  4,39%, e foi o quarto mais alto do Nordeste, atrás dos identificados nos estados do Maranhão (9,40%), Sergipe (8,43%) e Ceará (8,13%). Os dados foram divulgados ontem pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A quantidade de dívidas no RN também aumentou: 8,23%.

Na avaliação dos economistas do SPC Brasil, o resultado do indicador regional – com aumento generalizado da inadimplência nos estados - reforça a tendência de alta da inadimplência nacional, que deve se repetir ao longo do segundo semestre. Juros e inflação em alta ajudam a explicar o aumento, crescimento da massa salarial”, diz a economista da instituição, Marcela Kawauti. “Essa tendência tem forte relação com o cenário de enfraquecimento da atividade econômica brasileira, apertada pela elevação da taxa de juros, alta da inflação e pelo menor crescimento da massa salarial”, explica.

Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o fato de todas as unidades da federação apresentarem crescimento na quantidade de inadimplentes mostra que, independentemente das particularidades econômicas de cada região, a atividade do país como um todo está desacelerando em comparação com os anos anteriores. “O avanço da inadimplência não se deve apenas a fatores sazonais ou regionais. O detalhamento de junho do indicador mostra que o atual panorama macroeconômico tem impactado negativamente no atraso de pagamentos das dívidas no Brasil de uma forma generalizada”, disse Pellizzaro.

Estados

No mês de junho, Acre e  Roraima se destacaram como os estados em que houve a maior variação do número de consumidores inadimplentes. As altas foram de 10,58% e de 10,47%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.

Dentre os cinco estados que registraram a maior variação de CPFs inadimplentes, dois são da região Norte - Acre (10,58%) e Roraima (10,47%) - e três da região Nordeste - Maranhão (9,40%), Sergipe (8,43%) e Ceará (8,13%).

Apesar de a pesquisa ter apontado crescimento de inadimplentes em todos os estados brasileiros, onze tiveram avanço menor do que a média nacional (4,39%): Piauí (0,95%), Espírito Santo (1,36%), Distrito Federal (2,45%), Alagoas (2,49%), Mato Grosso (2,81%), Rio de Janeiro (3,02%), Santa Catarina (3,89%), Pará (4,04), Mato Grosso do Sul (4,10%), Rondônia (4,11%) e Rio Grande do Sul (4,37%).

O total de dívidas em atraso no banco de dados ao qual o SPC Brasil tem acesso mostrou, em junho, alta média de 5,00%  sobre o mesmo mês de 2013. A variação ficou muito próxima à alta de 5,21% verificada no mês anterior. Entre as regiões, a quantidade de dívidas cresceu mais no Nordeste (7,43%). Em seguida vieram as regiões Norte (7,09%) e Sul (5,06%). As regiões Sudeste e Centro-Oeste tiveram avanços ligeiramente menores, de 4,33% e de 4,14%.

O ritmo da inadimplência

INADIMPLENTES NO NORDESTE

(variação: junho 2014 /junho 2013)

MA    9,40%

SE     8,43%

CE    8,13%

RN    7,29%

BA    5,59%

PE    5,45%

PB    4,66%

AL    2,49%

PI     0,95%

Média do Brasil      4,39%

Maior do Brasil      10,58% (Acre)

Menor do Brasil      0,95% (Piauí)

Número de dívidas

(variação: junho 2014 /junho 2013)

CE     11,01%

MA    10,13%

RN     8,23%

PE      7,48%

PB      6,54%

SE      6,52%

BA     6,43%

AL     4,85%

PI      1,19%

Média do Brasil      5,00%

Maior do Brasil      13,36% (Acre)

Menor do Brasil      0,06% (Espírito Santo)

Fontes: SPC Brasil / CNDL

 

Governo vê PIB menor e mais inflação

Brasília (AE) - O governo reduziu de 2,5% para 1,8% a projeção oficial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2014. Também elevou de 5,6% para 6,2% a previsão de inflação oficial (IPCA) neste ano, índice muito próximo do teto da meta de 6,5% ao ano. Os dados são parte do relatório de avaliação de receitas e despesas do terceiro bimestre, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

As novas projeções, divulgadas ontem pelo Ministério do Planejamento, ainda estão acima das expectativas do mercado e do próprio Banco Central. Para o PIB, o BC projeta expansão de 1,6%. Os economistas de cerca de 100 instituições financeiras consultados pelo BC no Boletim Focus preveem crescimento de 0,97% neste ano. Para o IPCA, o Banco Central estima 6,4% e o Focus projeta 6,44% no ano.

Com a arrecadação menor do que o esperado e a redução da projeção de crescimento do PIB, o governo optou por inflar as estimativas com receitas extras do programa de refinanciamento de dívidas fiscais (Refis) para evitar uma ampliação no corte do orçamento da União neste ano. O relatório, divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento, estima que a reabertura dos parcelamentos engordará os cofres do Tesouro em R$ 18 bilhões.

No relatório anterior, a receita com Refis era de R$ 12,5 bilhões. No início de julho, o Ministério da Fazenda estimou que seriam R$ 15 bilhões nesse item em função de mudanças nas regras de adesão ao parcelamento. A previsão total de receitas extraordinárias esperadas para o segundo semestre chega a R$ 27,016 bilhões, mas o governo não explicitou no relatório de onde virão os R$ 9 bilhões adicionais restantes.

O governo manteve, dessa forma, o corte do orçamento em R$ 44,3 bilhões. Isso porque o aumento nas despesas de R$ 714,5 milhões foi compensado com o aumento nas receitas líquidas em igual valor. Para justificar os novos números, o governo revisou suas previsões para crescimento e IPCA.

Otimismo

As novas estimativas ainda são consideradas otimistas pelo mercado. Uma redução maior da projeção de PIB obrigaria a área econômica a fazer ajustes mais fortes na previsão de arrecadação de tributos federais, que tem ficado abaixo do esperado pelo governo.

A frustração de arrecadação em 2014 fica evidente na queda generalizada nas projeções de recolhimento de tributos, segundo o relatório. A previsão de receitas administradas pela Receita Federal foi reduzida em R$ 3,644 bilhões - só a projeção de arrecadação de Imposto de Renda caiu R$ 2,483 bilhões. A estimativa de arrecadação da Cofins teve queda de R$ 2,2 bilhões e de PIS/Pasep, R$ 979,8 milhões.

Por outro lado, as receitas não administradas devem ter um desempenho melhor: R$ 2,171 bilhões acima do previsto no relatório anterior, dos quais R$ 2 bilhões são referentes ao bônus de assinatura da Petrobras pelo excedente da exploração de petróleo e gás da camada de pré-sal.

Como o governo também revisou para baixo, em R$ 2,188 bilhões, o valor de transferências para Estados e municípios, foi possível projetar um crescimento das receitas líquidas. Do lado das despesas, a ampliação dos gastos nesse mesmo montante é explicado por um aumento em R$ 200 milhões para complemento do FGTS, de R$ 495,7 milhões nos créditos extraordinários e de R$ 18,8 milhões em aumento de despesas dos poderes Legislativo e Judiciário e Ministério Público da União.

Saiba mais

São Paulo (AE e ABr) – O governo está mais otimista que o mercado em relação ao crescimento da economia. Analistas de instituições financeiras reduziram pela oitava semana seguida a estimativa para este ano. A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, caiu para 0,97%. Na semana passada, a previsão era 1,05%. Para 2015, a estimativa segue em 1,50%. Os números fazem parte do Boletim Focus, divulgado segunda (21) pelo Banco Central. É a primeira vez neste ano que a mediana das projeções do mercado para o desempenho do PIB de 2014 ficou abaixo de 1%. Retração na indústria, na construção e queda na confiança dos consumidores e dos empresários levaram ao corte nas estimativas para o PIB.

 

IPCA-15 desacelera em julho, mas estoura meta em 12 meses

Rio (AE) - A queda dos preços das passagens aéreas em pleno período da Copa do Mundo surpreendeu na intensidade e contribuiu para que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerasse em julho. O índice, considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 0,17%, após alta de 0,47% em junho. Mas a taxa acumulada em 12 meses continuou ganhando força, atingindo 6,51%, acima do teto (6,5%) da meta perseguida pelo governo.

Alimentos consumidos no domicílio e combustíveis também ficaram mais baratos, e, apesar da Copa, o custo da alimentação fora de casa avançou menos. Por outro lado, as diárias de hotéis deram um salto e as tarifas de energia elétrica subiram, com uma nova rodada de reajustes.

O resultado, divulgado ontem pelo IBGE, foi inferior ao esperado, em média, por analistas consultados pela Agência Estado (0,20%) e colocou viés de baixa nos juros futuros A desaceleração ainda motivou revisões nas projeções para o IPCA fechado deste mês e também de 2014, contando com alguma redução nos preços inflados pela demanda da Copa.

Após o anúncio, pesquisa realizada pela Agência Estado mostrou projeções para o IPCA de julho entre 0,03% e 0,20%. Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, a inflação segue elevada, mas a desaceleração reduziu as chances de um estouro da meta neste ano. “Isso ajuda um pouco, mas não dá muita margem de manobra para o BC, porque qualquer fator imprevisto pode impulsionar a inflação e fazer o IPCA romper o teto”, disse.

Na visão do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o dado mostrou que a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) “está correta”. O analista já vê algum efeito da política monetária sobre os preços e acredita que as expectativas para a inflação deste ano devem parar de piorar.

Desaceleração

A desaceleração dos preços em julho foi generalizada. Sete dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram taxa inferior à de junho.

A queda mais intensa foi em Transportes (-0,85%). Passagens aéreas ficaram 26,77% mais baratas, assim como gasolina (-1,09%) e etanol (-2,71%).

O grupo Alimentação e Bebidas também apresentou recuo, com a queda de 0,37% nos alimentos consumidos no domicílio, na esteira das reduções no atacado. Pesaram menos no bolso do consumidor farinha de mandioca, tomate, cenoura, cebola, batata-inglesa, feijão carioca, hortaliças e feijão preto. Fora de casa, refeições e bebidas subiram 0,61%, menos do que em junho. “Os alimentos devem continuar desacelerando, mas em menor ritmo”, afirmou o economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat.

Entre os preços administrados, a eletricidade subiu 1,35%, refletindo parte do reajuste de 18% concedido à Eletropaulo, distribuidora de São Paulo.

 

VALOR ECONÔMICO

Juro real cai com especulação sobre corte da Selic

Enquanto se especula sobre a possibilidade de o Banco Central reduzir a taxa básica de juros (Selic) ainda neste ano, os investidores no mercado futuro já promovem um movimento de afrouxamento monetário. Desde que o Comitê de Política Monetária (Copom) deu cabo ao processo de aperto no fim de maio, ao manter a Selic em 11% ao ano, a taxa de juro real (descontada a inflação) só fez cair.

Essa trajetória se acentuou nos últimos dias com sinais reiterados de fraqueza da economia. Atiçaram as apostas em corte da Selic a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha sido negativo no segundo trimestre, o arrefecimento da inflação corrente e o comunicado do Copom divulgado na semana passada, interpretado pelo mercado como senha do BC antecipando a possibilidade de a Selic ingressar num ciclo de baixa.

As movimentações no mercado já produzem resultados concretos. Medida pela diferença entre a taxa do contrato de swap DI x Pré com prazo de 360 dias e a expectativa para o IPCA 12 meses à frente, a taxa de juro real caiu de 4,85% no início de junho para 4,71% no começo deste mês. Nos últimos dias, em meio ao tombo das taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI), recuou para 4,59% - o menor nível desde meados de janeiro, quando a Selic estava em 10,5% ao ano.

E a taxa real cai mesmo sem que as expectativas de inflação cedam de forma expressiva. No início de junho, após o fim do ciclo de alta que elevou a Selic em 3,75 pontos percentuais, para 11% ao ano, a projeção para o IPCA 12 meses à frente era de 6,01%. No Boletim Focus desta semana, a expectativa era de 5,95%. Se a inflação projetada cedeu muito pouco, o juro real declinou replicando a trajetória dos juros nominais no mercado. Segundo economistas ouvidos recentemente pelo Valor , o juro real neutro ou de equilíbrio - aquele que permite à economia crescer de acordo com seu potencial sem gerar pressões inflacionárias - gira ao redor de 5%. Por essa leitura, a política monetária atual não seria restritiva.

O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, vê um exagero nas apostas em afrouxamento monetário neste ano refletidas no mercado de juros futuros. Ressaltando que é difícil identificar a taxa de equilíbrio, que varia segundo a perspectiva do potencial de crescimento da economia, Rosa estima que o juro real neutro esteja entre 5% e 5,5%. "Não vejo como trabalhar com uma taxa real abaixo disso, mais perto de 4%. Embora a atividade esteja fraca, a inflação está em patamar elevado e as expectativas seguem desancoradas", afirma.

Para a economia-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, é difícil pensar em uma redução da taxa básica já em setembro sem a "prova do pudim" de que a política monetária já está quebrando a crista da inflação. Um afrouxamento agora, além de inócuo do ponto de vista do crescimento por conta da falta de confiança, aumentaria as especulações de que o BC não estaria comprometido com a busca do centro da meta (4,5%).

Segundo Zeina, as condições atuais da economia brasileira sugerem que a taxa real neutra "de curto prazo" esteja entre 3% e 3,5%, ou seja, a política monetária já seria restritiva. As expectativas de inflação não cedem, contudo, porque a política fiscal atrapalha. "A política fiscal não é contracionista e tenho dúvidas até mesmo de que seja neutra", afirma.

A queda do juro real é acompanhada por um forte recuo das taxas das NTN-Bs, papéis públicos que remuneram os investidores com uma taxa prefixada mais a variação do IPCA. A inflação implícita na NTN-B com vencimento em 2015 caiu de 6,11% no fim de junho para 6,01% esta semana. Em igual período, a inflação embutida no papel que vence em 2016 recuou de 5,93% para 5,71%. As estimativas de inflação embutidas nesses papéis são calculadas a partir da diferença entre o rendimento do título e a taxa do contrato futuro de DI de prazo equivalente.

E as taxas desses derivativos derreteram na BM&F nos últimos dias. À fraqueza da economia somam-se as especulações em torno da possibilidade de que o tucano Aécio Neves (PSDB) derrote a presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida ao Palácio do Planalto. A hipótese ganhou força após pesquisas eleitorais sugerirem uma disputa acirrada entre Dilma e Aécio em um eventual segundo turno.

Pela tese que circula entre os investidores, o tucano, escudado pelo ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, promoveria um ajuste rápido da política econômica. Realinhamento dos preços administrados, fim da contabilidade criativa e busca pelo centro da meta de inflação estariam no cardápio. Trata-se de uma receita para derrubar os prêmios de risco e achatar o juro real no médio prazo. E os investidores se antecipam e tentam lucrar com a tese do "choque de credibilidade". "Existe uma demanda muito forte por papéis prefixados e NTN-B por conta disso", afirma um profissional de uma gestora de recursos local, que prefere não ter seu nome citado.

Para Zeina, da XP, parte da queda dos prêmios de risco tem que ser atribuída ao ambiente externo, marcado pela queda das taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) diante da perspectiva de normalização gradual da política monetária americana. Mas a economista também vê influência da disputa eleitoral por trás da queda das taxas. "Há uma expectativa de mudança da política fiscal com outro governo. E não precisa nem ter uma meta de superávit primário maior. Basta apenas ter uma meta crível, sem artifícios, para derrubar os prêmios de risco", afirma.

 

Melhor seria elevar meta de inflação, diz Teixeira

Na receita do ajuste econômico que teria lugar logo em janeiro de 2015, o economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Nilson Teixeira, inclui uma recomendação que foge do consenso dos especialistas. Para ele, antes de reduzir a meta de inflação - hoje em 4,5% - o governo deveria elevá-la, de modo a acomodar melhor os preços represados de tarifas públicas e reancorar expectativas. Segundo Teixeira, o Banco Central poderia aumentar a meta para 6,5% e reduzi-la gradualmente até de 4% em 2020.

A credibilidade, entretanto, só seria totalmente recuperada se o esforço de política monetária fosse acompanhado de um ajuste fiscal que garantisse um superávit primário de pelo menos 3% do PIB, necessário para que a trajetória da dívida bruta caísse em velocidade razoável. Como resultado, a atividade econômica - que em suas contas cresceria apenas 0,6% neste ano - poderia entrar até mesmo em recessão em 2015. Em quatro anos, porém, o país cresceria acima da média registrada no período mais recente e a uma taxa mais próxima de seu potencial, ao redor de 3%.

No relatório de avaliação de receitas e despesas primárias, divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento, o governo reduziu sua previsão de crescimento econômico para este ano de 2,5% para 1,8%. A previsão é ainda mais otimista que a do mercado financeiro, que estima expansão inferior a 1%, de acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central.

A área econômica do governo também alterou outros parâmetros da economia. A estimativa para a inflação oficial (IPCA) passou de 5,6% para 6,2%. A taxa de câmbio média foi mantida em R$ 2,29.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Economistas divergem sobre cenário de inflação alta e crescimento baixo

Analistas de bancos e das principais consultorias divergem sobre o país enfrentar um cenário de estagflação: combinação de inflação alta e crescimento baixo.

"Com a inflação acima do teto da meta do governo (6,5%) e PIB crescendo 0,5% no ano, estamos tecnicamente vivendo essa conjuntura de estagflação", diz o economista Fábio Silveira, diretor da consultoria GO Associados.

A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, concorda. "Essa situação [de estagflação] é fruto de uma política econômica equivocada." O governo errou, diz, ao reduzir os juros para 7,25% ao ano no passado e ao manter seus gastos elevados. "Tudo para estimular a atividade econômica, mas isso não aconteceu."

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, discorda: o país não está nessa situação porque ainda não foi registrado PIB negativo, apesar da queda na produção e nos investimentos. "O debate da estagflação está contaminado pela disputa eleitoral", diz.

Em entrevista à Folha, o tucano Aécio Neves, trouxe o tema à tona ao afirmar que "o Brasil vive um processo de estagflação, de crescimento pífio, com inflação ultrapassando o teto da meta".

Caio Megale, economista do Itaú Unibanco, diz que a alta de juros nos últimos meses ainda não teve efeito completo para reduzir a inflação. "Isso deve ocorrer. Por essa razão, é cedo ainda para falar em estagflação."

 

EXAME

Chegou a hora da ressaca?

Após uma década de expansão, o consumo e a geração de empregos dão sinais de esgotamento e já não impulsionam mais a economia como antes. Sem mudanças, será difícil inaugurar um novo ciclo de crescimento

São Paulo - Os últimos meses têm sido difíceis para o operário José Gilberto Azevedo Dias, de 48 anos. Em janeiro, ele perdeu o emprego de metalúrgico na Torcomp, fabricante de autopeças de Barueri, na Grande São Paulo, onde trabalhava desde 2000.

 “As encomendas vinham caindo desde o ano passado, e fui demitido com alguns colegas”, afirma Dias. Seu antigo empregador tem entre os clientes montadoras como Scania e Volvo. Caso as vendas não reajam, a empresa pretende demitir até dezembro 10% dos 240 funcionários restantes.

Hoje, Dias sustenta a família contando com o salário da mulher, auxiliar de enfermagem, e com o seguro-desemprego, que receberá até agosto — o casal divide uma casa no Jardim São Bento Novo, bairro da zona sul de São Paulo, com um filho de 22 anos e uma filha de 15. Dias está à procura de trabalho.

Enquanto não encontra, tem feito o possível para economizar no dia a dia. Ele cancelou o contrato da TV por assinatura e vai tirar a caçula do curso de inglês. “Não estou comprando nada que não seja muito necessário”, diz ele. “Minha ideia é reduzir as despesas até encontrar um emprego, o que está difícil de achar.”

O pessimismo de Dias não é sem motivo. Os dados mais recentes mostram que os principais indicadores nos quais a política econômica do governo ainda se sustenta — a geração de empregos e a expansão no consumo das famílias — estão fraquejando. A indústria vem gerando menos empregos desde 2010.

As empresas de serviços, que respondem por dois terços da economia brasileira e foram as principais criadoras de postos de trabalho no período recente, também estão gradualmente abrindo menos vagas.

“É natural uma desaceleração no número de vagas criadas à medida que a economia se aproxima do pleno emprego”, diz Paulo Caffarelli, secretário executivo do Ministério da Fazenda. “Não há perda de fôlego no mercado de trabalho.”

Não é bem assim. Em maio, o saldo entre empregos criados e demissões foi positivo em 59 000 vagas, o pior número para o mês em duas décadas, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. Há poucas perspectivas de que os próximos meses sejam melhores.

Passada a Copa do Mundo, hotéis e restaurantes devem enxugar o quadro. Operários que continuam trabalhando nas obras no entorno dos estádios podem ser demitidos. Os economistas preveem que o desemprego vai subir no ano que vem — um aumento na taxa anual não é registrado desde 2009.

“Muitas empresas demoraram a demitir, mesmo com a economia em queda, porque tinham esperança de uma recuperação”, afirma Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas.

Num momento em que a inflação reduz o poder de compra das famílias — em junho, ela superou os 6,5%, teto da meta estabelecida pelo Banco Central —, a perspectiva de que o mercado de trabalho fique mais apertado refreou o ímpeto para consumir.

Um estudo produzido pela consultoria Tendências com exclusividade para EXAME dá ideia do que pode acontecer nos próximos cinco anos: na melhor das hipóteses, o varejo crescerá em média 3,2% ao ano, quase a metade do índice de expansão anual registrado de 2003 a 2014.

Já no cenário pessimista, as vendas deverão cair até 2019 — isso aconteceria no caso de uma conjugação de problemas tanto fora quanto dentro do país.

“Se a economia mundial passar por problemas, como uma desaceleração mais acentuada da China, ou o governo brasileiro mantiver uma política fiscal frouxa, o consumo não só vai parar de crescer como começará a cair, o que ocorreu no período de 2000 a 2003”, diz Adriano Pitoli, sócio da Tendências.

“De todo modo, o fato é que chegamos ao fim de um ciclo de consumo e agora temos uma chance considerável de passar por uma ressaca.” Caffarelli, do Ministério da Fazenda, discorda: “A melhora da distribuição de renda tende a manter o estímulo ao consumo nos próximos anos”.

Por ora, as empresas que dependem de crédito sofrem mais — nos últimos anos, o brasileiro se endividou e comprometeu, em média, um terço de sua renda. É o caso do setor automotivo, que viu suas vendas caírem no primeiro semestre deste ano 7,6% em relação ao mesmo período de 2013.

Um estudo da consultoria econômica FFA, de São Paulo, estima que haverá uma queda de 20% nas vendas de imóveis na capital paulista neste ano.

Outra empresa de análise, a BG&H, prevê que 30 dos 120 shoppings que estão planejados para entrar em operação no país até 2018 devem postergar a inauguração em ao menos um ano, à espera de um cenário melhor na economia. E, nos shoppings que mantêm o cronograma de inauguração, podem sobrar até 5 000 salões de lojas desocupados.

As empresas já tentam se adaptar a esse novo cenário. A fabricante de motos Honda, que detém 80% de participação no mercado, viu suas vendas recuarem 8% nos primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

“Cerca de 80% dos consumidores financiam a compra das motos”, diz Paulo Takeuchi, diretor de relações institucionais da Honda. “Do ano passado para cá, os bancos começaram a restringir o crédito, e isso afetou nosso desempenho.”

Para voltar a crescer, a Honda está retomando as vendas por consórcio, principalmente nos estados do Norte e do Nordeste. A empresa também busca se fortalecer entre os consumidores de maior poder aquisitivo, como alternativa ao mercado popular, em queda.

Desde meados de 2013, foram lançados três modelos da marca com motor acima de 500 cilindradas — a expectativa da Honda é, até 2016, aumentar dos atuais 31% para 50% sua fatia nesse segmento do mercado.

Entre os fabricantes de eletrodomésticos — um dos ramos mais beneficiados pela redução de impostos para empurrar o consumo — também há dificuldades. Na Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, as vendas caíram 10% no primeiro semestre de 2014.

“Em junho, tivemos de dar férias coletivas de 14 dias para metade dos funcionários”, diz Armando Ennes do Valle Júnior, vice-presidente de relações institucionais da Whirlpool. “Estamos esperando para ver como o mercado reagirá no segundo semestre. Dependendo do que acontecer, poderá ser inevitável demitir.”

Em parte, o fim do ciclo do consumo está relacionado a um comportamento quase esquizofrênico na condução da política econômica. Enquanto o Banco Central eleva os juros na tentativa de trazer a inflação para o centro da meta, o governo relaxa na política fiscal e estimula o consumo.

Dessa forma, não tem alcançado nem o crescimento mais forte nem o controle dos preços. As previsões para a variação do PIB neste ano estão agora sendo revisadas para menos de 1% de avanço. E os analistas já esperam crescimento minguado em 2015.

“Vamos começar um período de mediocridade no qual o Brasil dificilmente conseguirá crescer mais do que 2% ao ano”, diz Marcos Lisboa, vice-presidente da escola de negócios Insper. “Qualquer expansão maior resultará em mais inflação.” A propósito, o Ministério da Fazenda prevê 3% de crescimento em 2015.

O Brasil chega perto das eleições com a percepção de que os indicadores estão piorando. “O governo tentou manter o argumento insustentável de que a expansão do PIB não importava tanto quanto a taxa de desemprego baixa”, diz José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados.

“Mas, se o crescimento da economia fica próximo de zero, como está ocorrendo agora, o desemprego começa a subir.” Para sair dessa armadilha, será preciso fazer ajustes.

“Um deles é destravar os investimentos em infraestrutura para melhorar a produtividade das empresas e crescer sem gerar inflação”, diz Werner Baer, professor da Universidade de Illinois e autor do livro The Brazilian Economy, Growth and Development. Se isso não ocorrer logo, a ressaca pode ser prolongada.

 

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Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

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SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

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