Quinta-feira

TRIBUNA DO NORTE

RN volta a sofrer por falta de ‘linhas’ para eólicas

O Rio Grande do Norte – maior gerador de energia eólica do país – tem visto seu poder de atração para novos investimentos cair nos últimos meses. O motivo é um problema até então solucionado, mas, que tornou-se novamente um limitador: linhas de transmissão e escoamento da geração. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a conexão tem sido dificultada pelo maior distanciamento das ligações com o Sistema Interligado Nacional (SIN) e pela complexidade dos processos, que, além da questão geográfica, tem envolvido dificuldades jurídicas e falta de interessados no segmento.

Nesta semana, o assunto foi discutido em Natal pela ABBEólica com o governador Robinson Faria (PSD), o secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Flávio Azevedo, e por representantes do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). “O encontro fez parte de um trabalho que vem sendo realizado com os Estados produtores de energia e com potencial para isso, visando aproximar o setor do Poder Executivo Estadual, para mostrar os pontos fracos e fortes de cada região, em termos de atratividade, competitividade e infraestrutura”, explicou a presidente executiva da ABBEólica, Elbia Gannoum.

Conforme Elbia, apesar de se considerar a conexão “o grande desafio” do setor, não é possível depositar a responsabilidade em apenas um ator econômico. “No que se refere à infraestrutura de transmissão, a decisão é dos leilões federais e dos investidores interessados neste segmento. Mas, os Governos Estaduais podem contribuir neste diálogo com o assunto, para criar novas condições de negócios”, explicou a presidente da ABBEólica, destacando a tímida participação potiguar também no último leilão de energia de reserva. O RN teve apenas um empreendimento vencedor, com 23,20 MW, contra 18 projetos acertados para a Bahia, que somaram 493 MW.

Elbia Gannoum salientou, no entanto, que esta diferença não significa um “disparada” da Bahia em relação aos outros Estados produtores de energia. “Ela vendeu os últimos projetos com linhas (de transmissão). A situação atual é que não há disponibilidade (de linhas) para nenhum Estado. É um problema de todos”, afirmou. Para ela, o problema é a revitalização dos leilões. “Hoje, não há certame sem conexão garantida. E, por atrasos que ocorreram em 2013, temos um gap temporal. As construtoras, que já tem uma carteira muito grande de linhas, não estão participando dos leilões, porque precisam adiantar os projetos em execução”, pontuou.

Tal preocupação vem sendo discutida também pelo Ministério de Minas e Energia. Em coletiva na semana passada, o ministro da pasta, Eduardo Braga, não descartou a possibilidade de incorporar, nos contratos de concessão de futuros leilões de energia, as linhas de transmissão aos parques eólicos. Na prática, o projeto contratado teria geração e escoamento sob própria responsabilidade. Sobre o menor número de interessados, Braga declarou que as grandes companhias “chegaram ao seu limite de endividamento e gerenciamento. Então, nós temos que concluir boa parte dos contratos para voltar a ter capacidade”.

A reportagem da TN tentou apurar a quantidade de novas linhas de transmissão necessárias para suprir a atual demanda potiguar e qualificar novos investimentos no Estado, mas, o Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e outras fontes procuradas não dispunham desses  dados. A necessidade de  investimentos na  área também não foi divulgada, sob o argumento de que os projetos variam de região para região, distância e complexidade de instalação. A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), principal responsável pelas conexões no Rio Grande do Norte, foi procurada, mas, até o fechamento desta edição, não respondeu aos questionamentos.

Setor eólico puxa financiamentos no BNDES no RN

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o Rio Grande do Norte somaram R$ 1,1 bilhão entre janeiro e outubro deste ano, divulgou a instituição financeira ontem. Na comparação com igual período de 2014, o crescimento foi de 28,3% e os financiamentos ao setor de energia eólica estão entre os fatores por trás desse número.

O setor de infraestrutura, em que estão inseridos esses projetos, foi o que mais demandou financiamentos do Banco no período. Nos dez primeiros meses de 2015, foram liberados para a infraestrutura potiguar R$ 934 milhões, valor 90,3% superior ao registrado de janeiro a outubro do ano passado.

“As principais operações do BNDES contratadas em 2014 e 2015 com clientes do Rio Grande do Norte foram para projetos de geração de energia elétrica a partir da fonte eólica. As operações contratadas em 2014 somaram cerca de R$ 1 bilhão, enquanto as deste ano ficaram em aproximadamente R$ 525 milhões. Os desembolsos para o segmento elétrico foram de R$ 860 milhões”, informou o banco, em nota.

Para o setor de comércio e serviços, os desembolsos atingiram R$ 145 milhões, seguido por indústria, com R$ 35 milhões, e agropecuária, que recebeu R$ 4 milhões. Do total dos recursos desembolsados neste ano até outubro para o Rio Grande do Norte, 39,4% tiveram como destino as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Foram R$ 440 milhões distribuídos em cerca de 7 mil operações de financiamento, valor 72,5% maior que o liberado em igual período de 2014.

Somente no Cartão BNDES, instrumento de crédito voltado especificamente às MPMEs, os desembolsos foram de R$ 98 milhões, com incremento de 4,1% na comparação com o ano passado.

Consideradas as aprovações de novos financiamentos para o Rio Grande do Norte, o crescimento foi de 8,7% em relação aos dez primeiros meses de 2014, alcançando um total de R$ 919 milhões. Já as consultas (primeira etapa de um pedido de financiamento ao BNDES) apresentaram uma expansão de 33,3%, somando R$ 2,3 bilhões. A infraestrutura também foi o setor que apresentou o maior volume de aprovações, de R$ 701 milhões. Já as aprovações do setor de comércio e serviços atingiram R$ 171 milhões.

Nos primeiros dez meses deste ano, para as regiões Norte e Nordeste, o Banco desembolsou um total de R$ 25,3 bilhões, o que elevou para 24% a participação dessas regiões nos desembolsos totais da instituição. Em 2014, este percentual havia sido de 21%.

Porto e licenças também são vistos como gargalos

O Rio Grande do Norte, além das linhas de transmissão, tem outras dificuldades de escoamento, como  a necessidade de utilizar transporte terrestre, e atrasos em licenças do Idema. Apesar disso, segundo a Sedec, são limitadores que independem do poder estadual. De acordo com o titular da pasta, Flávio Azevedo, a falta de infraestrutura do Porto de Natal, a celeridade das análises do Idema dependem de novos investimentos, que não estão previstos. Quanto as conexões eólicas, não há interessados.

“Nós tínhamos um problema interno, antigo, pois, não havia subestações para interligar as linhas ao sistema. O empresário tinha que ter um ponto público para entregar sua produção. E, hoje, basicamente, são três estações, em Assu, em João Câmara e um próxima à Natal. E elas foram ampliadas. Só que agora, surgiu uma novidade. Uma linha grande, que liga Campina Grande à Garanhuns, lotou, por diversos Estados que entraram com novos projetos”, explicou Flávio Azevedo.

Licitações

E acrescentou: “o único prejudicado direto, porém, foi o Rio Grande do Norte, porque os outros Estados conseguem escoar sua produção por caminhos alternativos, por dentro do Sertão. A nossa, de Assu para baixo, só pode escoar por esta linha. Mas, nos últimos leilões da EPE, não houve interessados em licitações para estes projetos, porque o licenciamento ambiental, os conflitos fundiários da terra, ficam para os empresários”.

Já sobre o licenciamento do Idema e as ampliações do Porto de Natal, Azevedo declarou os responsáveis estão fazendo o possível. “O Idema tem se comprometido em agilizar as análises, mas, assim como o restante do país, falta pessoal para o órgão. Já no porto, falta estrutura para descarregamento das pás e dos aerogeradores, o que gera a necessidade de utilizar o Porto de Pecém e Suape. Houve um avanço, mas, não se resolve sem investimentos”, salientou.

 

Governo tem de dar segurança jurídica a investidor em portos, diz ministro

O ministro da secretaria de Portos, Helder Barbalho, afirmou nesta quarta-feira, 25, que o governo deve se empenhar para facilitar o investimento privado e garantir a segurança jurídica para os interessados em aportarem recursos na área portuária.

"O que cabe ao governo é garantir eficiência processual e agilidade para permitir aos investidores privados que se planejem para a execução de suas demandas", disse Barbalho, durante evento sobre infraestrutura de transporte.

O ministro destacou que, para os próximos cinco anos, o governo trabalha com uma agenda de R$ 3,9 bilhões em investimentos em dragagem, de modo a garantir que os portos possam estar adaptados e aptos a receberem as embarcações de maior porte que tendem a chegar aos terminais nos próximos anos.

Em relação à agenda de investimentos privados, Barbalho voltou a ressaltar que a Secretaria Especial de Portos (SEP) possui atualmente 66 pedidos de autorização para terminais de uso privado, com investimentos de mais de R$ 19 bilhões. O ministro também destacou que outras 93 áreas portuárias já estão com o processo de licitação planejada e com uma meta de que possam ser leiloadas até o final de 2016, com R$ 16 bilhões em investimentos planejados, e que uma terceira agenda, da ordem de R$ 11 bilhões, diz respeito a processos de prorrogação de arrendamentos.

"Nossa agenda está com um componente de R$ 3,9 bilhões de recursos do governo e entre R$ 47 bilhões e R$ 48 bilhões de iniciativa privada", disse Barbalho. "Nós estamos absolutamente certos de que é uma agenda exequível, em que o nível de resposta da iniciativa privada, o nível de aquecimento fruto desses investimentos nos dá a certeza de que os recursos públicos serão viabilizados."

Leilões

O ministro também lembrou que, das 93 áreas portuárias que serão concedidas ao setor privado, as primeiras quatro - uma em Vila do Conde (PA) e três em Santos (SP) - serão leiloadas em 9 de dezembro, com um segundo leilão, ainda sem data definida, abrangendo outras quatro áreas: três em Outeiro (PA) e uma em Santarém (PA).

Além dos leilões portuários, Barbalho destacou a importância da concessão de ativos em outros modais, de modo a realizar uma conexão com as áreas portuárias. "A agenda do governo federal prevê a concessão da BR-163 e da ferrovia entre Lucas do Rio Verde e Miritituba. Com ambos os modais em pleno funcionamento, o escoamento pelo arco norte é beneficiado".

 

COLUNA DE LUIZ ANTONIO

Crise reduz investimentos

Com a contenção de recursos – contingenciamento do Orçamento -, o Governo Federal pagou somente  7,7% dos investimentos em 2015. Por conta desse freio no investimento, grandes obras no País estão paradas ou caminhando lentamente. Além disso, reduziu o ritmo de assinatura de contratos com estados e municípios. Somente 32,1% do total previsto no Orçamento foram empenhados (garantia de reserva de recursos e pagamento) nos 10 primeiros meses do ano. Dos R$ 25,6 bilhões autorizados, o Tesouro pagou R$ 6,1 bilhões até outubro. Cerca de 80% dos investimentos do governo federal são com obras de infraestrutura, construção de edifícios e serviços de arquitetura e engenharia. Em um País como o Brasil, os investimentos públicos impulsionam a economia com as grandes obras estruturantes.    

 

VALOR ECONÔMICO

Copom mantém Selic em decisão dividida

A manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano estava na conta do mercado, mas o placar dividido da reunião de ontem deve tirar um pouco do marasmo das mesas de operações e consultorias e econômicas sobre o rumo da Selic em 2016.

Os diretores de assuntos internacionais, Tony Volpon, e de organização do sistema financeiro, Sidney Corrêa Marques, votaram por uma elevação de 0,50 ponto percentual, que levaria a Selic a 13,75% ao ano. Essa foi a primeira decisão não unânime desde outubro do ano passado, quando o BC retomou o movimento de alta tirando a Selic de 11% para 11,25%. Naquela ocasião Altamir Lopes (então diretor de administração), Luiz Awazu Pereira (de política econômica) e Luiz Edson Feltrim (relacionamento institucional e cidadania), votaram pela manutenção. Este foi o último encontro do colegiado em 2015, que volta a se reunir nos dias 19 e 20 de janeiro de 2016.

O comunicado apresentado após a reunião foi modificado, com o BC falando, apenas, que tomou a decisão "avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação".

O texto não traz nenhum aceno sobre a estratégia ou possíveis passos futuros na condução da política monetária, o que dá graus de liberdade para o BC calibrar sua atuação e possíveis sinalizações até o encontro de janeiro. O BC também fica sem amarras para ajustar sua política conforme a decisão e desdobramentos da reunião do Federal Reserve (Fed), o BC americano, em 16 de dezembro. Há expectativa de elevação dos juros entre zero e 0,25% desde 2008.

O BC deixou de mencionar que a manutenção da Selic em 14,25% ao ano por período suficientemente prolongado era necessária para a convergência da inflação à meta no horizonte relevante da política monetária. Com isso, o colegiado também retirou a frase em que falava de que manteria postura "vigilante" para obtenção de seu objetivo.

O tom mais austero do comunicado e o fato da decisão não ter sido unânime reforçam a probabilidade de um novo ciclo de aperto monetário no ano que vem, afirma Tatiana Pinheiro, economista do Santander.

Segundo a economista, entre as variáveis que influenciam a inflação, a desancoragem das expectativas parece ter sido o elemento mais relevante.

"O comunicado traz uma sinalização clara de que o plano de voo anterior mudou e a manutenção da taxa básica de juros já não parece ser suficiente para um grupo de pessoas do BC", diz.

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, que espera que o colegiado do BC comece a subir os juros já no início do ano que vem. A extensão do ciclo, segundo ela, vai depender do comportamento das expectativas de inflação, que vêm piorando nos últimos meses.

"É difícil imaginar que o BC realize uma alta da taxa Selic e pare por aí. Acho que serão pelos menos mais duas a três altas de juros, elevando a Selic em pelo menos um ponto", afirma.

"Eu esperava já um tom 'hawkish' [pró-aperto] no comunicado, mas a decisão acabou vindo bem mais 'hawkish' que o esperado", diz o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "Dificilmente o dissenso entre os participantes não sinaliza uma mudança de postura. O convencional é que na próxima reunião tenha mais gente alinhada aos dois", diz. "O viés ficou claramente de alta".

Para o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo, havia a expectativa de mudança no comunicado da reunião para incorporar o discurso do diretor de política econômica, Altamir Lopes, no começo do mês. Lopes havia sinalizado a convergência da inflação para o centro da meta em 2017, ao mesmo tempo em que afirmou que a taxa não deveria estourar o teto da banda de variação da meta em 2016. A dúvida, porém, é se a falta de unanimidade vai crescer na próxima reunião a ponto de virar o placar.

"A questão é se o dissenso é mesmo uma sinalização de alta. Será que o 'core' do BC vai embarcar na tese da alta no próximo encontro?", questiona.

Até a divulgação da ata, na quinta-feira da próxima semana, não se sabe qual o objetivo do colegiado do BC.

O voto contrário de Volpon não chega a surpreender, pois em palestra a investidores no início do mês, ele disse que o BC deveria trabalhar para garantir a convergência da inflação para 4,5% o mais brevemente possível. Ele também defendeu a explicitação sobre quando o BC pretende cumprir a meta, pois essa seria uma estratégia vantajosa para a economia e menos custosa em termos de credibilidade institucional. Em julho, o diretor já tinha defendido uma regra de atuação monetária ao falar que votaria pela alta de juros até que a projeção de inflação do BC estivesse apontando de forma satisfatória para o centro da meta. A postura do diretor Marques também não surpreende. Ele tem histórico de votação pela elevação dos juros em outros momentos em que houve dissenso.

 

Placar pode ser indicação de retomada de aperto monetário

O placar dividido da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com seis votos pela manutenção dos juros em 14,25% ao ano e dois pela alta em 0,5 ponto percentual, podería ser um sinal de desacordo entre os membros do colegiado. Mas, a julgar pela história dos placares divididos e pelo clima mais ou menos coeso dentro do BC de que é preciso conter a inflação dentro do teto da meta, o mais provável é que seja um aviso de que a autoridade se inclina para apertar mais os juros.

Embora na gestão Alexandre Tombini o BC nunca tenha indicado, por meio de placar dividido, a intenção de aumentar o juro, lá atrás isso já aconteceu. Em março de 2010, quando Henrique Meirelles era o presidente, o BC votou dividido, com cinco membros a favor de manter os juros e três pela elevação. Na reunião seguinte, de abril de 2010, os juros subiram.

Também na época de Meirelles, em setembro de 2004, o Copom votou dividido, com cinco votos pela alta de 0,25 ponto percentual e três pela alta de 0,5 ponto.

Na reunião seguinte, o ritmo de alta de juros foi intensificado.

Deve-se registrar, porém, que a história não descarta a hipótese de os juros não subirem de fato. Em abril de 2011, com Tombini no comando, o BC votou dividido, com uma minoria querendo alta de 0,5 ponto e a maioria 0,25 ponto. Na reunião seguinte, ganhou o 0,25 ponto. Mas não é só a história que indica que, muito provavelmente, estamos próximos de um ciclo de alta de juros. Toda a comunicação do Banco Central desde a sua última reunião, em outubro, era na direção de quem estava disposto a agir, se fosse necessário.

Há um bom consenso entre os membros do colegiado de que o Copom não pode permitir que a inflação ultrapasse determinados limites. O mais imediato é não estourar o teto da meta em 2016, de 6,5%. O objetivo final é colocar a inflação em 4,5% em 2017 - exatamente quando ao longo do ano não está claramente comunicado.

Definidos esses limites, a tarefa dos membros do Copom passou a ser julgamento do risco de eles serem superados. Em todos os encontros, os economistas da instituição apresentam projeções para os membros do Copom sobre os riscos de haver estouro do teto da meta. Em setembro, esse risco estava em cerca de 22%. Hoje, deve ter aumentado a um ponto além da zona de conforto.

É bem provável que a deterioração das expectativas de inflação tenha pesado na piora das projeções do próprio BC. Hoje, o consenso do mercado é que o teto da meta será superado em 2016, já que a mediana das projeções dos analistas privados é uma inflação de 6,5%.

O Copom continua a ver fatores que podem ajudar a trazer a inflação para baixo no ano que vem. O principal deles é a fraca atividade e a alta do desemprego. O colegiado também acha que o mercado está exagerando nas projeções para a alta de preços administrados porque a crise fiscal turva o cenário econômico.

Por tudo isso, é provável que, hoje, as projeções de inflação do BC apontem uma variação do IPCA abaixo do teto da meta. Mas, num cenário de tanta incerteza, é possível que tenha ampliado a dispersão da inflação projetada em tomo do seu valor central. Há outros elementos no comunicado que reforçam a indicação de alta de juros. Um deles foi o fim da indicação de manutenção dos juros por um bom tempo. Outro foi retirar o aviso de que o BC segue vigilante.

 

Mercados têm dia de perdas expressivas

Após um período de trégua, a aversão a risco voltou a predominar no mercado local após as prisões do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, e do senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, em ação realizada ontem no âmbito da Operação Lava-Jato.

A prisão do líder do governo no Senado trouxe o risco político de volta ao radar dos investidores e aumenta a preocupação com a capacidade do governo em aprovar as medidas de ajuste fiscal. As notícias interromperam a recuperação do real e da bolsa brasileira verificada nos últimos dias, diante de um fluxo positivo de recursos.

Ontem, o dólar comercial subiu 1,28% para R$ 3,7483, movimento que foi acompanhado pelos juros futuros. Já o Ibovespa encerrou em queda de 2,94%, aos 46.867 pontos.

Além de lidar com um novo capítulo no jogo político e com os desdobramentos da prisão do controlador do BTG Pactual, investidores agora aguardam a publicação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode trazer novas sinalizações sobre a estratégia da autoridade monetária. Houve divisão na reunião de ontem, com dois integrantes do Copom votando por uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic.

As ações units do BTG Pactual foram o destaque negativo do pregão. Os papéis recuaram 21%, cotados a R$ 24,40. No pior momento do dia, chegaram a cair 38,9%. Os papéis não integram o Ibovespa, mas acabaram influenciando ações de outros bancos, com grande peso no índice.

Entre as principais quedas da bolsa, destaque para as ações Petrobras PN (-7,05%) e ON (-7,55%), que puxaram as perdas do Ibovespa, seguidas pelos papéis dos bancos. Itaú PN caiu 4,90%, Bradesco PN perdeu 4,86%, e BB ON, 6,45%.

No mercado de câmbio, logo pela manhã o movimento de compra da moeda americana fez disparar mecanismos de "stop loss" [de limite de perdas), o que levou o dólar a testar a máxima de R$ 3,8064, cedendo um pouco no período da tarde.

"A compra de dólares provocou um movimento de 'stop loss', mas não estamos vendo uma saída grande de recursos", afirma ítalo Abucater, especialista em câmbio da Icap Corretora.

A compra de dólares reflete a busca por proteção, após a recente trégua no mercado de câmbio, depois de vitórias pontuais do governo. A prisão do senador Delcídio Amaral agora pode dificultar a aprovação das medidas de ajuste fiscal. Ontem, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu cancelar a sessão conjunta para votar o projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015. A votação da meta deverá ficar para quinta que vem. Ainda estavam previstas as votações dos três vetos presidenciais da presidente Dilma Rousseff e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016.

Além da questão política, a prisão do banqueiro André Esteves adiciona um novo elemento de preocupação para os investidores, em função da relevância do banco para o mercado financeiro. O Banco Central informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que acompanha a situação do BTG Pactual. Segundo o BC, "a instituição apresenta robustos indicadores de solidez financeira e continua atuando normalmente no mercado".

"O risco político voltou a preocupar e interrompeu o fluxo estrangeiro que estávamos vendo nos últimos dias", afirma o sócio gestor da Modal Asset, Luiz Eduardo Portella.

Segundo dados do Banco Central, o fluxo cambial em novembro, até o dia 20, estava positivo em US$ 3,069 bilhões Somente na semana passada, houve entrada líquida de US$ 1,026 bilhão.

Segundo operadores, investidores estrangeiros, que vinham comprando ações brasileiras nas últimas semanas, inverteram a mão ontem. "O envolvimento de um grande banco e do principal líder do governo no Congresso gera uma espiral negativa, de falta de credibilidade. E o estrangeiro detesta incerteza e risco político", disse um operador.

Ontem, a corretora do BTG foi a maior compradora na bolsa. "Eles atuaram forte na compra das próprias ações do banco, tentando defender o papel", comentou um operador. No fim da tarde, o BTG anunciou um programa de recompra de suas ações de até 10% do total em circulação.

Além de Petrobras, outras estatais também ficaram na ponta negativa, indicando a preocupação dos investidores com o risco político, como Banco do Brasil e Eletrobras ON (-4,25%).

Entre as poucas altas na bolsa brasileira, resistiram os papéis das siderúrgicas e exportadoras, ajudadas pela valorização do dólar. Fecharam em alta a Fibria ON (2,94%), Brasil Foods ON (2,73%) e Gerdau Metalúrgica PN (2,59%).

Já as taxas os contratos futuros de juros acompanharam o movimento da moeda americana e subiram na BM&F. A taxa do contrato de (Dl) para janeiro de 2017 avançou de 15,19% para 15,27%, enquanto o Dl para janeiro de 2021 subiu de 15,24% para 15,51%. O Dl para janeiro de 2016 fechou estável a 14,16%.

 

Moody's e S&P mantêm rating, mas avaliam desdobramentos

Duas das principais agências de classificação de risco, Standard & Poor's e Moody's, não mudaram a nota de crédito atribuída ao BTG Pactual, mas informaram que vão observar com atenção os efeitos do afastamento do presidente da instituição, André Esteves, e seus impactos na reputação do banco e em suas operações. Esteves foi preso ontem, no âmbito da Operação Lava-Jato.

A agência Moody's afirmou, por meio de nota, que uma "ausência prolongada" de Esteves à frente do BTG poderia ser negativa para a nota de crédito da instituição. "De acordo com informações preliminares, o BTG Pactual não é parte das alegações. Contudo, embora a situação ainda esteja em desenvolvimento, Esteves é uma figura-chave na gestão e uma ausência prolongada pode ser negativa para o perfil de crédito do banco", escreveu o analista Alcir Freitas.

A Moody's observou ainda que o BTG pode contar com uma grande porção de recursos líquidos e que tem mantido "altos níveis de rentabilidade". O banco é classificado com nota "Baa3", com perspectiva negativa.

Já a Standard & Poor's afirmou, também em comunicado divulgado ontem, que a nota do banco, atualmente em "BB", não foi afetada. Mas acrescentou que vai avaliar se um possível enfraquecimento da reputação do banco pode afetar os fundamentos do rating. "Vamos monitorar de perto os depósitos e os níveis de liquidez do banco", escreveu o analista Edgard Dias.

A S&P acrescentou que pode rebaixar a nota de crédito do BTG caso haja piora de liquidez.

A nota de risco da instituição já estava em observação para possível mudança ("CreditWatch") após a aquisição, no ano passado, do private bank suíço BSI.

 

BC monitora situação da instituição financeira

O Banco Central está monitorando os impactos no banco BTG Pactual da prisão de seu presidente, André Esteves, num desdobramento da Operação Lava-Jato.

Oficialmente, o BC não deu detalhes sobre o que seria esse monitoramento. Mas um procedimento padrão nessas situações é o acompanhamento mais próximos dos indicadores de liquidez do banco, além de um mapeamento do nível de exposição de outras instituições, segundo uma fonte que ocupou cargo de comando na fiscalização do BC. Em casos de maior impacto, como o atual, os fiscais do BC costumam ir pessoalmente à instituição financeira para avaliar a situação.

Segundo essa fonte ouvida pelo Valor, a prisão do dirigente de um banco não é, por si só, motivo para nenhum tipo de interferência do Banco Central na instituição financeira. O que conta é a saúde financeira do banco.

A autoridade monetária declarou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que o BTG Pactual "apresenta robustos indicadores de solidez financeira e continua atuando normalmente no mercado".

A prisão de Esteves não significa, necessariamente, que ele esteja impedido de exercer cargo em instituição financeira. O afastamento só costuma ocorrer se houver uma condenação.

Um exemplo é a ex-presidente do Banco Rural Katia Rabello, que foi condenada no julgamento do Mensalão. Em 2010, quando seu processo ainda estava em andamento na Justiça, mas sem decisão final, seu nome foi aprovado pelo BC para exercer cargo no conselho de administração de empresas do Rural.

Mesmo depois da condenação de Katia Rabello, em novembro de 2012, o Banco Rural continuou a operar. Mas, devido a dificuldades financeiras que vinham antes do Mensalão e que foram agravadas pelo escândalo, o Banco Rural sofreu liquidação extrajudicial pelo BC em agosto de 2013.0 que contou foi a saúde financeira da instituição. Três meses depois, Katia Rabello começou a cumprir uma pena de 16 anos e oito meses.

Em 2008, o banqueiro Dório Ferman, do Opportunity, foi preso, num desdobramento da operação Satiagraha, e solto 48 horas depois por decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O Opportunity continuou operando, mas teve que lidar com uma crise de imagem.

Na ocasião, a solução foi encontrar um nome com muita credibilidade - o ex-diretor de política econômica do BC Afonso Bevilaqua - para responder interinamente pelo banco.

Ontem, o BTG Pactual agiu de forma semelhante, nomeando o ex-presidente do BC Pérsio Arida como presidente interino.

O Banco Central também informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está solicitando informações às autoridades competentes para verificar se há desdobramentos em sua esfera de atuação administrativa.

Neste caso, o objetivo é verificar se houve descumprimento de algumas das regras que regem o sistema financeiro - que, caso de fato tenha ocorrido, em tese pode ser punido com medidas como multas e suspensão do direito de administrar instituições financeiras no país.

 

Com Esteves na prisão, BTG Pactual enfrenta saques e busca blindagem

O banco BTG Pactual enfrentou ontem o pior dia de sua história, com forte movimento de resgates de investidores, principalmente nos fundos destinados a pessoas físicas. Na ausência de seu controlador, o banqueiro André Esteves, preso na manhã de ontem no âmbito da Operação Lava-Jato, os demais sócios do banco agiram rápido para tentar blindar a instituição e preservar ao máximo sua liquidez, cientes do risco que corriam.

Grandes investidores e executivos dos bancos que financiam o BTG começaram a receber logo cedo ligações dos principais sócios da instituição, como Roberto Sallouti, Marcelo Kalim e Pérsio Árida, que procuravam tranquilizá-los. Transmitiram a mensagem de que o banco tinha um plano de contingência que passava a ser acionado naquele momento, que dispunha de liquidez da ordem de R$ 40 bilhões, e que estava aberto a prestar quaisquer esclarecimentos a clientes e parceiros de negócios.

Ainda pela manhã, decidiu-se por apontar o economista Pérsio Arida como CEO interino, no lugar de Esteves. O banqueiro, que telefonou para Sallouti logo depois da sua prisão para informá-lo do ocorrido e passar rápidas instruções, não participou da escolha de seu substituto. Um evento para clientes da área de gestão de fortunas na noite de ontem, no Rio, que seria aberto por Esteves, foi mantido, com a presença de Arida e do recém-apontado presidente do conselho do BTG no México, Guillermo Ortiz. Evento semelhante acontece hoje em São Paulo.

A estratégia de blindagem teve o claro objetivo de dissociar a imagem do banco da de Esteves, tarefa bastante dura, já que a figura do banqueiro se confunde com a do banco. "Infelizmente existe uma investigação sobre o Esteves, mas o banco não tem nada a ver com isso", disse um sócio a um interlocutor. "Ele é a face do banco, mas não faz tudo sozinho", completou.

O banco foi alvo ontem de inúmeras especulações envolvendo hipóteses de venda de seu controle para variadas instituições nacionais e estrangeiras. Um caminho natural, a depender do andamento das investigações que implicam o banqueiro, seria que os outros sócios relevantes assumissem a posição acionária de Esteves, alterando o controle do banco.

A frase mais repetida pelos sócios ontem era "business as usual", ou seja, que os negócios prosseguiam normalmente. Obviamente, não foi bem assim.

As units (ações) do banco perderam 21% do seu valor, fechando a R$ 24,40, mas chegaram a cair 38,9% durante o dia. Para dar sustentação aos papéis, o banco anunciou um programa de recompra de ações de até 18 meses. O preço dos bônus que vencem em 2020, um dos mais negociados, saiu de 91% do valor de face para 74%, queda de 18%. O "yield" (retomo ao investidor) saltou de 6,29% para 12,20% ao ano. O BTG Pactual tem US$ 7,4 bilhões em bônus globais. A maior parte dos vencimentos está concentrada entre 2020 e 2022.

A prisão de Esteves desencadeou uma série de ligações de clientes pessoa física às empresas que distribuem fundos do banco ao longo do dia de ontem, com dúvidas sobre os riscos para as carteiras e pedidos de resgate. Algumas distribuidoras relataram pedidos de resgates de até 30% do patrimônio alocado em fundos do banco.

Investidores institucionais ouvidos pelo Valor, por outro lado, se disseram dispostos a manter em carteira os papéis emitidos pelo banco-letras financeiras e certificados de depósitos bancários, sem ou com garantia especial - , ao menos num primeiro momento, até que possam avaliar melhor as consequências da prisão do banqueiro. "Vender agora significaria destruir valor para o investidor", disse o presidente de uma grande gestora de recursos que tem papéis do BTG em seus fundos. "Vender hoje [ontem] seria queimar o papel, pagando um prêmio altíssimo. Precisamos de mais elementos para avaliar e vamos monitorar diariamente", afirmou o presidente de um grande fundo de pensão.

Os assessores de investimento da Guide, que distribui fundos do BTG, ligaram aos investidores dos fundos de renda fixa da casa sugerindo substitui-los por carteiras de gestoras concorrentes, por precaução, apurou o Valor. A Guide negou em nota a recomendação. Já a XP Investimentos, que também distribui os fundos, mandou comunicado aos seus

agentes autônomos orientando a não propagar pânico em relação ao banco. Clientes da XP têm R$ 700 milhões em fundos, CDBs e LCIs do BTG Pactual, sendo que 90% estão em fundos. Para um distribuidor que não quis ser identificado, ainda que o risco de solvência esteja descartado por ora, o BTG Pactual não deve ficar imune a uma onda de saques. "O risco de imagem é brutal, o cliente mistura tudo, entra em pânico e não quer se arriscar", disse.

O banco não quis comentar as informações. Segundo uma fonte que pediu anonimato, os resgates teriam vindo em volume menor do que o esperado pelo banco, embora ontem tenha sido o pior dia da história da instituição nesse quesito.

Para um experiente banqueiro, o BTG Pactual parecia estar se preparando para o que aconteceu ontem. "O volume em caixa estava muito alto", comentou.

O banco vem diminuindo a carteira de crédito desde o fim do ano passado e tinha R$ 40,9 bilhões em caixa e equivalentes no terceiro trimestre, além de outros R$ 99 bilhões em ativos financeiros, boa parte deles em posições líquidas, segundo duas fontes. Após a incorporação do banco suíço BSI, em setembro, a base de depósitos do BTG passou a ser formada principalmente por depósitos à vista, mais sensíveis a resgates, de acordo com o balanço mais recente. No fim de setembro, as captações do banco somavam R$ 162,6 bilhões, dos quais R$ 73,5 bilhões foram incorporados no terceiro trimestre do BSI.

Diferentemente dos papéis de dívida emitidos pelo banco, como bônus externos, CDBs e Letras Financeiras, que carregam risco de crédito do banco, os fundos de investimento geridos pelo banco têm seu patrimônio segregado.

No entanto, muitas dessas carteiras, carregam alguma dose de papéis do banco. O fundo multimercado BTG Pactual High Yield, por exemplo, com R$ 1,39 bilhão de patrimônio, tem 10,6% em papéis emitidos pelo próprio BTG Pactuai, fora as debêntures de empresas em que o banco tem participação, como BR Properties. No caso do fundo Yield Dl Crédito Privado, com R$ 5 bilhões, 6,2% do patrimônio está em depósitos a prazo e títulos emitidos pelo BTG.

Pelas regras da CVM, o fundo não pode alocar mais de 20% de seu patrimônio líquido em títulos ou valores mobiliários de emissão do administrador, do gestor ou de empresas a eles ligadas.

Alocadores e fundos de pensão já vinham tirando dinheiro das carteiras do BTG com maior exposição a crédito privado ou estudavam a migração há cerca de seis meses, segundo o Valor apurou, transferindo recursos, por exemplo, para as carteiras do próprio banco que compram apenas títulos públicos e operações compromissadas. Os fundos da casa são bastante disseminados no mercado, inclusive em plataformas de varejo, por conta de uma política agressiva da equipe de distribuição, que paga rebates fartos, de acordo com um alocador.

No, ano até outubro, os resgates em fundos geridos pelo BTG superam as aplicações em R$ 7,2 bilhões. Em 12 meses, a captação líquida está negativa em R$ 3,7 bilhões. O BTG é hoje o sexto maior gestor brasileiro, com RS 143,6 bilhões de patrimônio.

A preocupação com a imagem do banco levou alguns gestores de recursos a repensar a manutenção do banco como administrador de seus fundos, ainda que não vejam riscos reais para o patrimônio. O BTG é hoje o quinto maior administrador do mercado, com R$ 179,5 bilhões, e tem crescido em fatia por meio de um trabalho agressivo de vendas. Somente neste ano, adicionou R$ 13,7 bilhões em valor administrado. O administrador é o responsável pelo fundo e suas informações perante os cotistas e os reguladores.

A qualidade dos serviços da administradora do BTG é bem avaliada pelo mercado, mas alocadores que preferiram não ser identificados relataram a cobrança de investidores de grande porte pela troca do prestador de serviço. Uma fonte disse que já vem há seis meses substituindo o administrador dos seus fundos exclusivos e, no caso dos que têm administração do BTG, solicitou que o caixa seja feito em títulos públicos, sem exposição ao risco de crédito do banco.

O BTG enviou um comunicado aos clientes do serviço de administração em que ressalta a segregação entre o patrimônio do administrador e o dos fundos administrados.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Temor com rumo do ajuste fiscal volta a crescer

A prisão ontem do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (MS), provocou abalo imediato no ajuste fiscal e colocou a equipe econômica em estado de alerta, aumentando a apreensão em relação à velocidade de retomada do crescimento da economia.

Sob impacto da prisão do senador- responsável por ter ajudado a melhorar a relação do governo da presidente Dilma Rousseff com o Senado -, o governo não conseguiu que fosse votado ontem pelo Congresso o projeto que altera a meta fiscal de 2015 - uma das mais importantes batalhas do ano - para um déficit primário.

O adiamento traz riscos legais para o governo. A presidente ficou diante de um problema dramático, cuja definição pode provocar ainda mais embaraços para seu governo até o fim do ano com o Tribunal de Contas da União (TCU). Ao adiar para o dia 3 de dezembro a sessão do Congresso prevista para ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou Dilma diante de uma escolha difícil. Ela tem até o dia 30 para o editar o próximo decreto de programação orçamentária - ainda sem a nova meta fiscal aprovada.

A escolha de Dilma será entre uma posição que pode "paralisar completamente" o governo, aplicando um duro corte de despesas federais, ou entre repetir uma manobra que já foi considerada ilegal pelos ministros do TCU, baseando o decreto na premissa da nova meta fiscal de 2015, ainda não votada e que permite um rombo de até R$ 119,9 bilhões nas contas públicas O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, demonstrou grande preocupação em contatos com parlamentares com a possibilidade de o ajuste fiscal desandar. Ele voltou a pedir urgência na aprovação dos projetos. Numa conversa com um parlamentar por telefone, Levy mostrou-se perplexo com a prisão de Delcídio. Mas, pragmático, destacou ao interlocutor a necessidade de se encontrar logo um relator para substituí-lo para não haver prejuízo para o ajuste. O petista seria designado o relator do projeto de repatriação de recursos de brasileiros no exterior.

 

O GLOBO

Prisão põe empresas em alerta no Brasil e no exterior

A prisão de André Esteves acendeu a luz amarela em 30 empresas nas quais o BTG Pactuai tem participação. O temor é que os problemas do grupo possam atrapalhar dois dos maiores projetos empresariais hoje no país: a sobrevivência da Sete Brasil e o projeto da Oi de se fundir à TIM, que podem movimentar cerca de R$ 88 bilhões.

Há reflexos também no exterior. Ontem, o dia foi de reuniões e telefonemas para esclarecer dúvidas de investidores estrangeiros. O BTG faz assessoria de operações financeiras feitas por companhias internacionais no Brasil. É acionista de empresas como Leader e Brasil Pharma, que passam por reestruturação.

- Está tenso. E vai ficar tenso. Há o risco de os investidores, por uma questão de compliance ('cumprimento de regras), questionarem os negócios - diz uma fonte.

A prisão do executivo traz riscos ao BTG e a Esteves fora do Brasil, onde a legislação anticorrupção é mais rigorosa. O banco tem 35 escritórios em 20 países. Em setembro, o BTG concluiu a compra da gestora suíça de recursos BSI. Pagou 1,25 bilhão de francos suíços (US$ 1,29 bilhão). A Sete Brasil, alvo da Lava-Jato e que tem Petrobras e BTG como sócios, tem futuro incerto. Desde o ano passado, a empresa, criada para afretar sondas de exploração para petroleira, está mergulhada numa grave crise financeira e tem dívidas de US$ 3,6 bilhões com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander.

A Petrobras suspendeu o contrato com a Sete e reduziu o número de unidades a serem alugadas de 28 para 15, com valor de cerca de US$ 13 bilhões. É esse contrato novo que o BTG tenta fechar com a estatal.

APORTE DE R$2 BILHÕES NA OI

O banco também é sócio das operações da Petrobras na África, com metade das ações da joint-vénture PO&G. O negócio, fechado em 2013, foi alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). O banco seria ainda, segundo fontes, um dos contratados pela estatal para vender parte dos seus ativos, para levantar US$ 15,1 bilhões até o fim de 2016.

Na telefonia, o BTG tomou-se acionista da Oi em 2013, com aporte de R$ 2 bilhões. O banco liderava a união da Oi com a Portugal Telecom (PT). Como o negócio fracassou, a Oi decidiu contratar o BTG como "comissário mercantil" para viabilizar um processo de consolidação no setor de telecomunicações.

O banco tentou fatiar a TIM entre a América Móvil (Claro) e a Telefônica (Vivo), mas não funcionou. Depois, conversou com um fundo de investimento liderado por russos e conseguiu um "cheque" de US$ 4 bilhões para unir Oi e TIM. Esta articulação está em andamento.

- Como você explica para o mercado internacional que o banco que você contratou para fazer uma fusão está com o presidente preso? Está todo mundo preocupado e fazendo ligações para tentar acalmar os investidores - disse uma fonte.

Em 2011, o BTG comprou o Panamericano do Grupo Sílvio Santos, após o banco quase quebrar devido a fraudes de R$ 3,8 bilhões.

- O impacto da prisão é inevitável para as empresas - diz Cláudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar).

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