Quinta-feira

VALOR

Indústria tem queda forte e decepciona

O primeiro dado oficial de atividade de 2019 decepcionou. Ao cair 0,8% em janeiro ante dezembro, após ajuste sazonal, a produção da indústria reforçou a perda de ímpeto do fim de 2018 e corroborou o movimento de revisão para baixo no PIB de 2019. Houve forte queda na categoria de bens de capital pelo terceiro mês consecutivo, indicando contínua perda de fôlego nos segmentos voltados aos investimentos.

Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE. É consenso que a indústria deve se recuperar em fevereiro. As projeções, preliminares, indicam crescimento entre 0,7% e 1,5%, o que devolveria a perda de janeiro. Mas, enquanto alguns economistas esperam retomada mais clara nos próximos meses, outros ainda não veem uma recuperação consistente. A queda da produção em janeiro foi bem maior que a expectativa, de redução de 0,3% sobre dezembro.

Para André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, o desempenho é resultado do precário mercado de trabalho e da redução de exportações para a Argentina. Ele aponta a forte e contínua desaceleração da indústria em 12 meses, de crescimento de 3,9% em abril do ano passado para 0,5% em janeiro.

O mesmo ocorre com as categorias de bens de capital e intermediários, esta última responsável por cerca de 60% da produção da indústria. Bens de capital tiveram a terceira queda de produção seguida: 3% sobre dezembro (após 3,5% e 4,1% nos meses anteriores). O IBGE cita férias coletivas em fábricas de caminhões como uma das causas, mas a sequência negativa aponta que o problema vai além. "É sinal de que o investimento ainda está à espera de sinais mais fortes de retomada da economia", afirma Lucas Souza, economista da Tendências Consultoria, para quem a aprovação da reforma da Previdência pode incentivar a melhora desse quesito.

Para Macedo, os dados mostram que a queda de janeiro não é um evento isolado. Ele ressalta a retração de 2,9% em máquinas e equipamentos e em bens de capital para indústria, segmento voltado à ampliação e modernização de fábricas. O Banco Safra ressalta o recuo de 0,4% na produção de insumos para construção, importante indicador para o PIB do setor. "O resultado geral deixa evidente a dificuldade de recuperação da indústria após o episódio da greve dos caminhoneiros [em maio]", diz relatório do banco. Dos 26 segmentos industriais, 18 continuam abaixo do nível anterior à paralisação.

Na parte extrativa, que caiu 1% em janeiro, já houve algum reflexo do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), mas é difícil precisar quanto, segundo os economistas. O maior efeito virá no dado de fevereiro, mas produção deve devolver a queda do mês anterior.

A estimativa preliminar da Tendências é de alta de 1,5% sobre janeiro. A LCA Consultores estima alta de 0,7%. Se por um lado indicadores como a produção de veículos e o fluxo de veículos pesados nas estradas foram bons no mês passado, por outro a indústria extrativa deve captar as interrupções de produção de minério provocadas pelo desastre da Vale.

Rodrigo Nishida, da LCA, observa que o fato de o Carnaval ter sido em março e a volta do funcionamento pleno da refinaria Replan devem também afetar o dado. Para o Itaú, que estima crescimento de 1,4% em fevereiro, o Carnaval "pode não ser integralmente capturado pelo mecanismo de ajuste sazonal da série" da indústria. Posição semelhante à de Lucas Souza, da Tendências.

O Safra estima crescimento de 1,3% na produção de fevereiro. MCM e Santander projetam 1%. "O rompimento da barragem de Brumadinho deve afetar o resultado, mas não o suficiente para colocar o número geral da indústria no negativo. O minério de ferro pesa algo como 4% na pesquisa de indústria do IBGE", diz Vagner Alves, economista do banco.

Luana Miranda, economista do Ibre-FGV, pondera que, apesar da forte alta na produção de veículos em fevereiro, que puxa as estimativas do mês para cima, os estoques do setor também cresceram. Será preciso esperar os dados de março para ver se a indústria terá um aumento puxado pela demanda. "Se a indústria está produzindo e gerando estoque ou se está vendo uma demanda, essa é grande questão", afirma.

Segundo a Anfavea, os estoques cresceram 27,2% ante fevereiro do ano passado e 10% sobre janeiro. Apesar do quadro negativo, o Santander acredita em aceleração na retomada do setor ao longo do ano e estima crescimento de 3,5% em 2019. Na pesquisa Focus, do Banco Central, a projeção é de alta de 2,8%.

Segundo o banco, a indústria deverá acelerar a partir do segundo trimestre, com melhora no cenário externo e maior clareza sobre aprovação da reforma da Previdência. "Essa aceleração da indústria vai envolver todas as grandes categorias, especialmente os bens de capital, que têm espaço para crescer", defende Alves.

Em relatório, o Itaú acrescentou que, com a melhora recente das condições financeiras, o ritmo maior de avanço da população ocupada e os dados de crédito, o crescimento da produção industrial deve acelerar nos próximos meses. A MCM Consultores chegou a conclusões parecidas. "Com o fim de parte das incertezas do último ano e melhores condições financeiras neste início de ano, esperamos uma trajetória mais clara retomada ao longo de 2019."

 

Economia fraca coloca juro neutro em debate

A frustração com a retomada da atividade econômica, num ambiente de preços contidos, começa a indicar que o juro “neutro” — a taxa que permite o máximo crescimento sem pressão inflacionária — está mais baixo que o estimado anteriormente. Esse cenário sugere que a queda da taxa Selic até aqui pode não ter sido suficiente para dar impulso à recuperação da atividade, reforçando o argumento a favor de uma rodada adicional de flexibilização monetária.

Os próximos passos do Banco Central (BC) na política monetária voltaram a ser assunto de destaque no mercado diante da frustração com os números da produção industrial de janeiro, bem mais fracos do que o esperado. Embora seja uma discussão bastante inicial, os contratos futuros de juros embutem agora 0,16 ponto percentual de corte da Selic na decisão do Copom em setembro.

A combinação entre atividade fraca e inflação controlada leva ao raciocínio de que a estratégia do BC não está sendo estimulativa o suficiente para incentivar a retomada da economia e uma das explicações pode ser o patamar do juro neutro mais baixo. Os novos sinais de fragilidade da economia vieram um dia depois dos números de inflação de fevereiro.

A indústria brasileira produziu 0,8% menos em janeiro na comparação com o mês anterior, mais que o dobro da queda esperada pelo mercado, de 0,3%, segundo dados divulgados nesta quarta. Já o IPCA de fevereiro veio mais alto do que a expectativa, mas mostrou a inflação subjacente baixa e uma trajetória muito contida para os preços dos produtos e serviços. O banco Safra cortou a sua estimativa para o juro neutro de 4% para 3,3%, ao levar em consideração a retração dos gastos públicos e o efeito disso na economia.

 “Passamos a reconhecer a necessidade de estímulo monetário adicional para garantir, de um lado, uma trajetória de crescimento mais robusto e, de outro, minimizar a probabilidade de continuarmos entregando nos próximos anos trajetórias de inflação inferiores às metas”, afirmou Carlos Kawall, economista-chefe do banco, em estudo.

O Safra cortou sua estimativa para a Selic no fim de 2019 para 5,5%, em um cenário condicionado à aprovação de uma reforma da Previdência robusta. A Selic está hoje em 6,5% ao ano, e o Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne na próxima semana para discutir o rumo da taxa.

Eduardo Velho, economista-chefe da GO Associados, diz que o juro neutro pode estar mais baixo do que o pensado anteriormente. Sua estimativa para a taxa é de 4,12%. O especialista afirma que a economia cresce abaixo do seu potencial e que o hiato do produto está negativo e isso, combinado com a desaceleração dos gastos públicos, indica a taxa menor.

“Estimo que a Selic possa ser reduzida em 0,5 ponto em 2019, para 6%, de modo que a inflação continue dentro da meta este ano e abaixo do teto em 2020. Esse cenário estaria condicionado à perspectiva de aprovação da reforma da Previdência”, diz Velho. Embora admita a possibilidade, o cenário base da instituição ainda é de manutenção da Selic diante das incertezas sobre as reformas sobre as reformas.

Pelas estimativas da gestora Legacy Capital, o juro real (descontada a inflação) de curto prazo está acima da taxa neutra, ou seja, a política monetária não está estimulativa. “O juro real é insuficiente para reduzir o grau de ociosidade da economia. Para haver retomada, precisaria de uma queda adicional de juros e choque de confiança com redução de incertezas, o que pode acontecer após a aprovação da reforma da Previdência”, diz o gestor Gustavo Pessoa.

Reformas econômicas recentes, como a trabalhista, a criação da taxa de longo prazo (TLP) e o teto de gastos favorecem a queda do juro neutro na visão de Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, que projeta a taxa entre 3% e 4% atualmente. “O juro neutro é uma variável não observável. O que se observa é a inflação e a atividade. Ambas, incluindo as expectativas de inflação, sugerem que o hiato no país é muito grande ou que o juro real está muito pouco abaixo do neutro, uma vez que a retomada segue lenta e sem pressões inflacionárias.”

Ele pondera, no entanto, que é difícil ter certeza que a Selic está de fato pouco estimulativa ou se é apenas defasagem da resposta da atividade aos juros. Existe uma diferença no debate sobre a taxa neutra no curto prazo e longo prazo para Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim. “No curto prazo, se os canais de crédito estiverem entupidos, isso derrubaria a taxa neutra, então, haveria espaço para juros mais baixos.”

Mas Padovani prefere olhar a taxa neutra de médio e longo prazo. “O que derrubaria a taxa seria um ajuste fiscal mais importante e o programa de privatizações.” Essa mudança não acontece rápido e, com a baixa produtividade, ele aponta que a taxa está hoje entre 4% é 5%. “Minha visão é que o país ainda tem muitas deficiências em infraestrutura, e a taxa neutra é alta, embora tenha tendência de redução”, afirma.

Outros profissionais de mercado também preferem adotar leitura mais conservadora. Isso porque o movimento de curto prazo poderia ser apenas pontual, tendo de ser revertido em pouco tempo. Para o economista de uma grande gestora, o BC poderia cortar juros, desde que considere que o hiato esteja maior do que se calculava anteriormente ou que ele demore mais para fechar. “A política monetária já está estimulativa, mas o debate agora é se a economia precisa de mais estímulo ainda”, diz o profissional.

 

Campos assume BC e defende autonomia legal para autoridade monetária

O novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu que a autoridade monetária tenha autonomia legal. “Acreditamos que um BC autônomo estaria melhor preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços de que o país tanto precisa”, disse, destacando também ser importante continuar avançando na transparência da comunicação da política monetária.

Campos Neto disse ser necessário também aprofundar a Agenda BC+ para promover um amplo processo de democratização financeira. “Até o presente, esse processo se focou na garantia de acesso a serviços de pagamento e ao mercado de crédito. Precisamos agora avançar em outras dimensões, fundamentais para o desenvolvimento pleno do mercado financeiro brasileiro e, em colaboração com outros órgãos de governo, dar um foco especial no mercado de capitais”, salientou.

Para ele, a democratização financeira é fundamental porque amplia a capacidade do mercado financeiro de prover recursos para o setor produtivo. “A literatura demonstra uma clara correlação positiva entre o tamanho do mercado de capitais e o PIB de uma economia”, disse. “Com a Selic em seu mínimo histórico de 6,5% ao ano por cerca de um ano, podemos perceber melhor algumas distorções e propor políticas que melhorem a eficiência de nossos mercados”, completou, criticando programas de juros subsidiados do BNDES. “A evidência empírica sugere que as empresas com acesso a esses recursos não aumentaram seus investimentos”, afirmou.

Ele elogiou a Taxa de Longo Prazo (TLP), criada para referenciar o crédito do BNDES. “Os resultados da criação da TLP e da mudança de foco na atuação do BNDES deram início a uma mudança no perfil do mercado de capitais, demonstrando que, quando o governo abre espaço, a iniciativa privada floresce”, disse, defendendo ainda colocar as contas públicas em uma trajetória equilibrada, através de um ajuste fiscal e de uma reestruturação patrimonial, o que geraria efeitos multiplicadores sobre o mercado de capitais.

“A intermediação financeira no Brasil tem de se libertar das amarras que a prendem ao governo. O mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo”, disse. Desenvolvimento do mercado Campos Neto disse ainda que o país precisa avançar em quatro dimensões para garantir o desenvolvimento pleno do mercado financeiro brasileiro.

Segundo o economista, é preciso aumentar o acesso ao mercado de investidores e tomadores, garantir a precificação adequada, a transparência no processo de formação de preços e a educação financeira, com estímulos para a formação de poupança. “Essa democratização é fundamental porque amplia a capacidade do mercado financeiro de prover recursos para o setor produtivo em condições justas melhorando a alocação e gerando benefícios para todos os brasileiros”, afirmou em discurso.

Campos Neto citou como distorções da economia, que ficaram mais evidentes no cenário de taxa básica de juros reduzida, os programas de empréstimos a juros subsidiados, principalmente por meio do BNDES. Segundo ele, a criação da TLP e a mudança de foco de atuação do BNDES deram início a uma mudança no perfil do mercado de capitais, abrindo espaço para o florescimento da iniciativa privada. “A intermediação financeira no Brasil tem de se libertar das amarras que a prendem ao governo”, afirmou.

Transparência

De saída, o ex-presidente do BC Ilan Goldfajn afirmou que cumpriu a missão de assegurar o poder de compra da moeda e manter o sistema financeiro sólido. Ele disse que em sua gestão houve aumento da transparência e ganhos de credibilidade, que levaram ao alinhamento das expectativas e projeções de inflação às metas para os próximos anos.

“A ação firme do BC, perseverando na busca da meta de inflação mesmo num momento inicial crítico, aliada a um redirecionamento geral da política econômica, retomando a importância do velho e bom tripé macroeconômico, permitiu uma desinflação relevante, indo de quase 11% no começo de 2016, para em torno de 4% esse ano e no próximo”, salientou.

“A queda das expectativas e projeções de inflação permitiu desmontar os mecanismos de defesa dos formadores de preços e liberar as forças de demanda e oferta para fazerem seu trabalho, após dois anos anteriores de combinação perversa de recessão e inflação alta”, salientou.

Segundo ele, esse processo propiciou as condições para a redução da taxa básica de juros Selic para o seu mínimo histórico de 6,5% ao ano. “E essa redução ocorreu de forma sustentável, evidenciado pelo fato de os juros de mercado para os próximos anos indicarem confiança que podemos ter um patamar mais baixo de juros de forma estrutural no futuro, dependendo da aprovação das reformas e ajustes”, comentou.

Ele disse ainda que a política monetária tem estimulado a economia. “Com a queda da taxa Selic, os juros reais da economia caíram para níveis também historicamente baixos. E o crédito voltou a crescer”, completou, lembrando que isso ocorreu após anos de desalavancagem o crédito.

 

Senado aprova cadastro positivo, que vai à sanção presidencial

O Senado aprovou nesta quarta-feira (14), por 66 votos a 5, o projeto de lei que torna automática a adesão de consumidores aos cadastros positivos de crédito. A matéria segue para sanção presidencial. O relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), aceitou as modificações na proposta realizadas pela Câmara.

O projeto teve origem e foi votado primeiramente no Senado, retornando à Casa para que fossem corroboradas as mudanças feitas pelos deputados, como a responsabilização solidária do banco de dados, da fonte da informação e da pessoa física ou jurídica que consultou os dados no caso de eventuais danos morais aos consumidores. “A redação da Câmara dos Deputados melhora aquela dada pelo Senado, a fim de fomentar a criação do cadastro positivo de crédito no Brasil”, apontou Tasso.

“E a adoção de regras mais explícitas sobre a possibilidade de o cadastrado, tomador de crédito, cancelar sua inscrição no cadastro positivo aumenta a efetividade do exercício de seus direitos constitucionais fundamentais, como são os direitos da personalidade”, completou.

Pela proposta, os consumidores serão automaticamente incluídos nos cadastros positivos de crédito, que elaborarão notas para apontar quem paga as contas em dia - e mereceria juros menores em empréstimos - e quem costuma atrasar os pagamentos - e teria que pagar mais para pegar dinheiro emprestado. Pela proposta, o gestor está autorizado a abrir cadastro em banco de dados com informações de adimplemento de pessoas naturais e jurídicas; compartilhar as informações cadastrais e de adimplemento armazenadas com outros bancos de dados; e disponibilizar a consulentes a nota ou pontuação de crédito elaborada com base nas informações.

Nos critérios considerados para composição da nota ou pontuação de crédito de pessoa cadastrada em banco de dados, não podem ser utilizadas informações que não estiverem vinculadas à análise de risco de crédito e aquelas relacionadas à origem social e étnica, à saúde, à informação genética, ao sexo e às convicções políticas, religiosas e filosóficas. Após a sanção do presidente Jair Bolsonaro, os gestores de bancos de dados deverão, em 90 dias, realizar ampla divulgação das normas que disciplinam a inclusão no cadastro positivo. BC Para o Banco Central, o cadastro positivo tem o potencial de reduzir o “spread" bancário.

Pelo texto, o BC deverá encaminhar ao Congresso Nacional, no prazo de até 24 meses, relatório sobre os resultados alcançados com as alterações no cadastro positivo, com ênfase na ocorrência de redução ou aumento no "spread" bancário, para fins de reavaliação legislativa. Tasso, contudo, garantiu já haver compromisso do órgão de realizar essa avaliação em seis meses.

“Dentro de um acordo com o Banco Central, a partir da aprovação deste projeto, em seis meses teremos a vinda, aqui no Senado, de um representante do BC para vir nos explanar sobre os resultados concretos dessa lei e quais os resultados obtidos em relação à redução do 'spread' bancário, dos juros bancários e dos juros de cartão de crédito”. A comunicação ao cadastrado deve ser feita em até 30 dias após a abertura do cadastro no banco de dados, sem custo para o consumidor. Caso este não queira participar do cadastro positivo, poderá solicitar sua exclusão, que será também feita gratuitamente.

 

Fitch reduz previsão de crescimento potencial de emergentes

A Fitch Ratings revisou para baixo as projeções de crescimento potencial para a maior parte das principais economias emergentes. De acordo com a agência de classificação de risco de crédito, as perspectivas econômicas nos próximos anos têm se deteriorado devido ao cenário mais incerto para investimentos. “O principal fator de revisão de nossas estimativas de crescimento potencial é a desaceleração da expansão projetada de investimentos nos próximos anos”, afirmou Maxime Darmet, diretor associado da equipe econômica da Fitch. “Perspectivas de uma rápida reaceleração mais ampla de eficiência produtiva nos mercados emergentes parecem ainda bem limitadas”, acrescentou.

Segundo a agência, houve uma revisão para baixo no caso de Turquia, Brasil, México, África do Sul e Indonésia. Apenas a Índia teve uma subida da projeção, enquanto a China permaneceu no mesmo patamar de 5,5% ao ano. O potencial de crescimento do Brasil foi reduzido de 1,8% para 1,7%. “Ainda que nós estejamos esperando uma tendência robusta de avanço de investimentos nos próximos anos para o país, o movimento viria para compensar os fortes choques negativos do passado, ou seja, diante da baixa base de comparação para a taxa de investimento em relação ao PIB, o estoque de capital, provavelmente, não vai crescer significativamente, reduzindo as perspectivas de crescimento do PIB”, ponderou a Fitch.

No caso da Turquia, a agência reduziu em 0,5 ponto percentual a projeção de crescimento potencial, para 4,3%. “O corte reflete o forte ajuste externo desde a crise cambial do ano passado, que tem sido alcançado em parte por meio do colapso da taxa de investimento em relação ao PIB. Esse cenário resulta em um crescimento significativamente menor no estoque de capital do que o previamente projetado.”

A Fitch também reduziu em 0,3 ponto percentual a estimativa de crescimento potencial do México, para 2,5%. Segundo a classificadora, o ajuste ocorreu diante das perspectivas menos favoráveis aos investimentos, particularmente no setor de energia, na medida que o novo governo colocou a implementação de reformas do setor em suspenso.

A projeção de crescimento potencial da África do Sul caiu 0,2 ponto percentual, para 1,7%. A agência justificou o movimento como reflexo da “deterioração na confiança dos negócios, que tem pesado sobre o investimento e o fator total de produtividade (TFP), um índice que captura as melhoras de eficiência nos processos de produção”.

Uma tendência mais fraca para a expansão dos investimentos também é a principal razão para o potencial da China ser mais baixo do que a média histórica. Um declínio da taxa de investimento em relação ao PIB deve limitar o avanço da alavancagem corporativa, mas também resultará em uma expansão mais lenta do estoque de capital. “Entretanto, esse rebalanceamento pode ter ajudado a produtividade na margem: a taxa TFP se estabilizou recentemente em alta após ter engrenado uma queda contínua desde 2008.”

A Índia foi o único país a ganha uma revisão para cima e assumiu a ponta como maior potencial de crescimento entre os emergentes, de 7%. A taxa é 0,3 ponto percentual superior à última projeção. A elevação ocorreu devido “ao desempenho significativamente melhor do que o previamente estimado nos últimos anos”. O potencial da Indonésia recuou 0,2 ponto percentual, mas continua entre os mais altos entre os emergentes, aos 5,3%. Segundo a Fitch, a expansão da atividade no país asiático tem sido “notavelmente estável ao redor de 5% desde 2015”.

 

ESTADÃO

Podemos ter juros mais baixos com reformas, diz Ilan

O ex-presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, lembrou há pouco que a grande maioria dos bancos centrais dos países emergentes se viram forçados a elevar os juros no último ano, enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic estável.

"Essa postura de cautela, serenidade e perseverança do BC preservou o arcabouço de metas para a inflação e evitou retirar o estímulo monetário necessário para a recuperação da economia brasileira", afirmou, em discurso na cerimônia de transmissão de cargo ao novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Ao transmitir o cargo para o seu sucessor, ele disse ainda que as políticas anunciadas pelo novo governo têm a direção correta. Ele agradeceu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e a campos Neto pela "excelente transição".

"O governo está imbuído do propósito de levar à frente reformas estruturais importantes para colocar as nossas contas públicas em ordem e melhorar o ambiente de negócios em nosso País", avaliou. "A eficiência da política monetária do BC será tanto maior quanto mais bem-sucedidos forem esses esforços na implantação de reformas e na recuperação fiscal", completou.

O ex-presidente do BC avaliou que durante o seu período à frente do órgão houve maior comunicação com a sociedade, interlocução crescente com os três poderes, assim como ganhos de credibilidade para a autoridade monetária.

"Com a colaboração da diretoria, e o excelente corpo funcional desta instituição, cumprimos a missão institucional do Banco Central do Brasil, de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente", considerou.

Goldfajn destacou que a ação firme do BC nesse período, aliada a um redirecionamento geral da política econômica, levou a inflação de quase 11% no começo de 2016, para em torno de 4% esse ano e no próximo. Com isso, a taxa Selic chegou ao seu piso histórico de 6,5% ao ano.

"E essa redução (da Selic) ocorreu de forma sustentável, evidenciado pelo fato de os juros de mercado para os próximos anos indicarem confiança que podemos ter um patamar mais baixo de juros de forma estrutural no futuro, dependendo da aprovação das reformas e ajustes", completou.

Goldfajn mais uma vez elencou todas as medidas tomadas durante a sua gestão na chamada Agenda BC+, sobretudo as ações voltadas para maior competitividade no mercado de crédito. Ele também defendeu o projeto de autonomia do BC que, segundo ele, contribuirá para a redução do custo Brasil.

O ex-presidente do Banco Central ocupou a presidência do órgão de 9 de junho de 2016 a 27 de fevereiro de 2019. "Muitos me perguntam qual a diferença entre o trabalho no BC e os que tive no setor privado. A resposta é que a relevância e a escala do trabalho no BC é única, difícil de ser igualada no setor privado", completou.

 

 

 

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