Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Ilan fica no BC até março e afirma que política cambial não mudará

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que deverá permanecer no cargo até março para fazer a transição para o futuro titular do cargo, o economista Roberto Campos Neto. Ele previu que não haverá mudanças na política cambial no novo governo, que seria independente das pessoas no comando e implementada de forma institucional pelo BC.

"Vocês vão me aguentar aqui até março", brincou Ilan, durante uma entrevista a jornalistas em que fez o balanço da chamada "Agenda BC+", que engloba iniciativas para aperfeiçoar a regulação do sistema financeiro. Ele confirmou que os diretores do BC vão fazer a transição para o novo governo por um prazo anda mais estendido.

A expectativa é que a sabatina de Campos Neto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado só ocorra em fevereiro do ano que vem. Ao contrário do que ocorreu na transição entre os governos FHC e Lula, a indicação do novo chefe do Banco Central ainda não foi encaminhada ao Congresso pelo atual presidente da República, Michel Temer.

O Valor apurou que a demora na indicação não é sinal de eventuais problemas na transição entre os governos Temer e Bolsonaro. Campos Neto teria pedido tempo para se desfazer de ações do Santander, onde é executivo, para eliminar eventuais alegações de conflitos de interesse entre comandar o BC e ter participação em um ente regulado.

Caso permaneça no cargo até março, Ilan vai participar de pelo menos duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que ocorrem em dezembro e em fevereiro. Se ele ficar até o fim de março, poderá tomar parte de uma terceira reunião e divulgar a primeira edição do Relatório de Inflação de 2019.

Nesse período, o Copom deverá tomar a decisão se mantém o grau de alerta para uma eventual alta mais prematura dos juros básicos, que de forma crescente o mercado vem apostando que vá ocorrer no segundo semestre de 2019. O BC tem repetido que há um balanço de riscos assimétrico para a inflação, pendendo para o lado negativo, em virtude das incertezas sobre a aprovação das reformas necessárias ao ajuste fiscal e sobre a evolução do ambiente internacional.

Questionado durante a entrevista, Ilan não deu detalhes sobre os "motivos pessoais" que ele evocou para não permanecer no cargo no governo Bolsonaro. Ele destacou, porém, não ter divergências com a agenda da nova administração. "Vejo com bons olhos o novo governo, as medidas que estão sendo pensadas, a formação [da equipe]", afirmou Ilan.

"Toda a parte institucional acho que está indo bem. O único fato [que pesou para não permanecer no cargo] são questões pessoais." Quando perguntado sobre especulações no mercado financeiro acerca de uma eventual mudança na política cambial no novo governo, incluindo as intervenções nos diversos mercados Ilan afirmou que nada será alterado."A política cambial é uma política da instituição, e vai continuar sendo da instituição", afirmou. "Não prevejo nenhuma mudança em nada. O Banco Central vai continuar tendo o papel que teve até hoje."

Segundo Ilan, a permanência dele no cargo até março e dos diretores por um período mais longo "permite dar a segurança ao mercado de que essas intervenções, a política cambial, como qualquer outra política, não é uma política de um presidente do Banco Central ou de outro. É uma política da instituição e vai continuar sendo".

Ele evitou fazer comentários sobre a proposta defendida pelo futuro ministro da Economia no governo Bolsonaro, Paulo Guedes, de o Banco Central aproveitar oportunidades de mercado, como uma hipotética alta da cotação do dólar a R$ 5,00, para reduzir o volume de reservas internacionais, que tem alto custo fiscal. "É uma pergunta que vocês devem fazer para ele", disse Ilan.

"O que posso dizer é que a política cambial não muda." Segundo Ilan, o novo governo deverá dar continuidade também à agenda BC+, que ele afirma que já existia dentro da instituição antes de ele assumir sua presidência. "Gostaria de dizer que fui eu que inventei [a agenda de reformas]. Mas ela já existia." Ilan disse que o papel dele foi principalmente organizá-la e comunicar as medidas.

 

Da apreensão ao alívio, Fed impulsiona ativos locais

A apreensão que os investidores demonstravam com a cena externa teve um alívio ontem. A sinalização do Federal Reserve (Fed, o BC americano) de que o processo de alta de juros pode ser mais brando que o esperado impulsionou o real e a bolsa local, enquanto os juros futuros se firmaram em baixa num claro movimento de redução do prêmio de risco.

O principal motivo do alívio foi o tom mais ameno adotado ontem pelo presidente do Fed, Jerome Powell, sobre o caminho dos juros americanos. Para Powell, as taxas ainda estão baixas em relação à média histórica e permanecem aquém do ponto neutro da economia. Tão logo o presidente do Fed terminou de falar, na tarde de ontem, o Ibovespa ficou bem perto de bater a máxima histórica.

O Ibovespa subiu 1,55%, aos 89.251 pontos, depois de alcançar os 89.483 pontos. No fim das contas, faltaram pouco mais de 300 pontos para o índice bater o recorde de fechamento anterior, de 89.598 pontos, registrado em 5 de novembro. O movimento também veio acompanhado de fluxo forte, que superou os R$ 13 bilhões. A maioria das "blue chips" da bolsa subiu, caso dos bancos e da Vale.

O salto de ontem na bolsa foi tão significativo que, em novembro, o Ibovespa já acumula alta de 2,09%. "O mercado entende que o Fed deve parar de subir juros quando chegar no patamar neutro, que está próximo. Esse seria um cenário otimista", afirma Marcos de Callis, estrategista de investimento da asset do Banco Votorantim.

Em suma, quanto menor o juro americano, maior a atividade dos ativos de risco. O dólar abandonou uma relativa estabilidade e passou a cair contra a moeda brasileira. A cotação chegou no fim do dia em baixa de 0,90%, aos R$ 3,8418, depois recuar até a mínima de R$ 3,8323, garantindo o lugar do real entre um dos melhores desempenhos globais da sessão. Uma alta de juros mais suave nos Estados Unidos também influencia as taxas ao redor de todo o mundo. Um bom indicador desse movimento, o DI janeiro de 2021 caiu para 7,87% nas mínimas do dia, para fechar em 7,93% na B3, ante 7,96% na véspera.

No entanto, o bom humor tende a enfrentar alguns obstáculos. O comportamento dos ativos locais ainda é muito dependente dos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e da situação das commodities. "O real vai reagir bastante aos eventos domésticos a partir de janeiro de 2019, quando ficará mais clara qual a probabilidade do governo emplacar a reforma da Previdência e o programa de privatização", afirma Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos.

Para Fernando Barroso, diretor da CM Capital Markets, a sinalização de Powell pode incentivar o fluxo global e a negociação dos investidores estrangeiros - que estão pouco alocados no momento em ativos emergentes e já retiraram cerca de R$ 10 bilhões da bolsa no ano. Mas isso não muda, para ele, o enfoque do mercado na resolução dos problemas fiscais do Brasil, que ainda expõem a fragilidade do país perante o mundo.

"O Fed está tirando a volatilidade do mercado porque não tem interesse em uma queda brusca das bolsas globais, mas isso não muda a estratégia dos bancos centrais [de países desenvolvidos] quanto ao fim dos ciclos expansionistas", diz Barroso. "Se o Brasil não corrigir o rumo fiscal, teremos problemas porque não vamos conseguir atrair capital estrangeiro perene."

Sinal de que a liquidez está fraca neste fim de ano, o Banco Central do Brasil faz hoje mais uma rodada dos chamados leilões de linha, aqueles de venda de dólares com compromisso de recompra. Após "emprestar" o total de US$ 3 bilhões nos últimos dois dias, a oferta desta vez é de até US$ 1,25 bilhão.

Entretanto, a operação agora serve para rolagem de uma linha que venceria no começo de dezembro - em vez de oferta de recursos novos, como ocorreu nas outras vezes. Também existe a expectativa de que o BC sinalize em breve o início da rolagem de US$ 10,3 bilhões em swaps cambiais que vencem em janeiro. Com essas operações, o BC evita a saída de recursos no mercado.

Vale dizer ainda que o cenário para emergentes é desafiador, mesmo com o sinal animador do Fed para os juros. De Callis, do Votorantim, salienta ainda que, por trás da indicação de Powell, tem a mensagem de que ele está preocupado com a atividade econômica no ano que vem. "De certa forma, ele acusa que o cenário de crescimento talvez não seja tão robusto como estava imaginando", diz.

"É um sinal de que está preocupado com os impactos da guerra comercial." Por isso, alguns eventos de curto prazo também ganham relevância, a exemplo da reunião do G-20 neste fim de semana quando os líderes das maiores economias do mundo devem abordar políticas protecionistas. "Apesar de ter afetado bem os mercados, o Fed era mais previsível, mas Trump é muito imprevisível", resume Solange.

 

PNUD vê desafios de produtividade e de inclusão no Brasil

O Brasil tem desafios a enfrentar em termos de produtividade, de inclusão social e de resiliência a choques macroeconômicos, na avaliação do mexicano Luis Felipe López-Calva, diretor para América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Com um longo histórico de cooperação com o Brasil, o PNUD espera contribuir com o governo de Jair Bolsonaro nessas três áreas a partir de 1º de janeiro.

"O PNUD tem excelente relação com distintos atores no Brasil e uma agenda rica e completa com o governo. A situação é excelente e acreditamos que continuará sendo", disse López-Calva ontem, no Rio, onde participou da abertura do Fórum Global de Inovação e Tecnologia em Sustentabilidade (FITS) 2018.

As declarações de López-Calva surgiram em resposta à pergunta do Valor sobre como ele vê a relação com o futuro governo Bolsonaro, que desde a campanha eleitoral fez críticas ao sistema da Organização das Nações Unidas (ONU). O PNUD é uma das agências da ONU e trabalha no combate à pobreza e pelo desenvolvimento humano. O executivo disse que é preciso esperar a posse do novo governo, mas mostrou confiança no futuro da relação.

"Como PNUD, tratamos de nos focar em cada governo naquilo que estamos de acordo e tratar de ter uma posição construtiva. Estamos certos que vamos encontrar isso [no novo governo do Brasil]", afirmou. Com representação em Brasília e escritórios em São Paulo, no Piauí, no Pará e na Bahia, o PNUD atua em colaboração com as três esferas da administração pública: governo federal, Estados e municípios. Tem ainda parceria com a Petrobras e com empresas do setor privado.

O papel do PNUD nos países onde atua é acompanhar o ciclo da política pública desde o seu desenho, o que inclui ainda seguir de perto sua implementação e fazer a respectiva avaliação. Nesse trabalho, o programa valoriza o diálogo não só com os setores público e privado, mas com outros atores, casos da sociedade civil e da academia. Desde a chegada de López-Calva, o acompanhamento do ciclo da política pública no PNUD se vincula ao tripé produtividade, inclusão e resiliência, áreas nas quais o Brasil tem trabalho a fazer.

López-Calva disse que avançar nessas três vias de maneira simultânea é o caminho para tornar mais coesa e menos vulnerável a classe média nos países da América Latina, incluindo o Brasil. Ele afirmou que entre 2002 e 2014 houve um ciclo positivo de crescimento econômico nos países latinoamericanos como resultado dos preços das commodities. Com exceção do México, os países latino-americanos passaram relativamente bem pela crise financeira que se seguiu a 2008.

"Mais de 70 milhões de pessoas deixaram a pobreza na região no período de 2002 a 2014, e aspiramos a ser uma sociedade de classe média", afirmou o diretor do PNUD. Apesar de a classe média ter crescido, mais de 30% da população na América Latina está em uma zona de "vulnerabilidade". Significa que podem voltar à linha da pobreza quando sofrem algum choque, como no caso de desemprego ou por problemas de saúde.

Embora a pobreza tenha se reduzido na América Latina até 2014, houve uma reversão dessa tendência nos últimos anos. "Cerca de 2 milhões de pessoas voltaram a cair na pobreza entre 2014 e 2016 revertendo o ciclo positivo anterior de conquista em termos sociais, como resultado da desaceleração econômica", disse López-Calva. Ele reconheceu que se perdeu a oportunidade de fazer reformas, que agora precisarão ser realizadas em contexto mais complexo, de menor crescimento.

O PNUD tem uma metodologia para medir a pobreza que considera outros elementos além do indicador monetário. A pobreza medida pelo indicador do organismo é mais alta do que o índice calculado monetariamente pelo Banco Mundial (Bird), disse o executivo. O Bird usa, para determinar a linha de pobreza, a renda de US$ 1,90 por dia por pessoa, ajustada pela paridade de poder de compra.

López-Calva disse que não é novidade que no Brasil o nível da desigualdade é muito alto, inclusive entre regiões, e que há espaços de exclusão, no mercado, no acesso a serviços e na participação política, sobre os quais se pode trabalhar. Ele também comentou o fato de a pobreza extrema ter voltado a avançar no Brasil.

"A lógica de se pensar que os ganhos sociais são lineares, que não podem sofrer reversão, é um grave erro. Portanto, é importante ter políticas [públicas] de resiliência que permitam responder a choques [como catástrofes naturais e desacelerações econômicas] de maneira efetiva." Outro desafio do Brasil é a produtividade. O PNUD trata do tema sobre dois ângulos. Um é a produtividade total dos fatores, que corresponde a como se organiza a produção para obter o maior retorno possível. A outra dimensão é a produtividade do trabalho.

"Esses dois [elementos] estão [na América Latina e também no Brasil] em um nível muito mais baixo do que nos países avançados e, além disso, está estável, não cresce. Muitos estudos têm mostrado como esse déficit de produtividade nos leva a um crescimento [econômico] muito limitado." Dessa forma, o crescimento dos países da região acompanha o preço das commodities, mas o comportamento da economia a longo prazo fica limitado pela baixa produtividade.

Na visão do executivo, o Brasil tem um crescimento de longo prazo muito menor do que poderia ter e parte disso se relaciona à questão da informalidade no mercado de trabalho, que no país tem níveis elevados. "A questão é como atacar esse problema, que tem impactos concretos sobre a produtividade." O caminho a seguir parece claro para o PNUD: "Crescer mais, romper barreiras de exclusão e evitar reversões em ganhos sociais. O como fazer quem vai decidir são o governo e os atores sociais [no Brasil] e, quando a maneira de fazer estiver definida, o PNUD verá em que áreas poderá ajudar."

 

Analistas esperam 1º superávit primário em 6 meses

Pela primeira vez nos últimos seis meses, o governo central pode ter registrado um superávit primário. De acordo com a estimativa média de 15 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, as contas do Tesouro, Banco Central e Previdência ficaram positivas em R$ 900 milhões em outubro. De todas essas projeções, 11 são positivas.

Para o acumulado de 12 meses, a estimativa média segue negativa, em R$ 98,3 bilhões. Os dados serão divulgados hoje pelo Tesouro Nacional. A última vez em que houve superávit foi em abril deste ano, quando as contas ficaram positivas em R$ 8,7 bilhões. Em outubro do ano passado, o governo central também havia registrado um resultado positivo, de mais de R$ 5 bilhões.

No mês passado, a arrecadação federal total ficou em R$ 131,9 bilhões, alta real de 4,1% em relação a outubro de 2017. As receitas não administradas, que incluem os recursos oriundos de óleo e gás, cresceram 77,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, atingindo R$ 11,5 bilhões. A arrecadação vinculada à atividade, no entanto, "também tem contribuído", diz a equipe econômica do Bradesco em relatório.

O item Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre Lucro líquido (IRPJ/CSLL), por exemplo, teve alta real de 21,4%, atingindo R$ 101,5 bilhões. O Banco Safra calcula que, excluídos fatores não recorrentes, como a receita ligada aos programas de regularização tributária, houve crescimento real de 4,6% da receita federal total na comparação com outubro de 2017.

De maneira geral, os números surpreenderam positivamente o mercado e fizeram com que algumas das instituições financeiras revisassem para cima as suas projeções para o resultado primário. O Itaú substituiu a estimativa anterior, já positiva, de R$ 2,7 bilhões por um superávit de R$ 4,8 bilhões, afirmando que a arrecadação "mantém um bom ritmo, apesar da retomada moderada da atividade".

"Os dados confirmam perspectivas muito melhores para o resultado primário do ano do que a meta" de déficit de R$ 159 bilhões estabelecida pelo governo federal, diz a equipe econômica do banco em relatório. Mesmo assim, a arrecadação ainda apresenta pontos negativos, segundo o banco, entre os quais estão receitas ligadas à folha de salários, que caíram 1,2% na comparação anual.

O Santander, que calcula um superávit de R$ 2,1 bilhões, faz análise semelhante. "Os números de curto prazo na seara fiscal promoveram certo alívio no que diz respeito às metas orçamentárias, mas nada que elimine os (consideráveis) riscos de médio e longo prazo", diz relatório do banco. "As contas fiscais seguem problemáticas, exigindo a aprovação de reformas que evitem uma trajetória insustentável da dívida pública." O Santander estima para 2018 déficit de R$ 126 bilhões.

Na sexta-feira o BC divulga os números do setor público consolidado, que inclui governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras. Nesse caso, a estimativa média é de superávit de R$ 2 bilhões em outubro e déficit de R$ 94,1 bilhões em 12 meses. A meta para o setor público consolidado é de um déficit de R$ 161 bilhões.

 

Após forte queda em outubro, incerteza volta a subir

Após um forte recuo no mês passado, o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), da Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 1,4 ponto em novembro, para 111,7 pontos, ainda em nível elevado. Segundo a pesquisadora Raíra Marotta, da FGV, os rumos do indicador vão depender das primeiras articulações do novo governo de Jair Bolsonaro (PSL) com o Congresso. A especialista comentou que o aumento do indicador neste mês foi mais um ajuste após uma queda brusca, de quase dez pontos, entre setembro e outubro. A contribuição para o aumento do indicador foi impulsionada por noticiário da imprensa, relacionado à economia, de acordo com o levantamento.

Nos dois sub-indicadores do IIE-BR, o de Mídia subiu 3,7 pontos entre outubro e novembro, para 111,1 pontos; já o de Expectativas caiu 8,4 pontos, para 109,3 pontos. A técnica comentou que, com o fim do pleito presidencial, no mês passado, muitas das incertezas em relação à condução da política econômica no próximo ano foram eliminadas, o que favoreceu a queda do indicador em outubro.

Entretanto, considerou que, agora, a grande questão é a direção do índice. As incertezas agora, de acordo com a economista, são relacionadas a quais ações serão viáveis no próximo governo e de como será o trânsito de Bolsonaro com deputados e senadores. "Por exemplo, hoje, não sabemos com certeza se o Congresso vai aprovar propostas do governo, se teremos 'pautasbomba'", observou Raíra, acrescentando que somente assim se descobriria se há alinhamento entre o Parlamento e o presidente eleito.

No entanto, ela admitiu que, com a elevação de novembro, o índice se afasta cada vez mais da média histórica de 100 pontos - limite confortável para incerteza econômica, de acordo com os parâmetros da FGV. Mas, se houver bom entendimento entre Congresso e o novo governo, não é impossível que o indicador volte a cair, de acordo com ela. "São questões que só podem ser respondidas depois de primeira grande votação [no Congresso]", comentou.

 

ESTADÃO

Brasil volta à lista de apostas globais do Credit Suisse

Os mercados emergentes estão entre os principais destinos de investimento do Credit Suisse para 2019 e o Brasil – após anos de ausência – entrou nessa lista de apostas do banco suíço. “Há muito tempo, a gente não tinha uma locação (de recursos) tão pró-cíclica em Brasil”, disse Sylvio Castro, chefe de investimentos do Credit no País. “Estamos mais otimistas com o Brasil do que estávamos pelo menos nos últimos cinco anos”, destacou.

Em relatório global sobre as perspectivas de investimentos para 2019, publicado neste semana, o banco cita o real como uma das moedas atraentes para se investir e aponta que o dólar não deve permanecer tão forte como em 2018.

O fato de o Brasil ser um dos poucos mercados cujo Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer mais em 2019 do que em 2018 é um dos motivos que levaram o País a ganhar destaque – apesar de o próprio banco ponderar que a economia brasileira deverá continuar fraca no próximo ano. “Globalmente, deve haver moderação (no crescimento) em 2019, mas o Brasil é uma das raríssimas exceções em que esperamos aceleração”, afirmou Castro.

Pesa também a favor do Brasil – e dos emergentes, em geral – o preço de seus ativos. As ações nas Bolsas, por exemplo, estão em um patamar considerado baixo quando comparadas aos papéis negociados nos Estados Unidos, explica o economista. A desalavancagem das empresas nesses mercados é outra mudanças vista como positiva pelo banco.

O relatório do Credit afirma ainda que as fragilidades dos emergentes são “bastante limitadas”, apesar de alguns países, principalmente Argentina, Turquia e África do Sul serem dependentes de poupança externa, o que “deve ser encarado como um sinal de alerta”. Os desequilíbrios externos do Brasil – e do México e da Indonésia – são “menos sérios”, destaca o documento do banco.

Reformas

Esse cenário global deve fazer com que investidores estrangeiros ampliem seus aportes no Brasil a partir do próximo ano, principalmente se a reforma da Previdência avançar. “Nós, locais, somos os primeiros a comprar (investir no Brasil) porque as figuras que estão compondo o governo nos são familiares. Não temos dúvida de que essas figuras acreditam nas reformas”, disse.

Segundo Castro, os próximos a aumentarem os aportes no mercado financeiro brasileiro são os investidores institucionais locais, como fundos de pensão, e posteriormente os estrangeiros. “Esses vão esperar pelo menos que se encaminhe a discussão da reforma no Congresso, o que deve ocorrer depois de março.”

Castro afirmou que a desconfiança do estrangeiro em relação ao Brasil é normal, principalmente após o investidor ter se decepcionado em países como a Argentina, onde o presidente Mauricio Macri, de centro-direita, foi eleito com uma agenda reformista, mas acabou não entregando tudo o que havia prometido.

O economista diz ainda que é a primeira vez em que está dando um caráter “empreendedor” à carteira de investimentos do banco no País. Até então, o perfil era mais “rentista”. De acordo com ele, isso ocorre porque o PIB brasileiro deve se expandir com tendo os fundamentos macroeconômicos organizados. “Antes, o País acabava fechando as contas tributando quem gerava renda e riqueza, porque é mais fácil tributar a grande empresa. O acionista olhava isso, analisava que o retorno esperado era relativamente baixo em relação à renda fixa e com volatilidade maior. Agora é um dos poucos momentos em que vemos a Bolsa negociando a dez vezes o lucro.”

 

De olho no fim de ano, setor imobiliário prevê avanço de até 10% nos lançamentos

Com o fim das eleições e a redução das incertezas, o mercado de imóveis residenciais deve entrar em um novo ciclo a partir do ano que vem. Em São Paulo, o número de novas unidades, até outubro, já havia superado o ano passado, e os lançamentos devem encerrar 2018 com alta de 5% a 10%, segundo analistas.

“Há sinais de um fim de ciclo para o setor e o crescimento mais expressivo do País no ano que vem, acompanhado de uma maior organização das contas públicas, deve favorecer a compra de imóveis”, avalia o executivo Carlos Terepins, da incorporadora Nortis, de São Paulo.

“Algumas regiões, como a fronteira agrícola e São Paulo, devem se recuperar mais rápido.” Nos dez primeiros meses do ano, foram lançadas 18.011 unidades em São Paulo. Apesar de ser um ano eleitoral, em que as vendas costumam ser mais fracas, o número foi 21% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram lançados 14.856, segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). A venda de imóveis também teve uma recuperação.

Os dados mais recentes, que vão até setembro, apontam que nos nove primeiros meses do ano foram vendidas 18.067 unidades, alta de 41% em comparação ao mesmo período de 2017, quando as vendas totalizaram 12.810 unidades, segundo o Secovi-SP. Para Luciano Amaral, da Benx Incorporadora, que tem foco em empreendimentos de valor mais baixo, o cenário é mesmo de otimismo, porque as incertezas diminuíram.

A empresa projeta encerrar o ano com R$ 400 milhões em Valor Global de Vendas (VGV) e cinco novos empreendimentos, um a mais do que no passado. “Como o represamento nas vendas e nos lançamentos foi grande, o ano que vem e o próximo devem ser de expansão”, diz. “Caso nada de grave aconteça na economia e se o novo governo der respostas aos problemas fiscais do País, com reformas, o mercado tende a deixar os anos de crise para trás.”

O presidente do conselho de administração da Cyrela, Elie Horn, é ainda mais otimista. Em entrevista publicada ontem pelo Estado, ele disse que espera um “boom” para o setor. As vendas acumuladas da companhia, de outubro a novembro, são de cerca de R$ 800 milhões.

Na Gafisa, nos nove primeiros meses de 2018, os lançamentos somaram R$ 609,7 milhões, um volume 31,5% superior ao que foi lançado no mesmo período do ano passado. Fim de ano Novembro e dezembro de 2018 devem concentrar mais da metade dos lançamentos do ano, fazendo com que 2018 supere o ano passado.

“As incorporadoras deixam os lançamentos para o fim do ano, quando o consumidor tem mais dinheiro no bolso. Além disso, este ano ainda tem essa particularidade de representar um fim de ciclo na política”, diz Reinaldo Fincatti, da Embraesp. Para Flavio Amary, do Secovi-SP, que representa as empresas do setor, o mercado está pronto para lançar mais, após ter se concentrado nos últimos anos em zerar o estoque e evitar novos distratos (como é chamada a desistência da compra).

As incorporadoras esperam que a regulamentação dos distratos saia até o fim do ano, o que também deve ajudar a aumentar a segurança para lançar mais. Na última semana, o texto foi aprovado pelo Senado e o projeto voltou para discussão na Câmara dos Deputados. Amary também avalia que, a partir do ano que vem, o aumento da procura por novos imóveis pode pressionar os preços para cima. “Vai acontecer um novo movimento de valorização imobiliária. A expectativa é que a confiança do consumidor suba e a alta do preço dos imóveis volte a superar a inflação.”

 

FMI vê perda de fôlego na economia global

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai alertar os principais líderes globais durante a reunião do G-20 em Buenos Aires, que começa nesta sexta-feira, 30, que o crescimento da economia mundial prossegue, mas se tornou mais desigual. Há sinais de que a expansão pode estar ficando mais moderada e a atividade mundial pode perder fôlego mais rapidamente que o previsto, de acordo com documento preparatório para o encontro divulgado nessa quarta-feira, 28.

O texto afirma que os riscos de piora da atividade mundial cresceram e fala da “necessidade urgente” de se reduzir as tensões comerciais no planeta. Indicadores recentes da atividade econômica mundial, ressalta o FMI, surpreenderam negativamente, sugerindo que a desaceleração da atividade pode se dar de forma mais rápida que o esperado, tanto nos países desenvolvidos como nos emergentes, na medida em que cresceram as tensões comerciais no planeta e as condições financeiras ficaram mais apertadas.

Países como Alemanha, Itália e Japão estão crescendo menos que o esperado, enquanto os EUA seguem avançando em ritmo forte, observa o FMI. A China já teve de tomar medidas de flexibilização monetária e de estímulo da atividade para contornar os efeitos da tensão comercial com os EUA, segundo o documento. Nas últimas semanas, o mercado financeiro mundial tem mostrado momentos de estresse, por conta das renovadas preocupações dos investidores sobre os rumos da economia mundial.

“As condições financeiras nos países desenvolvidos ainda são acomodatícias, mas podem piorar abruptamente”, alerta o FMI ao falar de riscos para o cenário global. Uma das preocupações é a inflação se acelerar nos EUA por conta da política fiscal expansionista de Donald Trump, obrigando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar os juros de forma mais rápida, o que aumentaria ainda mais a pressão nos mercados emergentes. O fortalecimento do dólar e a alta de juros no exterior já afetou muitos emergentes, sobretudo os mais vulneráveis, menciona o documento, citando a Argentina e a Turquia.

O documento do FMI alerta ainda que uma escalada adicional das tensões comerciais é um dos “riscos-chave” no cenário atual e pode deteriorar a confiança dos agentes na economia mundial e provocar “perda substancial” no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. As incertezas sobre os rumos da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, também podem ter efeito similar na confiança e na atividade, ressalta o FMI.

E o Brasil

A possibilidade de que uma desaceleração da atividade global aconteça de forma mais rápida do que o esperado pode jogar pressão no ajuste fiscal que deverá ser feito pelo próximo governo brasileiro. A avaliação é de Christopher Garman, diretor para Américas da consultoria de risco político Eurasia. Segundo ele, durante períodos de contexto econômico global adverso, “as exigências de atacar gargalos macroeconômicos aumentam”.

“Traduzindo para o Brasil, uma grande questão é qual será o tamanho do ajuste fiscal necessário que o governo Bolsonaro terá de fazer. Talvez a tolerância do mercado perante um ajuste fiscal venha a diminuir e venha a apertar mais a tensão da composição desse ajuste”, afirmou Garman.

Ele destaca que o Brasil tem hoje necessidade de ajuste fiscal da ordem de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Mesmo uma reforma da Previdência “razoavelmente enxuta”, que não seja capaz de representar uma economia significativa para atacar de uma só vez os problemas de déficit público do Brasil, pode ser interpretada pelos mercados como um sinal positivo.

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS