Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Indicadores sugerem aquecimento em outubro

A atividade econômica teve um início de quarto trimestre positivo, de acordo com os indicadores coincidentes de outubro disponíveis até agora. Depois da queda do comércio e da indústria em setembro, maior que a esperada, dados como produção e comércio de veículos, fluxo nas estradas e expedição de papel ondulado apontam melhora, mas na toada gradual que tem caracterizado o crescimento neste ano.

Nas contas dessazonalizadas de bancos e consultorias, a produção de veículos cresceu, o que implica alta na atividade industrial do período. Enquanto a MCM Consultores vê crescimento de 0,7%, a LCA Consultores estima avanço de 1,5% sobre setembro, feito o ajuste sazonal. As projeções são preliminares. "Os indicadores apontam uma indústria melhor em outubro, depois de três meses bem fracos. A Anfavea [que reúne as montadoras] veio com dados positivos. E o setor automotivo acaba afetando outras cadeias", nota o economista Rodrigo Nishida, da LCA.

Segundo a Anfavea, a produção de veículos subiu 5,2% em outubro sobre outubro do ano passado e 17,8% em relação a setembro. Conforme o ajuste sazonal da MCM, a produção avançou 4,4% em outubro, ante setembro, quando caiu 7,3% em relação a agosto. A média móvel trimestral avançou 1,7%, ante recuo de 2,2% há um mês. Para a MCM, diferentemente das vendas no setor automotivo, que seguem fortes, a produção de veículos ainda não encontrou uma trajetória clara após a greve dos caminhoneiros, exibindo comportamento oscilante desde então.

A crise na Argentina, que tem afetado as exportações, é apontada como um dos fatores para a oscilação na produção, diz a consultoria em relatório. Já o Bradesco avalia que os dados reforçam um quadro de certa volatilidade na produção, mas com tendência de recuperação. Já a expedição de caixas de papelão ondulado, outro indicador coincidente de atividade industrial, aumentou 1% em outubro, sobre o setembro, feito o ajuste sazonal, para 307,1 mil toneladas, o segundo maior volume da série histórica, de acordo com a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO).

O fluxo de veículos pesados nas estradas teve um aumento tímido, de apenas 0,3% em outubro sobre setembro, feito o ajuste sazonal, enquanto o de veículos leves recuou 1,1% no período (após quatro altas consecutivas), levando o fluxo total a cair 0,7%, segundo a Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR). Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, observa que fluxo de veículos pesados ainda está um pouco abaixo do nível pré-greve dos caminhoneiros. "O comportamento oscilante do fluxo de pesados desde a paralisação de maio mostra as dificuldades e a lentidão que configuram o processo de retomada da produção industrial", diz.

Para ele, a falta de reação mais forte no setor industrial explica em parte por que a atividade econômica não engrenou neste ano, algo refletido pela confiança. Dos indicadores da Fundação Getulio Vargas, o da indústria foi o único a cair em outubro. No lado do comércio, os primeiros indicadores coincidentes (licenciamento e vendas de veículos, sondagens do comércio e do consumidor, índice do comércio do Serasa, consultas ao SCPC) sinalizam alta de 0,5% nas vendas no varejo restrito em outubro, estima o Itaú Unibanco Para o ampliado, a projeção preliminar é de estabilidade.

Os dados da Fenabrave (que reúne as concessionárias) vieram fortes. Os emplacamentos de veículos, excluindo máquinas agrícolas, implementos rodoviários e motocicletas, somaram 245,7 mil unidades em outubro, um avanço de 2,7% sobre setembro, na dessazonalização feita pelo Bradesco. Na comparação com outubro do ano passado, a alta foi de 25,6%, acelerando em relação à expansão de 7,1% em setembro sobre o mesmo período em 2017.

O indicador de atividade de comércio da Serasa Experian aumentou 1,5% em outubro ante setembro, com aumento na maioria dos segmentos. "Devemos ver uma alta no varejo. Há uma melhora na confiança após o período eleitoral, e uma melhora nas condições financeiras que podem se refletir no setor", diz Nishida, da LCA.

 

De 26 Estados, só 13 têm nota para aval da União a novos empréstimos

Dentre 26 unidades da federação analisadas pelo Tesouro Nacional, apenas 13 têm atualmente nota de capacidade de pagamento (Capag) A ou B, o que possibilita ao Estado obter garantia da União para novos empréstimos. Em 2017, eram 14 Estados. O Maranhão e o Rio Grande do Norte, ambos com nota “B” em 2017, tiveram o rating reduzido para “C” neste calendário. O Piauí subiu de “C” para “B”.

Minas Gerais ficou sem avaliação porque não apresentou ao Tesouro informações sobre sua disponibilidade de caixa. >> Leia mais: Mais da metade dos Estados estouram limite de despesa com pessoal Os dados estão no “Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais”, divulgado nesta terça-feira pelo Tesouro Nacional. O único com nota “A” de avaliação atualmente é o Espírito Santo. O Pará, que tinha nota “A”, caiu agora para “B”, mas continua elegível para aval da União.

Os demais Estados elegíveis são Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Paraíba, Paraná, Rondônia, Roraima e São Paulo. >> Leia mais: Déficit previdenciário dos Estados sobe mais de R$ 10 bi em um ano A nota de capacidade pagamento é uma das variáveis para a concessão de aval pelo Tesouro, que analisa também outras variáveis, como o espaço fiscal que o ente possui.

O rating de capacidade de pagamento resulta da nota em três indicadores: endividamento (dívida consolidada líquida sobre receita corrente líquida), poupança corrente (despesa corrente sobre receita corrente ajustada) e índice de liquidez (obrigações financeiras sobre disponibilidade de caixa).

Segundo o Tesouro, todos os Estados considerados sem capacidade de pagamento possuem nota “C” no indicador de poupança corrente. Isso indica que a relação entre receitas e despesas correntes indicando pouca margem para o crescimento dos gastos obrigatórios estaduais foi responsável pela perda da capacidade pagamento. Além disso, alguns desses Estados também possuem baixa disponibilidade de caixa, evidenciando que o volume de obrigações de curto prazo das fontes de recursos não vinculadas do Estado é superior aos recursos em caixa.

Na avaliação de Capag do Tesouro, ficaram com baixo índice de liquidez o Distrito Federal e os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Sergipe. Nas capitais estaduais, houve melhora na Capag. Enquanto em 2017 eram 13 capitais com rating A ou B, o número subiu para 15 em 2018. São consideradas elegíveis neste ano para aval da União em empréstimos as prefeituras de Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, João Pessoa, Manaus, Palmas, Porto Velho, Rio Branco, Salvador, São Paulo, Teresina e Vitória.

 

ESTADÃO

‘Agenda de reformas já não é uma pauta de uma só pessoa, mas de todo o País’

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, diz estar otimista com as perspectivas do Brasil como não ficava “há uma década”. Segundo ele, passadas as eleições, há uma grande perspectiva de o País alcançar reformas importantes, como a da Previdência e a simplificação tributária, o que levaria à retomada do caminho para um crescimento mais sólido. O executivo diz que tem percorrido o Brasil todo e já tem visto muitos empresários tirando projetos que estavam parados na gaveta.

Lazari diz não ter dúvidas de que o Congresso vai aprovar a reforma da Previdência no próximo ano, uma vez que os novos parlamentares sabem da importância disso para o País voltar a crescer. Segundo ele, se o País conseguir convencer os investidores estrangeiros de que é seguro investir aqui, o capital estrangeiro está pronto para vir para cá. O executivo concedeu a seguinte entrevista ao Estadão/Broadcast:

O Brasil acabou de sair de uma eleição extremamente polarizada, com a vitória do candidato que era mais bem visto pelo mercado financeiro. O que podemos esperar do governo Bolsonaro?

Apesar de as eleições terem sido polarizadas, a vontade popular se estabeleceu. Temos agora de trabalhar juntos, independente do candidato escolhido, para implementar o que queremos para o País. Essa agenda, quando falamos de reforma da Previdência, disciplina fiscal, simplificação tributária e independência do Banco Central, já não é uma pauta de uma pessoa, mas do Brasil e do povo, para que o País possa entrar num caminho de crescimento. Estou otimista com as perspectivas do Brasil para os próximos anos como não ocorria há uma década.

Há aparentemente uma onda de otimismo após as eleições, com instituições projetando crescimento maior do PIB e empresários anunciando investimentos. O que o sr. acha que vai acontecer com a economia brasileira?

Talvez o pior já tenha passado. Vemos uma expansão positiva no crédito para grandes empresas, algumas empresas já procurando captar recursos, seja no mercado de capitais, seja nas linhas tradicionais de banco para fazer investimentos, melhorando o nível de emprego. A expectativa de todos está muito positiva. Tenho viajado o Brasil inteiro. O que eu posso observar de todos os empresários com quem conversei é uma expectativa muito grande de investimentos, pois eles estavam na gaveta, e hoje já vemos muitas empresas, como as da construção civil, da indústria pesada, de vários segmentos, tirando esses projetos da gaveta.

E o que seria necessário agora para esses investimentos realmente saírem da gaveta?

Tudo é confiança de que o empresário vai poder produzir, confiança de quem vai comprar. Não existe só um fator. A expectativa de uma reforma da Previdência, simplificação fiscal, BC independente, para que tenhamos a condução da política econômica de forma contundente, isso tudo gera um clima de maior confiança das pessoas. Com as pessoas confiantes, a roda da economia, da prosperidade se movimenta.

Não há riscos a esse otimismo? O presidente eleito enviou algumas mensagens não tão favoráveis ao mercado, ao atacar parceiros comerciais importantes, como a Argentina e a China...

Nós temos parceiros comerciais importantes e o Brasil precisa se aproximar cada vez mais deles, pois somos grande exportadores de commodities, como minério e alimentos, e é impossível no mundo atual viver isolado. Cada vez mais, o Brasil fará parcerias, não só no Mercosul, mas também com os Estados Unidos, a China, a Europa. É assim que a economia mundial se movimenta. Esse é um ponto sem discussão.

Lá fora, também há uma grande desconfiança em relação ao novo governo, principalmente pela defesa do regime militar pelo presidente, o que poderia significar um risco para a democracia. O sr. vê algum risco nesse sentido?

A democracia no País é um patrimônio do povo brasileiro, conquistado com o voto. Não há qualquer risco a ela.

A reforma da Previdência tem sido apontada quase unanimemente como a principal mudança a ser feita pela equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro. O sr. acredita que o novo governo terá capacidade política para construir um consenso e aprovar essa reforma?

Não tenho dúvida. Não é uma vontade só do próximo governo. O próprio Congresso foi bastante renovado e esses novos parlamentares sabem das necessidades para que o País vá bem. Para que as pessoas possam ter uma aposentadoria digna e os problemas da Previdência sejam resolvidos, o País precisa ir bem. Há uma conjunção de necessidades, fatores, ideias e desejos de toda a população brasileira. A negociação faz parte da democracia e vai se chegar a bom termo para o que o Brasil precisa.

O que é preciso para que a reforma seja aprovada?

Tem de ter cuidado para respeitar os direitos adquiridos das pessoas e fazer o que for necessário para estancar este déficit bilionário, mas olhando muito para a população mais carente, que vive com o salário mínimo, e que tem esses recursos como a única fonte de renda para sua sobrevivência. Mas acho que as pessoas que estão olhando isso estão muito cientes desse tipo de preocupação, sobre a forma como fazer a reforma da Previdência, pois é um assunto extremamente sério. E é preciso haver investimentos para que surja outra forma de Previdência, com os planos privados.

Que efeito isso poderia trazer para a economia?

Esse é o remédio ideal para que a economia possa manter uma trajetória de crescimento por muitos anos. Não podemos viver, principalmente com expansão do PIB, com tanta volatilidade: um ano cresce, o outro não cresce.

Que avaliação o sr. faz da atual equipe econômico e a agenda que adotou para o País?

A equipe econômica que temos hoje, sobretudo no Banco Central, cumpriu com maestria seu papel. Ilan Goldfajn é um grande técnico e altamente qualificado.

O sr. defende que ele continue na presidência do Banco Central?

Se for desejo dele, eu acho que ele vem fazendo um trabalho muito bom. Ele tem a confiança dos mercados, fez um trabalho árduo para poder ajustar o Brasil, mesmo nos momentos de crise mais severa, pois cumpriu bem o papel dele na condução da política monetária e combate à inflação. Tenho grande admiração pelo trabalho dele e da sua equipe. Tendo isso em perspectiva, as medidas que serão tomadas na nova fase da economia brasileira pela nova equipe econômica, o caminho está dado. Temos uma chance muito grande de ter muito sucesso.

Que avaliação o sr. faz dos nomes da nova equipe econômica conhecidos até aqui, Paulo Guedes como ministro da Economia e Joaquim Levy na presidência do BNDES?

Joaquim Levy é um técnico de primeiro time, respeitado pelo mercado, inclusive internacional, é uma pessoas extremamente qualificada. O Paulo Guedes já se mostrou um economista de grandes ideias, um catedrático extremamente competente e, pelo que vimos ele falar, as ideias que ele vem pregando nada diferem do que o povo brasileiro gostaria de ver de fato acontecendo.

Mas o que seria necessário para que a aplicação dessas ideias no Brasil viabilizem efetivamente a expansão dos investimentos, sobretudo em infraestrutura?

A ponte necessária para avançar os investimentos em infraestrutura é a confiança do capital estrangeiro para aplicar capitais no País. Ouvimos e vemos o interesse no País de vários fundos de investimentos e empresas estrangeiras, como é o caso do acordo da Boeing com a Embraer. Isso não é obra do acaso. É competência das empresas nacionais, o que é um só exemplo. Com a confiança do respeito aos contratos, regras estabelecidas, aquilo que foi acertado de investimento, respeitada a regra do jogo, eu tenho certeza, o Brasil é um grande país para se investir.

Quando esse aumento do investimento em infraestrutura poderia ocorrer?

Já agora, em 2019. O mercado internacional está muito líquido, tem capital, certamente o investidor estrangeiro virá para o País.

A privatização, nesse contexto, faz sentido?

Sim, as empresas que não fazem sentido estarem na mão do governo podem ser privatizadas. O importante é que a empresa seja rentável, pague impostos, para que o País possa avançar.

Como o sr. avalia o atual patamar do câmbio?

Agora sim, acho que está num nível razoável. Chegou a bater R$ 4,20 e agora voltou para uma marca entre R$ 3,70 e R$ 3,75. É o câmbio ideal. É claro que, à medida que o Pais vá crescendo e outras forças atuem, ele vá se apreciando, mas dentro de uma normalidade que ocorre em qualquer economia no mundo e em momentos de crescimento e melhoria dos fundamentos econômicos.

O Bradesco espera avançar a concessão de crédito no próximo ano?

Por conta da situação da economia nos últimos anos, o crédito se reduziu por si só. Mas como vemos agora uma redução contundente da inadimplência, da micro à média empresa, até às pessoas físicas, as novas safras de concessão de crédito que apuramos mês a mês cada vez estão com qualidade melhor. E com esse fato de um lado, e o País crescendo, o Bradesco tem apetite por mais concessão de crédito, pois é mola propulsora importante dos resultados de qualquer banco. O Bradesco está muito bem neste ano no crescimento de crédito e nossa expectativa é de ter mais apetite.

Quanto o sr. acha que deve crescer a concessão total de crédito pelo Bradesco em 2019?

Neste ano, devemos crescer de 4% a 7%, mas a expectativa para o ano que vem, se as coisas melhorares, é crescer quem sabe dois dígitos. O crédito imobiliário tem registrado expansão de dois dígitos há mais de cinco anos. No caso da micro e pequena empresa, a expectativa é de que cresça de 9% a 10%. No caso das pessoas físicas, dependendo da volta do ritmo da geração de emprego, também deve crescer dois dígitos.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Febraban vai apresentar proposta para redução de juros a Bolsonaro, diz presidente do Bradesco

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) vai apresentar ao presidente eleito Jair Bolsonaro, quando ele assumir em janeiro, propostas visando reduzir as taxas de juros de empréstimos, disse o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari.

Lazari afirmou, em entrevista na terça-feira (13) à margem de um evento organizado pelo banco em Nova York, que as propostas da Febraban vão incluir reformulação da lei de falências e a redução dos serviços obrigatórios de cartórios que elevam os custos de crédito.

O movimento ocorre no momento em que o Banco Central está procurando maneiras de cortar as taxas de juros ao consumidor, que são em média de 260% ao ano para linhas de crédito rotativo, segundo dados do BC. Isso se compara com 6,5% da taxa Selic de referência do país.

Lazari disse que o banco espera que sua carteira de empréstimos cresça em um ritmo mais rápido em 2019 do que este ano, à medida que a economia brasileira acelera. Sua carteira de empréstimos corporativos deve crescer perto de 10% em 2019, e o crédito para pessoas físicas pode crescer a taxas ainda mais altas, disse ele.

O Bradesco espera fechar 150 agências neste ano e outras 150 agências no próximo ano, disse Lazari.

Lazari disse que o Bradesco espera que seu banco digital alcance o ponto de equilíbrio até junho. O banco apenas digital tem 500 mil clientes, uma fração dos 24 milhões de correntistas do Bradesco.

 

MP com novas regras para saneamento básico deverá perder validade

A medida provisória que alterava o marco legal do saneamento básico no país deverá perder sua validade na próxima segunda-feira (19), e a discussão de alterar as regras do setor ficará para o próximo governo, de Jair Bolsonaro (PSL).

Apesar dos esforços das empresas do setor em aprovar ainda neste governo o texto, que beneficiaria a privatização, a MP não foi votada pelos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Com os feriados desta semana, a aprovação do texto já se tornou impossível, segundo as entidades do setor.

A aprovação do texto já era considerada pouco provável por analistas do setor desde a sua publicação pelo presidente Michel Temer, emjulho.

No entanto, diante da ausência de propostas de Bolsonaro sobre o tema, associações do setor tentaram costurar acordos para viabilizar a aprovação ainda neste ano, o que não deu certo.

Ainda não se sabe qual é a proposta de Bolsonaro para o saneamento básico. Durante a campanha, o então presidenciável não participou de nenhum debate promovido pelas associações setoriais para expor propostas. Até agora, as entidades tampouco conseguiram uma interlocução.

A MP trazia diversas mudanças. Entre elas, tornava a ANA (Agência Nacional de Águas) uma agência reguladora federal do saneamento básico, o que não existe, já que o serviço é uma atribuição dos municípios, segundo a Constituição.

O texto também destravava a privatização de companhias estaduais de saneamento, ao permitir que a venda das empresas não implicasse no fim dos contratos firmados com os municípios.

A mudança mais polêmica, no entanto, era aquela que alterava a forma de concorrência entre companhias públicas e privadas na hora de firmarem contratos com os municípios.

Esse artigo da MP, na prática, obrigava as prefeituras a realizarem licitações na hora de contratar  as concessionárias de saneamento básico. Antes, a concorrência não era necessária caso o contrato fosse firmado com uma empresa pública. Só seria preciso abrir competição caso o prefeito quisesse contratar uma empresa privada.

A mudança foi um pleito das empresas privadas, que reclamavam de concorrência desleal, e gerou diversos questionamentos de analistas e concessionárias estaduais.

"O Brasil perdeu uma oportunidade, o setor continuará como está. Os recursos continuarão a ser investidos pelas empresas privadas, mas em menor escala [do que se a MP fosse aprovada]", afirmou  Percy Soares Neto, diretor da Abcon (associação das empresas privadas de água e esgoto).

Para Roberto Tavares, presidente da Aesbe (associação das concessionárias públicas), a derrota não é motivo de comemoração. A entidade apoiava as novas regras do setor, com a exceção do artigo que alterava a forma de concorrência.

“O governo não pode fazer uma mudança dessa magnitude sem construir um acordo com todos os envolvidos. A solução precisa ser construída em conjunto."

 

Mercado se frustra com Previdência e dólar vai a R$ 3,83

O dólar retornou nesta terça-feira (13) ao patamar de fechamento de R$ 3,80 que não atingia desde o início de outubro, conforme investidores aguardam definições de nomes e políticas da equipe econômica do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), mas se frustram com perspectivas para a Previdência.

O dólar comercial subiu 1,99%, cotado a R$ 3,832, na máxima do dia. A última vez que o dólar fechou nesse nível foi em 5 de outubro, antes das eleições, a R$ 3,858.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, recuou 0,71%, a 84.914,11 pontos, puxada sobretudo pela Petrobras.

A estatal sofre com a queda do petróleo no mercado internacional devido a preocupações sobre o enfraquecimento da demanda global e excesso de oferta do produto.

Pela manhã, Bolsonaro anunciou a indicação do general da reserva do Exército Fernando Azevedo e Silva, atual assessor especial do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, para o cargo de ministro da Defesa. Na véspera, o novo governo confirmou também o nome de Joaquim Levy à frente do BNDES.

Alessandro Faganello, operador da Advanced Corretora, diz que, até o momento, os nomes têm sido bem recebidos pelo mercado, mas destaca que investidores ainda aguardam decisões, com especial atenção sobre o destino do comando do Banco Central.

Há indicações de que a equipe de Bolsonaro tem interesse em manter Ilan Godfajn no cargo, que só não ficaria se não quisesse.

Apesar de boa parte do mercado já ter precificado que uma reforma da Previdência não sairia neste ano, indicações de Bolsonaro e sua equipe na segunda confirmando a tendência também ajudaram a azedar o humor dos investidores neste pregão.

"Nas últimas semanas, o mercado ficou um pouco mais esperançoso com a aprovação de alguma coisa ainda neste ano. E mesmo que a reforma da Previdência fosse aprovada apenas no ano que vem, investidores esperavam a essa altura uma conjuntura mais favorável, com a divulgação de pelo menos alguns detalhes da proposta, eventuais acordos. Mas não se vê avanço nisso, nem sinais de que está caminhando", diz Cleber Alessie Machado, operador da corretora H.Commcor.

Na véspera, Bolsonaro reconheceu que dificilmente a reforma da Previdência será aprovada neste ano. O futuro ministro da Casa Civil, Ônyx Lorenzoni, disse que o presidente eleito receberá nesta terça propostas para a Previdência que não exijam alteração na Constituição.

"Os investidores estrangeiros continuam bem retraídos e aguardando novas definições do novo governo com respeito a reformas", disse o banco de investimentos BTG Pactual em nota a clientes.

EXTERIOR

Um exterior ainda misto —menos ruim do que na véspera, mas ainda volátil, segundo Machado— não favorece o Brasil.

Das 31 principais divisas do mundo, 14 se desvalorizavam em relação ao dólar, com o real liderando as perdas.

"Ontem foi feriado nos Estados Unidos, o que acaba reduzindo o volume de negócios. É normal que hoje exista maior busca pela moeda americana, até porque teremos aqui uma grande emenda de feriado", diz Faganello.

Lá fora, a informação do jornal The Wall Street Journal de que o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, teria retomado discussões com o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, por telefone na sexta-feira (9) ajudou a aliviar tensões relativas à guerra comercial.

Após uma segunda-feira no vermelho, os principais mercados da Europa fecharam no azul. Já em Wall Street, o Dow Jones, principal índice de Nova York, caiu 0,40%, o S&P 500 perdeu 0,15% e o índice de tecnologia Nasdaq ficou estável.

PETRÓLEO

O dia tem sido ruim para commodities, sobretudo aquelas ligadas a energia.

Os papéis da Petrobras, que tem um peso de 13% no Ibovespa, perderam 4,3% (preferenciais) e 4,61% (ordinárias), na esteira da queda do petróleo no exterior. A petroquímica Braskem recuou 2,93%.

Os preços vão abaixo de US$ 70 por barril após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionar a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) a não reduzir a oferta para sustentar o mercado.

O petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, caiu 6,6%, para US$ 65,47 (R$ 251, na cotação atual) por barril. O Brent já recuou 25% desde que tocou sua máxima em quatro anos (US$ 85,8) no início de outubro. Agora, registra o menor valor desde março.

O petróleo WTI, negociado em Nova York, terminou a sessão a US$ 55,69 (R$ 213), queda de 7,1%, a maior em um dia desde setembro de 2015. A cotação desta quinta é a menor desde novembro de 2017.

"O Brasil acaba sendo um país mais sensível a essas oscilações. Vemos um efeito de fluxo de venda de empresas relacionadas a energia", diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.

Na véspera, o ministro de Energia saudita, Khalid al-Falih, disse que a Opep e seus aliados concordam com a necessidade de cortar o fornecimento de petróleo no próximo ano em cerca de 1 milhão de barris por dia (bpd) ante os níveis de outubro, de modo a equilibrar o mercado.

"Esperamos que a Arábia Saudita e a Opep não cortem a produção de petróleo. Os preços do petróleo devem ser muito mais baixos com base na oferta!", escreveu Trump em um post no Twitter no mesmo dia.

A mensagem levou a uma forte queda nos preços já na segunda e as vendas generalizadas continuavam nesta terça.

"Esse tuíte certamente não ajudou os preços", disse o estrategista de commodities da ING, Warren Patterson.

A Opep alertou que poderá haver uma sobreoferta de petróleo em 2019, conforme a economia global desacelera e a oferta de produtores rivais cresce mais rápido que o esperado.

"Embora o mercado de petróleo tenha atingido um equilíbrio agora, as previsões para o crescimento da oferta fora da Opep em 2019 indicam volumes maiores, ultrapassando a expansão na demanda mundial, levando à ampliação do excesso de oferta no mercado", apontou a organização em seu relatório mensal.

A Opep terá uma reunião para discutir suas políticas de produção de petróleo em 6 de dezembro.

"A alta produção nos EUA, juntamente com barris adicionais vindo da Arábia Saudita e Rússia, está começando a afetar os mercados do petróleo", disseram analistas do Bank of America Merrill Lynch em nota a clientes, acrescentando "os estoques de petróleo estão começando a aumentar mais uma vez".

OUTRAS QUEDAS

A TIM lidera as perdas do Ibovespa. As ações recuaram 4,55% em meio a notícias de que a sua controladora Telecom Italia demitiu o presidente-executivo do grupo italiano, Amos Genish, por discordâncias no conselho de administração da empresa.

A construtora MRV perdeu 1,66% com a notícia de que acabaram os recursos da Caixa Econômica Federal para a  faixa 1,5 do programa Minha Casa Minha Vida. O segmento é voltado para famílias com renda de até R$ 2.600 e recebe subsídio da Caixa de até R$ 47,5 mil.

Apesar de o grande foco da empresa estar na faixa 2, analistas veem impacto nas ações da MRV.

 

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