Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

BC mantém juro em 6,5% e destaca melhora em riscos para a inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano e também repetiu o alerta de que a taxa poderá subir à frente, mas destacou uma melhora no seu balanço de riscos para a inflação, quatro dias após a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL). A mensagem central do comunicado divulgado após a reunião do Copom reafirma que uma eventual elevação gradual da Selic dependerá de uma piora do cenário inflacionário e/ou de uma piora do balanço de riscos.

O novo comunicado também reitera que os riscos altistas para a inflação seguem mais elevados do que os riscos positivos. A novidade é que essa assimetria se reduziu em relação a setembro, na reunião anterior do colegiado. Para economistas ouvidos pelo Valor, o cenário de inflação mais benigno traçado pelo comunicado do Copom pode fazer com que a elevação da taxa básica de juros venha mais tarde do que o esperado pelo mercado.

A visão é que, a depender da evolução da agenda de reformas, esse aumento dos juros só ocorra nos últimos meses de 2019. O texto divulgado pelo Copom não detalha o que, na avaliação do colegiado, determinou a melhora do balanço de riscos. Como já comunicado em setembro, os membros do Copom entenderam que a ociosidade elevada da economia pode levar a inflação a ficar acima do estimado em seu cenário básico.

Em sentido contrário, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e a possibilidade de uma deterioração do cenário externo para economias emergentes podem contribuir para uma alta da inflação. Da reunião de setembro do Copom, antes do primeiro turno das eleições, para o encontro de outubro, não houve mudanças relevantes nos dados sobre a ociosidade da economia.

O colegiado reafirmou que indicadores recentes da atividade econômica continuam evidenciando recuperação da economia, em ritmo mais gradual que o vislumbrado no início do ano. Já a percepção do mercado sobre a evolução das reformas foi reforçada com a eleição de Bolsonaro, mais identificado com uma agenda econômica liberal. Como reflexo desse otimismo, sobre o qual o Copom não faz referências, a cotação do dólar tem recuado.

A variável-chave para uma melhora do balanço de riscos é o câmbio, que reflete, além do ambiente internacional, a confiança dos investidores no avanço dessa agenda de reformas. Desde a última reunião, o câmbio usado pelo BC caiu de R$ 4,15 para R$ 3,70, provocando a melhora das projeções.

A projeção do Copom para a inflação, considerando a Selic e o câmbio estáveis, apontam para uma taxa de 4,4% para este ano, a mesma estimada pelo colegiado na reunião passada e abaixo da meta central de 4,5%. Já a projeção para o próximo ano, que estava acima da meta de 4,25% para o período, caiu para 4,2%. A projeção para 2020 está em 4,1%, mas segue ligeiramente acima da meta do ano, que é de 4%.

Sobre o cenário externo, o comunicado divulgado repete a mensagem anterior de que ele permanece desafiador, com apetite ao risco em relação a economias emergentes aquém do nível vigente no início do ano. "Os principais riscos seguem associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global", disse o Copom.

Para o economista do Banco Safra, Carlos Kawall, há chance de o Copom retomar a alta da taxa básica de juros apenas no fim do ano que vem, com a aprovação da reforma da Previdência em 2019. "Na nossa visão, a taxa de juros pode subir mais para o fim do ano que vem, em um cenário de êxito das reformas", diz.

Para o economista-sênior do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso, o comunicado do Copom abre espaço para que o início do ciclo de aperto monetário esperado para o ano que vem comece apenas a partir do final do primeiro semestre. "No balanço de riscos, fala-se em continuidade da melhora da expectativa quanto à reforma fiscal. Não devemos ver surpresas até o fim do ano", diz Pedroso.

Essa leitura também pode levar a ajustes nas apostas de mercado. "O Copom só deve começar a normalização monetária mais tarde ou em um ritmo mais gradual do que o atualmente esperado pelo mercado", diz Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, em relatório. "As perspectivas [para o juro básico] permanecem em aberto, sem sinal de direção da política [monetária] no curto prazo.

No entanto, é uma mudança do discurso para 'dovish'. O Copom julga que o balanço de risco melhorou, com menor assimetria." Por outro lado, o Copom destacou que os riscos para inflação continuam sendo um cenário externo mais negativo para mercados emergentes e também o de uma frustração com as reformas, que teria efeito sobre as expectativas de inflação.

"O Copom dá mais peso para fatores com riscos altistas para inflação, que são o ambiente externo e a perspectivas de reformas. Mas, com a indicação sobre o balanço de riscos, sinaliza que o cenário está dentro do roteiro da manutenção de juros", diz a economistachefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara.

Os próximos passos da política monetária vão depender do avanço das reformas, sobretudo a da Previdência, afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos. Segundo ela, houve uma melhora do cenário externo desde a última reunião, que permitiu a queda do dólar e reduziu as pressões inflacionárias de curto prazo. Contudo, o BC manteve a menção sobre a necessidade de continuidade do processo de reformas e ajustes na economia. "O BC vai olhar o quadro para as expectativas de inflação a cada reunião", diz. O Copom volta a se reunir em 11 e 12 de dezembro, na última reunião deste ano.

 

Grupo propõe reforma mais radical para Previdência

Uma ampla proposta de reforma da Previdência Social, elaborada por especialistas sob coordenação do ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, foi entregue no último domingo ao governo eleito. São um projeto de emenda constitucional (PEC) e quatro projetos de lei complementar, que desconstitucionalizam grande parte das normas, preservando no texto da Carta de 1988 apenas os princípios gerais. A proposta cria o regime de capitalização com implementação gradual para novos entrantes, faz uma reforma paramétrica no sistema atual e introduz o benefício universal a que todos terão direito a partir dos 65 anos. A renda básica dos idosos será de 70% do salário mínimo, corrigida anualmente pela inflação.

Arminio chama a atenção para o custo da Previdência no país, que, confrontado com o de países de demografia semelhante, "deixa claríssimo que o nosso sistema está fora da curva". Parte do problema, segundo ele, é que" a nossa Previdência é repleta de distorções que precisam ser corrigidas por razões de justiça social".

Para os novos entrantes, nascidos a partir de 1º de janeiro de 2014, a ideia é dar início ao regime de capitalização que conviverá com o de repartição. A camada de capitalização será criada progressivamente até 2040 e equivalerá a 70% do teto do Regime Geral de Previdência Social. Faculta, também, ao trabalhador transferir parte do FGTS para a sua conta individual. O custo da migração, um dos fatores mais preocupantes do regime de capitalização, é bastante razoável: R$ 11,7 bilhões no acumulado de 2030 a 2040.

À criação da nova Previdência se associa a reforma do regime atual. Mais austera do que a PEC 287, já aprovada na Comissão Mista da Câmara dos Deputados, a proposta reduz em R$ 1,273 trilhão a despesa com Previdência nos próximos dez anos, cifra mais ambiciosa do que os R$ 800 bilhões da proposta original do governo Temer. Os autores sugerem idade mínima de 65 anos para todos, homens e mulheres. O que difere é o prazo da transição: para professores, é de 15 anos; funcionários públicos e trabalhadores rurais, de dez anos; e homens e mulheres, por tempo de contribuição, 12 anos.

As exceções são policiais civis e agentes penitenciários, com idade mínima inicial de 55 anos passando a 60 em dez anos. São unificadas as regras das aposentadorias dos trabalhadores do setor privado (RGPS) e do funcionalismo (RPPS). Agentes públicos como parlamentares, prefeitos, governadores e presidentes da República serão submetidos ao regime geral dos trabalhadores do setor privado.

Outras mudanças importantes são: criação de regime próprio para as Forças Armadas sem idade mínima; desindexação dos benefícios à variação do salário mínimo, que se aprovada seria a quebra de um tabu; e instituição de benefício universal para todos os brasileiros a partir dos 65 anos, de 70% do valor do mínimo Essa "renda básica do idoso" substituirá o Benefício de Prestação Continuada (BCP), que seria extinto. Por ser universal, o benefício é imune a fraudes.

Sugere, ainda, o fim da pensão por morte integral, que passa a ser de 60% mais 10% por dependente até o limite de 100%. A acumulação de benefícios (pensão por morte e aposentadoria) passa a ser restrita. Até um piso previdenciário - que corresponderá a 70% do salário mínimo - a acumulação pode ser integral. De 1 a 3 pisos, cai para 80%, e assim por diante, até 40%, se o total superar oito pisos.

A proposta prevê ainda a extinção da Desvinculação de Receitas da União (DRU) referente à Seguridade Social, menciona a possibilidade de novas fontes de recursos para a seguridade social e determina a segregação de benefícios de risco. Nos atos legais - uma PEC e quatro projetos de lei complementar - que acompanham o trabalho há a autorização para a implantação de uma alíquota previdenciária suplementar para o funcionalismo.

Há limitação para essa cobrança temporária: a soma da suplementar com a alíquota básica que não pode ultrapassar 22% dos vencimentos dos servidores ativos, inativos e pensionistas. A alíquota deve ser progressiva. O impacto na distribuição da renda desse conjunto de medidas é substancial. As simulações indicam que "a desigualdade de rendimento expressa pelo Índice de Gini seria reduzida em mais de 16%", atestam os autores.

A busca por maior justiça distributiva foi um dos pilares da proposta. Hoje os mais ricos se aposentam por tempo de contribuição aos 54 anos, em média. Os mais pobres se aposentam por idade, entre 60 e 65 anos. É impressionante o salto do gasto previdenciário nos últimos 30 anos. A despesa, que correspondia a 3,4% do PIB em 1988, atingiu 14,5 % do PIB em 2017. Este é um quadro insustentável e seu peso no buraco das contas públicas é inegável. "Enquanto nos recusarmos a enfrentar o desafio previdenciário, a dívida pública subirá implacavelmente e asfixiará a economia", alertam os autores,

A dívida bruta, que em 2014 era 56% do PIB, em 2017 já subiu para 74% do PIB. "Sem reforma não há futuro", constatam. Com a PEC 287, do atual governo, a despesa crescerá para 16,88% do PIB em 2060. Se aprovada a essa nova proposta, ela cairá para 10,98% do PIB nesse prazo. O resultado do avanço da despesa pública em geral, e da Previdência em particular, é a queda dos investimentos em todo o país. Sem novos investimentos não haverá crescimento econômico nem expansão dos empregos.

Um dos temores é de que a tramitação de um novo projeto de reforma tenha que começar do zero. Haveria, porém, uma forma de contornar esse problema. A alternativa seria elaborar uma emenda aglutinativa, usando um recurso regimental que permite que o texto volte ao relator para que ele refaça o seu parecer. O novo relatório poderia incorporar as emendas apresentadas e outras que viessem a ser sugeridas. A comissão que aprovou a PEC 287 discutiria e votaria esse novo projeto. A avaliação de quem defende essa estratégia é de que ela não tomaria mais que três a quatro semanas.

 

'Com reforma, Selic pode subir menos em 2019'

O alívio do dólar, garantido pela aposta no avanço de uma agenda mínima de reformas no curto prazo, suaviza o cenário de inflação e pode abrir espaço para que a alta da Selic seja mais branda em 2019. Essa é a leitura do economistachefe da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini, do comunicado da decisão do Copom, de manutenção do juro em 6,5%. Com isso, o especialista colocou em revisão sua projeção para o juro no fim de 2019, de 8,25% para perto de 7,5%.

Essa expectativa leva em conta a possibilidade de o dólar permanecer ao redor do nível atual, de R$ 3,70, em resposta ao avanço de uma reforma da Previdência ainda modesta e também que o governo realize "alguma privatização" - da Eletrobras e de alguns ativos da Petrobras. Com isso, afirma o especialista, o cenário internacional, que claramente tornou-se mais arriscado, pode ter um impacto limitado sobre o mercado local.

Valor: Quais os pontos mais importantes do comunicado divulgado pelo Copom?

Evandro Buccini: Houve poucas mudanças, e todas esperadas. O último Copom foi feito com o câmbio a R$ 4,15 e, agora, a cotação está em R$ 3,70. Então, a principal mudança é que o grau de assimetria do balanço de riscos mudou, como se esperava. A dúvida era que linguagem o Banco Central iria usar, e ele usou um meio termo. Mostrou que está cuidadoso, mas um pouco menos do que na reunião anterior. E qualificou isso ao dizer que está dando maior peso a dois pontos no balanço de riscos: frustração das reformas e deterioração do cenário externo.

Valor: Essa mensagem é compatível com um cenário de juro estável por mais tempo?

Buccini: Sim. A gente falava em juro de 8,25% para o fim do ano e esse comunicado deixa a gente mais tranquilo de cortar essa projeção. Com juro constante em 6,5% e câmbio em R$ 3,70, a inflação fica em 4,20% no ano que vem e em 4,10% daqui para frente. Então, o Banco Central tem que fazer algo para que essa inflação caia, e isso indica que precisará haver alguma alta do juro. Mas, no cenário de mercado, que considera as projeções da Focus, se o juro subir até 8% e o câmbio ficar na faixa de R$ 3,70 ou R$ 3,80, a projeção já cai para 3,70% em 2020 - que começa a entrar no horizonte relevante. Então, parece que o BC pode deixar o juro parado por mais tempo, e subir para algo em torno de 7,5%.

Valor: Esse cenário leva em conta que nível de reformas estruturais?

Buccini: Trabalhamos com um cenário, ao qual a gente atribui maior probabilidade, de cerca de 70%, de que serão aprovadas reformas suficientes para resolver o problema fiscal de curto prazo. Vai ter algum ajuste fiscal, mas não esperamos que seja uma reforma da Previdência muito boa. É um cenário suficiente para garantir alguma tranquilidade

Valor: O que você considera o mínimo necessário para que o câmbio permaneça tranquilo, sem afetar a inflação e a política monetária?

Buccini: Precisamos voltar a ter um pequeno superávit primário o mais breve possível, daqui a uns dois anos. Para isso, é preciso aprovar alguma reforma da Previdência, fazer alguma privatização para ajudar nesse caminho enquanto a gente não volta para o superávit que diminua a dívida bruta. Mas para algumas coisas, como o regime de capitalização para a Previdência, uma reforma trabalhista mais profunda, uma revisão dos gastos, privatização profunda, a gente atribui uma baixa probabilidade.

Valor: Enquanto não houver superávit, o que vai garantir a confiança dos mercados nesse ajuste?

Buccini: A trajetória está clara de que vai ser de melhora, porque tem uma folga de receita para 2019 e tem o teto dos gastos que impede o crescimento dos gastos. Mas é preciso deixar claro que o teto é crível. E isso acontece com a reforma da Previdência. E também com alguma privatização que ajude com caixa até lá. É possível haver a privatização da Eletrobras, venda de ativos da Petrobras - que não entra no caixa direto, mas aumenta a probabilidade de dividendos do governo - e algum estudo para a venda de outras empresas públicas. Outra informação importante vai ser a regra de reajuste do salário mínimo. Cada proposta, cada ato do novo governo vai ser acompanhado para sabermos em qual direção estão indo.

Valor: Houve algumas afirmações desencontradas de integrantes da equipe do novo governo. Isso preocupa?

Buccini: É tudo muito recente. É um governo recém-eleito, sem experiência no Executivo. É um momento em que há alguma disputa para ver quem será o mais forte, se Onyx [Lorenzoni, futuro ministro-chefe da Casa Civil] ou Paulo Guedes [futuro ministro da Economia]. Eles estão se entendendo e raramente é um desencontro em algo muito ruim. E isso tem em todo o governo. Causa alguma ansiedade, mas é uma questão de tempo para a gente perceber quem é a pessoa certa para se ouvir sobre cada assunto.

Valor: E o cenário internacional, em que medida ele pode influenciar o rumo da política monetária?

Buccini: Com certeza, esse está mais desafiador. E isso a gente vê pelo que aconteceu neste mês na bolsa americana. Mas com a melhora dos ativos brasileiros, a gente mudou a sensibilidade que o Brasil tem a esses riscos. Assim que começarmos a fazer a lição de casa, esse risco diminui. Se tiver um soluço lá fora, o reflexo disso no Brasil tende a ser muito menor do que acontecia há um mês. Mas o cenário externo, em si, está mais difícil. Além da Europa e da China estarem desacelerando, é difícil os Estados Unidos crescerem tão mais do que o resto do mundo.

Valor: Qual a sua projeção para a inflação e o crescimento do PIB?

Buccini: Trabalhamos com projeções parecidas com as do Banco Central. Para este ano, estimamos inflação de 4,3% e, para o ano que vem, de 4,2%. O dólar está perto do nível de estabilidade, podendo cair mais um pouco no longo prazo, dado que a gente tem um cenário em que alguma reforma aconteça. Agora, para o PIB já temos mais clareza de que pode haver um crescimento de 2,5%, que podemos revisar para 3%. O perfil do crescimento deste ano, que esperamos ser de 1,2%, deve ser bom e pode influenciar positivamente o desempenho em 2019. Além disso, os juros futuros caíram bastante, o que ajuda muito. E os bancos têm apetite para voltar a emprestar. Acho que tanto do lado das famílias quanto das empresas, o crédito pode crescer mais, a partir do ano que vem.

 

Governo Bolsonaro ainda não mudou cenário básico

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a sinalização de que poderá retirar gradualmente os estímulos monetários à economia se houver piora no cenário inflacionário ou no balanço de riscos, apesar da queda nos prêmios de risco e do dólar provocada pela eleição de Jair Bolsonaro e pelo ambiente internacional um pouco mais favorável. A mensagem central do comunicado divulgado pelo Copom, que manteve os juros básicos em 6,5% ao ano, é idêntica à da sua reunião anterior, de setembro.

O diagnóstico é que a conjuntura atual ainda prescreve política monetária estimulativa, mas o colegiado está alerta à evolução do cenário inflacionário e do balanço de riscos. No comunicado, o Copom reconhece que o balanço de riscos hoje pende menos para o lado negativo do que em setembro. Embora o colegiado não detalhe o que melhorou o balanço de riscos, é possível que esse movimento reflita o clima um pouco mais tranquilo nos mercados internacionais nas últimas semanas, que pressiona menos as moedas dos países emergentes.

Mas certamente também incorpora o efeito da eleição de Bolsonaro sobre os prêmios de risco e sobre a cotação do dólar. Há cerca de dois anos o Copom vem citando, entre os principais itens de seu balanço de riscos, uma eventual frustração dos mercados com a falta de progressos com as reformas fiscais e que aumentam a produtividade da economia. Desde a eleição de Bolsonaro, o mercado financeiro tem ficado mais confiante na continuidade das reformas econômicas - e isso contribuiu para a queda na cotação do dólar, que chegou a um pico de R$ 4,19 em fins de agosto e que mais recentemente vem oscilando na casa de R$ 3,70.

A queda do dólar aos níveis atuais faz toda a diferença para as projeções de inflação do Banco Central. Em setembro, o BC chegou a divulgar projeções de inflação com a cotação do dólar em R$ 4,15, que mostravam que seria necessária uma alta gradual dos juros básicos da economia a partir de maio de 2019 para assegurar o cumprimento da meta de inflação de 2020, definida em 4%.

Projeções divulgadas no comunicado do Copom mostram que, com o dólar a R$ 3,70 e juros estacionados em 6,5% ao ano, seria possível chegar a uma inflação de 4,1% em 2020, o que basicamente significaria o cumprimento de meta de inflação daquele ano sem promover um reaperto das condições monetárias tão cedo quanto maio de 2019.

Um aspecto importante é que, para que fosse necessário um aperto antes de maio de 2019, seria necessária uma piora do cenário traçado pelo Copom em setembro, incluindo uma deterioração dos mercados que levasse a cotação do dólar para mais do que R$ 4,15. Em vez de piorar, melhorou. A cotação do dólar no nível atual, de R$ 3,70, deixa as projeções do Copom mais favoráveis.

O balanço de riscos também está menos negativo do que o observado em setembro. A ata do Copom, a ser divulgada na semana que vem, poderá ter elementos para entender por que essa melhora não foi suficiente para baixar a guarda na ameaça da remoção gradual dos juros.

Há duas hipóteses. Uma delas é que, para o Copom, o cenário internacional ainda está muito perigoso. Outra hipótese é que a simples eleição de Bolsonaro não afasta por completo os riscos de frustração na aprovação das reformas econômicas.

 

FI-FGTS quer lançar edital de R$ 3,6 bi para aporte em infraestrutura

O comitê de investimento do braço financeiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) quer lançar ainda neste ano o 5º edital de chamada pública para seleção de projetos para contratação de cerca de R$ 3,6 bilhões investimentos em infraestrutura (rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, energia, saneamento e aeroportos).

Na 4ª chamada pública, cujo prazo de entrega das propostas terminou em 31 de agosto, foram entregues seis propostas e selecionadas apenas duas para contratação de R$ 1,15 bilhão do FI-FGTS. Segundo resultado da 4ª chamada, apresentado em reunião do comitê realizada hoje, um dos projetos selecionados prevê o investimento de R$ 1,15 bilhão do FI-FGTS em energia e o outro mais R$ 150 milhões em portos.

Com a intenção era contratar R$ 4,8 bilhões em projetos, uma nova chamada será feita. Segundo o novo presidente do comitê de investimentos, Carlos Eduardo Abijaodi, eleito para o cargo hoje, muitos dos projetos que não foram aceitos na 4ª chamada podem ser incluídos numa nova tentativa. Isso porque muitas das propostas foram desqualificadas devido a erros considerados simples, como a falta de apresentação de um documento. “Estamos trabalhando para que o [5º] edital saia no fim deste ano ou no início do próximo”, afirmou Abijaodi.

Desde o fim de 2016, o FI-FGTS não libera recursos para novos projetos e a expectativa era de que algum investimento fosse feito até o fim do ano. Essa possibilidade ainda não está totalmente descartada porque existem R$ 2,2 bilhões de projetos em conclusão de análises de editais lançados desde 2017.

Na avaliação de Abijaodi, com a indefinição com relação ao quadro eleitoral, havia muita apreensão de empresários para a realização de novos investimentos. Com a definição do quadro, existe a expectativa de que os empresários voltem a planejar novos investimentos e o FI-FGTS pode ser beneficiado com esse movimento.

O diretor executivo interino de Ativos de Terceiros da Caixa, Sérgio Bini, disse que a expectativa é de avanço das reformas o que tende a ajudar a impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB). Abijaodi, que foi escolhido para presidente do comitê hoje, é diretor do Departamento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), só foi eleito para o cargo porque o governo, que detinha a vez para assumir a presidência, não apresentou indicação.

Ele vai substituir Suzana Leite, que faz parte da União Geral dos Trabalhadores (UGT). O representante dos empregadores no comitê de investimentos não soube informar porque o governo não fez sua indicação para o cargo. O mandato vai até o fim de 2019. Questionado sobre qual seria o impacto de uma eventual junção de ministérios para a composição do fundo, Abijaodi afirmou que é preciso aguardar para saber o que será efetivamente feito e se houver mudanças será nos representantes do governo no comitê de investimentos.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Capacidade de Bolsonaro de aprovar reformas definirá recuperação de nota de crédito do Brasil, diz S&P

A capacidade de articulação do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso definirá a recuperação da nota de crédito da dívida brasileira, de acordo com Lisa Schineller, diretora executiva da agência de classificação de risco Standard & Poor's.

Em conferência para analistas, a especialista apontou a necessidade de reformas que permitam ao país retomar o crescimento e estabilizar a trajetória de crescimento da dívida brasileira, tratando da Previdênciae da folha de pagamentos do setor público.

Segundo ela, há pouca margem de manobra no Orçamento brasileiro que permitam inverter a trajetória de crescimento da dívida. Governos anteriores já fizeram cortes nos gastos que podem ser administrados livremente, não havendo alternativa às reformas estruturais.

Schineller lembrou que o governo de Michel Temer (MDB) aprovou uma emenda constitucional criando um teto para o crescimento dos gastos e tentou reformar a Previdência, sem sucesso no Congresso Nacional.

Para a analista, o desafio de Bolsonaro na casa também será grande.

"Ele está longe de ter uma maioria no Congresso. Seu partido tem a segunda maior bancada na Câmara, mas terá de formar coalizões e haverá muita oposição, inclusive do PT [partido com a maior bancada]."

Ela diz que o desafio é antigo, devido à fragmentação partidária brasileira. Não é impossível que Bolsonaro tenha sucesso, mas é possível que seu progresso para aprovar medidas seja lento, afirma.

Segundo ela, usar reservas internacionais para pagar a dívida interna, medida discutida pela equipe de Bolsonaro, não resolve o problema fiscal brasileiro.

Schineller disse ser ainda cedo para avaliar as medidas em discussão pela equipe econômica de Bolsonaro, para que se possa entender o que delas é retórica de campanha e o que, de fato, será executado.

"Não estamos ainda em situação que o presidente tem toda sua equipe no Planalto e temos políticas específicas sendo discutidas no Congresso."

Ela também elogiou a atuação do Banco Central que, apesar de não ser formalmente autônomo, tem demonstrado agir com independência e vem obtendo sucesso na busca por manter a inflação dentro da meta.

Em janeiro, a agência reduziu a nota de Crédito soberano do Brasil de "BB" para "BB-".

Com isso, o rating do país segue sem o selo de bom pagador, mas agora está três degraus abaixo do grau de investimento.

A perspectiva da agência para a nota é estável.

 

O GLOBO

‘Não há razão para superministério da Economia não dar certo’, diz Delfim Netto

Ex-ministro da Fazenda e do Planejamento dos governos militares, Delfim Netto acredita que o superministério da Economia pode dar certo. Para isso, será necessária habilidade de Paulo Guedes para coordenar políticas. Guedes, inclusive, terá mais poder que o próprio Delfim, já que a nova pasta agrupará três ministérios.

Que avaliação o senhor faz do superministério da Economia do governo Bolsonaro?

Não há razão para supor que não possa dar certo. Trata-se de um experimento que envolve risco por reunir três ministérios importantes, o que exigirá do titular da pasta habilidade para que haja políticas coordenadas entre quem prepara o Orçamento e quem o executa. Isso será saudável. É prematuro fazer qualquer tipo de crítica.

Como deve ser a estrutura desse superministério?

Imagino que Paulo Guedes será o grande coordenador desse modelo escolhido para tocar a política econômica. Mas acredito que ele terá secretários executivos para cada uma das áreas, uma espécie de vice-ministro. Trata-se de uma experiência possível, mas será preciso uma cooperação muito maior entre as três pastas. Será impossível que o Ministério da Indústria, por exemplo, faça uma política sem estar em coordenação com as demais pastas.

A Casa Civil pode se fortalecer nesse modelo?

Não acredito. Acho que a Casa Civil vai continuar funcionando como uma espécie de filtro da política econômica a ser executada.

O senhor acredita que, nesse cenário, Paulo Guedes torna-se o grande fiador do governo?

Paulo Guedes será o comandante desse ministério, mas quem vai decidir a política econômica é o presidente. Se as coisas estiverem funcionando entre os secretários executivos, ótimo. Não vejo uma possível saída de Paulo Guedes do governo, no futuro, como algo desastroso.

 

 

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