Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Em junho melhor que o esperado, 4 setores sobem mais de 30%

Alguns indicadores de atividade econômica recuperaram em junho a forte queda do mês anterior, superando até mesmo os níveis do período pré-greve dos caminhoneiros, o que provocou revisões para cima na estimativa da produção industrial do mês passado. Com isso, a perspectiva para o segundo trimestre, antes muito negativa, também melhorou. Esta semana, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou que o fluxo de veículos nas estradas aumentou 13,6% em junho, ante maio, feito o ajuste sazonal. Em maio, houve queda de 15% ante abril.

A movimentação de veículos leves subiu 3,4% ante maio, e a de pesados aumentou de 47% no mesmo período. Segundo Thiago Xavier, analista da Tendências Consultoria, que elabora os dados para a associação, no índice dos veículos pesados, a expansão de junho é maior que a contração observada em maio, na série dessazonalizada. “A ponto de trazer o fluxo de pesados a níveis semelhantes aos observados em 2013 – ano em que a situação macroeconômica era favorável”, observa.

Já a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) informou que a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado cresceu 34% ante maio, feito o ajuste sazonal, para 323,903 mil toneladas, o maior valor da série histórica”. “O resultado aparentemente favorável reflete principalmente a recomposição da expedição após a greve dos caminhoneiros”, afirmou Aloisio Campelo, superintendente de estatísticas públicas do Ibre-FGV, que elabora o dado.

No segundo trimestre, a expedição ficou estável em relação ao trimestre anterior. No início do mês, a Anfavea (que reúne as montadoras) já tinha informado aumento de 37% na produção de veículos comerciais leves e de 48% na de caminhões em ônibus em junho, ante maio, com ajuste sazonal. A Fenabrave (que reúne as concessionárias) informou alta de 5,3% nos licenciamentos de veículos novos no período. “A indústria caiu menos que o esperado em maio e esses indicadores coincidentes subiram além do que se esperava em junho.

Eles apontam uma recuperação mais rápida na produção”, afirma o economista Rodrigo Nishida, da LCA Consultores. A casa estima que a produção industrial brasileira vai aumentar 14% em junho, ante maio, e 4,5% ante junho do ano passado. Antes, a expectativa era de alta de 10,3% no mês e de 0,2% ante junho de 2017.

Em maio, houve recuo de 10,9% ante abril, feito o ajuste sazonal. Para Nishida, ainda falta a divulgação de outros indicadores tanto de indústria, quanto de comércio e serviços, mas neste momento a leitura é de que o cenário é menos negativo do que aquele desenhado no período imediatamente após a greve. “Os efeitos da restrição de oferta estão sendo compensados. O efeito líquido é negativo, mas menos do que imaginávamos”. O economista pondera que é preciso ter cautela ao interpretar as variações mensais, pois a greve também aumentou a volatilidade de indicadores que geralmente já têm essa característica.

Outras consultorias e bancos também revisaram a estimativa da indústria para cima. O Itaú elevou a projeção para alta de 12% em junho ante maio, ante aumento de 10,9% estimado antes. Essa revisão deve-se ao dado da ABCR.

Para o Bradesco, o avanço do fluxo de veículos pesados e outros indicadores coincidentes já conhecidos indicam reversão da forte queda observada em maio. O Santander, que estimava alta de 8% da indústria em junho ante maio, revisou o dado para ganho de 11,8%, feito o ajuste sazonal, implicando queda de 0,7% no segundo trimestre, ante o primeiro, em vez da retração de 4,1% estimada anteriormente.

A MCM Consultores espera forte alta de 14,3% na produção de junho ante maio. Em relatório, a casa destaca a ABCR. “O índice não só reverteu a queda de maio, como ultrapassou o patamar de abril, registrando o maior nível da série com ajuste sazonal desde março de 2015. Na média móvel trimestral, registrou incremento de 2,1%, ante retração de 9% há um mês”, observa.

Demanda Rodrigo Nishida, da LCA pondera que, retomada a oferta, a preocupação maior agora é quanto à demanda. Isso porque a greve contribuiu para derrubar a confiança de consumidores e empresários, que já vinha enfraquecida pela recuperação mais lenta que a esperada na economia. “A questão é como a demanda vai reagir”, afirma. Em maio e em junho, o comércio em geral parece ter sido menos afetado pela greve, por causa de seus estoques, o problema será depois. “Os dados relacionados ao varejo foram menos afetados e a volta também será menos expressiva”.

Amanhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de maio. A média das estimativas coletadas pelo Valor Data, as venda do varejo restrito caíram 0,8% em maio ante abril e as do ampliado (inclui veículos e materiais de construção) recuaram 3,1%.

A Serasa Experian, que estimou queda 2,3% nas vendas de maio, ante abril, informou ontem que as de junho cresceram 3,4%, na série com ajuste sazonal. A projeção equivale ao varejo ampliado. Houve ganho em quatro de seis categorias pesquisadas pelo birô de crédito. A de combustíveis e lubrificantes, a mais afetada pela greve, subiu 9,9%.

Tomando esse e outros indicadores, o Itaú estima que as vendas do varejo restrito devem ter caído 0,6% no mês passado, mas subiram 0,9% no ampliado. Para a PMC de maio, o banco estima queda de 1% no restrito e de 3,2% no ampliado, feitos os ajustes sazonais.

 

Fazenda já projeta alta do PIB próxima de 1,6%

O próximo relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para ser divulgado até o dia 22 de julho, deve trazer significativa redução da projeção de crescimento da economia brasileira para este ano. O Valor apurou que o número deve ficar em torno do já projetado pelo Banco Central, de 1,6%, e pelo mercado, cuja estimativa mais recente foi de crescimento de 1,53% para este ano.

Atualmente, a projeção oficial do relatório, divulgado em maio, é de expansão de 2,5%. Além do impacto da greve dos caminhoneiros - que o Ministério da Fazenda já havia calculado em 0,2 ponto percentual como efeito direto (sem considerar o impacto negativo que houve na confiança e que não foi estimado) -, a continuidade do aperto nas condições financeiras desde aquele mês, com juros e taxa de câmbio em forte alta no mercado financeiro, está sendo decisiva para a revisão em curso.

Os modelos econonométricos (fórmulas matemáticas elaboradas para fazer as projeções) continuam a ser "rodados" quase que diariamente pelos técnicos do governo, e o número final ainda será definido, mas não deve ser muito diferente do nível previsto por BC e mercado nas últimas semanas.

Para 2019, a tendência é que a projeção seja de 2,5% de alta, embora o relatório bimestral não tenha obrigação de divulgar o número. Será a segunda revisão para baixo que o governo está fazendo no PIB deste ano. A se confirmar um número próximo ao do BC, a reestimativa dessa vez será mais pronunciada do que a realizada em maio, quando saiu de 3% para o nível vigente.

A queda na expectativa de crescimento da economia naturalmente joga contra um cenário mais favorável de receitas, como vinha se configurando nos números fiscais divulgados até maio. De janeiro até o quinto mês do ano, os dados da Receita Federal vinham surpreendendo positivamente, mas, com a greve dos caminhoneiros e a turbulência no mercado, a incerteza se instalou no quadro para as contas públicas.

Uma fonte do governo apontou que, se de um lado um crescimento menos intenso do PIB joga contra a arrecadação, de outro a inflação mais alta (em junho o IPCA ficou em 1,26%, a taxa mais elevada para o mês desde 1995) contribui para os cofres do governo, elevando a base de tributação.

Por isso, em termos nominais, o relatório que está sendo elaborado não apontaria uma mudança muito grande na estimativa de arrecadação, embora os números ainda devam ser alterados. Outro fator que pesou favoravelmente para a arrecadação foi que houve antecipação de vendas no varejo por conta da paralisação nas estradas, que, em um primeiro momento, ampliaria a arrecadação de tributos incidentes sobre o varejo, como o PIS e a Cofins.

Por outro lado, a escalada do dólar prejudica a importação e, consequentemente, a receita gerada pelos produtos trazidos de fora do Brasil. Independentemente dos ainda pouco claros impactos fiscais do quadro econômico, é importante destacar que o governo começou o ano vendendo otimismo com o PIB, apontando não só como superada a grave recessão dos dois anos anteriores, mas também dando como certa uma aceleração do crescimento para um ritmo até acima do que os técnicos do setor público consideram como potencial de expansão do país (que estaria entre 2,3% e 2,4%). Seis meses depois, contudo, a equipe econômica agora liderada por Eduardo Guardia tem que lidar com um cenário no qual o crescimento tende a ser quase a metade do que se esperava, mantendo o nível de ociosidade da economia (tanto do capital como da mão-de-obra) em patamares elevados.

 

Greve causa tombo de dois dígitos à indústria em 8 Estados; MT cai 24%

A paralisação dos caminhoneiros afetou o ritmo de produção das indústrias em praticamente todo o território brasileiro. Dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14 apresentaram queda da produção industrial em maio, na comparação a abril, sendo que em 8 Estados a queda superou os dois dígitos.

Os grandes produtores de alimentos tiveram perdas mais pronunciadas, mas foi São Paulo o que mais impactou no resultado nacional, por causa do segmento de veículos. No país, o recuo da produção em maio foi puxado pela fabricação de veículos (-29,8% ) alimentos (-17,1%).

A greve de 11 dias dos caminhoneiros, iniciada em 21 de maio, afetou o recebimento de matérias-primas pelas fábricas e o escoamento da produção, abarrotando os estoques. Desta forma, a produção industrial nacional apresentou queda de 10,9% naquele mês, conforme dados divulgados pelo IBGE na semana passada.

Nesta manhã, o órgão detalhou esse resultado pelas diferentes regiões do país. Conforme a Pesquisa Industrial Mensal - Regional (PIM Regional), os Estados das regiões Centro-Oeste e Sul destacaram-se negativamente na passagem de abril para maio, pela série com ajuste sazonal. As perdas foram intensas em Mato Grosso (-24,1%), Santa Catarina (-15%), Paraná (-18,4%) e Goiás (-10,9%).

Em comum, são quatro grandes produtores de alimentos, um dos ramos mais afetados pela greve. “Por trás da produção de alimentos existe uma série de bens intermediários, como as rações de animais. Com o desabastecimento de matérias-primas, isso trava a produção, provoca mortandade de animais, e pode prejudicar a produção no final da cadeia. São também produtos perecíveis, que acabam afetados pela paralisação dos caminhoneiros”, disse Bernardo Almeida, analista do IBGE.

São Paulo

O maior impacto sobre o resultado nacional da indústria veio, porém, do Estado de São Paulo, o maior parque fabril do país e local com maior peso na pesquisa do IBGE. A indústria paulista registrou queda de 11,4% na produção em maio, na comparação a abril, também afetadas pela paralisação dos caminhoneiros.

“O fraco desempenho de São Paulo foi puxado principalmente por veículos, mas o impacto foi espalhado por várias atividades da indústria paulista. Foi o local que mais contribuiu para a queda da indústria nacional no mês”, disse Almeida.

Segundo o IBGE, a queda da produção do Estado de São Paulo foi a mais intensa dentro de um único mês desde dezembro de 2008 (-13,1%), quando recuou afetada pela crise financeira internacional. O volume de produção que sai das fábricas locais regrediu aos níveis vistos em setembro de 2003, quase 15 anos atrás.

Quando comparado ao mesmo mês de 2017, a produção de São Paulo mostrou recuo 4,8%. Essa baixa da produção foi disseminada, com recuou em 14 das 18 atividades investigadas. Por essa base de comparação, os destaques negativos foram veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,84%) e produtos alimentícios (-1,55%). Outras regiões com desempenho negativo na passagem de abril para maio foram Bahia (-15%), Rio Grande do Sul (-11,0%), Minas Gerais (-10,2%) e a região Nordeste (-10%), todos com baixas de dois dígitos. Outros locais com fortes perdas, embora na casa de um dígito, foram Pernambuco (-8,1%), Rio de Janeiro (-7%), Ceará (-4,9%), Amazonas (-4,1%) e Espírito Santo (-2,3%).

Minério no Pará

A produção de minério de ferro, atividade sem dependência do transporte rodoviários, evitou a queda da produção industrial dos Estados do Pará em maio. Foi o único dos 15 locais pesquisados pelo IBGE com crescimento da produção ante abril. Pouco diversificada, a indústria do Pará viu sua produção avançar 9,2% na passagem do quarto para o quinto mês de 2018.

Frente a maio de 2017, houve alta de 6% na produção. O Estado do Pará reúne grandes operações da mineradora Vale, entre elas a mina S11D, o maior projeto de mineração da história da companhia brasileira. O minério de ferro é escoado basicamente por minerodutos e pelo modal ferroviário, desde as minas até os portos.

Desta forma, foi pouco impactada pela paralisação dos caminhoneiros, que cruzaram os braços e fecharam estradas. A mineração também evitou queda maior da indústria do Espírito Santo, que recuou 2,3% em relação a abril. Base anual Na comparação com maio de 2017, a queda da produção alcançou 12 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE.

Nesse confronto, a indústria mostrou queda de 6,6% em maio na média nacional. Os destaques negativos ficaram com Goiás (-15,7%), Mato Grosso (-14,7%), Bahia (-13,7%), Paraná (-12,0%), Rio Grande do Sul (-10,8%) e a região Nordeste (-10,3%). Em comum, os locais tiveram fortes perdas na produção de alimentos, uma das atividades mais afetadas pela greve dos caminhoneiros.

Também houve baixa no Ceará (-9,7%), Santa Catarina (-8,2%) e Minas Gerais (-7,3%), com desempenhos piores do que a média nacional. Outros locais com quedas foram Espírito Santo (-5,4%), São Paulo (-4,8%) e Pernambuco (-3,5%). Por outro lado, apresentaram expansões frente a maio do ano passado Pará (6%), Amazonas (4,5%) e Rio de Janeiro (0,9%). No caso do Rio de Janeiro, isso teria sido possível graças ao aumento da produção em refinarias fluminenses.

 

Guerra comercial pode tirar 0,4 pp do PIB global, calcula Bradesco

O acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China deve diminuir o crescimento global e aumentar a aversão ao risco, combinação que traz consequências negativas ao Brasil, diz, em relatório distribuído nesta quarta-feira, o Bradesco. Nas contas do banco, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial entre 2018 e 2019 deve ter uma perda de 0,3 a 0,4 ponto percentual caso os EUA avancem nas medidas contra a China e a Europa.

Segundo a economista Fabiana D’Atri, que assina o relatório, as tensões deverão continuar nos próximos trimestres, ainda sem desfecho claro. “Isso só aumenta os riscos e desafios do cenário global, fortalecendo tendências já em curso, como fortalecimento do dólar, desaceleração do ritmo de crescimento da economia mundial e impactos adversos sobre economias emergentes”, afirma.

A economista também aponta outros desdobramentos, como fluxos de capitais menos intensos, correção de preços dos ativos e impacto negativo na confiança e nas decisões de investimentos.

Para o Brasil, mesmo os efeitos positivos esperados, como aumento das exportações brasileiras de soja para a China, devem ser provisórios. “Ainda que temporariamente alguns poucos benefícios sejam apontados, como o aumento do preço da soja brasileira em relação à norte-americana, no médio prazo isso deve se dissipar, dada a resposta razoavelmente rápida da oferta mundial da commodity“, diz.

Fabiana também lembra que o embate entre EUA e China deve levar em conta outras questões além do déficit comercial. Apesar de um saldo negativo de US$ 389 bilhões com a China nos últimos 12 meses, os EUA têm superávit de serviços de US$ 38 bilhões. Na avaliação do Bradesco, a China parece mais dependente dos EUA do que ao contrário. Pelo números, os EUA compram 20% do que a China exporta, enquanto o país asiático compra 8,3% das exportações americanas.

Por fim, o relatório mostra que o espaço para retaliações pela China é limitado. As medidas anunciadas até agora pelos EUA somam US$ 250 bilhões, o que inclui os US$ 200 bilhões detalhados ontem, US$ 34 bilhões com tarifa extra de 25% já implementados e outros US$ 16 bilhões, também com alíquota de 25%. Já a China importou dos EUA, nos últimos 12 meses, um volume significativamente menor, de US$ 162 bilhões.

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