Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

'Brasil já viveu neste ano a sua maxidesvalorização'

O Brasil viveu praticamente uma maxidesvalorização cambial neste ano, mas esse movimento - observado também em outras economias emergentes como Argentina e Turquia - não se encaixa no conceito de ataque especulativo, segundo Emmanuel Hermann, ex-sócio do BTG Pactual, que há quatro anos fundou a Leste. "O fluxo de capital vem entrando e saindo do Brasil de maneira coerente. Dentro de 'ranges' normais, se [o dólar] for de R$ 3,20 para R$ 4,20 não tem exageros aí, o que está refletido no mercado é uma reação à capacidade de gestão da política brasileira", afirma.

Antes de testar novos patamares - alguns departamentos econômicos e gestores de recursos já preveem a moeda a R$ 5,00 -, o executivo acha que os agentes vão esperar o novo governo que será eleito em outubro dar as suas cartas e sinalizar se vai tomar a direção das reformas fiscais.

Com um déficit em conta corrente confortável e reservas robustas, da ordem de US$ 380 bilhões, Hermann lembra que a dinâmica do setor externo, hoje, é completamente diferente da vista nas crises passadas. Mas foi para fugir de vaivéns colados ao quadro político como o atual, num mercado mais limitado, que Hermann deixou o BTG depois de mais de duas décadas.

O intuito era dar ao investidor brasileiro uma alternativa de diversificação internacional para além dos 20% de exposição presente na maioria dos multimercados locais. Foi, dessa forma, um dos que puxaram a oferta de fundos essencialmente globais no país, classe que ficou na moda a partir da delação premiada do empresário Joesley Batista, do grupo JBS, no ano passado. O episódio trouxe perdas expressivas aos ativos brasileiros e teve direito a um "déjà vu" recente e mais duradouro com a greve dos caminhoneiros e uma maior aversão aos emergentes a poucos meses das eleições.

"Embora o Brasil tenha vivido um período recente positivo para o mercado de capitais, o tamanho é ainda pequeno e não comporta estratégias em investimentos alternativos e com menor exposição direcional", diz Hermann. Numa democracia ainda em processo de amadurecimento, ele vê os ciclos eleitorais afetando os preços e o ritmo da economia. Foi assim com o governo de Michel Temer, que num primeiro momento foi recebido de braços abertos pelo mercado ao perseguir reformas estruturais, mas viu seu governo ruir a partir do vazamento da conversa com Joesley Batista.

 "A energia passou a ser gasta para se manter no governo. Faz um ano que esse ciclo foi interrompido e, ao longo do tempo, isso impactou as expectativas eleitorais." Agora, em pleno movimento de correção de juros nos EUA e ao acirramento da guerra comercial do governo Donald Trump, mesmo lá fora as apostas direcionais tendem a proporcionar retornos mais magros do que nos últimos anos, diz.

Buscar posições que ganhem com volatilidade e se valer de estratégias sistemáticas são o caminho para navegar por águas mais turvas. Dividido numa rotina entre Miami e São Paulo, o executivo conta que a Leste acaba de montar um escritório em Nova York, justamente para lidar com os novos tempos. Contratou um gestor de portfólio sênior e passou a buscar o reforço de profissionais especializados em estratégias quantitativas. A ideia é trabalhar com o "big data", desenvolver uma modelagem para cavar oportunidades levando em conta um emaranhado de informações à mão.

 Com um patrimônio de cerca de R$ 1,6 bilhão, com parcela expressiva de capital proprietário, localmente a Leste tem presença no Rio e em São Paulo, e fora do Brasil já contava com um escritório em Miami e um braço em Londres. Lá, dois profissionais filtram ações, principalmente entre empresas europeias. Esse time representa boa parte do risco do multiestratégia e trabalha com Hermann desde os tempos de BTG Pactual.

O executivo entrou no então Pactual em 1992, quando o banco tinha 40 funcionários. Assim, ele vivenciou todas as mudanças de nome e estrutura - UBS Pactual até virar o atual BTG Pactual, a partir da recompra da parcela da operação antes vendida para o suíço UBS. Quando deixou a instituição, em 2014, Hermann foi dispensado de cumprir a cláusula de não competição, em troca da compra de units do banco.

Chegou a ser o maior acionista individual, considerando-se o capital em circulação. Mais de um ano depois, ele acabou exposto ao tombo dos papéis, como consequência da prisão do então presidente André Esteves, acusado de obstrução nas investigações da Lava-Jato, e depois inocentado. Com sua mudança para Miami, foi feita uma redução de capital no fundo Fúria, que agrega seus investimentos pessoais, e a fatia atual é da ordem de 1,5%.

O executivo diz que carrega uma participação ainda relevante porque acredita que o BTG apresenta boas perspectivas de crescimento e lucratividade. Hermann conta que sua saída veio num momento em que já estava mais assustado com o Brasil, enquanto o banco mantinha o foco local. Fora das restrições de capital comuns a um conglomerado financeiro, ele também diz que na gestão independente tem mais flexibilidade de atuação.

Na Leste, as estratégias estão divididas em duas classes. Numa delas estão os fundos ilíquidos, que incluem créditos estruturados, desenvolvimento imobiliário nos EUA e disputas jurídicas ("litigation finance"). Na outra, estão os portfólios líquidos: de um lado o multiestratégia, que combina avaliação macro global, com um pedaço pequeno em Brasil, com ações, dívida e uma parcela do risco do fundo Leste Event Driven, que, por sua vez, busca geração de valor após movimentos de fusões e aquisições de empresas no exterior até a aprovação regulatória dos negócios.

Como o foco está em ativos fora do Brasil, o executivo diz não ter restrição de tamanho e hoje tem capacidade para gerir até US$ 2 bilhões. No bloco dos emergentes, o executivo vislumbra um ambiente de preços de commodities mais estáveis, após o ciclo de baixa que se viu três anos atrás, mas lembra que a necessidade de ajustes fiscais e ganhos de eficiência ainda está na ordem do dia.

O Brasil poderia se valer da menor pressão sobre as matérias-primas para atrair capital estrangeiro e a área de exploração de petróleo é uma das que podem ajudar o país a sair da crise, com um potencial de investimento na casa dos US$ 50 bilhões. No mercado internacional, o impacto da guerra comercial liderada por Trump, que até aqui tinha sido pequeno em termos agregados, ameaça bater na confiança dos agentes e no consumo. O caldeirão de incertezas pode afetar o lucro das empresas americanas, com um ciclo um pouco menos favorável para negócios e menor geração de valor para as companhias de maneira mais ampla.

A decisão do Fed de elevar as taxas de juros de curto prazo para o intervalo entre 1,75% e 2% ao ano no mês passado, embora em linha com as expectativas, também está longe de ser trivial para os ativos financeiros globais, cita Hermann.

Para ele, a correção da rota monetária nos EUA tem mudado a percepção dos investidores e é de se esperar que o processo ainda tenha impacto mais relevante nos preços ao aumentar o custo de oportunidade para a alocação de recursos e piorar a eficiência de risco e retorno das carteiras.

Numa economia em que a inflação deixará de ser represada, como resposta vem um aumento mais intenso de juros pelo Fed, que deve prosseguir pelos próximos 12 meses. Esse movimento, que até aqui pouco mexeu com as taxas de longo prazo, tende a ser corrigido neste ano. A tecnologia, afirma Hermann, tem se mostrado um motor de geração de valor na economia global e essa foi uma das razões para que o ajuste monetário do Fed tenha sido absorvidos de maneira suave pelos mercados até aqui.

"Houve uma surpresa no mercado em relação à dimensão da questão tecnológica no ano passado, algo que foi muito potente para suportar os ganhos de produtividade das companhias e que de certa forma se contrapõe ao medo de subida da inflação que ocorreria num ambiente de redução de estímulos monetários", diz.

 

Imbróglio com Lula reforça cautela do mercado

Os mercados financeiros vão retomar os negócios após o feriado paulista de segunda-feira sob o impacto do imbróglio jurídico envolvendo a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dominou o noticiário no fim de semana. Na visão de especialistas ouvidos pelo Valor, a confirmação da continuidade da prisão de Lula pode impedir uma disparada abrupta do dólar e dos juros futuros, assim como limitar a queda da bolsa.

Mas, sem dúvida, a questão reforça o tom já cauteloso dos investidores, que podem exigir um prêmio de risco maior para operar. "É um evento emblemático", diz o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks. Ele acredita que os preços dos ativos não devem sofrer uma forte deterioração hoje porque investidores tiveram tempo para absorver o episódio, que terminou com o ex-presidente ainda preso. "Mas imagine se isso tudo tivesse acontecido com o mercado aberto", diz.

"E imagine o investidor estrangeiro assistindo a tudo isso." O receio de que novas intervenções da Justiça ocorram deve manter o investidor em alerta. "Não tem como apostar a favor." Para o gestor de um grande fundo de São Paulo, o vaivém da Justiça visto no domingo deixa o mercado ainda mais inseguro sobre o que vai ocorrer quando Dias Toffoli estiver à frente do STF. "Investidores vão demandar mais prêmio de risco a partir desse imbróglio", afirma o profissional.

"É difícil dormir tranquilo com posições 'bull' [otimistas] em Brasil neste momento. Quem tinha posição teve seu feriado estragado." Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos, concorda. "O recado ruim que foi passado foi da instabilidade no Judiciário. Em tese, teríamos uma calmaria este mês pelo recesso, mas foi de lá que veio a bomba."

Para o cientista político Andrei Roman, do Atlas Político, o embate jurídico visto domingo foi uma demonstração do crescente ativismo judicial no país, situação que afeta a estabilidade institucional. "Todos envolvidos extrapolaram seus limites de hierarquia", diz. Para Roman, o risco é que, daqui para frente, sempre haja algum tipo de influência política nas decisões da Justiça. "Talvez esse seja o custo que precisa ser pago pelas decisões tão duras do Judiciário contra a corrupção", afirma.

Nesse ambiente, o episódio de domingo deve beneficiar as duas figuras antagônicas desta eleição: o próprio Lula, que ganhou muita exposição e reforçou o discurso de vitimização; e o pré-candidato Jair Bolsonaro, como oposição à força do petista. "Quem perde com isso é o centro, justamente os repositores de esperança para o mercado", diz.

Já para o sócio da Tendências Consultoria, o analista político Rafael Cortez, o episódio envolvendo o ex-presidente Lula pode ter uma leitura positiva por representar uma derrota do petista na batalha jurídica e enfraquecer a chance de sua candidatura. "O prende e solta de Lula mostrou que quem consegue dar a palavra final nesse processo preponderantemente é contra a soltura do ex-presidente e também à possibilidade do petista concorrer à eleição", explica.

Mas ele admite que Lula mostrou que ainda pode "fazer muito barulho". "Ainda que ele não se candidate, o que está claro é que Lula é uma figura importante. É um elefante na antessala da eleição."

 

Ancorar expectativas de 2021 ficou mais difícil para o BC

O Banco Central está tendo um pouco mais de dificuldade para ancorar as expectativas na nova meta de inflação, definida em 3,75% para 2021, do que teve em 2017. A mediana das projeções do mercado financeiro para o índice de inflação de 2021 seguia em 4% até sexta-feira, oito dias úteis depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) definir um objetivo mais ambicioso para o ano.

No ano passado, quando o governo adotou meta de inflação de 4% para 2020, abaixo dos 4,25% vigentes para 2019, as expectativas de inflação se ajustaram mais rapidamente. As projeções de inflação para 2020 caíram de 4,25% para 4% no dia 30 de junho, um dia depois de o CMN divulgar o novo alvo. A capacidade de o Banco Central ancorar as expectativas na meta é um dos termômetros mais importantes da credibilidade da política monetária. Em geral, quanto mais rápido a ancoragem, menor o custo - em termos de juros elevados - para desinflacionar a economia.

Dados divulgados pelo Banco Central no boletim Focus de expectativas de mercado sugerem que poderá levar ainda algum tempo para as projeções caminharem para as metas. A mediana das expectativas de inflação dos 35 analistas econômicos que atualizaram suas projeções nos últimos cinco dias segue em 4% para 2021.

No ano passado, esse conjunto de analistas que atualizou as projeções nos cinco dias anteriores passou a acreditar na meta menor para 2020, de 4%, no mesmo dia em que ela foi definida pelo CMN. Em parte, a ancoragem das expectativas foi favorecida pela edição de um decreto presidencial, em 28 de junho de 2017, que determinou que as metas seriam definidas com dois anos e meio de antecedência, em vez da antecedência de um ano e meio como era a prática desde 1999.

A maior dificuldade do BC em ancorar as expectativas de inflação ocorre em um cenário mais difícil, com aceleração dos índices de preços no curto prazo, forte alta da taxa de câmbio e incertezas sobre o regime monetário e fiscal que vai vigorar no governo a ser eleito neste ano. Alguns economistas também vinham defendendo que, dada a fragilidade nas contas públicas, o país não estaria preparado para adotar metas de inflação abaixo de 4%.

O governo Temer fixou como objetivo a convergência da inflação aos níveis dos demais países emergentes, com metas em torno de 3%. A meta de inflação de 2021 é um sinalizador importante da credibilidade da política monetária porque, ao se situar num horizonte tão distante, ela praticamente não é afetada pelas decisões tomadas pelo BC agora.

Ela é afetada mais pela reputação da política econômica do que pelo manejo de juros ou flutuações da economia no curto prazo. As projeções de inflação para 2021 representam a opinião do mercado financeiro não só sobre a equipe atual do BC, chefiada por Ilan Goldfajn, mas sobre a liderança que estará à frente da instituição a partir do ano que vem e a qualidade mais geral da política econômica.

Apesar das dificuldades maiores do que as enfrentadas em 2017, é possível que o BC atual consiga ancorar as expectativas na meta nas próximas semanas. As projeções dos chamados Top 5 de longo prazo, formado pelos cinco analistas econômicos que mais acertam as suas estimativas, já caíram a 3,75%.

Os indicadores Top 5 não tem sido um termômetro muito preciso, já que o índice de erros na projeções é relativamente alto e os membros do pelotão de elite costumam mudar com alguma frequência - mas não deixa de ser um alento que o fato de que o BC conseguiu ancorar as expectativas de inflação pelo menos desse grupo.

A média das expectativas de inflação para 2021 sofreu um pequeno recuo desde que o CMN definiu a meta para o ano, passando de 3,95% para 3,93%. Ainda assim, segue mais próxima da meta de 4% definida para 2020 do que do alvo de 3,75% estabelecido para 2021.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Indicadores de confiança na economia têm recuo generalizado

O ceticismo com relação à retomada da economia brasileira é generalizado. Em junho, os seis indicadores de confiança da FGV (Fundação Getulio Vargas) caíram, ajudando a compor o cenário de estragos causados pela paralisação dos caminhoneiros.

Embora o recuo tenha sido mais forte em junho, o mais grave é que a piora da confiança antecede a paralisação. Os índices ensaiaram uma melhora que parecia consistente entre o fim do ano passado e o começo de 2018, mas voltaram a cair entre março e abril, semeando dúvidas sobre a real extensão da retomada econômica, que até então se acreditava mais vigorosa.

O quadro geral, diz Aloisio Campelo, superintendente de estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, indica um misto de desconforto com o presente e desconfiança com relação aos próximos meses em setores que representam cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto).

Os indicadores de confiança da FGV captam o ânimo de indústria, comércio, serviços e construção civil, além de empresários e consumidores.

A escala vai de zero (desconfiança total) a 200 pontos, sendo 100 pontos o nível neutro. Historicamente, a escala oscila entre 60 e 140.

Hoje, todos os índices estão abaixo de 100 pontos, o que indica pessimismo. A exceção é a confiança da indústria, que caiu, mas ainda está nos 100.

Para Campelo, empresários desconfiam da capacidade do governo de tomar medidas para acelerar a economia, fora toda a incerteza política.

Mas nada foi mais chamuscado pelo quadro de incertezas do que a confiança dos consumidores. A queda foi de quase cinco pontos em junho— a maior desde fevereiro de 2015 e uma clara resposta ao desalento que se instalou no mercado de trabalho.

A confiança da construção também preocupa porque, além de não reagir, está bem abaixo do nível neutro, levada pela falta de recursos do governo para tocar obras, dificuldades pelas quais passam as empresas envolvidas na Lava Jato e pelo fraco desempenho do mercado residencial.

Diante disso, o próprio Banco Central revisou as previsões para o crescimento econômico —de 2,6% para 1,6%--, apontando, entre outros fatores, a "acomodação dos indicadores de confiança de empresas e consumidores".

Após reduzirem as suas projeções do PIB pela metade (de 3% para 1,5%), os economistas aguardam os próximos indicadores de confiança para decidir os passos seguintes.

Marcelo Gazzano, economista da consultoria ACPastore, estima alta de 1% para o PIB em 2018 ou até um pouco mais do que isso, mas diz que espera a próxima safra de índices de confiança para ter um quadro mais claro.

"Para crescer menos que 1%, os efeitos da greve devem ser um pouco mais duradouros sobre a confiança. Mas isso é uma coisa que vamos saber apenas nos próximos meses. Difícil cravar algo agora", diz.

 

Novo marco do saneamento cria agência reguladora e regras para PPPs

Medida provisória publicada nesta segunda-feira (9) no Diário Oficial da União determina que a ANA (Agência Nacional de Águas) passe a ser a reguladora do saneamento básico no caso das cidades que quiserem receber serviços ou recursos do governo federal.

A mesma medida ainda institui as normas que possibilitam que investimentos em saneamento sejam feitos através de PPPs (Parcerias Público-Privadas).

O texto é considerado pelo governo como uma modernização do marco regulatório do setor. Ao mesmo tempo, a expectativa é que a MP traga segurança jurídica suficiente para garantir investimentos privados na área.

Atualmente, a maior parte dos investimentos é realizada por companhias estatais.

De acordo com dados do Ministério das Cidades, o índice de esgoto tratado no Brasil não chega a 50%.

"Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) para 2016 indicam que a proporção de esgoto tratado encontrava-se em 44,9%, quando se considera o esgoto gerado, e 74,9%, quando se considera o esgoto coletado. A ausência desses serviços incide diretamente nos gastos de saúde, atingindo prioritariamente as regiões mais pobres do país", afirmou a pasta em nota.

A MP determina que caberá à ANA estabelecer os padrões de qualidade e eficiência na prestação de serviços de saneamento básico, além de realizar a regulação tarifária dos serviços públicos no setor.

O texto ainda afirma que a agência deverá padronizar os instrumentos de negociação da prestação de serviços de saneamento.

A regulação da agência, segundo a medida provisória, deverá se nortear pela "livre concorrência, a competitividade, a eficiência e a sustentabilidade econômica na prestação dos serviços".

Essa regulação valerá para os municípios que quiserem receber recursos ou serviços do governo federal.

"O acesso aos recursos públicos federais ou à contratação de financiamentos com recursos da União ou com recursos geridos ou operados por órgãos ou entidades da administração pública federal, quando destinados aos serviços de saneamento básico, será condicionado ao cumprimento das normas de referência nacionais para a regulação da prestação dos serviços públicos de saneamento básico estabelecidas pela ANA."

 

O GLOBO

Com greve, crescimento econômico de 1,5% neste ano já é visto como ‘teto do PIB’

A expectativa de que 2017 seria um ano de retomada da economia está sendo frustrada a cada novo indicador divulgado nas últimas semanas, principalmente de números que refletem os efeitos da greve de caminhoneiros. A avaliação é que a paralisação freou ainda mais um ritmo que já vinha mais fraco que o imaginado. Já há quem veja um crescimento da ordem de 1,5% — consenso no mercado financeiro — como espécie de “teto” para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. No início do ano, analistas chegavam a projetar avanço de 2,9%, e os mais otimistas arriscando previsões acima dos 3%, embalados pelo crescimento acima do esperado em 2017.

— Hoje em dia, 1,5% seria o teto. É o que estamos projetando, mas esperando para ver. Em agosto (quando os efeitos da greve forem dissipados), vamos ver melhor qual é o cenário — destaca Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, que previa alta de 2,5% no início do ano.

O mercado financeiro em geral começou o ano com previsões até mais otimistas, como mostra o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central. Na máxima do ano, entre o fim de fevereiro e o início de março, a mediana das projeções chegou a bater os 2,9%. As expectativas passaram a cair meses depois, com a dificuldade de recuperação do mercado de trabalho e despencaram de vez a partir da greve. No mais recente relatório, divulgado nesta seguna-feira, a mediana estava em 1,53%. No mesmo documento, os analistas elevaram pela oitava semana seguida a estimativa para a inflação oficial, que agora é de 4,17%. Para 2019, a previsão ainda é de crescimento de 2,5%.

Uma série de indicadores tem sustentado as revisões para baixo. No início do mês, a Anfavea, associação que representa as montadoras, informou que a produção de veículos recuou 20,2% em maio, frente a abril. O transporte de cargas teve queda de 27,7%, a maior em 19 anos, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). A produção industrial recuou 10,9%, mostrou o IBGE na semana passada. Para Leal, do ABC, os números que refletem a paralisação são “a cereja do bolo” de uma retomada que já vinha decepcionando.

Grandes bancos também já revisaram suas projeções para baixo. O Bradesco atualizou sua previsão de crescimento de 2,5% para 1,5%. No Itaú, a projeção é de 1,7%. Até mesmo o Banco Central derrubou, na semana passada, a estimativa de crescimento deste ano de 2,6% para 1,6%.

— Há muitas incertezas tanto no cenário doméstico, com as eleições, quanto no externo, com a guerra comercial concreta iniciada pelo presidente Donald Trump. Além disso, a greve dos caminhoneiros trouxe prejuízo concreto para a indústria, por exemplo no setor de aves, onde o ciclo reprodutivo foi interrompido com a morte de muitas delas — avalia Thiago Xavier, economista que analisa atividade econômica na consultoria Tendências.

O problema, destacam os especialistas, é a consolidação de um ciclo vicioso. As incertezas travam investimentos, que adiam uma retomada do mercado de trabalho e interferem no avanço do consumo, uma das principais bases do PIB brasileiro.

— O cenário é adverso para recuperação do investimento. Alguns projetos que foram desengavetados na indústria, no primeiro semestre, foram apenas para modernizar ou manter a competitividade. Não se viu investimento de porte para ampliação da capacidade. E isso não deve acontecer até o final deste ano — aponta o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

É um panorama que afeta o caixa de empresas como a Cabovel, do setor de autopeças, com cinco unidades em São Paulo (duas em Osasco e três em Vinhedo). A fabricante de cabos para aceleradores, embreagens e freios viu sua receita cair 28,5%, no mês de maio, consequência da greve dos caminhoneiros. A companhia deixou de receber componentes e matéria-prima para as linhas de produção, que diminuiu de ritmo, embora não tenha parado totalmente porque boa parte dela já estava programada. A Cabovel, que exporta para toda a América Latina, Estados Unidos e Alemanha, também não conseguiu escoar seus produtos até o Porto de Santos.

— Do dia 21 de maio, data do início do movimento, até o final do mês não faturamos nada. E este período do mês representa 30% de nossas receitas — conta Nasser Barbosa, gerente comercial de reposição da empresa, lembrando que se o movimento durasse mais uma semana as fábricas ficariam paralisadas por falta de material.

Xavier, da Tendências, destaca que a confiança do consumidor e dos empresários também recuou com a fragilidade do governo Temer em negociar com os grevistas, tabelando o valor dos fretes.

— Isso pode abrir espaço para outras categorias fazerem reivindicações — diz o economista.

Saques do PIS/Pasep ajudam

Um dos únicos fatores com impacto positivo na economia, no segundo semestre, é a volta do saque dos recursos do PIS/Pasep, que pode impulsionar um pouco o consumo, já que as famílias estão menos endividadas do que quando receberam os recursos do Fundo de garantia Por Tempo de Serviço (FGTS), no ano passado.

— Na nossa estimativa, se 60% desses recursos forem para o consumo, haverá impacto de 0,3% no PIB. Esse impacto já está embutido na nossa previsão de crescimento de 1,7% — diz Xavier, da Tendências.

No banco Santander, a estimativa de crescimento do PIB foi revisada de 3,2% para 2%, principalmente por conta dos dados frustrantes da indústria e da recuperação mais lenta do mercado de trabalho, especialmente nas categorias onde o emprego é formal.

— Entre impactos diretos, que são vistos na produção industrial, por exemplo, e indiretos, como a queda da confiança dos consumidores avaliamos uma queda de 0,7 ponto percentual no PIB deste ano, que já está contemplada em nossa previsão — diz o economista Rodolfo Margato, do banco Santander, que cita ainda o cenário de incerteza trazido pela eleição.

Na Guide Investimentos, o crescimento da economia foi revisado de 2% para 1,8% e o viés continua sendo de baixa. O economista da Guide Investimentos, Ignacio Crespo Rey, observa que a mediana das estimativas para o PIB apresentadas pelo boletim Focus caiu mais de 40% nos últimos dois meses, o que não é pouco. Ele lembra que os efeitos positivos da queda da taxa de juros Selic ainda não foram totalmente repassados à economia, o que pode contrabalançar um pouco os fatores negativos. Mas ele lembra que a incerteza segue alta, o que inibe o consumo e o investimento.

— O índice de incerteza calculado pelo Ibre/FGV de junho chegou a 125,1 pontos. Dada a média de 100,4 desde o início da série, hoje a incerteza está quase 25% acima do patamar histórico — afirma ele.

Risco de nova recessão

O banco suíço UBS revisou recentemente a estimativa de crescimento do PIB de 2,2% para 1,8%. Os motivos para essa revisão foram os dados mais fracos da atividade econômica no primeiro trimestre, que ficou em 0,4%, ante a previsão de 1%. A instituição financeira lembra que houve um ensaio de recuperação em abril, mas a paralisação dos caminhoneiros, em maio, causou impacto não só na atividade, mas também a confiança de empresários e consumidores.

Diante desse cenário, já há quem veja até o risco de uma nova recessão. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, chegou a prever alta de 3% do PIB em 2018. Hoje, espera 1,9%, em um cenário sem reviravoltas políticas, o que considera “menos provável”. O cenário político vai determinar se 2019 será de crescimento ou até de novos números negativos, como em 2015 e 2016:

— Existe sim (risco de recessão), já para o próximo ano a depender de quem ganhar (as eleições). A economia ainda está muito frágil e qualquer desvio de rota nos joga em crise de novo. Talvez isso seja necessário para quebrar a espinha dorsal das corporações finalmente. Talvez só assim será claro que precisaremos, por exemplo, de uma reforma da previdência de verdade. Talvez a recessão que tivemos não tenha sido suficiente para quebrar os privilégios de Brasília e de quem se sustenta no Estado. Uma outra crise poderá ser necessária para deixar isso incontornável.

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS