Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

EUA lançam "a maior guerra comercial da história econômica", diz China

Os Estados Unidos implementaram nesta sexta-feira a sobretaxa de 25% sobre US$ 34 bilhões em importações chinesas. Pequim anunciou retaliação imediata à medida. "Os EUA iniciaram a maior guerra comercial da história econômica", afirmou o Ministério do Comércio da China por meio do porta-voz, Lu Kang. "Os Estados Unidos violaram claramente as regras da OMC [Organização Mundial do Comércio]", afirma Lu Kang.

O Ministério do Comércio da China disse que se reportará à OMC e trabalhará com outros países para proteger o sistema internacional de livre comércio. Enquanto isso, o governo disse que tomaria medidas para ajudar as empresas afetadas pelo conflito comercial. Ontem, o presidente americano, Donald Trump, disse que taxas mais altas sobre outros US$ 16 bilhões em bens da China vão entrar em vigor dentro de duas semanas. As hostilidades tendem a aumentar.

A administração Trump acusa a China de práticas predatórias em um movimento para superar a dominância tecnológica dos Estados Unidos, acusação rejeitada por Pequim. Não foi só com a China que o governo americano tensionou as relações - Washington aumentou as tarifas para o aço, alumínio e veículos importados da Europa, Canadá, México e Japão.

A perspectiva de confronto de Trump se aplica a outros parceiros comerciais assim como para a China, ressalta o estrategista-chefe do JP Morgan Asset Management, Tai Hui, em relatório. "Isto é uma preocupação potencial para a perspectiva do investimento corporativo e do consumo no mundo", acrescentou.

O jornal China Daily acusou a gestão Trump de "se comportar como um grupo de arruaceiros" e aponta que aquela administração vai prejudicar a economia global "a menos que outros países a contenha". A Câmara Americana de Comércio na China apelou para que ambas as partes negociem um acordo. "Não existe vencedores em uma guerra comercial", disse o presidente da entidade, William Zarit, em nota.

Ele apontou que as empresas americanas querem um tratamento mais justo, mas serão afetadas pelas tensões entre Estados Unidos e China. "Pedimos que os dois governos voltem à mesa de negociações", ressalta.

Assim como outras autoridades da comunidade internacional, as companhias temem que a disputa se amplie e esfrie o crescimento econômico global. “Guerra comercial nunca é solução”, sustentou o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, durante visita oficial na Búlgaria, onde participa de uma cúpula com países do Leste europeu. “A China nunca começaria uma guerra comercial, mas, se qualquer parte recorrer a um aumento das tarifas, a China tomará medidas em resposta para proteger os seus interesses de desenvolvimento", afirmou.

 

Aumenta interesse de empresas por empréstimos em dólar

Enquanto o mercado de emissões de títulos de dívida no exterior desacelerou em junho - em função da maior aversão a risco que afeta ativos emergentes -, a demanda de empresas brasileiras por empréstimos em dólar voltou a crescer ao oferecerem custos mais atrativos que os das linhas de crédito domésticas, segundo relatos de bancos.

Nessa operação, realizada na modalidade conhecida como "4131", em referência à lei que disciplina a aplicação de capital estrangeiro e remessa de valores para o exterior, o banco empresta recursos em dólar para a empresa e faz uma operação de troca ("swap") do custo da dívida em moeda estrangeira por Certificado de Depósito interfinanceiro (CDI).

Assim, no fim da transação, é como se a empresa tivesse contratado uma dívida em reais. "O número de cotações para essas operações recebidas pelo banco em junho foi mais que o dobro do registrado normalmente", diz Anderson Godoi, chefe da tesouraria do Banco MUFG Brasil.

No MUFG, o volume de operações 4131 fechadas somente em junho foi maior que o total verificado entre janeiro e maio 2018. Nesses empréstimos, as empresas tomam recursos a um custo equivalente à taxa Libor mais um spread, que varia de acordo com o risco da companhia.

Para se protegerem da oscilação da moeda estrangeira, aplicam na taxa do cupom cambial, que representa o juro em dólar no Brasil. Com a alta da taxa do cupom cambial em junho, o custo do hedge ficou mais barato porque abriu a distância em relação à Libor.

Essa diferença, que era de 0,80 ponto percentual no início do ano, chegou a 1,50 ponto em junho, o que fez com que os empréstimos em dólar passassem a ficar mais atrativos que as linhas domésticas. "Em geral, quando a taxa do cupom cambial sobe vemos um aumento da demanda por esse tipo de operação", diz Luis Kondic, superintendente de vendas corporativas da tesouraria do Citi Brasil.

Segundo Godoi, do MUFG, toda vez que há aumento dessa arbitragem de taxas, as empresas aproveitam para antecipar a tomada de recursos. Esses empréstimos funcionam como uma linha de capital de giro em dólar, cujo prazo gira, em geral, em torno de um a dois anos. Eles são contratadas principalmente por empresas brasileiras que não têm receitas em dólar ou subsidiárias de multinacionais.

Por isso, o custo do hedge tem grande influência na demanda por esse produto. Esses empréstimos funcionam como uma linha de capital de giro em dólar, cujo prazo em geral fica entre um a dois anos, e são contratadas principalmente por empresas brasileiras que não tem receitas em dólar ou subsidiária de multinacionais. Por isso, o custo do hedge tem grande influência na demanda por esse produto.

A transmissora de energia ISA Cteep, por exemplo, aprovou a captação de US$ 150 milhões nessa linha pelo prazo de até dois anos, cujo custo já seria convertido para reais por meio de uma operação de swap. A ideia da empresa é rolar um empréstimo também na modalidade 4131 tomado no ano passado, no valor de US$ 50 milhões, que vence agora em meados de julho e tinha um custo de 101,4% do CDI.

Segundo o gerente financeiro da companhia, Thiago Lopes, hoje essa operação está mais barata que a emissão de uma debênture no mercado local ou de um bônus no exterior, mas o fechamento da operação, contudo, vai depender das condições de mercado. "A opção de uma emissão de bônus fazia sentido no início do ano, mas agora não mais por conta do aumento dos juros no mercado americano e do custo de emissão para países emergentes", diz.

No MUFG, por exemplo, a maior demanda foi registrada nas operações que são captadas em dólar, mas já têm o custo fixado em reais, com o próprio banco assumindo o risco da variação cambial. "Esse tipo de operação é demandada por subsidiárias de multinacionais que não podem fechar operações de hedge no Brasil ou por companhias que não querem correr o risco de variação cambial", diz Godoi.

Desde o início de junho, o BNP Paribas registrou um total de US$ 500 milhões entre empréstimos fechados e em andamento. "Cerca de 80% das operações do banco foram com multinacionais", diz Sérgio Machado, chefe de vendas da mesa de renda fixa para clientes corporativos no Brasil do BNP Paribas.

Em geral, os bancos estrangeiros conseguem ser mais competitivos nesses empréstimos porque captam a um custo mais barato fora. A vantagem desse financiamento é que, diferentemente das linhas domésticas, ele é isento da cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para prazos acima de seis meses.

Embora a taxa do cupom cambial já tenha recuado desde o pico registrado no fim de junho, o custo desse empréstimo ainda está atrativo quando comparado a uma linha de capital de giro no mercado local. "Para operações acima de seis meses, dependendo da empresa, pode sair com um custo próximo a 100% do CDI", diz Machado, do BNP.

A chefe da área de multinacionais do ING, Marina Kieran, afirma que essas linhas devem continuar atrativas por enquanto. "A taxa do cupom cambial recuou um pouco, mas ainda está em níveis atrativos quando comparado com o início do ano." Em junho a taxa do cupom cambial subiu em função da piora do risco de crédito do Brasil, que acompanhou o movimento de outros países diante da possibilidade de um aperto maior de juros nos Estados Unidos.

Somente em junho, o Credit Default Swap (CDS) do Brasil de cinco anos subiu 48 pontos e hoje é negociado próximo de 264 pontos. Nesse cenário, a taxa de juros em dólar no Brasil tem que ser mais alta para atrair o investidor estrangeiro para aplicar no país. Outro fator que contribuiu para a alta da taxa do cupom cambial foi a atuação do Banco Central no câmbio. O BC ampliou as vendas de swap cambial, tendo colocado US$ 36,4 bilhões no mercado no mês passado.

Nessas operações, o BC se compromete a pagar aos investidores a taxa do cupom cambial mais a variação do câmbio. O aumento da colocação desses contratos, que têm o mesmo efeito de uma venda de dólar no mercado futuro, ajudou a puxar a taxa do cupom cambial para cima - e para aliviar a pressão, a autoridade monetária ofertou linhas de dólar e melhorou a liquidez no mercado de câmbio.

Apesar da maior demanda por empréstimos em dólar em junho, a dívida total em moeda estrangeira das empresas brasileiras não tem aumentado. E isso se deve tanto ao processo de desalavancagem financeira das empresas desde a crise econômica, com a recompra de dívidas caras e redução do nível de endividamento, quanto ao cenário de maior aversão a risco no exterior, que levou a um aumento do dólar no mundo, com impacto direto sobre os custos das emissões de dívida lá fora. Dados do BC mostram que a dívida externa das empresas, excluindo empréstimos dentro do mesmo grupo, caiu de US$ 106,4 bilhões em junho de 2017 para US$ 105,5 bilhões no mês passado.

 

Nosso objetivo no câmbio não é determinar um patamar, diz Ilan

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reiterou em entrevista à GloboNews na noite desta quinta-feira (5) que o objetivo da autoridade monetária é garantir o bom funcionamento do mercado de câmbio, sem procurar definir a cotação do dólar. “Nosso objetivo no mercado de câmbio é dar tranquilidade, não é determinar um patamar”, disse, em entrevista à jornalista Miriam Leitão.

Questionado quando o BC poderia voltar a vender swaps novos, Ilan disse que “vai ser no momento em que não houver o que a gente considera liquidez, funcionalidade, quando houver sensação de pânico”. “Não é a questão do preço, se está caindo ou se está subindo”, disse o presidente do Banco Central. “Mas a percepção de que houve alguma mudança de visão muito rápida e não houve a capacidade de o mercado se adaptar a isso.” “Vamos oferecer tranquilidade para que os preços dos ativos reflitam a realidade brasileira”, disse Ilan.

Segundo ele, o objetivo do BC é “evitar excessos, evitar disfuncionalidades, evitar momentos de iliquidez”. “A gente tem que levar em consideração que o que determina os valores dos ativos do Brasil é a nossa capacidade de continuar as reformas, os ajustes, continuar na responsabilidade fiscal”, afirmou.

“Continuar mantendo a inflação baixa, a recuperação da economia. É isso que vai fazer a diferença para frente.” Segundo ele, uma eventual alta de juros só seria justificada se o choque do dólar e as pressões atuais na inflação contaminarem as expectativas de inflação de prazos mais longos. Subir juros Questionado se o Banco Central consideraria subir os juros se o choque externo, que levou à alta do dólar, bater na inflação, ele respondeu positivamente: “Sim, no momento em que esse choque bater na inflação, nas expectativas, na inflação no horizonte relevante olhando para frente”, respondeu Ilan.

Ele esclareceu que se referia às expectativas de inflação “para 2019, para 2020, olhando mais adiante”. “Vamos nos dedicar a olhar o aumento temporário de inflação e ver se há algum elemento perene”, disse, repetindo o que o BC já havia comunicado nos seus documentos oficiais na semana passada. “Vamos nos debruçar nessa inflação para ver se tem algum impacto mais perene desse choque, que é temporário, certamente. Mas temos que olhar para frente.”

Ilan disse que o índice mensal de inflação de junho deverá ser mais alto devido a choques temporários que afetaram a economia no curto prazo, como a greve dos caminhoneiros. “Houve uma greve que vai fazer a inflação de junho ser elevada, vamos ter esse dado em breve”, disse. “Também temos o impacto do que está acontecendo no choque externo, o cenário internacional mudou. Há questões relacionadas a reformas e ajustes no futuro. Como vão ocorrer.”

Ilan também justificou a definição de uma meta de inflação em 3,75% ao ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021, dizendo que nesse horizonte o objetivo está fora das flutuações cíclicas de curto prazo e pode refletir os fundamentos da economia.

Cartel

O presidente do Banco Central também afirmou que não há um cartel de câmbio no Brasil, em alusão ao fato de empresas exportadoras estarem movendo processos judiciais cobrando supostos prejuízos decorrentes do alegado cartel de câmbio. “Não, não há. Essa foi uma questão específica levada ao Cade”, completou, referindo-se ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “O Cade está tocando isso. Acho que não houve maiores influencias na taxa de câmbio. Mas acho que o Cade vai se pronunciar a esse respeito. Esse é o caminho.”

Spreads bancários

O presidente do Banco Central negou também a instituição tenha adotado a agenda dos bancos no debate sobre os altos juros e spread bancário no pais. Segundo ele, o BC tem tomado medidas para ampliar a concorrência na área. “Especificamos que temos de nos concentrar na concorrência”, disse.

A entrevistadora afirmou ver semelhanças entre o diagnóstico do Banco Central sobre os altos juros bancários, apresentado no Relatório de Economia Bancária, com os pontos defendidos pelas associações que representam os bancos. Segundo ela, a ênfase era menos sobre a concentração bancária e mais sobre itens da agenda de bancos, como medidas para reduzir a inadimplência.

Ilan respondeu que o BC tem tomado medidas para ampliar a concorrência, como a portabilidade das contas bancárias e um ambiente regulatório que incentiva os bancos pequenos e médios e a criação de fintechs. “Inclusive, de fato os spreads têm caído”, sustentou. “Está caindo, gostaríamos que caísse mais rápido.” Ele disse que pontos levantados pelo sistema bancário também são verdadeiros, como os ligados ao alto "custo Brasil".

“Temos que trabalhar com a concorrência, mas há também vários componentes do 'custo Brasil' que afetam não só o setor bancário, mas a economia como um todo”, afirmou. Dívida pública Ilan disse ainda que “não é o caminho” para resolver o problema fiscal do pais a imposição de eventuais limites para o pagamento de juros da dívida pública. Sua resposta foi dada quando questionado sobre propostas de candidatos a presidente da República de impor limites aos gastos com juros da dívida.

“Considero que a nossa visão futura sobre a responsabilidade fiscal, sobre a capacidade de colocar as contas públicas em ordem no futuro, é fundamental”, disse Ilan. “É isso que vai dar tranquilidade, vai dar capacidade de ter um juro menor.” Ilan disse que “todos nós somos detentores da dívida pública”. “Todos investimos em fundos, em Tesouro Direto. Na verdade, todos nós nos beneficiaríamos de um juro menor ao longo do tempo.”

 

Falta de reformas pode gerar mais turbulência que a desvalorização cambial, diz Giambiagi

A desvalorização do câmbio nas últimas duas semanas vai se revelar "café pequeno" em comparação às turbulências que podem ocorrer nos próximos meses se o mercado financeiro concluir que as reformas não serão realizadas. A avaliação é de Fabio Giambiagi, chefe do Departamento de Pesquisas Econômicas do BNDES. "Aquela alta do dólar de 15 dias atrás é café pequeno diante do tamanho da confusão pode ter pela frente, em algum momento entre setembro e março do ano que vem, se cair a ficha do mercado de que haverá zero de reformas. Então, é importante que isso fique claro", disse o economista, durante evento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio.

Giambiagi fez o alerta ao comentar os cenários traçados na Estratégia Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, planejamento lançado pelo governo em junho que se propõe a traçar cenários para o crescimento do país ao longo dos próximos 12 anos. A crítica é que o plano não inclui um cenário sem a ocorrência de reformas. "É importante que isso fique claro, porque a impressão é que 99% das pessoas ignoram esse risco, de que podemos estar na iminência de uma confusão muito grande, que pode levar a cenários extremos, que a imaginação está livre para avaliar", disse o economista do BNDES.

De acordo com o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode crescer 2,3% ao ano, até 2031, considerando um cenário com reformas que viabilizam o equilíbrio fiscal, mas sem reformas microeconômicas. Num cenário mais otimista, com reformas mais amplas no país, o PIB cresceria em ritmo mais acelerado, de 3,9% ao ano. "Não sei se há espaço para incorporar [um cenário mais negativo], mas é preciso passar para a sociedade que há o cenário do desastre", disse o economista.

Giambiagi também comentou as críticas à atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. Para ele, sem a atuação da autoridade monetária, a desvalorização do real frente ao dólar seria ainda mais intensa. "O governo vendendo um caminhão de swaps e o câmbio foi de R$ 3,30 a R$ 3,90 hoje. Imagine sem essa política", indagou. Diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Souza Junior disse que o documento também trata de cenários alternativos, mas sem quantificá-los.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Depois da Copa, preocupação com as eleições e as contas do governo

O término da Copa do Mundo de Futebol daqui a pouco mais de uma semana, em 15 de julho, engatará de bate-pronto uma série sequencial de eventos domésticos, no campo político, na largada formal rumo às eleições presidenciais de outubro – o primeiro turno em 7 de outubro e o segundo, em 27 do mesmo mês. Indicação de um período de fortes emoções e torcida, assim como o vivido na temporada de jogos da copa.

A expectativa é que essa sucessão de eventos lancem um pouco de luz e esclareçam dúvidas sobre quem é quem, entre os potenciais candidatos, na corrida ao Palácio do Planalto. Principalmente para o mercado financeiro e investidores, segmento em que crescem as preocupações e as incertezas político-econômicas, a menos de três meses das eleições presidenciais.

Agenda política

O calendário eleitoral prevê que os partidos políticos escolham seus candidatos, em convenções partidárias, entre 20 de julho e 5 de agosto e registrem seus candidatos na Justiça eleitoral até 15 de agosto.

A definição formal das candidaturas, principalmente à Presidência da República, em um primeiro momento, e os dados de pesquisas eleitorais que apontem o favoritismo de cada um serão o principal foco do mercado financeiro.

Investidores não disfarçam sua torcida pela vitória de um candidato a presidente da República comprometido com o ajuste fiscal que leve ao reequilíbrio das contas públicas. A pedra de toque seriam as reformas econômicas, sobretudo a da Previdência Social.

Principal aposta na retomada do crescimento e ponto de sustentação do mercado financeiro ao governo de transição, a aprovação da reforma previdenciária não foi entregue pelo presidente Temer, em meio a uma série de trapalhadas políticas.

Dívida pública traz riscos

A reforma da Previdência é tema sensível para o mercado porque é vista como uma das principais vias para a geração de superávit primário (saldo positivo entre receitas e despesas do governo, sem incluir os juros da dívida pública). Sem superávit fiscal e com a dívida pública crescente, os credores do Tesouro ou os detentores dos títulos da dívida federal temem eventual risco de não receber de volta o dinheiro que financia o déficit público.

Essa possibilidade foi minimizada enquanto os juros que remuneram esses títulos permaneceram elevados e a situação fiscal estava sob aparente controle, o que não ocorre agora. A taxa nominal de juro, referenciada na Selic, está em 6,50% ao ano. Com o risco considerado crescente e a redução de atratividade dos títulos públicos, investidores ressabiados também com as incertezas da disputa eleitoral estariam migrando os recursos para o mercado de dólar. Ou, no caso de estrangeiros, levando o dinheiro de volta ao exterior.

Essa movimentação tem sido um dos principais fatores de pressão sobre o dólar, que não interrompe a trajetória de alta, apesar das intervenções reforçadas do Banco Central no mercado. Cotado por R$ 3,93 na venda, a moeda americana fechou ontem no nível mais alto desde março de 2016.

Pressão externa

Tem alimentado o fôlego de alta do dólar também a valorização da moeda americana nos mercados mundiais, puxada pela expectativa de elevação dos juros americanos e de acirramento da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China.

A ata do Federal Reserve (Fed, banco central americano), divulgada ontem, aponta que o banco é favorável à continuidade da alta gradual dos juros nos EUA. Quanto mais sobem os juros lá, mais atração os títulos americanos exercem sobre os capitais investidos em outros mercados, incluído o brasileiro. Além de ficarem mais rentáveis, são títulos considerados seguros, com menos riscos que os de outros países.

A disputa entre EUA e China, que ganha cada vez mais nuances de guerra comercial, vive novo capítulo nesta sexta-feira, com o início de taxação de produtos chineses que chegam ao mercado americano. O agravamento da disputa comercial é visto como nocivo ao crescimento econômico global e fonte de novas tensões, porque pode gerar efeitos protecionistas, inclusive com distorções e manipulações no mercado de moedas.

Tudo indica que fatores de instabilidade, capazes de interferir nas cotações do dólar, nas taxas de juro e nos preços de ações, não faltarão daqui para a frente. Fontes de turbulência internas, ligadas às dúvidas e incertezas político-eleitorais, e externas, associadas à elevação dos juros americanos e ao possível agravamento da disputa comercial entre EUA e China. Um cenário que exige atenção e cuidados redobrados de quem investe recursos no mercado financeiro.

Cenário de volatilidade que chama a atenção para a necessidade de observância das três características de um investimento, antes da escolha de um, para não amargar perdas: rentabilidade, liquidez e segurança.

O que priorizar

Segundo especialistas, em um momento como este, a rentabilidade deve ficar em segundo plano, e ser dada preferência à liquidez e segurança. Especialmente à liquidez, à possibilidade de movimentar rapidamente os recursos, com rendimento, seja em busca de melhores opções com melhor desempenho, quando a oportunidade surgir, ou de segurança, se preciso.

Por definição, os mercados de renda variável – como o de ações e dólar -são mais instáveis e oferecem maior risco, que se agrava em momentos de instabilidade e incertezas. O segmento de renda fixa, com menos riscos, embora seja também menos rentável em regime de juros baixos, é considerado o porto seguro para um momento de transição em que a liquidez e a segurança são mais importantes que a rentabilidade.

A dica são opções com juros pós-fixados, como o Tesouro Selic, em aplicação pela internet no Tesouro Direto, que rende de acordo com a variação da taxa Selic. Ou os fundos DI, que igualmente rendem a Selic, porque têm a carteira formada por LFT (Letra Financeira do Tesouro), título público que também tem o rendimento atrelado à Selic.

Esses fundos são competitivos em relação à caderneta de poupança desde que a taxa de administração seja menor que 0,50% ao ano. Como esse custo é cobrado em geral apenas para aplicação de grandes volumes de recursos em que o pequeno aplicador não tem vez, a maioria dos investidores com valor miúdo está preferindo a caderneta. Afinal, tanto a poupança como o fundo DI tem, quando muito, apenas protegido o capital contra a inflação.

Dados do Banco Central divulgados ontem apontam que a caderneta teve uma captação líquida (volume de depósitos acima de saques) de R$ 7,350 bilhões no primeiro semestre, dos quais R$ 5,639 bilhões apenas em junho. Nos primeiros seis meses de 2017 a poupança registrou saldo negativo (resgates superiores aos depósitos) de R$ 12,290 bilhões.

A caderneta está rendendo 0,37% ao mês ou 4,55% ao ano, que corresponde a 70% da taxa Selic de 6,50% ao ano.

 

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