Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Dólar alto reforça debate sobre estratégia do BC no câmbio

A estratégia do Banco Central para o câmbio volta a chamar a atenção do mercado num momento em que o dólar encontra pouco espaço para alívio. A divisa americana parece ter subido de patamar e agora ronda o nível R$ 3,90. Isso não significa, entretanto, que a expectativa por novas intervenções da autoridade monetária esteja crescendo.

A pressão para que o BC volte a atuar parece contida já que a desvalorização do real não está muito mais acentuada do que os pares emergentes, e não há qualquer sinal de ataque especulativo. Até agora, foram sete sessões consecutivas sem ofertas líquidas de swap cambial, período em que a moeda brasileira se desvalorizou quase 3% - pior, mas não muito distante do desempenho de peso chileno e dólar da Nova Zelândia.

Para o economista-chefe do Rabobank Brasil, Maurício Oreng, as condições de mercado justificam um dólar mais forte no curto prazo, mas o movimento tem sido apenas gradual. O especialista calcula, inclusive, que o valor justo de curto prazo para a moeda seria próximo de R$ 4,10. "Os fundamentos apontam uma depreciação cambial de curto prazo e isso é percebido contra todas as moedas emergentes", diz.

O ambiente de negócios é bem diferente da escalada do dólar observada no segundo trimestre, quando o real foi comparado a lira turca e ao peso argentino. Naquela época, a moeda americana acumulou alta de 19% - quando saiu de R$ 3,30 para R$ 3,92 - entre o começo de abril e 7 de junho. Foi naquele dia que o Banco Central anunciou o programa de liquidez de US$ 24,5 bilhões em swap cambial.

"O BC tirou o componente de volatilidade forte, de especulação", diz um profissional de Tesouraria. Com isso, o ímpeto comprador no mercado também foi amenizado, o que prevalece até o momento. "A piora do mercado agora é bem gradual, alinhado ao exterior, e o BC pode deixar o mercado andar", acrescenta. Ontem, o dólar fechou em R$ 3,8953, em baixa de 0,44%, num dia favorável a ativos de risco lá fora.

Na avaliação dos especialistas da Icatu Vanguarda, o real parece "apenas" seguir o humor global em torno do dólar no mundo. Sendo assim, não se denuncia um "descolamento maior ou irracionalidade (falta de liquidez)", dando sustentação a um movimento de alta da moeda americana por aqui.

A postura mais neutra do BC agora também serve para deixar um recado para o mercado, na avaliação de Oreng, do Rabobank: a autoridade monetária não tem compromisso com níveis de preços. "Fica mais claro que a intervenção vem para dar funcionalidade ao mercado e suprir a necessidade de proteção quando as apostas estão mais unilaterais", diz o especialista.

A presença da autoridade monetária se faz na forma de uma "intervenção verbal". O BC tem reafirmado que não vê restrições para que o estoque de swaps cambiais exceda consideravelmente os volumes máximos atingidos no passado. Além disso, a autarquia já afirmou que realizará, sempre que necessário, leilões de swap cambial e de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), de acordo com as condições de mercado. Para o economista-chefe na NGO Corretora, Sidney Nehme, o momento serve para o BC observar o mercado, não intervir. Há uma série de fatores de risco no radar, na avaliação do especialista, mas nenhum que esteja no arcabouço da autoridade monetária.

 "Só adianta intervir se houver movimento especulativo ou necessidade por proteção ou falta de liquidez. O restante é o imponderável", acrescenta. Sinal da sensibilidade por aqui, o juro futuro para janeiro de 2020 subiu a 8,34%, de 8,28%. Não se descarta que uma espiral negativa possa voltar para o mercado, principalmente, com a proximidade das eleições.

"O pessimismo com a corrida presidencial pode gerar uma onda especulativa, deixando a nossa moeda mais pressionada. Isso 'chama' o BC a atuar", diz o profissional de Tesouraria. Ainda assim, boa parte dos especialistas ainda trabalha com uma cotação mais próxima de R$ 3,65 no fim deste ano. Isso porque, a despeito das dúvidas, o cenário básico de muitos se apoia na eleição de um candidato com uma agenda reformista.

 

Artigo

Por Cristiano Romero - Editor-executivo/Valor

O último baile da ilha fiscal

O governo do presidente Michel Temer acabou de fato no dia 17 de maio do ano passado, quando, a serviço do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, gravou diálogo embaraçoso, contendo trechos impróprios para uma conversa com o chefe da Nação. Ao contrário dos prognósticos iniciais, Temer conseguiu se manter no cargo, mas o episódio jamais foi superado e, por isso, seu governo, cuja força no primeiro ano de gestão foi aprovar medidas importantes no Congresso Nacional, ficou praticamente paralisado desde então.

Nada mais relevante - para o país superar a mais grave crise fiscal de sua história - passou no parlamento e, o pior, os oportunistas de sempre aproveitaram o vácuo político para assaltar o Tesouro. O clima de último baile da ilha fiscal, como ficou conhecida a festa cheia de pompa promovida pela monarquia em 9 de novembro de 1889, a apenas seis dias do golpe militar que a apeou do poder e proclamou a República, se estende a integrantes do Poder de Judiciário, que, igualmente movidos pelo enfraquecimento político do presidente, têm tomado decisões de caráter populista, sem nenhuma preocupação com a situação fiscal - como a do TST em favor de empregados da Petrobras, numa conta estimada em R$ 17 bilhões, e as do ministro Ricardo Lewandovski, do STF, impedindo a venda de estatais sem autorização prévia do Congresso, sendo que já existe lei regulando o tema desde a década de 1990.

Temer assumiu o comando do país há pouco mais de dois anos, em meio a uma das mais agudas crises política e econômica da história do Brasil. Quando era vice-presidente, já rompido com a então presidente Dilma Rousseff, lançou o documento "Ponte para o Futuro", um conjunto bem arrazoado de propostas para modernizar a economia. Parte de sua versão da "Carta aos Brasileiros" - documento que Lula lançou na corrida presidencial de 2002 com o objetivo de acalmar os mercados - foi cumprida e isso ajudou a economia a sair de três longos anos de recessão, caracterizada por encolhimento de quase 8% do PIB e de 10% da renda per capita, além de inflação de dois dígitos, explosão da dívida pública e o desemprego de 14,2 milhões de brasileiros.

O presidente conseguiu aprovar a criação do teto de gastos, mudança feita na Constituição para impedir o crescimento real (acima da inflação) das despesas da União durante 20 anos, medida de difícil cumprimento, mas absolutamente necessária diante do descalabro fiscal em que se encontram as contas do setor público. Além disso, passou alterações importantes no marco regulatório do petróleo - decisão que está fazendo o setor renascer, depois de dez anos de paralisia; aprovou a reforma trabalhista, cujos aperfeiçoamentos negociados com centrais sindicais e parlamentares não vingaram porque a medida provisória elaborada para essa missão caducou já na fase de enfraquecimento do governo no Congresso; e propôs a reforma da Previdência, projeto mais importante da agenda fiscal do país e que também não foi votado pelos parlamentares porque o Palácio do Planalto perdeu o controle sobre sua base de apoio no Legislativo.

A experiência mostra que não há ideologia no parlamento brasileiro - os políticos com convicções ideológicas são poucos. Os presidentes que perceberam isso - Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) - aprovaram propostas aparentemente impopulares, como o fim dos monopólios estatais e a primeira reforma da Previdência do setor público. Ambos consagraram o chamado "presidencialismo de coalizão", que, além de funcionar como uma espécie de "frente anti-impeachment", ajuda a aprovar mudanças legais muitas vezes rejeitadas por aliados históricos do presidente.

A contrapartida é a entrega de nacos do poder a parlamentares - e, claro, de agrados nada republicanos. FHC e Lula também sofreram derrotas no Congresso, mas muito mais por cochilo de seus articuladores políticos do que por resistência programática dos partidos. Já Dilma Rousseff acreditava que seu problema com Eduardo Cunha, o então presidente da Câmara que tirou da gaveta o processo de impeachment contra a ex-presidente, era de natureza ideológica...

 Em sua análise, FHC vai além: para ele, não há no Brasil nem direita nem esquerda, dignas da definição feita pelo pensador italiano Norberto Bobbio. Sendo assim, o Congresso aprova o que o Chefe do Executivo, eleito pelo voto popular, quer. A tendência da maioria esmagadora dos congressistas é apoiar o governo porque só assim terá a chance de fazer algo por sua cidade e, em última instância, por seu Estado, crucial para o projeto de qualquer político profissional, que é reeleger-se a cada quatro anos.

Como no presidencialismo o presidente tem muita força, com vontade política, liderança e capital político obtido por dezenas de milhões de votos, ele faz maioria no Congresso e aprova com razoável facilidade projetos tidos como impopulares por grupos apoiados por corporações do funcionalismo e por lobistas que defendem interesses específicos, muitos deles mantidos por grandes empresas, inclusive, multinacionais.

Temer iniciou seu governo aprovando medidas desse tipo, como o teto de gastos, que passou no Congresso sem maiores turbulências. A desenvoltura fez o mercado conceder ao governo o benefício da dúvida. Qual era o pacto? Mesmo com a União incorrendo em sucessivos déficits primários (conceito do resultado fiscal que não inclui a despesa com juros) desde 2014, obrigando o Tesouro a se financiar de maneira insustentável, as condições financeiras - os mercados de taxa de juros e câmbio e a bolsa de valores - melhorariam.

Essa melhora era crucial para viabilizar a retomada da economia, que veio em 2017 e 2018, mas numa velocidade muito lenta. O que se vê agora nos mercados, que andam nervosos, é, além dos reflexos da elevação dos juros nos Estados Unidos, um pouco da quebra desse pacto porque a parte mais importante do "acordo" não foi cumprida: a aprovação da reforma da Previdência.

 

Paralisação também afeta indicadores de junho

Após os números negativos de maio em muitos segmentos econômicos, provocados ou intensificados pela greve dos caminhoneiros, ainda é incerto qual será o nível da atividade em junho. A julgar pela confiança do setor privado e dos consumidores os dados devem vir ruins. A prévia de alguns deles veio no vermelho.

Divulgado ontem, o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria brasileira, apurado pela consultoria IHS Markit, caiu para 49,8 em junho. É a primeira vez em 16 meses que o indicador fica abaixo de 50, limite que separa queda e aumento da atividade. A causa principal foi a queda de produção, novas encomendas e escassez de insumos, ainda reflexo da greve.

As empresas também informaram aumento de custos e demissões. Em maio, houve aumento do estoque de produtos acabados em decorrência da paralisação, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o que acabou funcionando como combustível para a queda da confiança do setor em junho, segundo a sondagem mensal da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para o economista da CNI, Marcelo Azevedo, a produção industrial do mês passado deve ter tido recuperação apenas parcial. "Pode ser que o efeito da paralisação não fique restrito a maio. Além da incerteza sobre a questão do frete, o estoques não devem se normalizar tão rapidamente, porque houve uma queda de confiança do consumidor, o que prejudica a demanda", diz Azevedo.

Em outros setores, como o comércio, a atividade de junho pode ser afetada por efeitos mais defasados da greve e pela Copa. Para a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) as vendas de maio não foram muito afetadas pela paralisação, porque as redes e lojas trabalham com estoques de 10 a 15 dias, mas o impacto deve ser visto em junho.

Em maio, as vendas subiram 4,71% ante igual período do ano passado, em termos reais. Ante abril, a alta foi de 3,46%. A greve dos caminhoneiros foi um choque de realidade para os agentes privados. A expressão, da economista Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos do Ibre-FGV, foi usada para explicar a queda da confiança da construção civil em junho, um mês após a paralisação, mas também pode ser aplicada de forma mais ampla. Antes da greve, as projeções para a economia vinham caindo. Após a paralisação, o recuo se intensificou. "Os empresários se deram conta de que o cenário é mais desfavorável do que eles pensavam. A fragilidade é maior do que se esperava", afirma Ana.

O recuo da confiança empresarial em junho aprofunda uma tendência esboçada nos dois meses anteriores", afirma Aloisio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas da FGV. Para Campelo, "parte do aumento do desânimo está relacionada aos desdobramentos econômicos e políticos da greve dos caminhoneiros. Esse efeito aparentemente temporário somou-se aos outros fatores que vinham provocando quedas da confiança: insatisfação com o ritmo lento de retomada da economia, falta de confiança na política econômica e aumento da incerteza política e eleitoral", afirmou ele, ao comentar a queda do Índice de Confiança Empresarial (ICE), que consolida os índices de confiança dos quatro setores cobertos pelas sondagens do Ibre-FGV: indústria, serviços, comércio e construção.

O índice caiu 1,9 ponto, para 90,5. Houve alta da confiança em menos de um terço dos 49 segmentos que compõem a sondagem, que engloba cerca de 5,5 mil empresas. Para a indústria automobilística, a greve antecipou um clima pessimista, que emergiu de fatores como freio no PIB, inflação mais alta (embora não ameaçadora) e câmbio depreciado. Outro índice elaborado pela FGV, de incerteza da economia, deu salto de 10 pontos, a 125, voltando para o nível de janeiro de 2017.

"O choque provocado pela greve gerou pressão inflacionária, aumento da volatilidade no mercado de ações, queda do presidente da até então maior empresa em valor de mercado do país, e, por fim, colocou em cheque a recuperação da economia", diz Pedro Costa Ferreira, economista da FGV. Por fim, em junho, a confiança dos consumidores também foi afetada, o que é sempre ruim para a demanda doméstica.

O motivo é a dificuldade de encontrar emprego. Dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego, da Seade/Dieese, mostraram que, na Grande São Paulo, aumentou para 50 semanas o tempo médio de busca de emprego. Em janeiro de 2016, no auge da recessão, essa procura durava 31 semanas. Esse pode ser um dos motivos que levam cada vez mais pessoas a deixar o mercado de trabalho, no chamado desalento. É principalmente por causa desse pessoal que a taxa de desemprego tem se mantido relativamente estável. Na sexta-feira, o IBGE informou que a taxa ficou em 12,7% em maio.

No ajuste sazonal feito pelo Itaú, houve estabilidade em 12,4%. O banco MUFG avaliou que a criação de empregos em junho deve ter sido afetada pela greve. A alta de reação do mercado de trabalho é um dos motivos para a queda das projeções do PIB, diz o Itaú. Na sondagem do setor de serviços, a intenção de contratação de trabalhadores no setor teve a maior queda em nove meses. Empresários do comércio afirmaram que sem melhora no nível de emprego a confiança continuará em queda.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Comissão do Senado adia votação de projeto que regulamenta desistência de imóvel na planta

A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal adiou para a próxima semana a votação do projeto de lei PLC 68/2018, que estabelece regras para a desistência da aquisição de imóvel na planta, depois que vários senadores pediram vista do documento, segundo comunicado no site da autarquia.

A proposta prevê que as construtoras podem reter até 50% dos valores pagos pelo consumidor em caso de distrato, se houver o chamado patrimônio de afetação  —em que cada empreendimento recebe um CNPJ e contabilidade próprio.

Ainda segundo o projeto, a incorporadora poderá atrasar em até 180 dias a entrega do imóvel sem sofrer qualquer tipo de ônus. Acima de seis meses, contudo, a empresa deve reembolsar o comprador integralmente e pagar multa prevista em contrato.

O relator do PLC 68/2018 apresentou parecer favorável à aprovação das regras, enquanto os senadores Cristovam Buarque (PPS-DF), Simone Tebet (MDB-MS) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pediram mais tempo para analisar a proposta.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Estrangeiros retiram R$ 9,9 bilhões da Bolsa no primeiro semestre

A incerteza política no País, o aperto monetário nos Estados Unidos e o embate comercial entre Washington e Pequim fizeram com que o investidor estrangeiro deixasse a Bolsa brasileira no primeiro semestre deste ano. Ao todo, R$ 9,947 bilhões foram retirados da B3 por estrangeiros no período, o pior resultado já registrado em um primeiro semestre desde 2004, ano em que os dados começaram a ser compilados.

Até então, o maior déficit havia ocorrido entre janeiro e junho de 2008, quando R$ 6,6 bilhões saíram da Bolsa. À época, o mercado financeiro global sofria com o estouro da bolha imobiliária americana, que culminou com a quebra do Lehman Brothers em setembro daquele ano. No segundo semestre de 2008, R$ 17,9 bilhões foram retirados por investidores internacionais da Bolsa brasileira.

Para analistas do mercado, tudo indica que a saída de capital continuará nos próximos meses, ainda que em volume menor. Apenas em junho, os estrangeiros tiraram R$ 5,9 bilhões da Bolsa, segundo dados divulgados pela B3 nesta terça, 03. Apesar de expressivo, o volume está longe do recorde histórico, verificado em maio, de R$ 8,4 bilhões.

“A tendência é continuar não tendo um fluxo favorável, ao contrário do que ocorreu no começo do ano”, disse o economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira, referindo-se a janeiro. Naquele mês, os estrangeiros injetaram R$ 9,5 bilhões na B3 impulsionados pela perspectiva de alta de 3% na economia brasileira e de crescimento global. Esse cenário, porém, mudou drasticamente diante da guerra comercial entre EUA e China, do desaquecimento da atividade econômica do País e da ausência de um candidato reformista nas primeiras colocações das pesquisas eleitorais.

“Para os próximos meses, talvez haja até uma redução do volume (de capital) retirado pelos estrangeiros, porque já saiu muito (no primeiro semestre). Mas não há motivos para a entrada de recursos. Não há perspectivas de reformas”, acrescentou Bandeira.

De acordo com o analista Gustavo Cruz, da XP Investimentos, a indefinição completa do cenário político tem preocupado o investidor, que acaba fugindo do País. Essa apreensão deve permanecer pelo menos até o fim do primeiro turno das eleições, diz. “Depois, a tendência não é de situação de desespero, independentemente do candidato que se sair melhor. A maioria deles tem um discurso preocupado com a questão fiscal.”

Já para a equipe de análise da Guide Investimentos, a saída de investimentos deve prevalecer até o fim de agosto, pois o cenário para emergentes seguirá desfavorável. Segundo a corretora, além do panorama eleitoral indefinido, há a expectativa de alta nos juros nos Estados Unidos e na Europa – o Banco Central Europeu deverá a seguir o movimento de aperto monetário nos próximos meses.

Lucas Claro, analista da Ativa Investimentos, concorda que a tendência de retiradas não se encerrará tão cedo. Segundo ele, o clima de guerra comercial entre China e Estados Unidos, aliado à valorização do dólar, contribui para a busca por proteção em mercados mais seguros, como os de títulos do Tesouro americano.

Dia. Apesar do panorama desfavorável para a Bolsa no médio prazo, o Ibovespa (principal índice da B3) fechou o pregão desta terça-feira, 03, com alta de 1,14%, aos 73.667,75 pontos. Os papéis da Kroton, empresa de educação, foram os de maior destaque, com alta de mais de 9% após o Ministério da Educação anunciar que serão ofertados 50 mil novos empréstimos do Fies ainda neste ano. A Embraer subiu 5,10% com a informação de que as negociações para a venda da companhia para a americana Boeing seriam discutidas, em uma reunião, entre o presidente Michel Temer e os ministros da Defesa, Joaquim Silva e Luna, da Segurança Pública, Raul Jungmann, e da Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen.

 

BNDES quer reforçar captação de recursos no mercado doméstico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai investir em captações no mercado doméstico para lidar no futuro com o cenário de devolução antecipada dos empréstimos do Tesouro Nacional. Segundo apurou oEstadão/Broadcast, o banco avalia que há espaço no mercado brasileiro para uma captação anual de pelo menos R$ 10 bilhões em de Letras Financeiras (LF), que são títulos de renda fixa emitido por instituições financeiras com a finalidade de captar recursos de longo prazo.

Em maio, o banco fez a primeira emissão desse tipo e, mesmo sem publicidade, registrou um forte interesse dos investidores. A operação marcou uma mudança de estratégia para reforçar as captações no mercado doméstico e mostrar o apetite dos investidores pelos papéis do banco estatal, que tem como único acionista a União. As captações externas são vistas pelo BNDES como mais caras por causa dos encargos tributários que incidem sobre os juros pagos e o banco se volta para o mercado interno.

O BNDES avalia que as LFs têm características “muito semelhantes” aos papéis emitidos pelo Tesouro e que o banco tem todas as condições de captar com custo competitivo e barato com esses papéis, sem depender dos empréstimos do Tesouro, concedidos nos governos do PT, e que estão sendo pagos antecipadamente.

O reforço nas captações domésticas é uma preparação para o cenário dos próximos anos de devolução dos empréstimos. Como mostrou o Estadão/Broadcast, o banco está próximo de fechar uma negociação com o Ministério da Fazenda que pode antecipar em 20 anos o pagamento dos empréstimos feitos pelo Tesouro. Uma das alternativas prevê a devolução de cerca de R$ 25 bilhões por ano até 2040. A outra opção é antecipar o pagamento em 15 anos, até 2045.

Depois de reunião com o presidente Michel Temer, o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, confirmou as negociações. Segundo ele, o banco vai acelerar a devolução de R$ 250 bilhões de empréstimos concedidos pelo Tesouro à instituição. “Estamos discutindo com o Tesouro como antecipar o pagamento e ter um fluxo mais equilibrado ao longo do período.”

 

EXAME

Calote aumenta e bancos sofrem para se livrar de imóveis retomados

O prolongamento da crise obrigou muita gente a deixar de pagar o financiamento imobiliário e a inadimplência aumentou em 2018. Com estoques altos, nunca houve tantos leilões de imóveis retomados como agora. Mas os bancos enfrentam dificuldade para se livrar das propriedades, que pesam bastante em seu bolso, mesmo elas sendo oferecidas a preços bem abaixo de seu valor de mercado.

A Caixa Econômica Federal, que historicamente é líder em financiamentos imobiliários no país, com uma fatia em torno dos 65% do mercado, colocou à venda 28.291 imóveis retomados em 2017. É um crescimento de 57,8% sobre a quantidade ofertada no ano anterior (17.934) e de 115,4% sobre 2015 (13.134 unidades). Apenas nos cinco primeiros meses de 2018, já foram colocados à venda 17.559 imóveis retomados pela CEF —se continuar nesse ritmo, vai ultrapassar a quantidade de 2017 bem antes do fim do ano.

“Toda vez que há aumento da inadimplência, há também aumento no número de imóveis retomados pelos bancos. É natural. Na bolha do subprime, nos Estados Unidos, em 2008, aconteceu a mesma coisa. A diferença é que lá os bancos estavam emprestando a quem já não tinha condições de pagar. Aqui, eles emprestaram a quem tinha condições de pagar, mas acabou perdendo essa garantia por causa da crise”, explica Marcelo Prata, fundador do app Resale, plataforma de compra e venda de imóveis retomados.

Segundo a CEF, a taxa de inadimplência no crédito imobiliário do banco passou de 2,2% em 2015 para 1,63% em 2016, e 1,37% no ano passado. Em 2018, apenas no primeiro trimestre, subiu para 1,93%. A Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) deve divulgar em breve o nível de calote no mercado como um todo, no primeiro semestre deste ano. O mercado espera por um aumento em relação ao último dado fornecido, de 1,5%, referente a 2017.

O site EXAME apurou que também houve aumento da inadimplência no crédito imobiliário dos bancos privados em 2018, mas, procurados, Itaú, Bradesco e Santander disseram que não divulgam esse número por ser “estratégico” ao negócio. O Banco do Brasil também não divulgou a taxa, mas disse que “das operações que entram em inadimplência, 97% são regularizadas pelos próprios mutuários em até 180 dias”.

Vendas paradas

Embora o número de imóveis retomados pela Caixa tenha aumentado significativamente nos últimos anos, a taxa de venda dessas propriedades —seja em leilões, licitações ou venda direta— ficou estagnada. Geralmente, atinge um terço das propriedades oferecidas. Em 2017, dos 28.291 imóveis retomados colocados à venda pela CEF, apenas 10.526 foram efetivamente vendidos. No ano anterior, do total de 17.934 imóveis, somente 4.782 mudaram de dono.

Este ano, dos 17.559 imóveis retomados colocados à venda pela Caixa, somente 4.985 foram efetivamente vendidos. Do total de propriedades oferecidas em 2018 pela CEF, mais de 97% são residenciais e 87% estão ocupadas, sendo que a maioria (13,21%) está no estado de São Paulo.

“Não há interesse algum por parte do banco permanecer com um estoque alto de imóveis retomados. Isso representa um custo alto para ele, já que ele fica responsável pelas despesas da propriedade, como condomínio e IPTU. Logo que ele retoma o imóvel, já tem que pagar o ITBI [Imposto de Transmissão de Bens Imóveis] na hora. Em São Paulo, por exemplo, esse imposto é de 3%”, diz Prata, do Resale.

“Se por um lado os bancos não têm o menor interesse em retomar um imóvel, por outro as pessoas também fazem de tudo para não deixar de pagar o financiamento. Essa costuma ser a última coisa que acontece com as famílias endividadas. Normalmente, elas cortam outras despesas para priorizar o pagamento do financiamento. O fato de a inadimplência estar aumentando significa que a crise está realmente forte. Os bancos têm intensificado o trabalho de renegociação das dívidas, o que é bom, porque dá um fôlego para as famílias, mas não resolve o problema delas. É como se estivessem empurrando com a barriga. Por isso, lá na frente, o número de imóveis retomados deve aumentar ainda mais”, afirma Prata.

Na casa de leilões online Sold, que trabalha com mais de 10 bancos do país, entre eles os líderes do mercado de crédito imobiliário, o número de operações saltou de 50 em 2015 para 350 em 2017. Apenas em 2018, até agora, já foram realizados mais de 650 leilões de imóveis retomados por bancos através da plataforma. A taxa média de vendas é de 60% nos últimos três anos.

Segundo Henri Zylberstajn, leiloeiro oficial da Sold, apesar de os bancos estarem de fato retomando mais imóveis por falta de pagamento neste ano, o crescimento dos leilões está associado principalmente à dificuldade de venda dessas propriedades. “Por lei, os imóveis retomados devem ser oferecidos em um primeiro leilão e, em caso de não concretização da venda, devem ir a um segundo leilão. Os bancos podem colocar o mesmo imóvel à venda em leilões quantas vezes quiser até vendê-lo, ou a partir do segundo leilão sem sucesso optar pela licitação ou venda direta do bem”, explica.

“O que está acontecendo é que, como há dificuldade para encontrar compradores, os bancos acabam fazendo mais leilões com os mesmos imóveis, na tentativa de se livrar dos estoques. Isso explica o aumento acelerado no número de operações em 2018”, diz Zylberstajn. “Historicamente, os compradores de imóveis retomados em leilões eram investidores especializados. Havia uma demanda pequena por isso, mas uma oferta também baixa. Hoje, com a oferta bem alta, esses compradores especializados não dão conta de tudo.”

Na visão de Zylberstajn, o perfil dos compradores de imóveis retomados em leilões têm mudado aos poucos nos últimos anos. “A internet tem ajudado a pessoa física a se informar mais sobre a operação e entender seus prós e contras. Ainda assim, é um tanto complicado encontrar tudo resumido e de forma clara online. Alguns bancos têm sites próprios para as pessoas buscarem pelos imóveis retomados, mas o ideal é que as pessoas encontrem leiloeiros de confiança e se cadastrem em suas plataformas para receber as novidades ou usem apps que façam isso.”

 

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