Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

O BC não entendeu a natureza da recessão, diz Mendonça de Barros

A combinação da recuperação lenta da economia com a crise política abala muito as chances de um candidato de centro-direita nas eleições de outubro, avalia o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros. "A centro-direita fica muito enfraquecida em seu discurso de ter evitado o pior na economia", diz ele, para quem isso aumenta as chances de vitória de um nome de esquerda - nesse cenário, o exgovernador Geraldo Alckmin (PSDB) teria "muito poucas chances" de vencer em outubro.

Para Mendonça de Barros, o Banco Central (BC) "não entendeu a natureza da recessão" enfrentada pelo Brasil - "uma bolha de consumo, esticada ao máximo, que estourou" -, optando por uma estratégia de redução muito lenta dos juros. A contração do crédito pelos bancos públicos, num momento em que os bancos privados não expandiam o volume de empréstimos, também afetou a retomada cíclica da economia, segundo Mendonça de Barros.

Hoje, ele considera mais provável um crescimento de 1,5% a 2% em 2018. Na virada do ano, via como possível uma expansão na casa de 3% a 3,5%, o que ajudaria um candidato de centro-direita nas eleições de outubro. Desse modo, a economia deverá atrapalhar quem concorre nessa faixa, acredita Mendonça de Barros, que foi presidente do BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso.

Ao comentar a greve dos caminhoneiros, ele diz que o impacto mais grave foi aumentar a desconfiança, "num momento em que o governo representa um tipo de gestão econômica que é correta e fundamental para nós". Para ele, a crise enfraqueceu muito a administração do presidente Michel Temer. "E, ao enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu todo o discurso da centrodireita", afirma Mendonça de Barros.

Na visão do economista, um candidato de esquerda tem 60% de chances de vencer as eleições. E será o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ou o candidato do PT? "Não sei. Aí vamos ver o que vai acontecer", diz ele, que vê com grande pessimismo um eventual governo Ciro. "É o meu grande medo. Eu sonho com ele toda noite, e não é sonho agradável".

Para Mendonça de Barros, o pedetista não tocará uma política fiscal responsável nem fará as reformas necessárias para o país: "De maneira nenhuma, de maneira nenhuma. Não é da natureza dele. O populismo não se corrige". A tendência, segundo ele, é o candidato de esquerda disputar o segundo turno com o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que Mendonça de Barros classifica "como um demagogo, um populista".

A combinação entre o pensamento de Bolsonaro e de seu guru econômico, o liberal Paulo Guedes, não dará certo, acredita o economista. "Ele vai mandar o Paulo Guedes embora logo depois", diz Mendonça de Barros, hoje presidente do conselho da Foton Brasil, que fabrica caminhões.

Na entrevista, ele também critica a Petrobras e o governo pela política de reajustes diários dos preços, classificada como irresponsável. "A Petrobras é monopolista. Isso já obriga o gestor da Petrobras a tomar cuidado com o que ele faz". Os reajustes deveriam ser mais espaçados, segundo ele. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Valor: Por que a atividade perdeu força nos primeiros meses do ano?

Luiz Carlos Mendonça de Barros: No ano passado, eu participei de debate no Valor [que contou com as presenças do economista-chefe da Verde Asset Management, Daniel Leichsenring, e do coordenador de economia aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar]. A minha tese era de que o BC não estava entendendo direito a natureza da recessão, que não era uma recessão como as outras. Ela era o resultado de uma bolha de consumo, esticada ao máximo, que estourou. E o padrão dessas recessões, com essa característica, exige uma resposta diferente do normal por parte do BC. O que ocorreu com a recessão nos EUA em 2008 e na Europa também. A grande vantagem que nós tivemos é que não houve uma crise bancária associada como houve nos EUA e na Europa. Como é que o BC americano, primeiro, e depois o BC europeu, após uma briguinha lá, agiram? É uma ação muito específica, de aumento de liquidez, de redução de juros, para criar uma força anticíclica, de modo que, ao longo do tempo, você se recupere da crise. E aqui o BC não fez isso.

Valor: O BC demorou a cortar os juros? Ou reduziu a Selic menos do que deveria?

Mendonça de Barros: Você pode até dizer que a Selic a 6,5% ao ano está razoável. Mas foi muito devagar, com cortes de 0,25, 0,5 ponto. Ali tinha que ter dado um corte brutal, imediato, e [ter feito] uma espécie de QE [afrouxamento quantitativo, na sigla em inglês, a compra de títulos para manter baixos os juros de longo prazo] em cima dos bancos, para gerar algum tipo de pressão para eles emprestarem. Na minha opinião, houve um erro de diagnóstico. O BC não entendeu a natureza da recessão e teve uma postura ultratradicional, como se fosse uma recessão de fim de ciclo, normal. E hoje nós sabemos que há um outro problema.

Valor: Qual problema?

Mendonça de Barros: Se o Brasil não teve uma crise bancária, o que ajudou, a concentração bancária foi definitiva. Os bancos não expandem o crédito. E aí o segundo erro. O que ocorreu com os bancos públicos na gestão do [Henrique] Meirelles na Fazenda? Eles começaram a cortar [crédito]. Você tem o sistema bancário privado não expandindo crédito e o sistema bancário público contraindo o crédito. Isso criou uma situação que enfraqueceu uma recuperação cíclica que ainda existe, mas que desacelerou muito.

Valor: Na reunião do mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 6,5%, em vez de reduzi-la para 6,25%, como esperava a maior parte do mercado. Como o sr. avalia essa decisão do BC?

Mendonça de Barros: Nesse caso, achei correta, pois uma redução de 0,25 ponto percentual, no contexto de restrição de crédito bancário, traria menos benefícios do que a volatilidade do dólar.

Valor: Na virada do ano, o sr. chegou a avaliar que um crescimento acima de 3% neste ano era possível. Quanto é possível hoje?

Mendonça de Barros: Claramente isso se reduziu e nós vamos para alguma coisa entre 1,5% e 2%. No quarto trimestre do ano passado, era possível visualizar alguma coisa entre 3% e 3,5%. A MB Associados, que é ultracompetente nisso, foi obrigada a rever [a consultoria revisou de 2,5% para 1,9% a estimativa para o crescimento neste ano]. Uma grande frustração é o volume de crédito.

Valor: Os bancos públicos deveriam ter expandido, mantido ou desacelerado o volume de crédito?

Mendonça de Barros: Eu não teria reduzido. O que ocorreu? Você contraiu na margem o crédito dos bancos públicos num momento em que o sistema privado não expandiu. O total de crédito disponível é mais baixo do que era. E destaco o erro de diagnóstico do BC em relação à natureza da recessão. Agora, há outros impactos que vão fazer com que realmente a recuperação cíclica seja muito mais fraca do que poderia ser.

Valor: Que impactos são esses? O da greve dos caminhoneiros?

Mendonça de Barros: A greve dos caminhoneiros é um ponto fora da curva. É evidente que vai provocar uma contração de demanda, mas essa é uma redução de segunda ordem. A primeira redução veio pela manutenção de uma política monetária que seria compatível com uma recessão diferente da que nós tivemos.

Valor: A ideia de que o mercado de trabalho começaria a reagir, de que os trabalhadores se sentiriam mais confiantes para consumir, acabou não ocorrendo.

Mendonça de Barros: Teve um certo começo disso, tanto que o consumo reagiu um pouco. Mas hoje há um problema. Nós tínhamos uma data-limite, que era julho, agosto, e nós vamos chegar nela com a economia com recuperação muito fraca, e com um choque desse negócio dos combustíveis. Como a atividade está mais fraca, a probabilidade de vitória da esquerda cresceu muito.

Valor: Como o sr. avalia o aumento dos preços dos combustíveis e a greve dos caminhoneiros?

Mendonça de Barros: Com a inflação muito baixa, o aumento dos preços dos combustíveis não estava criando nenhum constrangimento de ordem geral. Mas houve esse choque de oferta e, pior do que isso, o governo Temer terminou uma segunda vez. Ele havia terminado na denúncia da JBS [em maio de 2017] e terminou agora, porque foi um bate-cabeça terrível. É evidente que você vai normalizar toda a questão, mas o governo se enfraqueceu demais e, ao enfraquecer o governo Temer, enfraqueceu todo o discurso da centro-direita.

Valor: Havia uma expectativa de vários analistas, entre os quais o sr., de que a economia ajudaria um candidato de centro-direita nas eleições deste ano. E agora?

Mendonça de Barros: Acho que atrapalha. Porque a pior coisa que tem é uma expectativa de melhora - foi feito todo um discurso e de repente... Como dizia o meu pai, que era médico, a recidiva de qualquer doença é sempre pior do que a própria doença. Havia todo um quadro de um certo otimismo e de repente a coisa vem pior. Além disso, há um quadro internacional complicado. Há a situação da Itália, que vai dar errado, vai dar problema. E dar problema na Itália é muito pior do que na Grécia. Há também o ciclo americano [de alta de juros]. Somando tudo, é um quadro meio desanimador.

Valor: A economia vai chegar em agosto fraca...

Mendonça de Barros: ... vai chegar fraca em agosto e a inflação vai cair, mas só que há hoje o problema da taxa de câmbio, que também não dá para brincar. O erro do BC foi muito menos a Selic de 6,5% e muito mais a demora [para baixar a taxa] e, mais do que isso, você manteve as condições financeiras dos empréstimos muito ruins, os juros muito altos.

Valor: O fato de o Brasil ter à época uma inflação alta não dificultava a adoção de uma política monetária mais agressiva, como a que o sr. defendia?

Mendonça de Barros: Não. A inflação estava alta por causa do choque anterior de preços e uma condição de demanda que não existia mais.

Valor: Mas hoje os juros estão baixos. Qual o impacto disso sobre a atividade daqui para frente?

Mendonça de Barros: Estão baixos para quem? Os spreads estão muito altos e não tem volume de crédito, não expande. Isso mostrou outro erro estrutural que nós fizemos, que foi essa concentração bancária. Ela é boa, por um lado, porque fica um sistema bancário forte, mas não funciona na hora em que você precisa do crédito. E aí [foi] mais um erro em cima do outro: como o banco público expandiu muito lá atrás, a ideia foi "vamos devolver dinheiro [ao Tesouro], vamos reduzir [o crédito]". E aí você somou duas coisas negativas.

Valor: A crise dos caminhoneiros causa um impacto direto sobre a atividade. Que outros impactos têm esse episódio?

Mendonça de Barros: Um outro impacto pior é a desconfiança no governo, num momento em que o governo representa um tipo de gestão econômica que é correta e fundamental para nós. Esse é o dado mais dramático. Como se enfraqueceu o lado que defende a política econômica correta, aumentou o risco de ter uma recidiva na política econômica. Se ganha um desses que estão aí, claramente nós vamos ter uma segunda crise de outra natureza, que é uma gestão errada, um enfrentamento errado, dos nossos problemas estruturais.

Valor: O sr. disse que esse cenário fortalece a esquerda. O sr. acha que Ciro Gomes seria o favorito?

Mendonça de Barros: É o meu grande medo. Eu sonho com ele toda noite, e não é sonho agradável. Esse pessoal não aprende.

Valor: Ciro não tocaria uma política fiscal responsável? Não faria as reformas necessárias para o país?

Mendonça de Barros: De maneira nenhuma, de maneira nenhuma. Não é da natureza dele. O populismo não se corrige. O [presidente Donald] Trump vai dar errado e a Itália vai ser um desastre.

Valor: E o sr. vê a possibilidade de Bolsonaro ganhar?

Mendonça de Barros: O Bolsonaro é demagogo, um populista. A combinação entre o que ele pensa e o que sempre disse com o guru econômico dele não vai dar certo. Ele vai mandar o Paulo Guedes embora logo depois. Estou com 76 anos. A única aposta que nunca deixo de fazer é contra o populismo. Vai dar errado.

Valor: Ele faria uma gestão economicamente próxima à esquerda?

Mendonça de Barros: Seria um populismo de outra natureza. Inclusive, como militar, ele é a favor do Estado.

Valor: E o sr. avalia que o Brasil precisa reduzir o Estado.

Mendonça de Barros: Óbvio. Esse é o grande desafio. Eu estava otimista, quatro, cinco meses atrás, porque achava que a economia, voltando a crescer num ritmo de 3% a 3,5%, daria um espaço para a centro-direita fazer o discurso dela. Agora não vai ter.

Valor: Geraldo Alckmin então tem poucas chances?

Mendonça de Barros: Muito poucas chances. Ele tem uma boa equipe, mas não consegue falar com a população.

Valor: Como o sr. avalia a política de preços da Petrobras?

Mendonça de Barros: Como irresponsável. Eles conseguiram internalizar no pico um processo especulativo de petróleo lá fora por causa do Irã. Foi isso o que eles fizeram. E a Petrobras é monopolista. Isso já obriga o gestor da Petrobras a tomar cuidado com o que ele faz. Se ele explorar o poder monopolista, ele faz o que ele quer. E é um preço-chave numa economia como a nossa, que só vive de transporte... Não houve avaliação de risco.

Valor: Os reajustes não podem ser diários?

Mendonça de Barros: Óbvio que não, ainda mais num processo especulativo de petróleo.

Valor: O sr. acha então que os reajustes deveriam ser mais espaçados.

Mendonça de Barros: É, com uma média móvel, algo assim, e explicando - "O petróleo, que chegou a US$ 40, US$ 45 o barril, está agora bem mais caro".

Valor: Teria que haver um imposto para amortecer a volatilidade dos reajustes de preços?

Mendonça de Barros: Eu não sei. O erro foi não considerar o risco associado a essa política no sistema de transporte, que foi o que ocorreu.

Valor: O sr. acha que a culpa é principalmente da Petrobras?

Mendonça de Barros: É óbvio. Eles tinham que ter noção do que estavam fazendo. E erro do governo, porque o governo teria que ter lá no Palácio do Planalto alguém que estivesse olhando isso aí e não estava.

Valor: Pedro Parente pediu demissão da Petrobras e foi substituído por Ivan Monteiro. Como isso afeta as perspectivas para a empresa?

Mendonça de Barros: Não acho que essa escolha represente a manutenção da mesma política de preços do Pedro Parente, depois do período de congelamento do preço do diesel. Incrível como só depois da crise é que os analistas acordaram para o fato de a Petrobras ser um monopólio, que a política de preços explora a força do monopólio em toda a sua extensão e que o aumento diário é um tapa na cara do consumidor. Espero que encontrem uma solução inteligente.

Valor: O sr. disse que o governo acabou pela segunda vez. O sr. vê um risco de interrupção desse governo ou vai ser como o fim do governo Sarney?

Mendonça de Barros: É um governo talvez até em situação mais difícil que a do Sarney. Na época do governo Sarney, havia indexação, aquele negócio todo, e ia tocando. Mas não é interesse de ninguém derrubar [o governo]. Já enfraqueceram. Nós vamos para um processo eleitoral muito conturbado. Ninguém sabe direito o que falar. Acho que hoje há 60% de chance de a esquerda ganhar.

Valor: Quem temais chances, Ciro Gomes ou um candidato do PT que Lula apoiar?

Mendonça de Barros: Não sei. Aí vamos ver o que vai acontecer.

Valor: Dada a situação da economia, o sr. vê hoje como mais provável um segundo turno entre um candidato da esquerda e Bolsonaro?

Mendonça de Barros: É isso aí. E a outra coisa que é crítica é a articulação política. O próximo Congresso vai ser pior do que o atual, porque nivelou por baixo. Hoje não tem nenhum grande partido. Há cinco ou seis partidos do mesmo tamanho. É uma situação complicada. A única coisa que tem, que é uma vantagem, é que no próximo governo nós vamos estar com o ciclo lá embaixo na economia. A conta corrente está numa situação muito sólida. Você tem reservas, você tem inflação baixa. Mas não adianta. Eu estou velho demais para achar que um populista como o Ciro Gomes vai fazer a coisa certa. Vai nada, ele vai fazer tudo errado de novo.

 

Mercado vê inflação em 3,65% e crescimento menor do PIB em 2018

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2018 subiu de 3,60% para 3,65%, segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira. Foi a terceira elevação consecutiva na projeção. Em 12 meses, as expectativas para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passaram de 4,32% para 4,38%.

No caso de 2019, a mediana das estimativas teve um leve ajuste, de 4% para 4,01%. Entre os economistas que mais acertam as previsões, grupo chamado Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação oficial se manteve em 3,24% no fim de 2018 e em 3,75% em 2019. As estimativas para a taxa básica de juros, Selic, não sofreram alterações: ficaram em 6,50% para o fim de 2018 e 8% no encerramento de 2019 tanto entre os economistas em geral quanto entre os economistas Top 5 de médio prazo.

Atividade

Os analistas consultados pelo BC esperam um crescimento de 2,18% para a economia brasileira neste ano, em vez de 2,37%. Para 2019, a previsão continua sendo de uma expansão de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, patamar inalterado há 19 semanas. Vale notar que, na quarta-feira da semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a economia brasileira cresceu 0,4% no primeiro trimestre de 2018, em relação aos três meses antecedentes.

O desempenho provocou revisões das projeções para o resultado da economia do país por diversas casas de análise e instituições financeiras, quase todas para baixo. Câmbio Os economistas do mercado decidiram elevar suas apostas para o dólar para R$ 3,50 tanto no fim deste ano quanto no fechamento do próximo calendário.

Anteriormente, as previsões eram de a moeda americana terminar os respectivos períodos em R$ 3,48 e R$ 3,47. Entre o grupo Top 5, de médio prazo, a projeção para o dólar foi mantida em R$ 3,50 no fim de 2018 e aumentou de R$ 3,50 para R$ 3,60 no término do ano seguinte.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Instabilidade não deve ficar restrita a maio

A disparada de 7% do dólar ante o real em maio levou ativos ligados ao câmbio a liderarem o ranking de investimentos da Folha, enquanto os atrelados a ações ficaram na lanterna, puxados pela baixa de quase 11% da Bolsa no mês --7,6% só nas duas últimas semanas de maio, marcadas pela paralisação de caminhoneiros.

E analistas apontam que essa escalada da moeda americana e a volatilidade do mercado acionário devem continuar ditando o ritmo do mercado financeiro por aqui nos próximos meses. "Houve volatilidade, pouca previsibilidade, mas também há oportunidades", diz Lucas Claro, analista da Ativa Investimentos.

Opção para o investidor que quer aplicar em moeda estrangeira, os fundos cambiais se valorizaram 4,19%, após desconto de Imposto de Renda de 15%, que incide em resgates realizados depois de 720 dias.

O dólar iniciou maio cotado a R$ 3,50 e fechou em quase R$ 3,73. Investidores estão à espera de juros maiores nos Estados Unidos em junho, após o Federal Reserve (o Fed, banco central americano), anunciar manutenção das taxas no início do mês passado.

O Fed prevê atualmente mais dois aumentos neste ano, mas um número crescente de especialistas vê três como possível --probabilidade que passou de 45% no início do ano para 78% agora, segundo cálculos da Bloomberg.

Influenciado até o momento basicamente pelo cenário externo, o dólar pode avançar mais sobre o real se a instabilidade política se aprofundar.

"Se de fato confirmarem uma alta além das esperadas nos juros dos EUA e ainda com as incertezas eleitorais por aqui, até outubro o dólar deve subir muito. Não descartado que bata R$ 4", afirma Claro.

Na outra ponta do ranking de investimentos, os fundos de ações indexados, alternativa para quem quer aplicar em Bolsa, recuaram 8,3%.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, já vinha em baixa com investidores saindo de países emergentes, tidos como de maior risco, em busca de rentabilidades maiores nos EUA.

Em meados de maio, o mercado acionário foi impactado também pela manutenção da Selic (a taxa básica de juros) em 6,5% ao ano. Juros maiores diminuem o apetite do investidor por risco e tornam ativos de renda fixa mais atrativos.

A última pesquisa Focus, do Banco Central, apontou que o mercado vê a continuidade da Selic em 6,5% até o fim do ano, mas já há quem preveja elevação para 7% em outubro.

O grande golpe na Bolsa, porém, foi o movimento de caminhoneiros, que paralisou empresas, derrubou os papéis da Petrobras e culminou com a troca de comando na estatal na última sexta-feira (1º).

Em um contexto de extrema volatilidade, o investidor precisa ter claro seu objetivo para definir próximos passos.

"Se a intenção é usufruir do dinheiro daqui dois meses ou até o final do ano, o mais indicado é ser conservador e optar por um Tesouro Selic ou um fundo de renda fixa com taxa de administração abaixo de 0,5%", orienta Vinicius Maeda, diretor de relações com investidores da Magnetis. Se o horizonte for mais longo, diz ele, é possível diversificar as aplicações.

Para quem quiser investir em ações, a recomendação é que ainda assim procure papéis mais resilientes.

"Pode ser interessante buscar setores em que é possível ter uma maior previsibilidade das receitas futuras da empresa, companhias que pagam mais dividendos, evitando os segmentos cíclico", diz Filipe Villegas, analista de ações da Genial Investimentos.

 

A realidade do Brasil é uma, a do setor privado é outra, diz Luis Moreno

"A realidade do Brasil é uma, e a do setor privado é outra", disse Luis Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sobre as dificuldades que o país enfrenta. "O Brasil é o único país da América Latina que tem esse tamanho, essa escala e tantos empreendedores tecnológicos. O setor privado está animado, sabe das dificuldades do Brasil e o que tem de mudar."

Moreno conversou com a coluna na quarta-feira (30), quando a paralisação dos caminhoneiros ainda não havia se encerrado.

"Essa greve é terrível. Mas o Brasil nunca chega a extremos", afirmou ao comentar sobre rumos que o movimento poderia tomar. "Por que as pessoas não estão nas ruas? Porque a inflação está baixa, mesmo o desemprego está caindo um pouco, e há muitos empreendedores", responde.

Pelo BID, Moreno conheceu vários presidentes brasileiros. Prefere não comentar especificamente sobre nenhum.

"Mas, diria que quando pensamos que estava tudo bem, não estava tão bem, e quando pensamos que está ruim, não está tão ruim", afirmou bem-humorado.

INVESTIMENTO

Caiu nos anos de recessão porque, em razão da responsabilidade fiscal, os estados não tinham as contrapartidas para tomar empréstimos do BID. Nossa carteira é de US$ 12 bilhões (cerca de R$ 45,1 bilhões) no setor público e de US$ 1.3 bilhão no privado, que cresce muito rapidamente.

Esse valor é o maior do BID na América Latina, e sempre foi.

Fiquei impressionado, vocês têm um ecossistema de inovação de porte mundial. E ao mesmo tempo, têm uma Embraer. Mas ainda resta o desafio de melhorar a qualidade da educação.

TENDÊNCIAS NA REGIÃO

Vemos um regresso ao centro: Argentina, Chile, Peru, Costa Rica. Na Colômbia, [onde falta o segundo turno das eleições] deve caminhar nessa direção. No Brasil e no México está difícil antecipar o resultado. Mas as instituições brasileiras demonstram que se pode ter qualquer tipo de governo, que a institucionalidade tem o controle político.

Foi uma evolução importante também para a economia: autonomia do Banco Central e regras fiscais que vocês têm.

CORRUPÇÃO

O problema número um na América Latina é segurança, o número dois é corrupção, segundo o Latinobarómetro, que pesquisa em 18 países.

A grande corrupção vem do financiamento político. O escândalo da Odebrecht mostrou a fragilidade dos nossos países. Será a grande questão ainda nos próximos dez anos na região.

NAFTA E TPP

A Parceria Transpacífica (TPP), como se sabe, foi assinada em março no Chile, com todos os países, menos os Estados Unidos. Nafta tem dificuldade de negociação e o calendário político não ajuda: eleições no México em julho, em novembro no Congresso americano, e em províncias do Canadá.

É uma oportunidade para acelerarmos a integração, a conversa da Aliança do Pacífico com o Mercosul. Há mais de 30 acordos na América Latina, com normas diferentes, o que não beneficia o comércio.

GREVE DE CAMINHONEIROS

Não há dúvida de que terá um impacto imenso na economia. O trimestre será afetado. Também na Colômbia há dois anos, caminhões pararam o país. Eles têm tanto poder porque não desenvolvemos um sistema multimodal, usando rios e ferrovias.

Se tiver, os custos baixam e a capacidade de chantagem diminui. Daqui a alguns anos, difícil que isso venha a ocorrer. Um grande número de caminhões não terá motorista.

INVESTIDOR ESTRANGEIRO

O Brasil é o que recebe mais investimento na região. O investidor de longo prazo vê a sexta economia do mundo fazendo reformas, um mercado de consumo gigantesco.

Uma empresa global não tem alternativa, tem de estar no Brasil. O combate à corrupção é muito admirado. Leva à Justiça, não importa quem.

 

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