Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Protesto dos caminhoneiros entra no 9º dia; combustível chega ao Rio

Os caminhoneiros entram no nono dia de paralisação, com protestos em ao menos 18 Estados, além do Distrito Federal. Há manifestações em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins, além do DF. Com os dias de parada dos caminhões, mais setores da economia sentem o impacto e os prejuízos do movimento.

Há alguns sinais pontuais, contudo, de melhora - no Rio de Janeiro, há registro de chegada de combustível e alimentos na Ceasa. Além disso, a prefeitura do Rio espera a retomada completa dos serviços de ônibus e BRT nesta terça uma vez que conseguiu diesel. Outro sinal positivo é que ao menos dez postos de gasolina foram abastecidos no Rio até às 18h de segunda-feira, conforme o Sindcomb, o sindicato dos donos de postos do município.

Para hoje, a expectativa é que a distribuição continue em regime de contingência. A expectativa é de que o abastecimento esteja normalizado em quatro ou cinco dias. Os caminhões com combustível chegam ao Rio escoltados pela polícia. Em São Paulo, nesta terça-feira, metrô e trens funcionam na capital paulista com horário estendido e a frota de ônibus municipais deve operar com 60% a 70% dos veículos.

Ontem, a prefeitura de São Paulo informou que há 14 postos de combustíveis exclusivos para atender às demandas da administração municipal. Com isso, estão normalizadas as operações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), do Serviço Funerário Municipal, da Defesa Civil, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da Assistência Social e da Guarda Civil Metropolitana.

A coleta de lixo funciona hoje, menos a seletiva. Nesta manhã, a Infraero apontou que nove aeroportos sob sua administração estão com falta de combustível - Foz do Iguaçu (PR), Paulo Afonso (BA), Teresina (PI), Palmas (TO), João Pessoa (PB), Ilhéus (BA), Cuiabá (MT), Imperatriz (MA) e Petrolina (PE). Apesar da falta de querosene, os aeroportos estão abertos e têm condições de receber pousos e decolagens.

 

Governo enfraquecido preocupa empresários

Mesmo que se encerre em breve, o movimento de paralisação dos caminhoneiros é sinal de um fator bem mais duradouro, capaz de criar instabilidade na área produtiva e, eventualmente, comprometer investimentos: é a constatação de que o governo federal está enfraquecido e sem os instrumentos necessários para resolver crises rapidamente. Foi essa a preocupação manifestada por muitos vencedores do Executivo de Valor, cuja cerimônia de premiação ocorreu ontem, em São Paulo.

Em sua 18ª edição, foram premiados os melhores executivos em 25 categorias, duas a mais que nos anos anteriores. As novidades foram startup e conselho de administração. Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose, fez uma avaliação bastante negativa do impacto do movimento na economia. "Essa paralisação vai afetar o PIB do ano em um ponto percentual. Porque a economia parou", disse.

"Há múltiplas empresas com as operações paradas." No Itaú Unibanco, a avaliação é que as consequências para a economia também são muito preocupantes. "Diante do cenário que estamos vendo, acredito que o maior risco [de curto prazo para o país] seja o da continuidade da paralisação, com a contaminação de outros setores e consequente desorganização da produção", afirmou o presidente do banco, Candido Bracher.

"O Brasil não será o mesmo depois dessa greve", disse Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza. Governo, empresas e consumidores passaram a ver a importância do transporte rodoviário de carga de forma mais evidente, afirmou a empresária. O movimento, disse ela, chega em um momento em que a economia brasileira dá os primeiros passos para sair de uma longa crise econômica.

"Essas movimentações, crises e impactos sempre existirão. O que pode fazer a diferença é ter um governo com capacidade mobilizadora suficiente para direcionar a sociedade e as empresas no melhor caminho", afirmou Hamilton Amadeo, presidente da holding de saneamento Aegea.

 

Não há mais controle sobre o movimento, afirma líder sindical

Sindicalistas e representantes de caminhoneiros divergem sobre o fim da greve da categoria, que entrou no oitavo dia nesta segunda-feira, e os rumos do movimento daqui para frente. Parte das lideranças defende a volta ao trabalho e denuncia influência externa. Outra parte quer seguir a mobilização por entender que nem todos os objetivos foram alcançados.

O diretor do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí (Sinditac-Ijuí), Carlos Alberto Litti Dahmer, afirmou que orientou que "cada um tome suas próprias decisões. Não temos mais controle [do movimento], nem confiamos no governo". Segundo ele, o Planalto está perdido e, por conta disso, outros segmentos acabaram se apropriando da greve dos caminhoneiros para defender suas bandeiras. “O governo transformou o projeto que regula os preços de fretes rodoviários (PLC 121/2017) em medida provisória”, afirmou, em tom de crítica.

"Infiltrados"

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou que cerca de 30% dos caminhoneiros do país ainda estão mobilizados. O dirigente defendeu o fim do movimento e denunciou ameaças aos caminhoneiros por parte de militantes políticos e defensores de uma intervenção militar. Segundo ele, há condições para que a desmobilização termine amanhã, desde que cessem as ações para impedir que os caminhoneiros retomem as atividades. “O pessoal quer voltar a trabalhar, mas tem medo”, afirmou.

 O dirigente citou alguns locais onde a desmobilização está sendo dificultada, como no entorno das montadoras do ABC paulista e das distribuidoras de combustíveis BR, Shell e Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo. A greve continua “Os caminhoneiros estão com pé atrás em relação ao governo e vão continuar parados no Estado”, afirma Vanderli Caetano, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de Goiás (Sindicam-Goiás). Ruas vazias e comércio desbastecido é o panorama descrito por Caetano na cidade de Rio Verde, Goiás, onde ele está.

Segundo o líder sindical, os caminhoneiros esperavam uma proposta muito além de R$ 0 46 “E outra tabela de preço de frete por Medida Provisória também não passa nenhuma segurança, porque pode cair”, diz. Manobra política Já José Cícero Rodrigues, diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), afirmou que, enquanto a Petrobras não se manifestar de forma a garantir que o preço do óleo diesel não voltará a ter aumentos consecutivos, os caminhoneiros continuarão insatisfeitos.

Para ele, as medidas anunciadas pelo governo ontem à noite, em parte, são manobra política, atendendo apenas a uma crise imediata. “Essa greve teve início por essa razão (a política de preços), e pela importância do caminhoneiro na vida das pessoas, o que foi provado pelo o que estamos vendo, pelo desabastecimento”, ressaltou Rodrigues. Segundo ele, é necessário que a companhia formule uma proposta e de imediato: “Não se resolve em seis dias algo que se arrasta há anos. O problema da Petrobras vem de anos. No meu entendimento, essa política deveria estar recebendo atenção durante todo esse tempo, envolvendo economistas, empresários e trabalhadores”.

Bloqueios

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, às 14h desta segunda-feira (28), que, de um total de 1.283 bloqueios registrados em rodovias ao longo da semana passada por causa da paralisação de caminhoneiros, 727 foram liberados e 556 ainda estão interditados. A maioria dos pontos é de bloqueios parciais e sem prejuízo à circulação de veículos, de acordo com boletim da PRF.

 

Greve dos caminhoneiros não afeta rumo da Selic, diz Ilan

O impacto que a greve dos caminhoneiros terá sobre a inflação ainda não preocupa o Banco Central. Pelo menos é o que afirmou ontem o presidente da autoridade, Ilan Goldfajn, durante evento do Fórum de Líderes Empresariais (Lide), em São Paulo. A paralisação não vai impactar a "inflação que importa para o Banco Central", já que as mudanças de preços provenientes da paralisação são "pontuais", analisou o comandante da política monetária.

Ilan reforçou a sinalização sobre a premissa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter estável a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano nas próximas reuniões.

"Na inflação que importa para o BC, ou seja, no que vai acontecer ao longo do ano e do ano que vem, esses choques do dia a dia não influenciam a política monetária, que é mais resiliente e olha mais para a inflação do ano, do que de dias", disse Ilan. Questionado sobre a alta dos combustíveis muito acima da inflação no ano, fator que desencadeou os protestos de caminhoneiros, o presidente do BC disse que não comenta componentes separados.

"A inflação é uma média e para o BC o que importa é o comportamento dessa média de preços", explicou. Conforme o chefe da autoridade, mesmo que o custo do diesel possa ter subido dois dígitos, "outros preços caíram e essa média está rodando mais perto de 3% ao ano".

Ilan voltou a repetir no evento outra mensagem importante do último Copom. Segundo o presidente do BC, não há relação mecânica entre o choque externo e a política monetária. A autoridade monitora de perto os efeitos secundários, ou como os movimentos de preços se disseminam pelos setores. O choque externo se materializa na valorização no dólar e na redução do risco de a inflação demorar a convergir para as metas em 2018 e 2019.

Na última decisão do Copom de manter a Selic inalterada, segundo Ilan, "pesou a mudança no balanço de riscos para a inflação, em função do choque externo que reduziu as chances de a inflação ficar abaixo da meta e tornou desnecessária a mitigação de risco de convergência demasiadamente lenta".

Ilan destacou ainda que, embora não tenha havido nova redução, a Selic segue em sua mínima histórica e "abaixo da nossa taxa neutra". "O nível dos juros, portanto, ajuda a estimular a economia", considerou. O presidente do BC também procurou mostrar tranquilidade em relação à atual volatilidade do câmbio. Ilan reafirmou que o país tem vários "colchões" para amortecer os efeitos da apreciação global do dólar.

Citou o balanço de pagamentos, a inflação controlada e o sistema financeiro robusto como principais escudos contra uma crise vinda de fora. "O nosso balanço de pagamentos está mais do que equilibrado. Nosso déficit de conta corrente é hoje menos de 0,5% do PIB. Ele já chegou, em alguns momentos, a ser 4,5% do PIB, 5% do PIB. Hoje em dia, é menos de 0,5%. E é possível que deixe de ser negativo e vire positivo ao longo dos próximos 12 meses", afirmou.

O presidente do BC citou ainda as reservas internacionais e a redução do estoque de swaps, de US$ 110 bilhões para US$ 20 bilhões, que amplia o espaço de intervenções para reduzir a volatilidade no mercado de câmbio. A inflação em patamares mais baixos é outro fator que dá "tranquilidade" à política monetária, segundo Ilan. "Isso diz como o Banco Central pode reagir ao choque externo, em função da inflação. Como está abaixo da meta, dá um certo conforto que não tínhamos no passado."

O presidente da autoridade monetária destacou ainda o sistema financeiro robusto. "Acabamos de passar por recessão, inadimplência e hoje o sistema financeiro está mais resiliente", disse. Em outro evento em São Paulo, na Fundação Getulio Vargas (FGV), Ilan voltou a defender as reformas. "As reformas e os ajustes na economia são fundamentais para manutenção da inflação baixa, estável e ao funcionamento da política monetária", disse.

 

Em ritmo mais lento, PIB pode ter crescido só 0,3% no 1º tri

A reação mais consistente da atividade ensaiada no fim de 2017 teve vida curta. Enquanto os dados do primeiro trimestre jogaram uma pá de cal em perspectivas otimistas para o crescimento no período, a piora do ambiente externo e a incerteza eleitoral são fatores de risco que podem reduzir ainda mais as projeções para o restante do ano.

Segundo a estimativa média de 24 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu apenas 0,3% entre o quarto trimestre de 2017 e o primeiro de 2018, feitos os ajustes sazonais. Nos últimos três meses do ano passado, o PIB aumentou 0,1%. As previsões para as Contas Nacionais Trimestrais, a serem divulgadas amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vão de alta de 0,2% a 0,5%.

No início do ano, essa expectativa girava em torno de 1%. A maior parte dos componentes do PIB deve desacelerar ante o quarto trimestre, com exceção das exportações e da agricultura. As taxas na comparação com o mesmo período de 2017 também devem ser menores que as verificadas nos últimos três meses do ano passado.

Com o ritmo fraco já consolidado na abertura do ano e sinais igualmente frágeis para o segundo trimestre, os cortes nas previsões para a alta do PIB em 2018 - hoje em 2,4%, pela média dos analistas - devem prosseguir. Mais recentemente, o desabastecimento causado pela greve dos caminhoneiros reforçou a possibilidade de que a economia não deslanche nos próximos meses. "Temos um PIB de 2% para o ano [revisto de 3,2%], mas o risco é de baixa.

A mediana do Focus está em 2,4%, mas a discussão mais relevante está mais próxima de 2% e acho justificável falar em números abaixo disso", afirma Marco Caruso, economista-chefe do Banco Pine. A instituição prevê alta de 0,3% para o PIB do primeiro trimestre. No início do ano, a projeção era de 0,9%.

Para a MCM Consultores, a frustração com o crescimento de janeiro a março foi substancial. "Isso, por si só, terá repercussão negativa sobre nossa projeção de crescimento para 2018", afirmam economistas da empresa, em relatório. A consultoria também prevê avanço de 0,3% no PIB do primeiro trimestre, estimativa revisada de uma alta inicial de 1,2%. Para o ano, estima 3%.

No piso das projeções, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) trabalha com expansão de 0,2% no primeiro trimestre. "Os dados de indústria vieram bem abaixo das expectativas da maior parte dos analistas, enquanto o setor de serviços continua com desempenho demasiadamente fraco", afirmam as economistas Silvia Matos e Luana Miranda.

Para a indústria, o Ibre estima queda de 0,5% nos três primeiros meses do ano, com alta da extrativa mineral e da eletricidade. A construção civil continuou a cair (- 0,7%). O segmento de transformação ficou praticamente estagnado (-0,1%).

Responsável por cerca de 70% do PIB, os serviços aumentaram apenas 0,2% na passagem trimestral, mesma variação registrada na medição anterior. De acordo com Silvia, a retomada a passos lentos do mercado de trabalho tem ditado uma alta também mais frágil da renda, o que explica a velocidade comedida dos serviços. A redução dos spreads bancários foi menos intensa do que o previsto, outro fator que atuou contra uma recuperação mais forte do setor, acrescentou.

O PIB agropecuário foi a única surpresa positiva no começo do ano para o Ibre, que projeta aumento de 1,6% entre o quarto trimestre de 2017 e o primeiro deste ano para o segmento. "As projeções de safra referentes a 2018 apontam queda da produção agrícola, mas as informações preliminares do abate de bovinos indicam que a pecuária poderá sustentar um crescimento do setor", dizem Silvia e Luana.

Pela ótica da demanda, o comportamento negativo da construção civil se refletiu nos investimentos. A entidade estima que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa) subiu 0,2% de janeiro a março, após expansão de 2% de outubro a dezembro de 2017.

O consumo das famílias também desapontou, com alta de 0,1% no primeiro trimestre, estima o Ibre. "Ainda que nossos modelos apontem expansão de 2,8% do consumo no ano, reconhecemos que o desempenho futuro é incerto devido ao menor repasse da queda dos juros aos consumidores e à exaustão do impulso gerado pela liberação dos recursos do FGTS", afirmam as economistas da entidade. Caruso, do Pine, também aponta o consumo como principal decepção no lado da demanda.

Em sua visão, essa parte do PIB recuou 0,1% no início do ano. "Houve perda de fôlego da ocupação e da massa salarial real, além do menor ímpeto na queda de juros para a pessoa física", diz.

 Para o setor externo, o economista ainda espera números bons de exportação, que devem ter crescido 2%. Como, porém, as importações também aumentaram em igual magnitude, o saldo líquido para o PIB foi negativo. A importação reflete o avanço dos investimentos em máquinas e equipamentos, geralmente comprados no exterior, explica.

Jankiel Santos, economista-chefe do banco chinês Haitong, também vê contribuição negativa do setor externo no primeiro trimestre. "Aparentemente, o que estamos vendo é que essa expansão de consumo e de investimento acabou sendo atendida pelo setor externo [via importação] e não pelo doméstico."

O Haitong estima alta de 0,3% para o PIB de janeiro a março e de 2,2% no ano - número que tem sido mantido desde o fim do ano passado e, agora, tem viés de baixa. Considerando a previsão para os primeiros três meses, é necessário um crescimento médio de 1,1% do segundo ao quarto trimestre do ano para chegar a 2,2% na média de 2018.

"Não parece ser o caso de termos já no segundo trimestre um resultado desses", pondera Santos. Assim, seria preciso um ganho de fôlego ainda maior no segundo semestre para compensar a fraqueza da primeira metade do ano. "Supomos que haverá aceleração, à medida em que os efeitos de política monetária sejam transferidos em maior intensidade para a economia doméstica.

Agora, supor que passaremos de 0,3% para um número muito mais forte lá no final do ano, não parece plausível a essa altura do campeonato", avalia. Daí a percepção de que o PIB deve crescer ainda menos no ano do que a projeção atual, de 2,2%.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Protesto atinge economia em momento de recuperação frustrante

O prejuízo econômico das paralisações dos caminhoneiros nos últimos dias já começa a aparecer nos indicadores acompanhados por analistas. O primeiro efeito palpável da paralisação surgiu nas estatísticas de consumo de energia elétrica. Entre quinta-feira (24) e domingo (27), houve uma contração de 9% em comparação ao mesmo período da semana anterior, segundo Artur Passos, economista do Itaú Unibanco.

É comum que greves de grande proporção causem danos de curto prazo. Segundo economistas, o script de episódios de natureza semelhante ao atual é o seguinte: durante a crise, há efeitos negativos imediatos que, no entanto, são revertidos nos meses seguintes.

A grande dúvida, que dificulta estimativas sobre o impacto desta crise, é se, quando chegar ao fim, o movimento atual será comparável a outros eventos em anos recentes. Para especialistas, há indícios de que a situação caminhe para se tornar mais severa e, com isso, provoque prejuízos mais duradouros.

"O governo e as instituições sairão muito abalados desta crise. Isso pode aumentar o peso da indefinição eleitoral sobre a confiança, prejudicando ainda mais o consumo e o investimento", diz Armando Castelar Pinheiro, coordenador de economia aplicada do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Passos concorda que existe o risco de efeitos mais duradouros desta vez, embora ressalte que ainda não se pode ter certeza sobre isso. "Parece que tanto a adesão quanto a duração do movimento caminham para ultrapassar as de outros episódios recentes", afirma. De acordo com Castelar, a experiência de paralisações dos últimos anos -- como outras greves de caminhoneiros e os protestos causados pelo reajuste de tarifas públicas em 2013-- indica que as vendas do varejo são as mais afetadas, enquanto o impacto sobre a indústria é menor.

Mas mesmo o estrago sobre o comércio costuma ser revertido logo no mês seguinte dos protestos. "Muita coisa que deixa de acontecer nesses períodos de tumulto acaba acontecendo depois", diz Castelar, do Ibre. O problema é que, além de as paralisações estarem se estendendo além do previsto, atingiram a economia brasileira em um momento de recuperação frustrante, após uma longa recessão.

Os repetidos dados de atividade mais fracos do que o esperado já tinham levado a uma onda de revisões para baixo nas projeções de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) deste e do próximo ano. E, segundo analistas, esse movimento deve continuar. "O risco é que essa crise aumente ainda mais as dúvidas sobre a capacidade de crescimento", afirma Passos.

Embora a incerteza provocada por eventos como o atual seja relevante, é difícil mensurá-la, completa o economista. De acordo com Castelar, se a confiança de consumidores e empresários for, de fato, muito abalada, a demanda por bens e serviços na economia diminuirá ainda mais: "Ironicamente, se isso ocorrer, trará grande prejuízo aos próprios caminhoneiros."

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