Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Aposta em corte da Selic perde força a uma semana de Copom

Faltando uma semana para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), investidores colocam em dúvida um novo e último corte da taxa Selic e adotam uma postura mais defensiva diante da persistente alta do dólar e das incertezas no exterior. A cautela é tamanha que alguns profissionais temem até a antecipação da retomada do ciclo de elevação de juros, que era projetada só para meados do ano que vem.

Para o curto prazo, a probabilidade de queda de 0,25 ponto percentual da taxa básica, a 6,25% ao ano, recuou de cerca de 94% em meados de abril para 61%. "A certeza do mercado foi abalada pela alta global do dólar, que ainda não deu sinais de reversão", diz Rodrigo Borges, diretor de renda fixa da Franklin Templeton no Brasil. "E a cada ponto que o dólar sobe, aumenta a dúvida sobre a atuação do Copom", acrescenta.

O Bank of America Merrill Lynch (BofA) é uma das grandes instituições financeiras que já assumiu uma visão mais cautelosa. Agora, em vez de um corte de 0,25 ponto da Selic, espera manutenção da taxa em 6,50%, na próxima reunião. E o mercado também teria leitura semelhante se o Copom não tivesse declarado sua intenção de cortar a taxa, destaca o BofA.

De acordo com a ata da última reunião, esse estímulo adicional mitigaria "o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas". Essa mensagem teria sido reafirmada, inclusive, na sexta-feira passada pelo diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, em encontro com representantes do mercado financeiro.

Viana teria dito, segundo participantes dessa reunião, que a alta do dólar não aumenta, necessariamente, a inflação projetada pelo Copom em seu cenário básico. Só que agora o balanço de risco, na avaliação de especialistas, parece ter se deteriorado pelas incertezas no exterior, que vão desde o aperto monetário nas economias desenvolvidas até os riscos geopolíticos - quadro que tem forte impacto sobre a cotação do dólar no mundo. Ainda não há uma onda de revisões para a decisão do Copom da semana que vem. Mas deve crescer a discussão sobre a perenidade do juro baixo.

A Acrefi, entidade que representa as instituições de crédito, financiamento e investimento, considera revisar a projeção para a trajetória da taxa Selic no próximo ano, no caso de deterioração do quadro externo. O cenário base da entidade prevê novo corte de 0,25 ponto na Selic neste mês e manutenção da taxa até o segundo trimestre de 2019. "Mas mesmo esse quadro já está mais incerto", afirma Nicolas Tingas, consultor econômico.

O mercado de títulos públicos já tem reagido a esse quadro de dólar mais forte. A chamada inflação implícita embutida nas NTN-Bs, papéis atrelados ao IPCA, intensificaram a alta nos últimos dias. O título com vencimento em agosto de 2020 projeta uma inflação - calculada pela diferença entre o juro do papel e a taxa do DI de prazo equivalente - na casa de 4,60%, acima da meta estabelecida para este ano, de 4,50%. "Por mais que inflação corrente esteja bem-comportada e o hiato do produto continue alto, o mercado já precifica impacto da alta do dólar na inflação futura", afirma Marcos De Callis, estrategista da Votorantim Asset.

Até por isso, os juros futuros mostraram altas mais acentuadas na sessão da terça-feira, enquanto o dólar se aproximava cada vez mais de R$ 3,60. O DI janeiro de 2020, por exemplo, subiu 14 pontos-base, a 7,270% ontem. "O sentimento é de que a alta do dólar veio para ficar e pode até piorar um pouco mais", diz Matheus Gallina, da Quantitas.

Nesse sentido, os investidores reduzem a exposição nos contratos de curto prazo, acrescenta o especialista, diante do receio de que o câmbio impacte a percepção de risco e as decisões do Copom, por mais que a inflação corrente ainda esteja bemcomportada. Com a alta do dólar, também as expectativas de inflação pararam de recuar, ainda que o cenário de preços continue favorável ao consumidor.

A estimativa dos economistas para o IPCA de 2019 foi mantida em 4,03%, conforme os números do último Boletim Focus de segunda-feira, em mais uma semana sem melhora nas projeções. "O mercado está dando uma azedada, o câmbio não para de piorar e isso coloca pressão na curva de juros", diz o estrategista Fernando Ferez, da Renascença.

"A Selic pode até cair mais na semana que vem, mas também tem o risco de que o Copom precise subir taxas mais rapidamente do que previa", acrescenta. Por outro lado, muitos analistas ainda se voltam para os fundamentos da economia antes de desenhar um cenário mais negativo para os juros.

"O Brasil não possui fragilidade externa, a inflação está muito abaixo do centro da meta e a ociosidade da economia tende a limitar o repasse da moeda para os preços", aponta o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato. Ele mantém a projeção de corte da meta Selic, a 6,25%, na semana que vem.

 

Ilan: BC olha inflação, expectativas e atividade para decidir juros

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse na noite desta terça-feira, em entrevista à "Globonews", que o que importa para a decisão a ser tomada sobre juros na semana que vem é a inflação e as expectativas de inflação. “É muito importante saber o que o BC, num regime de metas de inflação, olha. Olha para a inflação, para expectativas de inflação, a atividade”, disse. “ É isso que importa para a decisão.”

 Ilan respondeu a pergunta de jornalistas sobre se o cenário econômico traçado pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que indicou um corte moderado de juros para reunião na semana que vem, havia mudado depois da recente valorização do dólar e alta do petróleo. “Bom, as coisas nunca continuam como estão”, disse Ilan. “Mas, nesse caso, a gente está observando essa que é uma questão internacional, a questão do Trump, a questão da Argentina. Tudo isso aí tem a ver com um fenômeno importante, que é o fortalecimento do dólar no mundo. Não é com o Brasil, não é só com a Argentina, é contra todos os países do mundo.

Segundo Ilan, o Copom irá avaliar todas essa condições na semana que vem. “A cada 45 dias tem uma decisão, e essa decisão será tomada na semana que vem”, disse. “Vamos analisar todas essas condições.” O presidente do Banco Central afirmou que o impacto da alta do dólar sobre a inflação depende de fatores como a atividade econômica e a ancoragem das expectativas. “O importante é saber o que você tem que olhar em um regime de metas de inflação. É a expectativa de inflação, é a atividade, é olhar para frente”, disse.

“Já fiz um trabalho no passado que analisa como mudanças nesse tipo de variável afetam a inflação. Depende da atividade, depende se o que chamamos de expectativas de inflação estão ancoradas, se todo mundo acredita que os preços estão estáveis no Brasil, se há credibilidade ou não. Tudo isso afeta o impacto que tem esse tipo de mudança na nossa economia.”

Swaps

Um dos movimentos do banco central em razão das mudanças cambiais recentes é a oferta líquida de swaps cambiais, feita desde a semana passada, que Ilan afirmou ter como objetivo "garantir o bom funcionamento do mercado de câmbio flutuante".

“O objetivo é deixar o câmbio ser flutuante”, afirmou. “Nesse caso, o que temos que fazer é garantir o bom funcionamento dos mercados”, disse. Para ele, isso significa assegurar que as “mudanças de preços” ocorram de uma forma normal. “Para isso, vamos sempre estar olhando, monitorando, intervindo quando for necessário.” Ilan acrescentou que o BC não deixará nenhum exagero, nenhum excesso, que e deixará tudo “funcionando conforme deveria num regime de câmbio”.

Juros bancários

Ilan também respondeu a perguntas sobre os juros praticados pelos bancos e considerou que as taxas já estão começando a baixar, mas ponderou que gostaria que caíssem mais. “Tem que ter mudanças estruturais, não mudanças voluntariosas, aquelas que você faz e depois volta”, afirmou. “Tem que atacar todas as causas: muitas imperfeições na economia brasileira, falta de garantias, falta de recuperação [do crédito inadimplente], impostos muitos altos, compulsórios.” Esses fatores, argumentou, fazem com que taxas bancárias sejam altas apesar de a taxa Selic ter caído.

Ilan disse que o governo está atacando essas causas por meio de medidas incluídas na agenda de reformas conhecida como “BC+”. “Tenho certeza que ao longo do tempo vai gerar resultado.”

 

Crise argentina: Não há canal de contágio para o Brasil, diz Guardia

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta terça-feira (8) que “não há canal de contágio” para a economia brasileira, ao comentar o fato de a Argentina ter recorrido a acordo financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Após participar de audiência pública sobre projeto de lei que trata da privatização da Eletrobras, Guardia ressaltou que o Brasil tem uma situação externa extremamente confortável e um déficit em conta corrente “pequeno”, que é financiado por investimento direto estrangeiro.

Ele ressaltou ainda que o Brasil tem reservas extremamente elevadas. “Não vejo nenhum impacto. Situação completamente diferente da argentina”, complementou o ministro, acrescentando que não fez nenhum contato com o diretor brasileiro do FMI, mas não vê motivos para se negar apoio ao socorro.

EUA x Irã

Questionado sobre o impacto do fim de acordo entre Estados Unidos e Irã para a economia brasileira, Guardia disse que a situação internacional pode mudar ao longo do tempo, mas defendeu a continuidade do ajuste fiscal e das reformas como melhor antídoto contra a instabilidade.

“Precisamos persistir no caminho da consolidação fiscal e da agenda de reformas”, destacou. Ele disse que até agora tem visto um possível impacto nos preços do petróleo, mas afirmou preferir acompanhar com mais cuidado. Na avaliação do ministro, não há mudança no balanço de risco para o futuro imediato da economia brasileira.

 

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