Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Spread alto e incerteza eleitoral afetam retomada

A atividade econômica perdeu fôlego no começo do ano, uma desaceleração que se deu num quadro formado por juros ainda muito elevados nos empréstimos, recuperação fraca do emprego, incertezas eleitorais e dúvidas quanto à saúde financeira das empresas. Essa combinação ajuda a explicar o desempenho mais fraco nos primeiros meses do ano da indústria, do comércio e dos serviços, pelo lado da oferta, e do consumo das famílias e do investimento, pelo lado da demanda.

Diversas projeções apontam hoje para uma expansão do PIB no primeiro trimestre de 0,5% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. É bastante inferior ao cerca de 1% que era considerado factível na virada do ano por parcela considerável de bancos e consultorias, especialmente devido à forte queda dos juros básicos. Com isso, fica difícil um crescimento de 3% em 2018, o que exigiria uma aceleração muito expressiva nos próximos trimestres.

Nesse ambiente, ganham espaço projeções mais próximas de 2,5%. Sócio da 4E Consultoria, Juan Jensen observa que dois fatores que impulsionaram o consumo em 2017 não se repetem neste ano - a liberação de cerca de R$ 44 bilhões das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o aumento razoavelmente expressivo da renda em termos reais, por causa do tombo da inflação.

A expectativa é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique na casa de 3,5% neste ano, um pouco acima dos 2,95% do ano passado. Para compensar a ausência desses estímulos, o crescimento do emprego e a recuperação do crédito passam a ser fundamentais, diz ele. "Mas isso tem ocorrido em ritmo insuficiente."

No crédito, o custo para quem toma empréstimos segue alto, limitando o efeito da Selic na mínima histórica, mesmo num ambiente de redução do endividamento das famílias, afirma Jensen. O problema é a queda modesta do spread bancário (a diferença entre a taxa cobrada em financiamentos e o custo de captação dos recursos). A 4E tem uma visão mais cautelosa sobre a atividade desde a virada do ano, projetando crescimento de 1,9% em 2018.

Números da LCA Consultores mostram que o spread nos empréstimos para a pessoa física com recursos livres caiu muito pouco quando se excluem as taxas do cartão de crédito, que recuaram com mais força no ano passado, devido a uma mudança nas regras do crédito rotativo. Nas contas da LCA, esse spread estava em 45,8 pontos percentuais em fevereiro, pouco abaixo dos 49,3 pontos de janeiro do ano passado.

Para o economista-sênior da LCA, Bráulio Borges, o canal de transmissão do crédito pode estar "relativamente entupido" por causa de níveis incerteza "ainda acima dos usuais, que limitam tanto a disposição dos bancos em emprestar mais como dos agentes em se endividar". Além disso, o aumento da concentração bancária nos últimos anos também "pode estar jogando.

Para o economista-sênior da LCA, Bráulio Borges, o canal de transmissão do crédito pode estar "relativamente entupido" por causa de níveis incerteza "ainda acima dos usuais, que limitam tanto a disposição dos bancos em emprestar mais como dos agentes em se endividar". Além disso, o aumento da concentração bancária nos últimos anos também "pode estar jogando areia" nesse canal, avalia Borges.

O consumo das famílias tem sido afetado ainda pela situação do mercado de trabalho. Grande parte da geração de vagas se concentra nos postos por conta própria ou sem carteira assinada. No setor formal, a evolução das contratações ainda não engatou. Jensen diz que, entre outubro e janeiro, o saldo de empregos com carteira assinada ficou em 50 mil por mês, feito o ajuste sazonal. Em fevereiro, porém, o resultado ficou perto de zero, afirma ele.

O dado de março, segundo Jensen, será fundamental para avaliar se o que ocorreu no mês anterior foi um ponto fora da curva ou uma alteração de tendência. Trabalhadores com carteira têm mais segurança para consumir e se endividar. O investimento tem se recuperado a um ritmo gradual, especialmente se considerado que chegou a cair quase 30% na crise. Um fator que parece atrapalhar uma recuperação mais forte é a situação financeira das empresas. A A.C.

Pastore & Associados chama a atenção para o crescimento do número de solicitações de recuperação judicial. Nos três meses até março, houve uma média de 137 pedidos, na série com ajuste sazonal da consultoria, uma alta em relação aos 111 da média do quarto trimestre de 2017. "O número atual é mais do que o dobro do verificado entre 2012-2013", observa o economista Marcelo Gazzano, da A.C. Pastore.

Em relatório, a consultoria observa que "dados de endividamento das empresas são escassos, e as informações disponíveis apontam que apenas as empresas de maior porte avançaram de maneira mais expressiva no processo de desalavancagem". A consultoria reduziu nesta semana a estimativa de crescimento de 2018 de 3% para 2,2%.

O investimento também já parece afetado em alguma medida por incertezas relacionadas às eleições, num cenário em que há dúvidas sobre a delicada situação fiscal do país, como diz José Ronaldo de Castro Souza Jr., diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Esse clima de incerteza afeta a decisão de contratar mão de obra, de investir e de tomar crédito, além de tornar o consumidor um pouco mais cauteloso, aponta o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani.

Para o economista Rodolfo Margato, do Santander, "grandes segmentos do empresariado têm uma demora um pouco maior na tomada de decisão de novas contratações, especialmente por ser um ano com grandes incertezas no quadro político-eleitoral". Ao falar sobre a atividade nos primeiros meses do ano, Souza Jr. avalia que é preciso tomar cuidado para "não levar a ferro e fogo" o comportamento de dados mensais. Eles podem oscilar de modo mais acentuado, sem que isso represente uma mudança de tendência.

Até o momento, ele não alterou a projeção de crescimento de 3% para este ano. Souza Jr. destaca que o efeito do estímulo da Selic mais baixa ainda não se verificou totalmente, também lembrando que o spread segue elevado. À medida que ele cair, o que tenderia a ocorrer nos próximos meses, o impacto da política monetária ficará mais claro, diz ele.

 

FMI vê consolidação fiscal no país apesar de dívida recorde

Em um momento no qual a dívida global atingiu o maior valor em todos os tempos, o Brasil seguiu a tendência mundial e aparece como destaque negativo entre os emergentes, com o maior grau de endividamento desse conjunto de nações, indicou o relatório Monitor Fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado ontem. Conforme o levantamento, no ano passado, a relação entre dívida bruta e PIB brasileiro alcançou 84%, ou seja, 35 pontos percentuais acima da média do grupo.

A previsão do FMI é que a taxa alcance 96% do PIB em 2022, mas se estabilize a partir de então. "Esse nível é muito alto no contexto de países com economias emergentes", advertiu o diretor do departamento fiscal do órgão, Vítor Gaspar.

O executivo fez um alerta sobre a forte subida da dívida pública no Brasil. Segundo Gaspar, o Brasil já recebeu recomendações para adotar políticas que evitem um forte crescimento dessa dívida. Apesar da tendência de alta, o diretor do FMI expressou confiança na atuação do país no sentido de frear o aumento.

Conforme o especialista, o país deverá ter melhores dados no futuro próximo. "A dívida pública deve ser estabilizada em 2024", afirmou. O FMI apontou, como medidas positivas para a estabilização do endividamento, a regra do teto para o aumento dos gastos públicos instituída no Brasil desde o ano passado.

A norma deve levar a uma redução anual de gastos primários de cerca de 0,5% do PIB a partir de 2019, destacou o organismo multilateral. O Fundo lamentou, porém, que o Brasil não tenha aprovado outras mudanças com potencial de reduzir ainda mais os gastos públicos, como a reforma da Previdência.

Na visão do órgão, se fosse aprovada, a reforma poderia gerar uma economia adicional de cerca de 9,5% do PIB na próxima década. "Espera-se que a dívida estabilize em pouco menos de 100% do PIB em meados de 2020", destacou o documento. O FMI ressaltou que a recente consolidação fiscal no Brasil foi apoiada em uma recuperação das receitas, na contenção das despesas discricionárias e em juros mais baixos.

Durante o evento do FMI, o economista-chefe do Banco Mundial para América Latina, Carlos Végh, afirmou que foram feitas reformas importantes no Brasil nos últimos anos. O especialista destacou tanto a evolução na área fiscal quanto o debate ocorrido para a aprovação da reforma da Previdência. "Há o conceito de que essa reforma deve ser feita", afirmou.

O FMI destacou ainda que o Brasil faz parte do grupo de países que têm condições de aumentar a velocidade de seus processos de ajuste fiscal. "Dada a força da recuperação, o Brasil deve acelerar o ritmo de consolidação e antecipar o esforço fiscal", destacou o Fundo. Em seguida, menciona a Argentina, país onde "as metas de déficit primário estabelecidas pelas autoridades para 2018 a 2020 colocam a política fiscal no caminho certo".

Na visão do FMI, os países que tiverem um ritmo mais rápido de redução nos déficits diminuirão as necessidades de financiamento e ainda ganharão apoio adicional no controle da inflação. Durante o seminário na sede do FMI, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, destacou o momento positivo de inflação baixa vivido pelo Brasil. Conforme o chefe da autoridade, a inflação segue estimada atualmente em 2,7%.

Ilan reforçou que a economia brasileira se recuperou e tem previsão de crescer 2,3% este ano e 2,5% no próximo, segundo as projeções do próprio Fundo. De acordo com Ilan, a inflação deve continuar baixa no país nos próximos anos. "Precisamos ir além e manter um período longo" sem inflação elevada.

Segundo o presidente do BC, para isso, é importante ter em conta a reorientação da política econômica, buscando o controle do gasto público, como um pré-requisito para os resultados obtidos. Além disso, Ilan destacou como crucial a melhora na comunicação do BC. "A comunicação funcionou como uma ferramenta eficaz para guiar o mercado". Desde que a nova equipe da autoridade assumiu, a linguagem se tornou mais clara e direta e o papel das chamadas "palavras-chave" foi reduzido.

As projeções de inflação são apresentadas nos comunicados e atas das decisões. Sobre a perspectiva de maiores taxas de juros nos Estados Unidos, Ilan afirmou que as economias emergentes devem trabalhar de forma preventiva para tirar vantagem do quadro externo atual de crescimento e ambiente financeiro favorável. "O regime de câmbio flutuante é nossa primeira linha de defesa contra choques externos, o que não impede o BC de utilizar as ferramentas à disposição para evitar volatilidade excessiva", disse Ilan.

Ainda de acordo com o presidente, "nosso estoque de reservas internacionais supera os US$ 380 bilhões, cerca de 20% do PIB, e funciona como um seguro em períodos de turbulência. O BC reduziu o estoque de swaps cambiais, de US$ 108 bilhões para cerca de US$ 24 bilhões".

 

Reação do investimento perde força no 1º bimestre

Os investimentos perderam fôlego em relação ao último trimestre de 2017, mas seguiram com desempenho positivo neste início de ano. Cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Tendências Consultoria mostram que a formação bruta de capital fixo (FBCF, medida do PIB do que se investe em máquinas e equipamentos, construção e pesquisa) cresceu no primeiro bimestre, mas ainda com contribuição quase exclusiva da parte de máquinas, enquanto a construção civil continuou patinando.

Divulgado ontem pelo Ipea, o Indicador Mensal de FBCF do instituto subiu 1,7% entre janeiro e fevereiro, feitos os ajustes sazonais, mas não recuperou o tombo de 2,4% observado na medição anterior. A alta no segundo mês do ano foi liderada pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos - medida da produção nacional destes bens, descontadas as exportações, somada à importação deles - que avançou 6,2% na passagem mensal, enquanto o índice de construção civil ficou praticamente estável, com expansão de 0,1%, após ter caído 2,3% em janeiro.

O monitor trimestral de componentes da FBCF da Tendências, por sua vez, perdeu ímpeto, ao crescer 2,2% no primeiro bimestre de 2018, sobre igual período do ano anterior. Nos últimos três meses de 2017, a expansão foi maior, de 8,6%. Neste índice, o consumo aparente de máquinas subiu 7,9% no primeiro bimestre ante o mesmo intervalo de 2017. Já a medida aproximada da consultoria para o PIB da construção recuou 1,6% na mesma ordem.

Os dados do Ipea apontam tendência semelhante: nos dois primeiros meses do ano, pelo indicador da entidade, a FBCF cresceu 3,4% sobre igual período de 2017, com aumento de 16,5% na parte de máquinas e queda de 0,8% nos dados de construção. Nos três meses até dezembro de 2017, a alta dos investimentos em relação ao mesmo intervalo do ano anterior era de 3,8%.

Na comparação com ajuste sazonal, a FBCF subiu 1,9% nos três meses terminados em fevereiro, na comparação com o trimestre encerrado em novembro. Para José Ronaldo de Castro Júnior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, os dados mostram recuperação paulatina da formação bruta. A demanda por bens de capital está maior porque, com a reação da atividade, é preciso repor o estoque de capital que sofreu depreciação, ou defasagem tecnológica, diz.

No entanto, projetos de longo prazo ainda não foram tirados da gaveta, uma vez que a produção de bens de capital não seriados, fabricados sob encomenda, ainda está em queda. Segundo o IBGE, a fabricação desses itens recuou 13,5% entre o primeiro bimestre de 2017 e igual período de 2018, pior desempenho entre as categorias de bens de capital pesquisadas. "Esses bens não seriados dependem de um cenário de menor incerteza, porque são produzidos tendo em vista um investimento mais longo", diz Castro Júnior.

Do lado da construção, os sinais de retomada começam a aparecer, mas são tênues até o momento, afirmam Felipe Beraldi e Thiago Xavier, da Tendências. A produção de insumos típicos de construção civil subiu 3,2% nos três meses encerrados em fevereiro, em relação aos três meses terminados em janeiro, observa Beraldi.

O economista menciona, ainda, que há indícios de recuperação de vendas e lançamentos no mercado imobiliário, ainda que totalmente concentrados em São Paulo. Coordenadora dos projetos de construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Ana Maria Castelo afirma que, pelo próprio ciclo do setor, a parte de edificações deve ser o principal vetor de crescimento este ano. Já a de infraestrutura, mais afetada pelas incertezas eleitorais e que depende de leilões, tem menor potencial.

No cenário do Ibre, o PIB da construção civil vai aumentar 1,1% em 2018, depois de quatro anos seguidos de queda. Feita pela entidade, a Sondagem da Construção tem mostrado alta contínua da confiança dos empresários do setor, destaca Ana Maria. O Índice de Confiança da Construção (ICST) só não subiu em 2 dos últimos 12 meses.

 Na passagem de fevereiro para março, o ICST avançou 0,7 ponto, para 82,1 pontos. No primeiro trimestre, o índice aumentou 2,9 pontos sobre os três meses anteriores e 7,2 pontos ante igual período de 2017 (comparação feita sem ajuste sazonal). A principal influência de expansão sobre o ICST de janeiro a março partiu do segmento de edificações residenciais, cuja melhora da percepção reflete o aumento de lançamentos e de vendas e a redução no número de distratos, de acordo com o Ibre. "A atividade do setor está melhorando bem devagar, mas a percepção é que o pior ficou para trás, avalia Ana Maria.

Para Beraldi e Xavier, a reação do setor deve começar a partir de reformas imobiliárias e da retomada de obras paralisadas. "Os impactos das obras de infraestrutura devem ser limitados no curto prazo, especialmente com os atrasos nas concessões." A retomada da atividade da construção civil neste ano será liderada pelo setor imobiliário, concorda Priscila Trigo, economista do Bradesco. "Os segmentos comercial e de infraestrutura, entretanto, manterão desempenho mais moderado".

O banco trabalha com alta de 4% do PIB da construção em 2018. Além do melhor desempenho da construção, serão impactos positivos no investimento este ano os efeitos da queda da taxa de juros sobre a atividade e a recuperação da confiança do empresariado, afirmam os economistas da Tendências. A consultoria estima que a formação bruta vai avançar 6,2% em 2018, e o PIB da construção, 3,1%.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Dívida pública do Brasil pode chegar a quase 100% do PIB, segundo FMI

Em relatório sobre o estado da política fiscal pelo mundo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) prevê que a dívida bruta do governo do Brasil deve bater os 90% do PIB no ano que vem, e chegar a quase 100% até 2023.

É um dos maiores patamares de dívida entre as economias emergentes do mundo, e comparável à de países desenvolvidos. Na América Latina, por exemplo, a média é de 61%. O percentual fica na casa dos 50% na Argentina e na Colômbia, e não passa de 23% no Chile.

“É um nível muito alto no contexto dos mercados emergentes”, afirma o economista Vitor Gaspar, diretor do departamento de Assuntos Fiscais do FMI.

Em 2018, o percentual da dívida pública brasileira deve chegar a 87,3% do PIB, segundo o FMI. No ano que vem, bate nos 90,2% e, em 2023, atinge 96,3%. No ano passado, esse percentual foi de 84%.“São níveis que, no passado, estiveram associados a crises fiscais”, comenta Gaspar. “A dívida média só foi maior durante os anos 1980, que ganharam o título de ‘década perdida’ na América Latina.”

A proporção da dívida pública brasileira preocupa o FMI, que pediu a aceleração das reformas e do ajuste fiscal do país no documento Fiscal Monitor, lançado nesta quarta-feira (18).

“Dada a força de sua recuperação econômica, o Brasil deveria acelerar o passo da consolidação e estimular o esforço fiscal”, informa o relatório.

O órgão aumentou nesta semana a previsão de crescimento do Brasil para 2,3% em 2018, destacando a recuperação dos investimentos no país.

Gaspar afirma que é “crucial” que o Brasil adote logo um plano de médio prazo para diminuir a proporção da dívida e mantê-la sob controle –já que seu crescimento destoa da tendência de outros países da região, e se compara inclusive à situação dos Estados Unidos, que vêm adotando expansão fiscal e corte de impostos nos últimos meses.

GASTOS E PREVIDÊNCIA

Para o FMI, mesmo com a recente alta nos preços das commodities, países exportadores de bens agrícolas como o Brasil deveriam aproveitar o momento para alinhar os gastos públicos com perspectivas de receita mais modestas.

No documento desta quarta, o FMI elogia a queda do déficit orçamentário em 2017, e cita a aprovação do teto de gastos proposto pelo governo de Michel Temer (PMDB), que deve reduzir o gasto público em 0,5% do PIB a partir de 2019. Mas, para o fundo, ainda é preciso aprovar a reforma da previdência, que pode gerar economia de até 9,5% do PIB ao longo da próxima década.

“Não existe espaço para a complacência”, afirma Gaspar. No atual cenário de crescimento global, o FMI recomenda que todos os países façam algum tipo de ajuste fiscal, cortando gastos improdutivos e formando poupanças para políticas anticíclicas em crises futuras.

“Ninguém pode prever com precisão os altos e baixos da economia de um país. Governos bem-sucedidos são aqueles que se preparam para as tempestades no horizonte”, comenta o diretor do órgão.

PRESSÕES INFLACIONÁRIAS

O FMI faz ainda um alerta especial aos Estados Unidos, onde o governo de Donald Trump vem aumentando os gastos públicos e fez um extensivo corte de impostos no fim do ano passado.

De acordo com o relatório, acelerar o gasto público em um momento de expansão econômica (o país deve crescer 2,9% neste ano) corre o risco de gerar pressão inflacionária e aumentar a dívida pública.

Não por acaso, o Global Financial Stability Report, também divulgado pelo FMI nesta quarta, destaca o risco de volatilidades em função da “considerável expansão fiscal dos EUA”.

Segundo o documento, há um “caminho acidentado” pela frente, ao qual os bancos centrais devem reagir se necessário, com ajustes na política monetária.

 

Presidente do BC diz que não pretende mudar meta de inflação

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, voltou a afirmar nesta quarta-feira (18) que não pretende mexer nas metas de inflação —apesar de as taxas estarem abaixo do esperado.

“Quando nós olhamos para o médio prazo, em 2019, 2020, as previsões estão na meta”, afirmou Goldfajn, durante um painel sobre inflação no FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington. “Então, precisamos levar isso em consideração.”

Atualmente, a meta da inflação para o ano é de 4,5%. Nos últimos 12 meses, porém, a taxa não passou de 2,68%, de acordo com o último IPCA. Foi o nono mês consecutivo em que ela ficou abaixo de 3%.

O presidente do BC reconheceu o desafio, mas afirmou que é possível administrar expectativas e guiar o mercado, seguindo o que já foi feito em ocasiões passadas no Brasil. Como exemplo, ele citou o ocorrido em 2016, quando a inflação chegou a 10,7% em meio a uma recessão econômica —e, um ano depois, voltou à meta.

“Essas foram as decisões mais importantes: não mudar as metas e ancorar as expectativas”, disse ele.

Para Goldfajn, o Brasil é “um exemplo de sucesso” na administração das metas de inflação.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Próximo governo precisa tocar reformas’

Brasil está com os fundamentos econômicos “no lugar certo” para embarcar em um longo processo de crescimento e desenvolvimento dos mercados. No entanto, esse caminho precisa ser pavimentado com a eleição de um candidato comprometido com a agenda de reformas, avalia o presidente do Bank of America Merrill Lynch, Eduardo Alcalay, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Prestes a completar um ano no comando da operação brasileira de um dos maiores bancos dos Estados Unidos, o executivo afirma que mesmo a elevada incerteza por conta das eleições presidenciais não tem minado as operações de captação pelas empresas, mas a seletividade do investidor tem sido marcante. No entanto, ele admite que, à medida que a votação se aproxima, os investidores podem ficar em compasso de espera para terem maior clareza e, com isso, algumas operações “podem ficar pelo caminho”. Para o executivo, “se o próximo governo tocar as reformas, o Brasil pode navegar águas de tranquilidade e de crescimento sustentável. Se acertarmos todos os ponteiros nos próximos um ou dois anos.” Leia os principais trechos da entrevista:

Qual deve ser o impacto das eleições para os negócios?

Ano passado tivemos um período muito forte para as ofertas de ações, com mais de R$ 45 bilhões (incluindo os IPOs de ativos brasileiros que ocorreram fora do Brasil). E tudo isso porque as empresas se anteciparam a um eventual cenário de incerteza à luz das eleições e à possibilidade do mercado estar mais fechado. O mercado, no entanto, não está fechado, há operações relevantes na rua e estamos atuando fortemente nisso. Mas certamente a visão é de que quanto mais se aproximam as eleições, talvez os investidores queiram aguardar.

Os investidores estão mais seletivos com as aberturas de capital?

Desde o ano passado já há muita seletividade, apesar do número grande de operações. Algumas empresas tentaram acessar o mercado e não conseguiram. Hoje temos um cenário global benigno e com disponibilidade de liquidez, em busca de retornos e isso é bom aos mercados emergentes, onde o Brasil está inserido. Sempre há um bolsão de dinheiro disposto a assumir um pouco mais de risco e esse cenário ainda não mudou, mesmo com as questões geopolíticas e sobre guerra comercial.

O mercado de fusões e aquisições tende a sofrer menos impacto da incerteza com as eleições?

Menos, mas é impactado. Essas decisões normalmente são mais de longo prazo. Alguns negócios ficam pelo caminho, mas de maneira não tão sensível quanto os IPOs. O IPO fica pelo caminho, pois chega uma hora que o investidor de bolsa vira e fala: “para, vou esperar’’. Já a decisão, como a da Suzano de comprar a Fibria, é de mais longo prazo.

Bolsa e dólar se estressaram nos últimos dias. Foi identificado um risco eleitoral que não estava na conta antes?

É uma mistura de elementos. Há dias de estresse lá fora com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que causa uma faísca e que afeta aqui. Noutro dia é uma notícia do plano eleitoral. O mercado treme, mas ele volta à normalidade, porque existe liquidez e não existe um ajuste abrupto que pode acontecer nos mercados, seja no mercado local ou no externo.

Então o Brasil está se beneficiando do quadro externo?

O Brasil se beneficia desse quadro benigno mundial, tirando as questões mais recentes de geopolítica, guerra comercial. O mundo todo está crescendo. Existe também um ambiente inflacionário e de taxas de juros globais muito benigno. Com isso, sobra capital para todos os mercados. Isso está nos dando um grande refresco, porque se o mundo tivesse pior estaríamos passando aqui por maus bocados.

Como o banco enxerga o Brasil olhando o cenário para frente?

Os fundamentos do Brasil atualmente são tais que está tudo no lugar certo para o País embarcar em um longo processo de crescimento econômico e desenvolvimento dos mercados. A inflação nunca foi tão baixa e está absolutamente sob controle, sem nenhum sinal de preocupação no médio prazo. Por conta disso, os juros estão em recorde de baixa, o que tira um peso e custo das empresas, dos consumidores e do próprio governo. Isso é benéfico e alimenta a dinâmica para se ter mais consumo, mais investimentos e mais confiança. O Brasil está mirando crescer entre 2,5% e 3% neste ano. Portanto, o País está pronto para embarcar em um processo prolongado, tranquilo e sustentável de crescimento. A grande questão é a sustentabilidade da equação fiscal do governo.

Se as reformas avançarem após as eleições o Brasil vai crescer mais?

Se o próximo governo tocar as reformas, o Brasil pode navegar águas de tranquilidade e de crescimento sustentável. Se acertarmos todos os ponteiros nos próximos um ou dois anos, vejo o Brasil embarcando nesse caminho. As peças estão todas quase lá e temos o benefício de um ambiente internacional benigno para poder embarcar em um processo prolongado de crescimento sustentável. Tem reformas importantes que precisam ser tratadas, pois se não forem pode atrapalhar o enredo todo.

Quando as empresas voltarão a investir?

Temos no Brasil uma ociosidade de capacidade muito grande e muitas empresas não têm necessidade de levantar recursos para investir em uma nova fábrica. E aquela que está chegando perto de sua capacidade, olha para frente e vê uma eleição que será definidora de rumos.

 

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