Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

PIB tende a crescimento seguro e gradual em 2018

O Produto Interno Bruto avançou 1% no ano passado, mas o ritmo de recuperação desacelerou ao longo do ano, na comparação trimestre a trimestre dessazonalizada. O consumo das famílias foi decepcionante no último trimestre, com aumento de 0,1%, a mesma taxa de crescimento da economia no período. Os investimentos reagiram mais rapidamente do que o previsto e cresceram 2% na mesma comparação.

Esse desempenho modesto reflete as fragilidades da retomada da economia que, porém, em outras comparações, indicam um ganho de velocidade expressiva. O ano terminou com o PIB 2,1% maior do que nos últimos três meses de 2016. Há bons motivos para se acreditar, porém, que o consumo das famílias, que representa 63,4% do PIB pelo lado da demanda, não deve repetir o comportamento anêmico do último trimestre de 2017.

A expansão do crédito, a redução do endividamento e o aumento do emprego, que o impulsionaram ao longo do ano passado - ao lado da injeção nada desprezível de recursos com os saques do FGTS - ainda permanecerão no horizonte nos próximos trimestres. A inflação continua surpreendendo para baixo e movendo o poder de compra dos salários um pouco para cima. Pelo lado dos investimentos, há uma expansão evidente, embora a taxa de encerramento do ano tenha sido negativa (-1,8%).

Mas na comparação de trimestre contra trimestre do ano anterior, a força do avanço é inequívoca, de -3,7% nos primeiros três meses do ano para 3,8% positivos nos três finais. A recomposição dos investimentos, que têm peso de 15,5% no PIB, tem limites óbvios e está sendo feita mais pela renovação de maquinário do que por novas plantas, o que é natural diante da grande capacidade ociosa do parque industrial brasileiro.

Componente de peso na formação bruta de capital fixo, a construção encerrou o ano com uma queda forte de 5%. A construção já começou a reagir e tem uma melhor perspectiva este ano. No último trimestre de 2017 havia zerado a queda. Um passo mais rápido dos investimentos não deverá ocorrer até que se conheça o vencedor da eleição presidencial, dado determinante para o desengavetamento (ou não) de novos projetos de ampliação da capacidade produtiva.

Anos eleitorais costumam trazer também mais gastos públicos nas três esferas de governo e os investimentos públicos não deverão ser tão contidos quanto foram nos últimos dois anos, pelo menos na esfera federal. Há mais fatores concorrendo para uma aceleração do crescimento, para além dos 2,1% do último trimestre, do que para um arrefecimento de seu ímpeto. O crescimento de 2018 poderá ser apenas pontual, porque diante dele há a incógnita das eleições e de uma deterioração fiscal de grande magnitude, que pode se tornar explosivo se o teto de gastos ruir.

Neste campo, porém, a retomada dá algum motivo de esperança. Com a significativa queda dos juros e o mergulho da inflação, as taxas de juros reais podem se situar abaixo da expansão do PIB, como observou José Carlos Carvalho (Valor, 9 de novembro), algo raro nas últimas décadas. Isto está mais perto de ocorrer, pois na ponta o PIB avançou 2,1% e o juro real, 2,5% e as chances de um novo corte da taxa Selic cresceram com o IPCA ainda abaixo das expectativas no início do ano.

Pelo lado da produção, há mais fatores positivos. A indústria de transformação encerrou o ano com avanço de 1,7%, mas no último trimestre estava evoluindo a um ritmo de 6% sobre o mesmo período de 2016. O fiel do estava evo u do a u t o de 6% sob e o es o pe odo de 0 6. O e do desempenho está do lado do setor de serviços, que compõem 73,2% do PIB pela ótica da produção.

Subsetores que dependem dos salários seguem de perto os passos do consumo das famílias. Mas a reação da indústria está puxando para cima outros serviços. No ano fechado, boa parte deles crescia abaixo da média do PIB e agora, na ponta, estão acima, como o de transporte e armazenagem. As atividades financeiras e de seguros passou a ter taxa de evolução modestamente positiva e vai crescer mais à medida que o crédito se normalizar.

Entre os fatores relevantes de contenção de um crescimento maior estão os juros bancários. Sua elevação em janeiro, quando a taxa média do crédito livre subiu de 40,3% para 41,1% e com Selic em queda- foi um mau sinal.

 

PIB de 2017 sobe 1%, mas ritmo do consumo frustra no 4º tri

A economia brasileira avançou 1% no ano passado, deixando para trás uma recessão brutal, que fez o Produto Interno Bruto (PIB) cair quase 7% no acumulado de 2015 e 2016, depois de uma alta de apenas 0,5% em 2014. Pelo lado da oferta, o destaque em 2017 foi a agropecuária, com expansão de 13%, devido à safra agrícola recorde. A indústria ficou estável, depois de encolher por três anos seguidos, e os serviços avançaram 0,3%. Pelo lado da demanda, quem puxou o PIB na média do ano foi o consumo das famílias, com alta de 1%.

O investimento ainda recuou, com queda de 1,8%, enquanto o consumo do governo caiu 0,6%. No quarto trimestre, porém, o crescimento foi modesto, com alta de 0,1% sobre o terceiro, feito o ajuste sazonal, influenciado especialmente pelo fraco desempenho do consumo das famílias.

O principal componente da demanda subiu somente 0,1% nessa base de comparação, depois de ter avançado 1,2% no segundo e 1,1% no terceiro. A média das projeções dos analistas ouvidos pelo Valor Data era de uma alta de 0,9% do consumo das famílias no quarto trimestre. Já o investimento teve um comportamento bastante positivo, com expansão de 2%, na terceira alta trimestral seguida.

A expectativa dominante é de que a retomada vai continuar neste ano, com o PIB devendo crescer perto de 3%, num cenário marcado por juros mais baixos, melhora do mercado de trabalho, inflação baixa, recuperação do crédito e redução do endividamento. O consumo das famílias mostra correlação elevada com as vendas no varejo.

No conceito ampliado, que reúne automóveis, autopeças e material de construção, as vendas no quarto trimestre haviam caído 0,5% em relação ao terceiro. No trimestre anterior, havia subido 0,6%. O fraco aumento do consumo das famílias no quarto trimestre levanta algumas dúvidas sobre que o ritmo esse componente da demanda terá neste ano, embora fatores como os juros mais baixos e a recuperação do emprego devam favorecê-lo.

A taxa de desocupação, porém, permanece elevada, e boa parte da criação de postos de trabalho ocorre no setor informal. Parte da decepção com o consumo das famílias pode ser explicada pela base mais alta de comparação, devido ao desempenho melhor nos trimestres anteriores, segundo Rodolfo Margato, do Santander. "São fatores pontuais, oscilações", disse ele. "Apesar desse ruído, a tendência segue favorável."

O banco estima alta de 4,5% para esse componente da demanda. Para o PIB, a expectativa é de crescimento de 3,2%. Para Flavio Serrano, economista-sênior do Haitong, houve uma "acomodação" do consumo das famílias após o impulso da liberação de cerca de R$ 45 bilhões das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no segundo trimestre, que produziram efeitos nesse período e também no trimestre seguinte.

O Haitong projeta crescimento do PIB de 2,2% neste ano, com a demanda das famílias avançando algo como 2% a 2,5%. O diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destacou a diferença de desempenho do PIB nas duas metades do ano passado. No primeiro e no segundo trimestres, a economia avançou 1,3% e 0,6%, dando lugar a uma alta de 0,2% e 0,1% no terceiro e no quarto, sempre na comparação com os três meses anteriores, feito o ajuste sazonal.

Apesar dessas ponderações, Ramos enfatizou que a recessão ficou para trás. "O ciclo econômico atingiu um ponto de inflexão no primeiro trimestre de 2017, e nós esperamos que a recuperação cíclica em curso se fortaleça em 2018", disse ele, apontando cinco motivos para acreditar nesse cenário: a inflação baixa, que sustenta os salários reais, as condições de crédito menos duras, o avanço na redução do endividamento das famílias, uma gradativa recuperação do investimento privado e uma melhora da confiança de consumidores e empresários, com a criação de empregos formais. "Além do mais, a incerteza econômica, embora ainda considerável, está menor do que dos níveis elevados atingidos no fim de 2016."

Para ele, a economia deve crescer 2,5% em 2018. Outro ponto destacado por Ramos é que o setor externo tirou 0,35 ponto percentual do crescimento no quarto trimestre em relação ao terceiro. As exportações encolheram 0,9% em relação ao terceiro trimestre, enquanto as importações aumentaram 1,6%.

Nas contas do economista-sênior da LCA Consultores, Bráulio Borges, a agropecuária foi responsável por 0,74 ponto percentual da expansão de 1% registrada pela economia em 2017. Em relatório, Borges ressaltou também o desempenho setorial bastante heterogêneo da economia em 2017, "embora o PIB tenha voltado a crescer em termos agregados".

Segundo ele, é algo natural na saída de recessões muito severas, já que alguns setores, como bens duráveis e bens de capital, costumam sofrer mais do que outros". Ao falar de 2017, o economista afirmou que houve desde a alta de 13% do PIB agropecuário, até uma retração de 5% da construção civil. Para 2018, a expectativa é de uma expansão menos heterogênea, segundo Borges. Isso deverá ajudar a arrecadação de tributos, uma vez que a agropecuária tem "uma carga tributária indireta efetiva significativamente mais baixa do que a indústria e os serviços", disse o economista.

A LCA, que projeta crescimento do PIB de 2,8% em 2018, espera queda de 0,3% da agropecuária e uma alta de 4,1% da indústria e de 2,5% dos serviços. O resultado do PIB de 2017 deixou uma herança estatística modesta para 2018, de 0,3%. Isso significa que, se a economia não avançar em relação ao nível do fim do ano passado, o PIB crescerá 0,3% neste ano.

O economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, acredita num crescimento de 3% em 2018, o que requer uma avanço médio um pouco superior a 1% em cada trimestre, em termos dessazonalizados. Ele diz ver na composição da atividade fatores com bom dinamismo, como a indústria e o consumo, o mercado interno e o investimento, além de "estímulos contratados de juros, desendividamento de famílias, recomposição de renda, concessões, emprego e índices de confiança".

Na comparação com outros países, o crescimento do Brasil em 2017 ficou atrás do desempenho de muitas economias emergentes e também desenvolvidas. O PIB da China avançou 6,9%, o da Turquia, 6,8%, o da Rússia, 1,5%, o dos EUA, 2,3% e o do Japão, 1,6%.

 

Investimento melhora perspectiva para 2018

A consolidação da retomada do investimento foi a melhor notícia do resultado do PIB nos três últimos meses de 2017. Medida do que se investe em máquinas e equipamentos, construção civil e inovação, a formação bruta de capital fixo (FBCF) cresceu 2% sobre o trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. Foi a terceira alta consecutiva nessa base de comparação, um avanço mais forte que o 0,4% e o 1,8% registrados no segundo e terceiro trimestres do ano passado.

Na média de 2017, contudo, a FBCF fechou em queda de 1,8%, encolhendo pelo quarto ano seguido. A taxa de investimento caiu para de 16,1% do PIB em 2016 para 15,7% do PIB no ano passado, o nível mais baixo da série histórica iniciada em 2000. Em 2013, a taxa era de 20,9% do PIB. A recuperação ocorrida nos últimos trimestres deve continuar neste ano, com as perspectivas mais favoráveis para a demanda e com as empresas menos endividadas, num ambiente de juros mais baixos. A elevada ociosidade na economia e as incertezas em relação ao quadro eleitoral, no entanto, jogam contra planos mais ambiciosos de ampliação da capacidade produtiva.

Os mais otimistas, como a MB Associados, veem uma alta de 7,7% do investimento em 2018, o que ajuda a explicar a aposta numa expansão do PIB de 3,5%. A LCA Consultores, um pouco mais cautelosa, projeta crescimento de 3,8% da formação bruta de capital fixo, estimando um avanço do PIB de 2,8%. A terceira alta trimestral seguida do investimento é sem dúvida algo positivo, mas ocorre sobre "uma base extremamente deprimida", como lembrou Alberto Ramos, diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs.

Entre o quarto trimestre de 2013 e o primeiro trimestre de 2017, a FBCF acumulou uma queda de quase 30%. Segundo ele, o encolhimento do estoque de capital da economia afeta o crescimento da produtividade, reduz o PIB potencial e pode prejudicar a recuperação da atividade. Embora tenha ressaltado que a retomada da formação bruta se dá em cima dessa "base paupérrima", o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, considera essa trajetória um fato "bastante alentador".

Ele observou que a trajetória da FBCF deixou uma herança estatística de 2,5% para 2018. Isso significa que, mesmo se o investimento se mantiver no nível registrado no fim de 2017, haverá uma expansão de 2,5% neste ano. Em 2017, a construção continuou a puxar a formação bruta de capital fixo para baixo. Com peso de mais de 52% no investimento, ela recuou 5,6% no ano passado, segundo o IBGE. tendo recuado 5,6%. Já o consumo de máquinas e equipamentos subiu 3%. No quarto trimestre, a construção civil ficou estável, depois de ter subido 0,2% no terceiro. O setor parece de fato ter deixado o pior momento para trás.

"Obviamente, nessa saída de recessão, ninguém vai ampliar fábrica, mas uma empresa que ficou quatro anos sem trocar máquinas, numa volta ao crescimento precisa começar a pensar na troca de maquinário", afirmou Sergio Vale, economista-chefe da MB. Segundo ele, esse movimento já é evidente desde o fim de 2016 nas máquinas e equipamentos e agora a construção começa a apresentar quedas cada vez menores em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

"Começamos a ver um início de recuperação na construção residencial principalmente. É um setor que depende de confiança e da utilização da capacidade ociosa ficar mais intensa, o que estamos começando a ver acontecer mais intensamente em 2018", disse Vale. Coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis notou que a taxa de investimento ficou em 15,7% do PIB no quarto trimestre de 2017, maior do que a de 15,3% observada no quarto trimestre de 2016. "Até o terceiro trimestre do ano passado, tínhamos quedas nos investimentos, ante igual trimestre do ano anterior. Agora, estamos mostrando crescimento", afirmou a especialista.

Na média do ano, contudo, a taxa ficou inferior à média de 2016. A taxa de poupança, por sua vz, subiu de 13,9% do PIB em 2017 para 14,8% do PIB em 2018, revertendo uma série de três anos seguidos de queda expressiva. Em 2013, estava em 18,3% do PIB. Para Armando Castelar, coordenador de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a melhor parece se dever a um aumento da poupança das famílias, das empresas e também do governo.

O tombo da poupança de 2014 a 2016 se deveu basicamente à forte piora da situação fiscal, que derrubou a poupança do setor público. Castelar disse que, em 2017, a massa salarial real (descontada a inflação) aumentou 2,3%, enquanto o consumo subiu apenas 1%. Além disso, ele destaca que outros itens importantes do rendimento das famílias, como as transferências da Previdência e o Bolsa Família, devem ter crescido bem no ano passado. "Assim, a renda subiu mais que o consumo, levando a alta da poupança" das famílias, disse Castelar.

Para ele, também houve aumento da poupança das empresas. "O setor empresarial foi bem, o que deve ter elevado o lucro e a sua poupança." Por fim, também parece ter havido uma melhora da poupança do setor público. "O consumo do governo caiu 0,6% [em 2017] e a receita, pelo menos do governo central, subiu, saindo de 21% para 21,1% do PIB." Além disso, houve uma diminuição de 0,8% do PIB do déficit primário, de 2,49% para 1,69% do PIB, nota Castelar, referindo-se, nesse caso, ao setor público consolidado, que reúne a diferença entre receitas e despesas não financeiras da União, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e da Eletrobras. "Esse 0,8% do PIB parece uma queda muito grande para ser só redução do investimento, de forma que também a poupança pública deve ter subido."

 

Bradesco e Santander ultrapassam Caixa em financiamento imobiliário

A Caixa Econômica Federal perdeu, em janeiro, sua histórica liderança no financiamento imobiliário com recursos da poupança. Bradesco e Santander, respectivamente em primeiro e segundo lugares, ultrapassaram o banco estatal em volume de operações para aquisição e construção de imóveis. Os dados são da Abecip, associação das instituições que atuam no setor.

O encolhimento da Caixa se deu num mês de recuperação do mercado. Em janeiro, o volume de financiamentos com recursos da poupança totalizou R$ 3,84 bilhões. O número representa crescimento de 4,4% em relação a dezembro e de 23,7% na comparação com o primeiro mês do ano passado, diz a Abecip. No primeiro mês deste ano, o Bradesco fez R$ 850,9 milhões em operações. Os financiamentos do Santander totalizaram R$ 809,6 milhões. A Caixa financiou R$ 749,7 milhões nessa modalidade. O banco estatal desacelerou no crédito num momento em que estuda uma série de medidas para cumprir as exigências de capital de Basileia 3 até o início do próximo ano.

No geral, a Caixa se mantém na liderança do financiamento imobiliário no país, por enquanto, porque faz a grande maioria das operações com funding do FGTS. O governo, porém, estuda a possibilidade de estender esse mercado aos bancos privados. De acordo com a Abecip, o volume de financiamentos com recursos da poupança nos 12 meses encerrados em janeiro ficou em R$ 43,89 bilhões, uma queda de 5,5% em relação ao ano anterior.

 

Bom resultado em 2017 e projeção de expansão de 3% neste ano

O PIB cresceu 1% em 2017. Esse é um bom resultado após dois anos de quedas consecutivas no período 2015-2016, quando houve contração de 3,5% em cada ano. A composição do crescimento em 2017 foi a seguinte: pela ótica da produção, o setor agropecuário cresceu expressivos 13%, fruto da supersafra agrícola, o setor industrial ficou estável e o setor de serviços cresceu 0,3%, tendo sido ainda gerado um aumento de 1,3% dos impostos em termos reais.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 1%, o consumo do governo caiu 0,6%, o investimento recuou 1,8% e as exportações e importações subiram 5,2% e 5,0%, respectivamente, de modo que a contribuição líquida do setor externo foi praticamente nula (lembrando que as importações entram com sinal contrário). Esses números nos mostram que o setor agropecuário deu uma grande contribuição para o crescimento em 2017 e que, pela ótica da absorção, o bom desempenho foi liderado pelo consumo das famílias.

Infelizmente, o investimento se contraiu pelo terceiro ano consecutivo, mas julgamos que essa tendência chegou ao fim. No quarto trimestre de 2017, houve um arrefecimento do crescimento, em relação aos trimestres anteriores. O PIB cresceu apenas 0,1% na comparação com o terceiro trimestre, feito o ajuste sazonal. A indústria e os serviços cresceram 0,5% e 0,2% na mesma base de comparação.

O consumo das famílias apresentou um crescimento muito fraco (0,1%), após forte desempenho nos dois trimestres anteriores, enquanto o investimento manteve bom ritmo (2%). Esperamos que o ritmo de crescimento do PIB se acelere no primeiro trimestre de 2018, para algo em torno de 1% com ajuste sazonal.

Para 2018, projetamos crescimento do PIB de 3%, sendo mais igualitariamente distribuído entre os setores de agropecuária, indústria e serviços, com taxas de 3%, 3,8% e 2,6%, respectivamente. Pela ótica da demanda, esperamos uma continuidade do bom desempenho do consumo das famílias, com taxa de 3% e uma forte recuperação do investimento, com crescimento projetado de 6%.

O consumo do governo deve crescer aproximadamente 0,5% e a contribuição do setor externo tende a ser ligeiramente negativa, em função do aumento esperado das importações. Para que a expansão de 3% no ano de 2018 seja alcançado, será necessário crescer a uma taxa trimestral de aproximadamente 1,1%, ou cerca de 4,5% em termos anualizados, em cada um dos trimestres.

Trata-se, portanto, de um ritmo bastante robusto. No entanto, acreditamos que é possível atingi-lo pelos seguintes motivos: 1) o crédito ao consumidor está se recuperando de forma rápida e a queda das taxas de juros proporcionou um barateamento do serviço da dívida, de modo que está sobrando mais renda no bolso dos consumidores; 2) o mercado de trabalho vem melhorando, com crescimento da população empregada e dos salários reais; 3) a queda da taxa de juros também barateou o investimento e melhorou as taxas de retorno esperadas.

Além disso, o investimento caiu muito durante a recessão, de modo que existe espaço para recuperação expressiva; e 4) a confiança do consumidor e dos empresários melhorou bastante e o índice de incerteza, medido pela FGV, teve recuo considerável. Esse aumento da incerteza teve forte correlação com a queda do PIB no período recessivo.

Alguns mais céticos podem argumentar que ainda enfrentamos forte incerteza, principalmente em relação ao resultado das eleições de 2018. No entanto, o bom desempenho corrente da economia já garante, de certa forma, um crescimento moderado do consumo e do investimento em 2018. As eleições tenderão a influenciar mais o resultado de 2019 e, aí sim, pode haver grande diferença de prognóstico, dependendo de quem ganhar o pleito. Se uma chapa comprometida com a questão fiscal e imbuída do espírito de reformas liberalizantes sair vencedora, o crescimento pode ganhar mais força em 2019. Se o contrário ocorrer, ou seja, voltarmos para um governo populista, dirigista e hostil ao livre mercado, poderemos retroceder seriamente em 2019. * Fernando Rocha é economista-chefe e sócio da JGP Gestão de Recursos.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Situação fiscal em 2018 é muito confortável, diz secretário da Fazenda

O Brasil está em uma situação fiscal muito confortável neste ano, afirmou Mansueto Almeida, secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, nesta quinta-feira (1º), em evento em São Paulo. “A receita recorrente deve crescer bastante, entramos em um ano de recuperação da economia. (...) No primeiro mês do ano, teve um superávit do setor público consolidado de R$ 47 bilhões. Eu acredito que neste ano teremos um resultado fiscal melhor do que a meta.” Eventos que podem ter impacto no orçamento, como a realização do mega leilão do excedente da cessão onerosa da Petrobras e a privatização da Eletrobras, não serão determinantes, diante de uma perspectiva de crescimento da arrecadação nos próximos meses, segundo ele.

“Se houver o leilão, ótimo, vai ajudar a reduzir a dívida. Mas não há nada de cessão onerosa no orçamento. No caso da Eletrobras tem R$ 12 bilhões previstos no orçamento, mas isso pode ser revisto.” Ele também destacou que a devolução dos R$ 30 bilhões pelo BNDES é certa, apesar da retirada de pauta do tema na última reunião da diretoria do banco. "É mais uma questão de data, mas tudo indica que não haverá problemas." A reforma da Previdência, considerada por ele o principal fator com potencial de impacto nas contas públicas no médio e longo prazo, não sairá de pauta, diz o secretário.

Se esse governo não conseguir fazer a reforma, será a primeira do próximo presidente, afirma. “Não vai ter ajuste fiscal sem a reforma da Previdência. Possivelmente vai haver um atraso. Em vez se ser aprovada neste ano, pode ser no próximo. Mas não vai sair de pauta. Não acredito que discussão vai parar. Talvez seja momento de outros partidos apresentarem propostas para a reforma.”

A reforma, segundo Mansueto, é o ponto de partida para outros avanços no país, como, por exemplo, a ampliação dos investimentos em ciência e tecnologia. “Hoje, esse gasto é muito pouco. Mas, com o grave desequilíbrio fiscal, corre o risco de ficar ainda menor”, diz. Para o secretário, “o país jogou dinheiro fora” nos últimos anos, com a concessão de subsídios que geraram pouco desenvolvimento ao país, e hoje paga por isso. “No meio do caminho, houve a brilhante ideia de dar benefícios setoriais a quem não precisava. Então pegava bilhões de reais, dava a uma empresa muito boa, que sabia matar boi, para ela comprar outra empresa que também sabia matar boi. Isso não é política industrial”, disse, em referência indireta aos empréstimos à JBS.

Outra prioridade do governo para 2018, segundo Mansueto, é uma simplificação do PIS/Cofins. Uma reforma tributária mais ampla, com medidas defendidas pelo secretário, como a tributação de dividendos, porém, não ocorrerá neste ano.

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