Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

Mercado aumenta aposta em nova redução dos juros em março

Se o comunicado da decisão do Copom da semana passada sinalizou apenas uma pequena chance de mais corte de juro, a ata da reunião, divulgada ontem, deu a entender que a extensão do ciclo de afrouxamento monetário é uma possibilidade real. O relato da discussão entre os membros do Copom revela que a ideia de encerrar o ciclo de corte de juros com a Selic em 6,75% ao ano não foi consensual. E que a evolução da inflação, dos seus núcleos e das expectativas, além da atividade econômica, é que vai definir o próximo passo.

Para o Santander Brasil, a surpresa com a inflação de janeiro (que veio menor que a esperada) e a expectativa de que os índices de preços mantenham "performance favorável" em fevereiro já justifica revisão para o patamar da Selic de março. O banco espera agora que o juro básico seja reduzido no próximo mês dos atuais 6,75% ao ano para 6,5%, patamar no qual permanecerá até o fim do ano.

A queda adicional da Selic, porém, não forçará o BC a subir os juros ainda mais em 2019, de acordo com Maurício Molan, economista-chefe do Santander Brasil, que segue projetando taxa de 8,5% ao término de 2019. Molan diminuiu ainda a estimativa para o IPCA de 2018 de 3,8% para 3,5%, mantendo em 4% o prognóstico para 2019. As previsões seguem abaixo do centro da meta para cada um dos anos: 4,5% para 2018 e 4,25% para 2019.

Alguns departamentos econômicos, porém, ainda evitaram revisar suas projeções tão logo. De toda forma, ainda que muitos economistas acreditem que a meta Selic não voltará a ser reduzida no encontro de março, a grande maioria reconhece que essa chance aumentou. "O Banco Central destravou a porta, talvez tenha aberto uma janela para um novo corte. Mas meu cenário básico ainda é de manutenção do juro", diz Tony Volpon, ex-diretor do BC e economista-chefe do UBS.

De fato, na curva de juros da B3, a probabilidade de redução de 0,25 ponto percentual da meta Selic em março subiu de 38% na quarta para 41% ontem. Com as taxas curtas perto das mínimas do dia, essa precificação chegou a flertar com 50%. Esse nível de aposta é o maior desde o começo de janeiro, quando os contratos de juros futuros da B3 projetavam chance igual para corte de 0,25 ponto percentual em março e para estabilidade.

Como UBS, Rosenberg Associados e Bradesco mantêm expectativa de Selic estável em 6,75% em março. Esses últimos dois, porém, admitem aumento de chances de corte em março. O comportamento do câmbio é uma das variáveis mais citadas quando se trata de traçar expectativas de inflação e os movimentos do Copom. Mesmo com a recente alta do dólar por causa da turbulência externa, a moeda americana não chegou a passar de R$ 3,32, patamar que chegou a ser atingido em meados de dezembro passado.

"As bolsas americanas despencaram, e o dólar foi a R$ 3,30, nível que ainda não altera o cenário de inflação para o ano", diz o economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, revelando mais confiança na possibilidade de novos declínios do juro básico. Do lado da inflação, Weeks lembra que os preços dos alimentos estão em baixa e o ambiente internacional parece ter se acalmado, ainda que mais volátil.

"A conjuntura toda teria que piorar muito para não haver um novo corte", destaca. Apesar de decidir, por ora, manter expectativa de Selic a 6,75% até o fim do ano, o J.P. Morgan reconhece que a aposta para o Copom de março caminha para se consolidar apenas mais próximo da reunião.

No entanto, mesmo que as estimativas de inflação do banco americano favoreçam mais corte de juro, a percepção de mais volatilidade nos mercados financeiros internacionais e a descrença na aprovação da reforma da Previdência ainda em 2018 jogam contra mais afrouxamento monetário.

"A consistente retomada econômica e incertezas políticas domésticas e globais vão evitar novo corte de juros, uma vez que o BC também já enxerga a atual política monetária como expansionista", dizem economistas do J.P. Morgan. Um dos pontos mais comentados da ata é a informação de que alguns membros manifestaram preferência por "elevado grau de liberdade" em termos de indicação sobre o próximo passo, enquanto "outros propuseram sinalizar mais fortemente a possível interrupção do ciclo de flexibilização monetária e manter liberdade de ação, mas em menor grau".

A divisão nesse campo foi interpretada por alguns no mercado como evidência de que o Copom pode estar mais aberto a voltar a reduzir a Selic em março. Para o BTG Pactual, porém, isso reflete mais diferenças de visão sobre a conveniência de sinalizar decisões de política monetária do que um racha sobre o rumo da Selic no Copom de março. "Embora o BC tenha deixado a porta aberta para uma redução adicional de 0,25 ponto percentual da Selic, continuamos a acreditar que a avaliação do Copom sobre o balanço de riscos vai amparar a opção de manter o juro estável em março", dizem Eduardo Loyo e Claudio Ferraz, do BTG.

Na mesma linha, os economistas Jankiel Santos e Flávio Serrano, do Haitong, entendem que a divisão é uma "simples aceitação" de que o cenário macroeconômico pode transcorrer de modo diferente do contemplado no cenário-base. "Isso nos leva a manter nossa estimativa de que o cenário mais provável é que a Selic seja mantida em 6,75% até o fim do ano."

 

Decisão do BC de encerrar ciclo de corte de juro parece acertada, diz Werlang

O Copom confirmou a visão de que deve encerrar o ciclo de alívio monetário com a Selic em 6,75% ao ano. E que somente um evento de grande impacto, como uma nova "supersafra", com importante efeito sobre os preços de alimentos, deve movê- lo a um corte adicional da taxa.

Essa é a leitura do ex-diretor do Banco Central e assessor da presidência da FGV, Sergio Werlang. Neste momento, diz o economista, a decisão de encerrar o ciclo com a taxa em 6,75% "parece acertada". Ele lembra que, enquanto a meta de inflação para 2019 é mais baixa, de 4,25%, a projeção do BC para o IPCA já está em 4,20%.

De outro lado, Werlang observa que o Banco Central também vai monitorar o risco eleitoral. Ainda que não trate desse tema explicitamente, a ata reconhece que a interrupção do processo de reformas pode elevar o prêmio de risco, afetar o câmbio e, assim, influenciar decisões futuras de juros.

Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Valor: A ata do Copom confirma a visão deixada pelo comunicado de que o ciclo de alívio monetário pode já ser encerrado?

Sergio Werlang: O comunicado não diz só que eles vão encerrar [o ciclo], mas que eles podem retomá-lo caso haja alguma modificação. Eu acho que a decisão de parar em 6,75% parece acertada. No ano passado, a inflação ficou abaixo do piso e foi preciso fazer uma carta aberta. A explicação, essencialmente, foi a de que tivemos um choque de oferta positivo no ano passado, que foi basicamente de alimentação. Foi uma queda de mais de 5% nos preços na alimentação como um todo. Não tinha sentido cortar mais o juro para fazer a inflação subir por causa disso, porque esse choque não vai se repetir. E como a taxa de juros está abaixo do juro estrutural, ao longo do tempo a inflação vai subindo e vai voltar para os patamares em que deviam estar, entre 4% e 4,50%. Isso porque a meta é 4,5% este ano, 4,25% no ano que vem e 4% em 2020. Então, a decisão não está errada, inclusive porque os modelos do BC apontam para 4,2% de inflação para este e o próximo ano.

Valor: Mas o que poderia levar o BC voltar a cortar o juro?

Werlang: Pode haver uma supersafra de novo. Talvez não igual à que passou. E não há necessidade de correr com essa decisão, ela pode ser tomada à medida que as informações forem conhecidas.

Valor: Depois do IPCA de janeiro, abaixo do esperado, uma nova surpresa no índice em fevereiro autorizaria um novo corte?

Werlang: Depende do que vier no IPCA e explicar a queda. Se forem fatores associados principalmente a números que são mais estáveis a longo prazo, como os relacionados à safra, seria justificado. Ou se tiver alguma outra mudança estrutural em outro mercado. Se for simplesmente algo que não está associado a nenhuma óbvia mudança, eles talvez esperem mais. Não bastam dois números de inflação.

Valor: As projeções do Banco Central superam as de boa parte do mercado. O BC pode estar sendo excessivamente conservador?

Werlang: Esse risco sempre existe. Uma das coisas que o Banco Central não fez até agora, e poderia ter feito, é divulgar os modelos que eles estão utilizando. Vários bancos centrais no mundo já divulgaram, há muitos anos. E toda vez que eu converso sobre o assunto eu bato na mesma tecla, de que o BC poderia liberar os modelos, porque aí essa pergunta poderia ser respondida objetivamente. Mas eu diria que o mais importante é olhar para 2019, quando a meta é de 4,25%, e não de 4,5%, e se, utilizando a mesma metodologia do Banco Central, a projeção atual de 4,2% vai cair para 3,9%, que parte do mercado projeta.

Valor: E qual é a sua leitura sobre a dinâmica de inflação?

Werlang: Tudo está vindo muito sob controle. Se, por acaso, houver um choque de ofertas de alimentos importante, o BC vai ter que cortar mais. Talvez ir até 6% ou abaixo disso. Mas isso caso haja um outro grande choque de alimentos. Porque aí a inflação mudaria de patamar, não ficaria compatível com a meta que é de 4,5% a 4%, que tem que ser obedecida até 2020.

Valor: De que forma o risco das reformas influencia a decisão de política monetária?

Werlang: Uma reforma da Previdência aprovada, que uniformizasse os critérios de idade, sem distinção entre funcionalismo público e privado, isso seria uma mudança bastante substancial. E provavelmente diminuiria o juro estrutural, que é medido pela NTN-B de longo prazo, hoje entre 4,5% e 5%. Mas o BC já considerou a reforma da Previdência aprovada? Não sei. Mas, se eu estivesse no BC, eu não teria considerado, porque eu acho que a probabilidade é baixa.

Valor: O fato de termos uma eleição também pode contribuir para o fim do ciclo?

Werlang: Há um trecho da ata em que o Banco Central diz que 'a frustração com a expectativa das reformas e ajustes da economia pode afetar os prêmios de risco e elevar a trajetória de inflação no horizonte relevante para política monetária'. Já está considerado, de uma forma não direta. O impacto básico de uma incerteza eleitoral, em que programas de candidatos com elevada probabilidade de serem eleitos não contemplem a realidade fiscal com a qual temos que lidar no mandato que vem, é de aumento do prêmio de risco. Sobe o prêmio de risco do CDS [credit default swap, instrumento de proteção contra calote], com efeito sobre nossa moeda. Isso já está contemplado.

Valor: A forte instabilidade que se viu nos mercados globais foi apenas uma correção ou há sinais de que podemos entrar num momento menos seguro para emergentes?

Werlang: Estamos em uma área muito nova. O 'mundo OCDE' teve que viver um período muito grande de estímulo monetário como nunca havia sido visto. Como se sai disso? Não há uma forma clara e nem se sabe qual vai ser a reação da economia. O que acrescenta incerteza é que muitas medidas adotadas pelo governo Trump podem acarretar uma volta dos investimentos no mundo para os Estados Unidos. Isso ainda não se confirmou, há um bocado de incerteza sobre assunto. Então, você tem uma grande dúvida sobre se a inflação vai voltar e também se haverá uma reação forte do setor empresarial americano à mudança de impostos. E claramente o Fed não chegou a uma conclusão sobre o assunto. Enquanto o Fed não passar uma visão uniforme sobre essas questões, vamos conviver com muita volatilidade.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Acordo entre bancos e poupadores avança no STF

O ministro do STF Ricardo Lewandowski homologou nesta quinta-feira (15) o acordo fechado entre bancos e poupadores que prevê indenizações pelas correções da poupança ocorridas durante os planos Bresser (1987), Verão (1989) e Collor 2 (1991).

O acordo será submetido ao plenário do STF.

Outros dois ministros que também tinham causas relacionadas aos planos econômicos já tinham homologado o acordo, firmado entre bancos e representantes dos poupadores no final do ano passado.

Para Lewandowski, o acordo pacifica um assunto "que há décadas se arrasta irresolvida nos distintos foros do país."

"O acordo sub judice representa uma oportunidade de oferecermos nossa contribuição para firmar incentivos reais visando estimular as associações a assumir papel mais ativo na atuação processual coletiva", escreveu o ministro em sua decisão.

A partir de agora, os bancos terão até três meses para preparar a plataforma de tecnologia que será usada pelos poupadores para se credenciarem ao recebimento das indenizações.

Embora a última fase da homologação caiba ao plenário do STF, a expectativa de representantes dos poupadores e de fontes envolvidas na negociação é que, dado o tempo e os esforços empregados, a tendência é pelo aval no curto prazo.

O plenário decidirá ou pela confirmação das decisões dos três ministros, dando prosseguimento aos prazos, ou pela rejeição de todo o processo de negociação, o que é considerado improvável.

ADESÃO

A plataforma para a adesão de poupadores funcionará via internet e ficará aberta por dois anos.

Durante esse prazo, todas as ações judicias referentes a perdas decorrentes de planos econômicos ficarão suspensas. Este é o efeito prático da homologação pelo STF do acordo.

Só poderão se cadastrar os poupadores (ou herdeiros) que entraram na Justiça até o fim de 2016. Será preciso comprovação de depósitos, extratos ou declaração de Imposto de Renda. As informações serão validadas pelos bancos antes do pagamento.

Haverá uma fila para o pagamento. Os mais velhos serão os primeiros a receber. Quem tiver menos de R$ 5 mil recebe à vista e sem desconto. Valores superiores terãSTFo descontos que variam entre 8% e 19% e serão parcelados.

 

Emprego na construção cai 5% e setor prevê piora

O número de pessoas empregadas na construção civil caiu 5% em 2017, segundo o Sinduscon-SP (sindicato paulista do setor).

Foram 125 mil vagas a menos em relação a 2016, quando houve retração de 14%.

"Áreas que antecedem as obras e tinham melhorado, como preparo de terrenos, voltaram a cair no fim do ano", diz José Romeu Ferraz Neto, presidente da entidade.

"Não temos uma projeção oficial para 2018, mas deveremos ter uma nova queda, com redução de 100 mil postos. Isso em um cenário sem a reforma da Previdência, que libera verba para investimento."

A tendência, em anos de eleição, é ter crescimento devido à aceleração de obras, mas não é possível afirmar que isso vai se concretizar, diz Carlos Prado, do Sinicesp (da construção pesada).

"Em São Paulo teremos contratos assinados com o governo e a prefeitura, mas no nível nacional há incerteza."

O gasto elevado com despesas obrigatórias trará mais dificuldades, diz Venilton Tadini, da Abdib (da indústria de infraestrutura).

"O orçamento do governo federal foi aprovado para este ano com o mesmo nível de investimento. O que sobra e poderá trazer algum dinamismo são concessões e PPPs [parcerias público-privadas] em municípios."

Além dos obstáculos orçamentários, há outros entraves, como a restrição ao crédito para a compra de imóveis e a insegurança jurídica em obras, afirma José Carlos Martins, presidente da Cbic (câmara da construção).

 

BANCO DE TALENTOS

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