Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Odebrecht busca fôlego de até R$ 3,5 bilhões para enfrentar 2018

A Odebrecht (ODB) começou a conversar com bancos comerciais nacionais com objetivo de obter entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3,5 bilhões para fazer frente a compromissos financeiros e de projetos. E, com isso, conseguir algum fôlego para passar o ano. As próximas semanas devem ser decisivas nessa negociação.

O Valor apurou que há duas frentes de trabalho em curso e que, em breve, elas tendem a se unir. Ambos os diálogos tem por base a estrutura financeira atual, em que ações da controlada Braskem servem de garantia para empréstimos que somam R$ 7 bilhões. Os dividendos desses papéis ficam também com os bancos, como rendimento dos créditos, e não chegam à holding do grupo - a ODB.

No início do ano passado, a participação detida na Braskem valia R$ 9,5 bilhões. Esse montante subiu para R$ 14,5 bilhões. O ganho abriu uma folga expressiva na cobertura e é em cima dela que a Odebrecht quer mais recursos. O grupo tem pela frente R$ 1,2 bilhão em vencimentos da construtora e diversos compromissos com projetos para honrar. A despeito da pressão no curto prazo, fonte que acompanha o assunto afirma que, no momento, a perspectiva de solução é boa. "O grupo tem demonstrado que está se esforçando para conduzir tudo com respeito aos credores."

Em nota, a ODB afirmou ao Valor que vem negociando formas para enfrentar, neste ano, o que considera "seus últimos desafios financeiros", após a reestruturação das dívidas de R$ 11 bilhões da Atvos (antiga Agroindustrial) e de US$ 5 bilhões da Ocyan (ex-Odebrecht Óleo e Gás) nos dois últimos anos.

A valorização da Braskem foi o único fato relevante positivo para o grupo em 2017. Contudo, o aumento do valor da petroquímica na bolsa não significa dinheiro para as companhias. Daí a necessidade dessa conversa com os bancos. A Odebrecht detém 38% da empresa. Essa fatia é 60% detida pela holding ODB e 40% pela Odebrecht Engenharia e Construção.

As entradas de recursos que o grupo contava que aconteceriam no ano passado, além da obtenção de R$ 2,5 bilhões pela venda da Odebrecht Ambiental, não se concretizaram. Havia grande expectativa de que fosse fechada a alienação da hidrelétrica Santo Antonio Energia, sociedade com Andrade Gutierrez e a estatal mineira Cemig, numa transação bilionária.

Além disso, nenhum centavo da venda da hidrelétrica de Chaglla, no Peru, chegou aos cofres do grupo devido à falta de acordo com o governo peruano. Isso é necessário por causa das denúncias de corrupção locais, que vieram à tona após a assinatura do acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ). O negócio traria US$ 1,4 bilhão ao grupo e permitiria a quitação de US$ 1,2 bilhão em compromissos ligados ao ativo.

O plano previa que a diferença ficasse depositada para o governo do Peru, até um acordo. As conversas com o Estado, porém, não só estão paralisadas como o cenário político é bastante complexo. Sobre isso, a companhia informou que "aguarda a autorização do governo peruano para a finalização do negócio".

A frustração nas expectativas de entrada de recursos novos somou-se à continuidade no aperto da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC). Só nos primeiros nove meses de 2017, a construtora consumiu metade de seu caixa, fazendo a posição cair para pouco mais de R$ 2 bilhões ao fim de setembro. O volume é considerado apertado só para tocar a operação. Fica tudo pior com os vencimentos financeiros.

Sem dinheiro novo, a construtora sozinha não fecha a conta. Simultaneamente aos ajustes de governança e custo pelos quais a OEC passa, a Odebrecht decidiu há cerca de um ano procurar um sócio para capitalizar a controlada, que esteve no coração das denúncias da Operação Lava-Jato. Mas até agora nada de concreto ocorreu.

Pessoas que acompanham o tema afirmam que é muito difícil qualquer movimento avançar antes que esteja resolvida a questão da inidoneidade, em trâmite no Tribunal de Contas da União (TCU). De tudo que OEC precisa desembolsar no ano, o que mais preocupa são R$ 500 milhões em bônus internacionais. Os papéis têm garantia da ODB. Qualquer problema com esse débito pode trazer consequências sérias ao grupo, com antecipação de vencimentos. Além dos esforços da holding, a OEC também tenta destravar recursos.

A empresa afirma trabalhar "na liquidez dos seus recebíveis e na liberação dos financiamentos já contratados para fazer face a essa obrigação". O último balanço publicado pela ODB é de 2015. É difícil estimar em quanto está o endividamento consolidado. No começo do ano passado, a holding tinha R$ 93 bilhões em dívida bruta, para R$ 17 bilhões em caixa (R$ 8 bilhões de Braskem e R$ 4 bilhões de OEC).

A Odebrecht disse, em nota, que considera ter feito "importantes avanços nos últimos dois anos" e acredita que "a trajetória de reestruturação empresarial a levará em breve à retomada do crescimento".

 

BC não descarta novo corte de juro, traz ata

Os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) ficaram divididos no encontro realizado na semana passada sobre sinalizar um possível fim do ciclo de distensão monetária. “Nesse contexto, os membros do Comitê debateram o grau de liberdade a ser mantido na comunicação sobre o próximo passo da política monetária”, traz a ata divulgada nesta quinta-feira da última reunião do colegiado. Naquela ocasião, a taxa básica de juro foi reduzida em 0,25 ponto percentual, para 6,75% ao ano.

Segundo o documento, “alguns membros manifestaram preferência por elevado grau de liberdade, favorecendo comunicação mais simétrica sobre o próximo passo”, ou seja, a possibilidade de atribuir pesos iguais tanto a uma parada no ciclo de cortes quanto em fazer uma baixa moderada adicional. Mas a ata informa que havia um grupo com outra visão no BC. “Outros propuseram sinalizar mais fortemente a possível interrupção do ciclo de flexibilização monetária e manter liberdade de ação, mas em menor grau.”

No fim, o grupo decidiu uma comunicação intermediária, que sinaliza tanto o fim do ciclo quanto a possibilidade de mais uma baixa. Os participantes do Copom concluíram, então, fazer uma comunicação notando “ser apropriado sinalizar que, caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico, a interrupção do processo de flexibilização monetária parece adequada sob a perspectiva atual”. “Mas avaliaram que cabia comunicar que essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos.”

O colegiado voltou a reforçar, no entanto, que "os próximos passos na condução da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.

Conjuntura

As circunstâncias que poderiam fazer com que os juros caíssem mais em março ou que poderiam interromper o processo de flexibilização monetária foram tratadas no encontro da semana passada. O Copom cita, na ata, três circunstâncias que poderiam levá-lo a interromper o ciclo de redução do custo do dinheiro. “A evolução da conjuntura em linha com o cenário básico do Copom, a recuperação mais consistente da economia e uma piora no cenário internacional favoreceriam a interrupção do processo de flexibilização.”

De outro lado, “a continuidade do ambiente com inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, com intensificação do risco de sua propagação, abriria espaço para flexibilização adicional”. “O mesmo ocorreria no caso de alterações no balanço de riscos que resultem em menor probabilidade de aumento de prêmios de risco e consequente elevação da trajetória prospectiva da inflação”, afirma o colegiado.

Para o Copom, o cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica cresce globalmente. E que tal quadro tem contribuído até o momento para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, apesar da volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas.

O texto traz ainda que já surgem sinais de que as condições no mercado de trabalho começam a elevar os salários em algumas economias centrais e que há também perspectiva de retorno das taxas de inflação nessas economias para patamares mais próximos de suas metas. “Isso reforça o cenário de continuidade do processo de normalização da política monetária nos países centrais, o que deve ocorrer de maneira gradual, no cenário básico. Mas a trajetória prospectiva da inflação de preços e salários pode tornar esse processo mais volátil e produzir algum aperto das condições financeiras globais”, diz o documento.

O colegiado chamou a atenção para a capacidade que a economia brasileira apresenta de absorver eventual revés no cenário internacional. E cita a situação robusta do balanço de pagamentos, o ambiente com inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de recuperação econômica.

“Todos os membros do Comitê voltaram a enfatizar que a aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia, com amplos benefícios para a sociedade”, diz o documento, repetindo o que vinha afirmando nas comunicações anteriores.

“Por fim, os membros do Copom destacaram a importância de outras iniciativas que visam aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios. Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira.”

Ainda assim, os participantes do colegiado voltaram a ponderar sobre o risco para a economia brasileira de um revés nesse cenário internacional benigno num contexto de frustração das expectativas sobre as reformas e ajustes necessários. Esse é um dos pontos do balanço de riscos para a inflação apresentado pelo Copom.

 

Mercado espera inflação mais baixa para 2018

Os economistas do mercado financeiros consultados pelo Banco Central para sua pesquisa semanal Focus reduziram suas estimativas para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018 para 3,84%, após os 3,94% divulgados no relatório anterior.

Entre os analistas que mais acertam as projeções, os chamados Top 5, a mediana de médio prazo para o IPCA sofreu uma elevação que a fez se aproximar dos cálculos dos demais economistas, no entanto, saindo de 3,78% para 3,86%. Para os próximos 12 meses, as apostas do mercado em geral para a inflação oficial também sofreram um ajuste — mais leve, mas ainda para baixo — de 4,04% para 4,03%.

Para 2019, a mediana das estimativas do mercado manteve a alta de preços de 4,25% do documento anterior. Semelhante ao que ocorreu com os números de 2018, a mediana de médio prazo dos Top 5 subiu, mas aí para se igualar à mediana das projeções dos cerca de cem economistas que participam da pesquisa Focus, tendo saído de 4% na atualização anterior.

Em função do Carnaval, a pesquisa não foi publicada na segunda-feira como de costume. As mudanças nas estimativas para a inflação ocorrem após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informar que o IPCA desacelerou para 0,29% em janeiro — da inflação de 0,44% registrada em dezembro —, abaixo do piso das projeções e menor IPCA para o mês desde a criação do Plano Real, em 1994.

A média das estimativas de 26 consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data era de 0,41%, sendo a menor delas 0,33%. PIB e Selic mantidos Na semana pré-Carnaval, sem dados relevantes sobre a atividade em 2018, as estimativas para o crescimento da economia foram mantidas em 2,70% neste ano e 3% no próximo.

Da mesma forma, se mantiveram no mesmo nível as estimativas para a taxa básica de juros em 6,75% no fim de 2018 e 8% em 2019, após a decisão Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, na semana passada, de cortar a Selic para o nível já esperado pelo mercado para o encerramento do ano, sinalizando uma interrupção no ciclo de cortes.

Entre os Top 5, a meta para a Selic no fim do período se igualou aos 6,75% do mercado em geral, saindo de 6,50% na semana encerrada em 2 de fevereiro, segundo a mediana de médio prazo das expectativas. Para 2019, manteve-se nos mesmos 8% do mercado em geral.

 

Investidor ignora inflação dos EUA e foca fundamentos

O retorno dos negócios após o Carnaval foi bastante positivo para os mercados financeiros no Brasil, que espelharam o dia de fortes altas em ativos no exterior, a despeito da inflação mais alta nos Estados Unidos. O principal índice do mercado acionário brasileiro e o real tiveram o melhor pregão desde o último 24 de janeiro, data da condenação do ex-presidente Lula pelo TRF-4.

Desde cedo investidores aguardavam com ansiedade os dados da inflação ao consumidor dos Estados Unidos referentes a janeiro. E mais uma vez os números surpreenderam para cima - tanto na medida cheia quanto nos núcleos. Os mercados chegaram a piorar o sinal, mas se recuperaram logo em seguida e terminaram o pregão com ganhos.

A recuperação dos ativos foi atribuída a uma combinação de fatores, dentre eles uma relativização dos dados de inflação nos EUA - cuja alta foi puxada em boa parte por combustíveis e vestuário - e a inesperada queda das vendas no varejo americano em janeiro. No fim do dia, investidores se apegaram à ideia de que são necessários mais indicadores para que o Federal Reserve (Fed, BC americano) caminhe para quatro altas de juros neste ano.

Além disso, o recuo no volume de vendas no varejo sinaliza que a economia, embora forte, não se mostra superaquecida, o que reduz a necessidade de o BC americano ser mais agressivo no processo de normalização. A combinação dos dois indicadores sugere um ritmo mais lento de expansão do consumo real no país no primeiro trimestre, segundo o Goldman Sachs.

A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tanto no quarto trimestre de 2017 quanto no primeiro trimestre deste ano foi revista de 2,6% para 2,4% pelo banco, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. "Com as revisões para baixo dos gastos no varejo nas férias, reduzimos ainda em dois décimos nossa estimativa", afirma o banco, em relatório.

Estrategistas do Morgan Stanley lembram a queda de 11% do barril do petróleo Brent ante máximas recentes e dizem que esse é um elemento que esfria expectativas de inflação muito mais alta à frente. De fato, uma parte da alta do CPI de janeiro veio dos preços dos combustíveis mais elevados. "Nossos economistas projetam normalização da inflação [nos EUA], mas veem poucos motivos que endossem apostas em taxas muito mais altas, uma vez que forças desinflacionárias estruturais, incluindo o impacto da digitalização, seguem em curso", dizem estrategistas do banco.

Sobre o dólar, eles acrescentam que a grande questão é que a expansão econômica eleva a demanda por investimentos e, dessa forma, por capital. "E é essa crescente demanda por capital que está mantendo a pressão de venda contra o dólar, uma vez que os EUA oferecem disponibilidade de recurso pronto para investimentos globais." Um ponto crucial para que ativos considerados de risco continuem se beneficiando do cenário global ainda benigno é o juro real americano - a taxa nominal descontada a inflação.

O juro real é uma medida da atratividade de aplicações na renda fixa dos EUA. Depois de fortes altas recentes, as taxas reais ensaiam estabilização, o que coincide com um mercado financeiro que aos poucos volta a respirar após dias de violentas variações de preço. "A inflação nos Estados Unidos sem dúvida vai subir, mas nada a ponto de gerar caos ou colocar em xeque o crescimento econômico", diz Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos. O gestor entende que os juros no mundo ainda estão muito baixos para padrões históricos e que não é surpresa que caminhemos para alguma normalização.

"Mas o ponto é que a economia global vai continuar bem. E, claro, isso é bom para o Brasil." Enquanto o índice S&P 500 - medida mais ampla do desempenho dos mercados de ações nos EUA - subiu 1,37% na quarta-feira, o Ibovespa, referência do mercado brasileiro, saltou 3,27%, aos 83.543 pontos. A demanda por risco beneficiou o real, que teve ante o dólar a mais intensa valorização em três semanas.

A moeda americana caiu aqui 2,31%, a R$ 3,2246, menor patamar em quase duas semanas. A divisa brasileira registrou o melhor desempenho entre 33 pares do dólar. A queda firme do dólar serviu de combustível para expressiva baixa nas projeções de juros de médio e longo prazos. A taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 - uma estimativa do juro médio entre hoje e o fim de 2022 - caiu a 9,56% ao ano. Na sexta-feira passada, essa taxa era de 9,65%.

 

 

 

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