Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

BC precisa de surpresas positivas para baixar mais a taxa básica em março

O Banco Central praticamente deu por encerrado o ciclo de baixa na taxa básica de juros, depois de levar a Selic para o menor nível da história. Só haverá novo corte moderado em março se houver surpresas positivas até lá. No comunicado divulgado depois da reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC diz que, se tudo evoluir como o esperado, a taxa básica seguirá nos 6,75% ao ano fixados ontem.

Mas o BC poderá cortar moderadamente os juros - uma baixa de 0,25 ponto percentual - caso o cenário inflacionário se torne mais favorável ou se o balanço de riscos se desloque mais para o lado positivo. Desde fins do ano passado o BC vem acompanhando a evolução dos núcleos de inflação para confirmar se eles levam o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para a meta, de 4,5%, em 2018 e aos objetivos dos anos seguintes. Até dezembro, o BC tinha dúvidas se isso iria mesmo ocorrer.

Alguns dos núcleos de inflação estavam baixos, ou seja, mais próximos do piso da meta deste ano (3%). Outros núcleos, porém, eram descritos pelo BC como "confortáveis", o que significa que eram compatíveis com a convergência da inflação para o centro da meta. O BC estava preocupado com o risco de, nas estatísticas divulgadas depois de dezembro, os núcleos de inflação se mostrarem muito baixos e, dessa forma, o piso da meta de inflação ser novamente furado. Isso demandaria corte mais profundo de juros.

O comunicado divulgado ontem informa que, na avaliação do Copom, a inflação evoluiu conforme esperado no seu cenário básico desde dezembro. Os núcleos de inflação, define o BC, seguem oscilando entre baixos e confortáveis. De forma geral, a autoridade monetária mostra-se confiante de que a inflação caminha para o centro da meta. Se os núcleos continuarem com esse comportamento até a reunião de março, provavelmente o Banco Central não cortará a taxa básica de juros.

Mas, se baixarem mais, o BC poderá avaliar um corte para 6,5% ao ano. Uma eventual alteração no balanço de riscos também poderia fazer o BC cortar mais os juros. Do lado positivo, o Copom cita chances de os preços de alimentos seguirem favoráveis e as chances de uma inércia positiva mais forte levar a uma inflação mais baixa que a encomenda. Do lado negativo, o Copom vem citando o risco de cair a ficha no mercado financeiro de a reforma da Previdência não ser aprovada e também as chances de uma piora nas condições de liquidez para os emergentes nos mercados internacionais. O quadro seria particularmente negativo, vem alertando o BC, se esses dois eventos ocorrerem juntos.

Desde dezembro, as chances de aprovação da reforma da Previdência diminuíram muito. Do lado externo, o BC nota, no comunicado, que, por enquanto, o apetite de risco para emergentes tem se mantido, apesar de maior volatilidade nas condições financeiras nas economias avançadas.

Do balanço de riscos, o que se pode concluir é que, do lado positivo, não houve progressos, enquanto que os riscos do lado negativo se tornaram um pouco mais pronunciados. Mas o BC diz, no comunicado, que vai continuar a avaliar o balanço de riscos para decidir se corta mais os juros ou não.

 

Copom reduz Selic a 6,75% e sinaliza fim de ciclo de cortes

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 6,75% ao ano, nova mínima histórica. Em reunião encerrada na noite de ontem, o colegiado acenou com uma possível interrupção do ciclo de cortes de juros, mas deixou uma porta aberta para baixar mais dependendo da evolução do cenário econômico.

"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária", afirmou o BC em comunicado, referindo-se à reunião agendada para os dias 20 e 21 de março. "Essa visão para a próxima reunião pode se alterar e levar a uma flexibilização monetária moderada adicional, caso haja mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos."

O colegiado presidido por Ilan Goldfajn não deu acenos sobre o que fará depois do encontro de março. Voltou a afirmar que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação. Essa discussão pode ser aprofundada na ata da reunião, que será divulgada pelo BC na quinta-feira, dia 15, às 8 horas.

O Banco Central manteve a avaliação de que a conjuntura econômica, com inflação baixa e alta ociosidade na economia, prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural, que é aquela capaz de promover crescimento com inflação nas metas.

O Copom também voltou a enfatizar que o processo de reformas e ajustes na economia propostas pelo governo contribui para a queda dessa taxa estrutural. Em termos reais, o juro está ao redor de 2,8%, considerando as taxas negociadas no mercado financeiro nos contratos de swap de 360 dias, descontada a inflação projetada pelos analistas econômicos privados para os próximos 12 meses. O mercado estima que a taxa estrutural de juros se encontra em 5% ao ano e que poderá cair a 4% ao ano dentro de alguns anos, segundo uma pesquisa feita pelo BC. Quando iniciou o ciclo de baixa da Selic, em outubro de 2016, o juro real estava em torno de 6,9% ao ano.

Para o Copom, o corte da Selic para 6,75% "é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, com peso menor e gradualmente crescente, de 2019". Com juro de 6,75% em 2018 e 8% em 2019 previstos pelo mercado financeiro, segundo a pesquisa Focus de expectativas, o modelo de projeção do BC aponta para um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em torno de 4,2% neste e no próximo ano.

São resultado próximo das metas de 4,5% de 2018 e de 4,25% em 2019. Em dezembro, as projeções do BC também estavam em 4,2%, mas naquela época o mercado esperava juro de 7% em 2018 e 8% em 2019. Não houve mudanças no balanço de riscos para a inflação, ou seja, nos fatores destacados pelo BC que podem fazer o IPCA ficar abaixo ou mais alto do que o esperado.

Do lado positivo, o BC cita a combinação de possíveis efeitos secundários da queda de preços de alimentos e de produtos industriais e a chance de propagação da inflação baixa por mecanismos inerciais. No lado contrário, está a possibilidade de uma frustração com as reformas afetar prêmios de risco elevando a trajetória da inflação. Esse risco se intensifica, segundo o Copom, em caso de reversão no quadro externo.

A recente instabilidade observada nos mercados financeiros não mudou a avaliação do Copom sobre o ambiente internacional. "O cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica cresce globalmente." Ainda de acordo com o Copom, esse ambiente de crescimento tem contribuído, até o momento, para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, "apesar da volatilidade recente das condições financeiras nas economias avançadas".

Sobre a atividade doméstica, o Copom mostra maior confiança na retomada, afirmando que os indicadores divulgados desde a reunião de dezembro mostram "recuperação consistente da economia brasileira". Em dezembro, a avaliação do BC era de "sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira".

O colegiado também manteve a avaliação de que o cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. "O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", diz o comunicado.

Sobre a inflação corrente, Ilan disse recentemente em uma entrevista que, em função do comportamento dos combustíveis e alimentos, os índices de preços podem mostrar maior volatilidade em 2018. Por isso, afirmou, o BC olhará a tendência da inflação e não variações mensais. Os núcleos de preços são uma forma de avaliar a tendência da inflação. Medidas "confortáveis" mostram preços em linha com a meta, núcleos "baixos" sugerem preços mais próximos do piso da meta.

 

'É mais importante a perenidade do juro baixo que um declínio adicional'

Apenas uma surpresa de baixa na inflação, que poderia vir a partir de uma inesperada aprovação da reforma da Previdência ainda neste ano, manterá as chances de o Banco Central voltar a cortar os juros nos próximos meses. A afirmação é de Sérgio Goldenstein, sóciogestor da Flag Asset e ex-chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab) do BC. O cenário-base do gestor é de estabilidade da meta Selic em 6,75% ao ano até o término de 2018. Até lá, é "muito improvável" que o Comitê de Política Monetária (Copom) enxergue elementos suficientes para justificar mais redução. Além do ambiente internacional cercado de mais dúvidas, a economia brasileira deve ganhar tração, à medida que forem sentidos com mais intensidade os efeitos defasados do afrouxamento monetário já implementado.

Após as eleições, o juro pode voltar a cair em caso de vitória de um candidato reformista, mas a probabilidade maior é de manutenção da taxa na mínima histórica por mais tempo. Em outro cenário, a vitória de um candidato populista poderia levar o dólar para acima de R$ 3,60, o que impactaria diretamente as expectativas de inflação, exigindo assim um aperto monetário.

Valor: O Copom concluiu o ciclo de distensão monetária?

Sérgio Goldenstein: O Banco Central sinalizou fortemente o encerramento do ciclo. Mas ainda deixou a porta aberta para eventual novo corte. A questão é que essa porta aberta vai depender da evolução do balanço de riscos. E aí entra o cenário externo, que nos últimos dias passou a preocupar. Nosso entendimento é que o BC ainda trabalha com condições internacionais favoráveis. Então a situação lá fora teria de ficar ainda melhor para que o BC visse espaço para mais redução do juro em março.

Valor: O que poderia levar o BC a sentir conforto para mais um novo corte de juro?

Goldenstein: Surpresas de baixa do lado da inflação de fevereiro e março, sobretudo nos núcleos. Essa surpresa teria de ser tamanha a ponto de levar a estimativa do Copom para o IPCA de 2018 de 4,2% para 4%. Mas um choque favorável nos alimentos, por exemplo, não seria suficiente. Seria preciso que os núcleos se comportassem de maneira muito melhor. Isso é possível? Sim. A inércia está baixa, por causa da inflação do ano passado. E alguns preços, como educação, devem subir metade do que subiram em 2017. Mas a inflação já está baixa, e seria preciso a combinação de outros elementos para o BC se sentir tranquilo para promover mais reduções da Selic.

Valor: Quais elementos?

Goldenstein: Principalmente uma inflação menor em 2018 ser acompanhada de taxa também mais baixa para 2019. O BC já está monitorando a inflação do ano que vem, cujo desvio da meta é praticamente nulo. O Copom projeta 4,2% de IPCA em 2019, para uma meta de 4,25%. Essa diferença precisaria aumentar. Além disso, a economia está se fortalecendo. Recentemente elevamos nossa estimativa de expansão do PIB em 2018 de 2,5% para 3,0%. O hiato do produto ainda está aberto, mas com a economia melhorando ele tende a ficar menos negativo.

Valor: A Selic fica estável até quando?

Goldenstein: Nossa expectativa é que a política monetária fique em "standby" até as eleições de outubro. Até lá, o fator que pode fazer o BC voltar a cortar o juro é uma hoje inesperada aprovação da reforma da Previdência. A probabilidade atribuída pelo mercado a esse evento é tão baixa que, se ele ocorrer, poderá alimentar uma rodada de queda nos prêmios de risco, com valorização da taxa de câmbio e queda do juro neutro de longo prazo. É por isso que achamos que o BC preferiu deixar ainda uma janela aberta para mais declínio do juro. O cenário é improvável, mas não impossível.

Valor: O que se pode esperar para o rumo da política monetária depois das eleições?

Goldenstein: Isso depende basicamente do resultado das urnas. Se um candidato reformista vencer, a apreciação do real fruto da melhora de expectativa vai ajudar na queda das expectativas para o IPCA. E isso daria espaço para o BC manter o juro na mínima histórica por mais tempo - eventualmente até cortando mais. Num cenário oposto - de vitória de um candidato populista -, o BC correria o risco de ter de subir os juros antecipadamente, num quadro em que o dólar estaria acima de R$ 3,60.

Valor: O que se mostra mais importante neste momento para manter as conquistas da política monetária?

Goldenstein: É preciso ter em mente que, dado o cenário ainda incerto, é mais importante para a economia a perenidade do juro baixo do que um corte adicional no próximo mês. A Selic em 6,75% já está abaixo do que se pode chamar de nível neutro. Portanto, é um patamar de juros que estimula a economia. E os efeitos da política monetária são defasados. Assim, há ainda muito a ser sentido pela economia a partir das reduções de juros já implementadas.

Valor: Como o mercado de juros deve se comportar nesta quinta-feira?

Goldenstein: Acredito que haverá uma desinclinação da curva de juros. Como ainda havia apostas de corte de juros em março, as taxas de vencimentos mais curtos devem subir. Ao mesmo tempo, os juros a partir de 2020 tendem a cair, especialmente os de prazos a partir de 2025.

 

Para economistas, só Previdência e queda acentuada da inflação levam a outro recuo

O Banco Central deu um sinal claro de que o ciclo de alívio monetário foi encerrado ontem com o corte de 0,25 ponto percentual na Selic, que levou a taxa básica brasileira a 6,75%, na avaliação de economistas ouvidos pelo Valor. A menos que ocorra um evento inesperado até a próxima reunião - como a aprovação da reforma da Previdência ou um recuo mais acentuado da inflação - a Selic deve continuar em 6,75%.

Para o economista-chefe do Safra, Carlos Kawall, uma mudança de cenário poderia ser provocada caso a reforma da Previdência seja aprovada ainda este ano. No entanto, ele atribui uma probabilidade de 30% para a aprovação da reforma. "Já estamos numa taxa abaixo do neutro, a atividade está numa tendência positiva e paramos de ter surpresas inflacionárias. Embora a inflação esteja bem tranquila, já não é mais aquela moleza toda", afirma.

O economista-chefe da Mauá Capital, Alexandre de Ázara, alertou que o BC poderá ser surpreendido com uma inflação mais baixa na próxima reunião, o que poderá levá-lo a cortar a Selic em mais 0,25 ponto. Ele diz que sua projeção para o IPCA no trimestre encerrado em fevereiro vai ficar 0,30 ponto abaixo do que o BC prevê, de 1,30%. "Se essa surpresa não se confirmar, então o ciclo terá terminado."

Para a economista sênior do Santander, Tatiana Pinheiro, o Copom deixou "bem claro" que o ciclo de alívio monetário está encerrado, com a Selic em 6,75%. E, ainda que tenha mencionado a possibilidade de voltar a mexer na taxa caso o balanço de riscos se altere, é reduzida a probabilidade disso ocorrer.

O sócio da 4E Consultoria, Juan Jensen, lembra que o BC deixou aberta uma possibilidade de redução adicional se o cenário continuar a evoluir favoravelmente. Para Jensen, nas entrelinhas, esse trecho do comunicado considera uma remota possibilidade de aprovação da reforma da Previdência, o que poderia reduzir a taxa de juros neutra. "Aí, o Banco Central estaria mais confortável para uma redução adicional."

O sócio-gestor da Rosenberg Investimentos, Marcos Mollica, acredita que o aumento da volatilidade externa não teve influência na decisão de ontem. "Esse plano de voo já está definido faz tempo e o BC tem enfatizado que o cenário externo tem se mostrado favorável às economias emergentes", disse. Kawall, do Safra, também destaca que o Copom trata o cenário internacional ainda como benigno.

Dessa forma, não é possível atribuir a esse quadro a decisão do BC de parar de cortar o juro. "Foi uma correção muito rápida se comparada a outros episódios em que havia um problema real, como alta de inflação ou crise financeira." A Tendências Consultoria estima a manutenção da Selic em 6,75% ao ano durante 2018. "O Copom pode começar um novo ciclo de aperto monetário só na primeira reunião de 2019", afirma Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia da Tendências.

Conforme a diretora da Tendências, o juro real atual se encontra bem abaixo da taxa de equilíbrio, o que se configura em uma política monetária estimulativa. "Em 2019, não se trata de apertar a política monetária, mas colocar [a taxa básica] mais em linha com a neutralidade."

No cenário do Santander, o Banco Central só volta a subir os juros no segundo trimestre de 2019. Isso porque, até lá, a economia poderá estar crescendo no seu potencial e o Copom terá que levar o juro para o ponto neutro. A mesma visão é partilhada pela 4E Consultoria. Já a Rosenberg considera em suas projeções a possibilidade de o Copom voltar a elevar a taxa básica no início do próximo ano.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Crédito imobiliário não segue a redução da Selic

O tomador de empréstimo para a compra do imóvel pelo SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que usa recursos da poupança, continua encontrando um CET (custo efetivo total) do crédito em dois dígitos na maioria dos principais bancos do país.

O CET é o termômetro para a escolha do financiamento, porque, além da taxa de juros, inclui todos os encargos da operação, como seguros e custos contratuais.

Compradores poderiam supor que a queda vertiginosa da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, ao longo do ano passado seria acompanhada de uma redução igualmente significativa nos juros do financiamento imobiliário, mas não foi o que aconteceu.

Até houve certo alívio. A taxa média de juros para crédito habitacional no mercado passou de 15,4% em dezembro de 2016 para 11% em 2017, segundo o Banco Central. A Selic do período, porém, caiu quase pela metade, de 13,75% ao ano para 7%, chegando a 6,75% nesta quarta (7).

Os bancos atribuem o ritmo mais lento na queda das taxas imobiliárias às dificuldades de captação da poupança e aos juros futuros.

Embora tenha fechado 2017 com captação líquida de R$ 17,13 bilhões, maior saldo positivo desde 2014, a poupança patinou durante o ano.

Além disso, Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip (associação das entidades de crédito imobiliário), explica que "quando os bancos emprestam a dez anos, que é o tempo médio que o financiamento costuma ficar em suas carteiras, eles precisam ver o custo do dinheiro em dez anos".

E contratos para 2028 estão com taxas de 10,2% ao ano. "Existe uma diferença de taxa de curto e longo prazo devido a riscos políticos e fiscais associados às reformas e à eleição", diz Marink Martins, da corretora Icap.

CENÁRIOS

Fabrízio  Ianelli, superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander, diz ver sinais de reação na poupança. "Se ela voltar com força e a curva de juros futuros começar a baixar, isso pode estimular uma redução nas taxas", afirma.

Para Abreu Filho, se a reforma da Previdência passar, as taxas futuras caem no dia seguinte. "Se não acontecer neste ano, podem subir."

Ainda que não exerce influência total nos juros imobiliários, a queda da Selic é um bom sinal para o mercado, avalia Leandro José Diniz, diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco. "O desemprego, que parou de aumentar, e a redução da Selic sugerem que as famílias podem ter maior capacidade financeira", diz.

Adiar muito o empréstimo na espera de quedas bruscas nas taxas, porém, pode não funcionar. "Ainda que elas possam cair, deve haver certo embaraço conforme a eleição se aproxima. Para quem pensa sobre o assunto hoje, até maio pode ser melhor para decidir", diz o planejador financeiro Marcelo Milech.

 

Prevendo fracasso de reforma, governo planeja agenda microeconômica

O núcleo do governo Michel Temer já não conta com a aprovação da reforma da Previdência para este ano e começou a articular uma agenda de medidas, baseadas principalmente na microeconomia, para chegar com algum fôlego até o fim de 2018.

Integrantes do Ministério da Fazenda e o próprio ministro Henrique Meirelles já não têm mais grandes expectativas sobre o avanço das mudanças nas regras de aposentadoria e se organizam para aprovar pautas no Congresso como o cadastro positivo e a privatização da Eletrobras apostas do Planalto para passar a ideia de que o governo segue mesmo com o naufrágio de sua principal bandeira.

O primeiro projeto já foi votado no Senado e agora, na Câmara, sofre resistência de alguns parlamentares, como Celso Russomanno (PRB-SP), muito identificado com as questões de defesa do consumidor.

Integrantes da equipe de Meirelles, porém, já estão em campo para negociar com o deputado. Caso haja alterações, o texto deve voltar ao Senado, onde o governo acredita contar com um cenário mais favorável para sua aprovação.

Sobre a privatização da Eletrobras, Planalto está bastante otimista de que vai conseguir aprovar a medida, principalmente porque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-Rj), já sinalizou que, sem a reforma da Previdência, o mercado vai se acalmar se propostas como esta e a reoneração da folha de pagamento tiveram o aval do Legislativo.

Com pretensões de concorrer à Presidência da República este ano, Maia deve dar celeridade a estes projetos, além de se dedicar a pautas ligadas à segurança pública, com mais apelo junto à sociedade.

Em conversas nos últimos dias entre Temer e seus principais assessores, a ideia de que a nova Previdência não vai avançar ficou cristalizada.

Apesar da insistência retórica e pública de que o governo não jogou a toalha, ganhou corpo o discurso de que, se não houver votos até o fim deste mês, Maia não vai mais pautar o texto este ano, como mostrou a Folha, deixando-no como um legado para 2019.

Mesmo com as flexibilizações do texto, apresentadas inclusive nesta quarta-feira (7), o governo ainda não conseguiu os 308 dos 513 votos necessários para aprovar a medida na Câmara.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Com juro baixo, até conservador já se arrisca em renda variável

O achatamento da taxa de juros tirou o investidor brasileiro da zona de conforto. O ciclo de queda da Selic, que desceu mais um degrau nesta quarta-feira, 7, a 6,75% ao ano, esmagou a rentabilidade de boa parte dos ativos de renda fixa – que antes eram sinônimo de ganho fácil. Produtos como o Tesouro Selic, CDBs e fundos DI com taxas de administração mais salgadas agora se igualam ou até perdem para a caderneta de poupança, instigando até o investidor mais conservador a dar seus primeiros passos na renda variável.

De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), fundos de renda fixa com resgate de seis meses a um ano só ganham da poupança quando a taxa de administração é menor que 1% ao ano. Acima de dois anos, os fundos só são vantajosos se tiverem taxas de até 1,5% ao ano. A poupança agora sai na frente desses produtos pois é isenta de Imposto de Renda (IR).

Segundo cálculos da professora de finanças e sócia da BSG DuoPrata, Betty Grobman, descontado o IR, uma aplicação de R$ 10 mil num CDB de um banco de grande porte que rende 89% do CDI (taxa que anda de mãos dadas com a Selic) daria um retorno, em um ano, de R$ 10.472,80 – praticamente o mesmo que a poupança, que renderia no período R$ 10.472.50. O cardápio dos investimentos mais conservadores só fica mais interessante quando se olha os produtos de bancos menores – que, por apresentarem mais risco, oferecem um ganho maior, com rendimento acima de 100% do CDI.

“Com esse movimento dos juros, os bancos serão forçados baixar as taxas de administração de seus fundos de renda fixa, à medida que crescerem os resgates dessas aplicações”, afirma Miguel Oliveira, diretor da Anefac. “A Selic caiu muito, mas as taxas estão praticamente no mesmo patamar, de 2% a 3% ao ano.”

Pé no risco. A diminuição dos retornos, aliada ao bom desempenho da Bolsa nos últimos meses, têm incentivado o investidor a dar seus primeiros passos em produtos de renda variável. É o caso da estagiária Ana Beatriz Esteves, que diversificou de maneira expressiva seus investimentos. “Eu investia apenas em renda rixa atrelada ao CDI ou à inflação. Com a taxa em constante queda, pude criar mais confiança e assim, no final do ano passado, comecei em fundos multimercado, de ações e fundos imobiliários”, conta. Hoje, 40% de sua carteira é de renda variável.

Para Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper, é preciso cautela na hora de migrar para aplicações mais arrojadas. “Não é aconselhável que o investidor comece comprando ações diretamente, pois isso exige muito conhecimento, ainda mais em ano eleitoral”, observa. “É bom optar por fundos de ações de dividendos, por exemplo, além de fundos multimercado e fundos imobiliários mais diversificados”, disse. Além disso, ele observa que o investidor deve diversificar, mas não abandonar suas aplicações em renda fixa, sobretudo a fatia de reserva de emergência, que exige ativos de maior liquidez.

 

Grandes bancos acompanham BC e anunciam corte nos juros das pessoas físicas e jurídicas

Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander anunciaram na sequência da decisão do Banco Central de cortar a básica de juros da economia – a Selic –, de 7,00% pra 6,75% ao ano, que vão repassar a redução para suas principais linhas de crédito. Os juros menores vão beneficiar, conforme comunicados dessas instituições, pessoas físicas e jurídicas. Trata-se da nona redução consecutiva que os bancos anunciam desde o início do processo de afrouxamento monetário por parte do Banco Central.

No Banco do Brasil, as novas taxas começam a valer a partir da próxima sexta. No caso das pessoas físicas, o juro menor será para os empréstimos em que o cliente oferecer seu automóvel como garantia, nos quais as taxas serão reduzidas de 1,83% ao mês para 1,73% ao mês, na faixa mínima. Já no caso das linhas em que o cliente oferece seu imóvel como garantia, o chamado home equity, os juros mínimos passam de 1,40% ao mês para 1,38% ao mês.

No financiamento de veículos novos e seminovos, contratados via canal mobile – no aplicativo do BB –, a taxa passará para 0,93% ao mês, ante 0,95% ao mês cobrados até então. Para as linhas de empréstimo pessoal sem garantia, o juro mínimo será reduzida de 3,33% ao mês para 3,31% ao mês.

O BB destaca ainda que também reduzirá os juros para pessoas jurídicas. Na linha desconto de cheque, as taxas mínimas passarão para 1,32% ao mês ante 1,34%. No desconto de títulos, vão cair dos atuais 1,16% ao mês para 1,14% ao mês. Os juros de linhas de capital de giro e antecipação de recebíveis para lojistas também ficarão mais atrativas.

O Santander informou que as novas taxas vão valer a partir da próxima segunda-feira, 12. O juro mínimo do financiamento de veículos cairá de 1,08% para 0,97% ao mês. No crédito pessoal, passará de 1,59% para 1,57% ao mês, e, no cheque especial, de 2,25% ao mês para 2,23% ao mês.

"Estamos no menor patamar histórico da taxa básica no País. Temos o compromisso de levar a dinâmica de redução deste componente dos juros bancários aos nossos clientes, para que eles possam prosperar cada vez mais", afirma Eduardo Jurcevic, superintendente executivo de Produtos de Crédito à Pessoa Física do Santander.

Já o Bradesco informou que vai repassar o corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic em suas principais linhas de crédito de pessoa física e pessoa jurídica.

No Itaú Unibanco, as novas taxas passam a valer a partir do dia 14. Segundo o banco, haverá redução das taxas do empréstimo pessoal para pessoas físicas, com a taxa mínima passando de 1,48% para 1,37% ao mês. Para micro e pequenas empresas, serão alterados os juros cobrados na linha de capital de giro. O banco destaca ainda, em nota à imprensa, que no crédito a veículos, no qual apresentou crescimento do volume concedido no quarto trimestre de 2017 pela primeira vez em 21 trimestres, já vem reduzindo a taxa de financiamento, convergindo com a queda da Selic.

Apesar da redução dos juros, que caíram ao menor patamar na história do País, o presidente executivo do Itaú Unibanco, Candido Bracher, afirmou na terça-feira, 6, em conversa com a imprensa, que espera que os spreads se mantenham estáveis neste ano a despeito da queda da Selic e da agenda do BC para baixar o custo financeiro do País. Tende a contribuir para isso, conforme ele, uma maior demanda por crédito que deve elevar o volume de empréstimos e, consequentemente, compensar menores margens.

Para o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, os bancos terão de buscar formas de compensar a queda dos juros neste ano, já que as margens financeiras serão impactadas tanto do lado da tesouraria quanto nas transações de crédito. "Não terá outro jeito - para os bancos compensarem as menores margens - se não crescer a carteira de crédito com qualidade neste ano", avalia ele, em entrevista ao Broadcast, que espera que o crédito cresça 8% neste ano após dois exercícios consecutivos de queda.

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NOTÍCIAS - COOPERATIVAS

Sicoob distribui R$ 528 milhões em pagamento de juros ao capital

O Sicoob, maior sistema financeiro cooperativo do País, efetuou no fim de dezembro o pagamento de juros ao capital. A definição sobre o destino dos recursos é estabelecida em assembleia por todos os cooperados em um processo transparente e democrático.

Do valor total que chegou a R$ 528 milhões, R$ 71,6 milhões foram depositados diretamente nas contas correntes, gerando recursos imediatos para os cooperados do Sistema. O restante do valor foi destinado à conta capital de cada cooperado, garantindo maior solidez à cooperativa e possibilitando a oferta de linhas de crédito com prazos maiores de pagamento e juros ainda mais atrativos. Além disso, esse dinheiro rende ao longo dos anos. Nesse sentido, cada cooperativa, após decisão em assembleia, pode definir a rentabilidade, calculada com base na taxa Selic.

A remuneração ao capital é um dos diferenciais competitivos da cooperativa em relação ao sistema bancário tradicional. “O pagamento de juros ao capital demonstra a transparência na gestão dos recursos e evidencia a importância da participação de cada cooperado na evolução da cooperativa, além de incrementar o montante disponível para as operações de crédito e financiamento da instituição”, afirma Henrique Castilhano Vilares, presidente do Sicoob.

 

Sicredi espera crescimento de mais de 25% para 2018 em Santa Catarina

Os números foram divulgados na manhã desta quarta-feira (7), em coletiva de imprensa no Hotel Mercure, em Florianópolis, evento que também contou com a presença do vice-presidente da Central do Sicredi, Márcio Port.

Para 2018, a Cooperativa projeta que sejam abertas mais 12 agências no Estado, oito delas em novos municípios, totalizando 118 agências em Santa Catarina. “Vemos esse crescimento gradativo, num caminho inverso dos bancos tradicionais, que estagnaram ou decaíram junto com a economia. Precisamos entender que o Sicredi não é de uma pessoa só, mas de todos que são cooperados. Assim, todos ganham. Essa forma de mostrar nos números que estamos com bons resultados é uma forma de nos tornamos mais fortes”, explica Port, destacando que a cooperativa de crédito só deve crescer cada vez mais com a força das pessoas que entendem o cooperativismo e acreditam nessa força coletiva.

Port falou ainda sobre a credibilidade das pessoas com a Cooperativa, que ainda a forma da divulgação boca a boca ainda é a que mais aproxima a população junto ao Sicredi. “Promessas cumpridas e cooperados satisfeitos, isso faz com que uma pessoa comente com a outra, e assim os cooperados vão aumentando. No Brasil já são mais de 3,7 milhões, presentes em 21 estados. Esse trabalho de abelhinha que nos torna grandes e fortes”, comenta Port.

Seefeld falou sobre a capacidade de enxergar no problema a oportunidade de crescer. “Justamente em situações onde a economia mostra dificuldades é que deveremos ter olhos para perceber as oportunidades. É importante que neste momento econômico, nosso trabalho esteja voltado ao fortalecimento das parcerias, gerando valor e renda aos associados”, destacou o diretor.

Foi divulgado também na coletiva, que em 2017, as 15 cooperativas de Santa Catarina, filiadas ao Sistema Sicredi, registrara, crescimento de 8,96% Pessoa Física e de 15,15% na Pessoa Jurídica, somando mais de 183 mil associados. Houve também reflexo no aumento total de pontos de atendimento para 106, com presença em 80 municípios catarinenses, o que representa 27% do Estado. O patrimônio líquido superou os R$ 364,44 milhões, uma evolução de 40,61% sobre o ano anterior.

Seefeld falou ainda da tecnologia como aliada e facilitadora, destacando que ainda para este ano, a máquina de pagamento Pague Com deve ter um maior alcance, já que desde o início de novembro está ativo e presente em 20 mil estabelecimentos do Brasil, facilitando as transações. Falou ainda sobre a plataforma digital que deve ser lançada em abril deste ano.

 

 

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