Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

Selic baixa ajudará PIB a crescer 3% em 2018, prevê Fazenda

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou ontem a elevação de 2% para 3% na previsão de crescimento para o PIB em 2018, e de 0,5% para 1,1% no de 2017. Só a queda do juro deve ser responsável por 1 ponto percentual na alta de 2018.

No anúncio, Meirelles aproveitou para dar a mensagem de que a aprovação da reforma da Previdência tem potencial de ajudar a economia brasileira em 2018 em proporção maior do que uma rejeição, já que o mercado financeiro teria incorporado apenas parcialmente nos preços a hipótese de aprovação do texto do deputado Arthur Maia (PPSBA).

Na mesma entrevista, o secretário de Política Econômica do ministério, Fábio Kanczuk, traduziu a mensagem em números. O efeito da Previdência, explicou, se dará pelo canal do mercado financeiro, pela melhora nos preços de ativos como juros, câmbio e bolsa, e das expectativas. Nas contas dele, a estimativa é que a reforma aprovada até o início do ano que vem tenha um impacto da ordem de 0,45 ponto porcentual no PIB de 2018.

Kanczuk explicou que o mercado já tinha precificado em um terço a chance de aprovação e assim, o efeito da confirmação desse cenário adicionaria 0,30 ponto ao PIB. No caso de derrota, entretanto, a perda seria do 0,15 ponto que já estava incorporado nos números de alta frequência do mercado. Ou seja, a nova projeção é de 3%, mas a Previdência colocaria a possibilidade de chegar a 3,3% (se houver aprovação) ou 2,85% (se for rejeitada). É importante ressaltar que esse é um exercício de impacto de curto prazo.

Para o horizonte mais longo, o governo acredita em um efeito significativo das reformas, como a Previdência e outras. Nas contas de PIB "tendencial" apresentadas pelo secretário, a estimativa é que na próxima década o potencial de crescimento do PIB com reformas é de 3,7% ao ano e não os 2% que estão incorporados na projeção para o ano que vem, baseado na média de crescimento do período de 1980 a 2015 e que considera ausência de reformas. Kanczuk apresentou ainda um cenário "otimista" de PIB tendencial para a próxima década, de 4,5%, que considera mais reformas, como a tributária e algumas que estão no radar (e que, por isso, não foram mencionadas).

Nesse quadro, o PIB brasileiro teria um ritmo de crescimento per capita semelhante ao do período de 1915 a 1980, de 3,8% ao ano. Meirelles destacou que a economia vive um momento claramente positivo, depois de uma grave recessão e de um processo de desalavancagem (redução de dívidas) que se intensificou no fim do ano passado. "Em primeiro lugar, houve um processo de desalavancagem.

Durante a recessão, elas estavam alavancadas, aumentaram o nível de endividamento", disse. "Paralelamente, houve descompressão da politica monetária do Banco Central, que passou de uma política restritiva para uma politica expansiva - ou seja, com juros reais mais baixos", acrescentou. Nas contas da Fazenda, a política monetária retirou 0,8 ponto porcentual do PIB neste ano, mas com as reduções seguidas da Selic pelo Banco Central (o juro real caiu para a casa dos 3%) e ela já passou para o terreno expansionista. A previsão é que ela aumento o PIB em 1 ponto porcentual no ano que vem.

Segundo o secretário, o destino da reforma previdenciária não deve alterar o impacto da política monetária na economia em 2018, porque os efeitos são defasados e o impacto da redução feita pelo BC já está contratado.

Kanczuk trouxe também uma estimativa mais atualizada do grau de ociosidade da economia, o chamado "hiato do produto". Este indicador estaria em 3% do PIB. Esse número é um pouco menor do que os 4% mencionados por Meirelles há pouco mais de um mês, mas sua redução já era esperada porque aquela conta mencionada pelo ministro não considerava impactos como o da política monetária expansionista.

Nesse sentido, ele deu uma mensagem importante de que somente a redução dessa ociosidade pode adicionar até R$ 100 bilhões às receitas do governo. O secretário reconheceu que a mudança na projeção oficial do PIB para 3% em 2018 impacta o cenário de receitas e pode compensar, ainda que parcialmente, a eventual frustração orçamentária pela demora na aprovação de medidas que elevam a arrecadação federal.

Kanczuk acrescentou que a receita cresce mais que o PIB em fases de expansão da economia, com uma elasticidade estimada entre 1,3 e 1,4 vezes o crescimento do PIB. Ainda assim, explicou, o foco da preocupação da equipe econômica para o ano que vem é o campo das despesas, por conta da instituição do teto de gastos.

Criado em 2016, a norma limita o crescimento das despesas pela inflação em 12 meses registrada até o meio do ano anterior. Segundo ele, o teto em 2018 é um desafio maior do que o próprio cumprimento da meta fiscal - que autoriza um rombo de até R$ 159 bilhões para o ano que vem. "A restrição mais ativa para o ano de 2018 é a do teto. Ali que vai ser duro", afirmou.

Kanczuk lembrou que medidas importantes para aliviar despesas ainda aguardam votação no Congresso. Estão entre elas o projeto de lei 8.456/2017, que prevê ressarcimento pela desoneração da folha, e a medida provisória 805/2017, que posterga o reajuste de servidores civis. Caso fossem aprovadas até o fim de 2017, elas diminuiriam despesas de R$ 7,4 bilhões em 2018. Um adiamento ou derrota diminuiria essa economia.

No total, o limite de gastos em 2018 é de R$ 1,348 trilhão, mas o espaço para as discricionárias é de apenas R$ 108 bilhões nas contas do governo - considerando a aprovação de todas as medidas de receitas e despesas. Sem as aprovações, esse número deve ficar ainda menor. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, adiantou no último mês que haverá um contingenciamento de até R$ 21,4 bilhões caso não se aprove as iniciativas fiscais.

A medida que geraria receitas mais rapidamente para o ano que vem é a que muda as regras de tributação de fundos de investimento exclusivos (MP 806/2017) e gera R$ 6 bilhões. Ela precisaria ser aprovada ainda neste ano, pela regra da anualidade, para valer em 2018, o que é improvável que aconteça, ainda mais após a aprovação antecipada do Orçamento. Mesmo assim, o ministro garantiu que a meta fiscal será cumprida.

 

Moody’s: Adiamento de reforma é fator negativo e indica falta de apoio

O adiamento da votação da reforma da Previdência é um fator de crédito negativo para o Brasil e indica falta de apoio político para a proposta, segundo a Moody’s. “Isso aumenta a possibilidade de que a reforma não seja aprovada no ano que vem, dada a incerteza em torno das eleições presidenciais”, disse a vice-presidente e analista sênior da agência, Samar Maziad, em comentário enviado ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

Segundo a Moody’s, o adiamento fortalece as preocupações sobre a capacidade do governo para cumprir o teto de gastos e “endereçar efetivamente as tendências fiscais adversas que têm gerado uma persistente deterioração do perfil de crédito do país nos últimos anos”.

Atualmente a Moody’s atribui rating Ba2 ao Brasil, com perspectiva estável. Em outubro, o vice-presidente de créditos soberanos da agência para a América Latina, Mauro Leos, disse que a reforma da Previdência é fundamental para o país e, se ficar claro que ela não vai acontecer, será “fácil” tomar uma decisão sobre o rating.

 

Construção deve consolidar melhora em 2018

O setor de incorporação fecha este ano com mais lançamentos e vendas e redução de estoques e distratos em relação a 2016, mas os balanços de boa parte das companhias ainda estão pressionados pelo fraco desempenho operacional dos últimos anos. Considerado um ano de retomada pelas incorporadoras, 2017 foi marcado também por geração de caixa pelas empresas e pela aprovação dos planos de recuperação judicial por credores da PDG Realty e da Viver Incorporadora.

O mercado espera consolidação da melhora operacional em 2018, mas reflexo dessa guinada nos balanços somente em 2019. "Este foi um ano de transição e ajuste. Em 2018, haverá geração de caixa efetiva e, devido ao ciclo de setor, a recuperação dos resultados ocorrerá em 2019", afirma o analista do setor imobiliário do Santander, Renan Manda.

Incorporadoras evitam cravar metas de lançamentos para 2018, mas algumas, como a EZTec e a Tenda já sinalizaram expectativa de elevar o Valor Geral de Vendas (VGV). Até setembro, os lançamentos das companhias de capital aberto aumentaram 28%, e as vendas líquidas subiram 25%, conforme levantamento do Valor.

Sazonalmente, o quarto trimestre é o mais aquecido para o setor. A sinalização de melhora das vendas começou no segundo trimestre, conforme o analista do Santander. No terceiro trimestre, a maior parte das incorporadoras gerou caixa em decorrência da diminuição de entregas e, consequentemente, dos distratos. A geração de caixa do setor tende a crescer em 2018, contribuindo para a queda do endividamento. "Tem havido redução de estoques trimestre a trimestre. A velocidade de vendas começa a aumentar", diz um analista setorial.

Apesar disso, ele diz esperar estabilidade dos preços de imóveis no próximo ano, pois os lançamentos têm ocorrido em ritmo maior do que a queda dos estoques. Para Manda, os preços das unidades tendem a ficar estáveis ou acompanhar a inflação. "Não espero pressão dos valores", diz o analista.

Em 2018, o ambiente estará mais favorável tanto para as faixas de média e média-alta renda quanto para as incorporadoras que atuam no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, de acordo com o analista sênior de mercado imobiliário do Bradesco BBI, Luiz Mauricio Garcia, mas os seguimentos "partem de patamares diferentes".

"No segmento de baixa renda, há mais equilíbrio entre oferta e demanda", afirma o analista do Bradesco BBI. Nova expansão poderá ocorrer se os indicadores de emprego melhorarem. "A baixa renda concentra quase 80% da demanda", compara. Já empresas focadas na produção de imóveis dos padrões médio e médio-alto se beneficiarão das mudanças no cenário macroeconômico e da maior oferta de crédito. "As vendas líquidas cresceram com a redução dos distratos. As vendas brutas tendem a melhorar também", diz o analista do Bradesco BBI, ponderando que alguns mercados ainda são desafiadores.

A retomada do mercado de incorporação já começou no mercado de São Paulo, mas não no do Rio de Janeiro, segundo o presidente da Brasil Brokers, Claudio Hermolin. "Em São Paulo, a velocidade de venda dos lançamentos deste ano foi um pouco maior do que a de 2015 e 2016, mas no Rio está inferior", compara Hermolin. Em relação à velocidade de vendas de lançamentos de 2013 e 2014, o ritmo está menor em São Paulo, segundo o presidente da Brasil Brokers.

Na cidade de São Paulo, haverá crescimento de lançamentos e de vendas no próximo ano, de acordo com Flávio Amary, presidente do Secovi-SP, o Sindicato da Habitação, mas ele prefere ainda não projetar o patamar da expansão. "O cenário aponta para melhora do mercado", diz.

O Secovi-SP projeta que, em 2017, os lançamentos de imóveis residenciais terão alta de 5% e 10% e que as vendas crescerão de 20% a 25%. No início do ano, a expectativa era que os dois indicadores aumentaram de 5% a 10%. Para o presidente do conselho de administração da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, o maior desafio atual do setor é o crédito imobiliário. "Esperamos que a LIG [Letra Imobiliária Garantida] deslanche em 2018. O instrumento foi regulamentado em agosto, e o Banco Central está estudando a normatização", afirma Menin.

O presidente da Abrainc avalia que a LIG vai complementar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como fonte de financiamento para o setor. "Há potencial para a carteira da LIG superar R$ 200 bilhões no prazo de três a quatro anos", diz Menin. A LIG tem dupla garantia - da instituição financeira emissora dos papéis e de carteira de crédito imobiliário com valor suficiente para cobrir toda a emissão.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Abreu, o financiamento imobiliário com recursos da poupança crescerá 15% em 2018.

Nas estimativas da Abecip, o financiamento imobiliário com recursos da poupança somará R$ 45 bilhões em 2017, abaixo dos R$ 47 bilhões do ano passado. Incluindo também empréstimos com dinheiro do FGTS, o total de crédito imobiliário concedido neste ano chegará a R$ 117 bilhões, ante R$ 116 bilhões em 2016. "Os bancos devem aumentar o interesse por financiamento imobiliário nos próximos meses, mas nada comparado ao pico, em 2014, diz Manda, do Santander.

No entendimento do vice-presidente da Direcional Engenharia, Ricardo Ribeiro, em 2018, o divisor de águas para o setor será a Caixa Econômica Federal. "Se a Caixa não tiver condições de continuar a emprestar recursos para incorporadoras de médio padrão, será muito complicado", diz o executivo.

Há preocupação também quanto à possibilidade de restrição de crédito para famílias com renda mensal acima de R$ 4 mil enquadradas no Minha Casa, Minha Vida. Maior agente na concessão de crédito imobiliário, a Caixa precisa adequar seu capital às exigências de Basileia. Ribeiro ressalta que as perspectivas para a produção para a média renda são positivas se a adequação à Basileia for equacionada e com a volta da captação positiva da poupança.

Nesta semana, a Câmara dos Deputados concluiu a aprovação do projeto de lei que autoriza a capitalização do banco com recursos do FGTS. O projeto tinha sofrido modificações no Senado.

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