Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Diferenças regionais ditam ritmo da retomada

Mesmo se confirmada a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 e 2018, o Brasil chegará no fim do ano que vem ainda a meio caminho de se recuperar do estrago deixado pela recessão mais longa e profunda de sua história. Enquanto o país vai lentamente deixando a crise para trás, as diferentes regiões caminham em ritmos bastante diferentes, mostra estudo da Tendências Consultoria, divulgado com exclusividade pelo Valor.

Afora o Norte, região menos afetada pela crise por características próprias, o Centro-Oeste lidera o processo de saída da recessão devido ao forte desempenho do agronegócio. O Sul, com economia mais dependente de setores sensíveis ao ciclo econômico (como siderurgia, automotivo e máquinas e equipamentos), surpreende, com um dos melhores desempenhos, puxado em alguma medida pelo setor agrário, mas também pelo impulso das exportações, além da produção de bens de capital para o setor agrícola.

A economia do Sudeste, muito sensível ao ciclo, começa a melhorar neste fim de ano e deve ganhar fôlego no ano que vem, superando as demais regiões, conforme as projeções da consultoria. Uma barreira a esse crescimento, no entanto, é o Estado do Rio de Janeiro, que enfrenta crise fiscal e política aguda e a ressaca da Copa e da Olimpíada. Se o Sul é a surpresa positiva na retomada, o Nordeste é a negativa.

Embora a grave crise do agronegócio na região em 2016, resultado de quebra de safra, tenha sido totalmente compensada pelo estrondoso desempenho do setor este ano, a atividade nordestina segue pior que o esperado.

A explicação estaria em todo o restante da economia, com destaque para o efeito da crise política e fiscal sobre um projeto de desenvolvimento fortemente dependente do governo federal. O PIB brasileiro caiu 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016, acumulando em dois anos um recuo de 7,2%, conforme as Contas Nacionais divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para 2017 e 2018, a Tendências projeta a volta do produto brasileiro ao azul, com avanços de 0,7% e 2,8%, respectivamente, num crescimento acumulado de 3,6% no biênio. Apesar a projeção de dois anos seguidos de alta, o PIB brasileiro ao fim de 2018 ainda estará 3,9% abaixo do nível de 2014. "Faço a seguinte analogia: gente despencou oito andares e agora está subindo de volta essa escada. Mal subimos um andar, então há um longo processo de volta para os níveis de atividade de 2013 e 2014", afirma Adriano Pitoli, sócio-diretor da Tendências e coordenador da área setorial e de inteligência de mercado da consultoria.

A região Norte do país foi a menos afetada pela crise, com queda acumulada do PIB de 5% em dois anos, abaixo da média nacional. Para este ano e o próximo, o avanço projetado é de 6%, o que tornaria a região a única a superar em dois anos todo o efeito da recessão passada.

Pitoli explica que isso se deve ao fato de o desenvolvimento econômico da região Norte ainda ser baixo, por ser muito recente. Como a base de comparação é reduzida, as taxas de crescimento tendem a ser maiores. Outro fator é demográfico: a população em idade de trabalhar cresce mais rapidamente no Norte do que no restante do país.

Um terceiro elemento é o fato de áreas como Rondônia, Tocantins e sul do Pará serem fronteiras agrícolas. Por fim, a região tem concentrado grandes investimentos em mineração - como o projeto S11D da Vale no Pará - e em infraestrutura, com destaque para as usinas hidrelétricas do rio Madeira e Belo Monte.

Na região, o Estado mais afetado pela crise foi o Amazonas, porque a indústria de motos presente na Zona Franca de Manaus é muito sensível ao ciclo econômico. Campeão na produção agrícola brasileira - segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região produzirá 103,5 milhões de toneladas de grãos, de um total de 239 milhões de toneladas projetadas para a safra 2016/2017 -, a região Centro-Oeste também desponta na saída da recessão. Após queda de 6,4% no PIB, no acumulado de 2015 e 2016, a região deve crescer 5% neste e no próximo ano, estima a Tendências.

 "No caso do Centro-Oeste a história é mais clara: é realmente o agronegócio que tem ajudado a sair da crise e isso deve continuar sendo um indutor de crescimento para a região nos próximos anos", afirma Pitoli. "Já a região Sul é um caso um pouco mais curioso", diz o economista.

A Tendências já esperava que o Sul, ao lado do Sudeste, seriam os mais afetados pela crise, devido à maior especialização dessas regiões em setores mais sensíveis ao ciclo econômico. Também por conta disso, essas regiões deveriam ser as últimas a se recuperar, mas o Sul surpreende, com um crescimento projetado de 4,1% para 2017 e 2018, após queda de 7% no biênio anterior.

Para o sócio-diretor da Tendências, os bons resultados do agronegócio ajudam, mas não explicam totalmente este desempenho. Outro fator relevante seria o avanço das exportações na região e uma resposta mais rápida à retomada do ciclo econômico, com contribuição, por exemplo, da fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas.

Se o Sul respondeu primeiro à saída da crise, o Sudeste corre atrás e deve inverter as posições no ano que vem. Após ficar praticamente estável em 2017, com avanço de apenas 0,1% pela estimativa da Tendências, o PIB da região mais populosa do Brasil deve crescer 3,2% em 2018, superando o Sul e o Centro-Oeste.

"O ano de 2017 é de transição, começou muito ruim e vai terminar bem melhor do que começou. A economia do Sudeste está melhorando e o resultado deve aparecer nos números do ano que vem", acredita Pitoli. Com a expansão de 2018, o PIB na região Sudeste vai acumular crescimento de 3,3% em dois anos. No entanto, ainda será 4,1% inferior ao nível de 2014.

 

PIB potencial é chave para ajuste fiscal, afirma Volpon

O crescimento potencial do Brasil no médio prazo deve ficar no intervalo de 1,4% a 4,2%, a depender do comportamento da produtividade e do nível do investimento, segundo relatório do UBS. No estudo, o banco estima ainda que a ociosidade hoje existente na economia deverá terminar em 2020.

O economista-chefe do UBS Brasil, Tony Volpon, ressalta a importância para o ajuste das contas públicas do nível do crescimento potencial (aquele que não acelera a inflação). Se o número ficar próximo do piso do intervalo estimado, de 1,4%, a dívida bruta seguirá numa trajetória insustentável de alta como proporção do PIB, o que levaria o país a uma crise fiscal, mesmo com a implementação bem-sucedida do teto de gastos, diz Volpon.

Caso o potencial fique mais próximo dos 4,2%, o endividamento teria uma tendência bem mais benigna, passando a cair no começo da próxima década Ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Volpon diz que, com a recuperação cíclica em curso, os investidores em breve passarão a se perguntar sobre a dinâmica da oferta e suas restrições.

Como há muita capacidade ociosa, a economia poderá crescer por um bom tempo acima do potencial. Ele estima que o país, depois de avançar 0,5% em 2017, poderá ter expansão de 3,1% em 2018 e 2,7% em 2019. A ociosidade só deve ser preenchida no ano seguinte, ainda que haja muita incerteza no cálculo.

O estudo estima então o crescimento potencial, fixando a contribuição do fator trabalho em 1%, com base nas tendências demográficas atuais e no nível médio de emprego. O nível do PIB potencial estimado, com isso, varia de acordo com a taxa de investimento (o fator capital) e a produtividade total dos fatores (PTF, medida de eficiência com que se combinam capital e trabalho para se transformar em produção).

Nas contas de Volpon, se depois da retomada o Brasil voltar às médias históricas normais, o crescimento potencial ficará na casa de 1,9%, considerando uma expansão anual de 0,5% da PTF e uma taxa de investimento de 18% do PIB.

Ao tratar do cenário mais pessimista, Volpon avalia que seria atípico o Brasil ter uma retração da produtividade, algo associado a recessões ou períodos de condução desastrada da política macroeconômica ou crise política. A projeção mais conservadora embute um avanço da PTF de 0,5% ao ano, mas uma taxa de investimento bem mais baixa, de 15% do PIB - no segundo trimestre, o indicador ficou em 15,5% do PIB.

Volpon diz que a "experiência histórica" do Brasil sugere que o país pode voltar a ter um crescimento potencial de 4,2%, pela combinação de uma taxa mais alta de investimento, de 19,5% do PIB, e de um avanço médio da PTF de 2,5% ao ano. Para ele, a implementação do teto de gastos, se bem-sucedida, pode abrir espaço para uma expansão mais firme dos investimentos. Ao reduzir as despesas não financeiras como proporção do PIB, amplia-se o terreno para o setor privado investir mais.

Volpon menciona uma série de fatores que podem influenciar a PTF e o crescimento potencial. Entre os que ajudam, estão a saúde do sistema financeiro, a redução do endividamento de empresas e consumidores, uma crescente alocação de investimentos por meio de mecanismos de mercado, gastos em infraestrutura por concessões e privatizações, níveis elevados de investimento estrangeiro direto e reformas estruturais.

Entre os que jogam contra, o envelhecimento da força de trabalho, a falta de abertura comercial e uma mudança prematura da economia para serviços de baixa produtividade. Há ainda fatores com impacto indefinido, como o ritmo da inovação e a incerteza política.

Segundo Volpon, além de medidas de controle de gastos, a combinação dessas variáveis terá um papel decisivo para o desfecho do problema mais premente enfrentado pelo Brasil - a situação fiscal. Com um PIB potencial de 1,4%, a dívida bruta, hoje em 74% do PIB, seguirá em trajetória de alta explosiva em relação tamanho da economia, atingindo cerca de 100% do PIB em 2030. Já se o potencial for um pouco superior a 4%, a dívida tende a se estabilizar na casa de 80% do PIB e passar a recuar no começo da próxima década. As simulações consideram um juro de 4%, descontada a inflação.

No estudo, Volpon examina o comportamento da PTF num prazo mais longo. Ela cresce a um ritmo mais forte entre 2003 e 2010, desacelerando a partir de 2011 e entrando no terreno negativo em 2014, quando a recessão começa, segundo ele.

Para Volpon, essa cronologia muda o timing da narrativa de muitos economistas, que atribui o tombo da produtividade às políticas anticíclicas de estímulo à demanda, adotadas no primeiro governo de Dilma Rousseff, com mais intensidade a partir de 2012, conhecidas como Nova Matriz Econômica (NME).

A perda de fôlego da PTF começou antes, avalia ele, afirmando que houve uma desaceleração global dos ganhos de eficiência depois da crise de 2008. Para Volpon, o que a NME fez foi tornar as coisas piores. Chegou a ter um impacto pequeno e positivo sobre o investimento em 2013, mas à custa de produtividade mais fraca.

 

DIÁRIO DO NORDESTE

Impressora 3D pode gerar economia de 40% em construção

Construir casas com uma economia de até 40% nos custos de produção a partir do uso de impressoras 3D. Essa foi a promessa feita por Ma Yihe, presidente e diretor executivo da WinSun, empresa chinesa de construção civil, durante palestra no Inova Construir Experience 2017.

De acordo com o representante da companhia asiática, a redução de gastos gerada pela aplicação da tecnologia 3D se dá por um acúmulo de fatores, como diminuição de necessidade de mão de obra e utilização de materiais mais baratos na constituição das edificações.

"Eu não conheço tão bem o mercado brasileiro, mas a partir do que pude ver desde que cheguei é que vocês possuem alguns tipos de materiais até três vezes mais baratos do que os nossos, o que deixar o processo inteiro ainda mais barato. Empresas brasileiras poderiam economizar de 20% a 40%, dependendo do modelo", disse.

O modelo de produção com impressoras 3D utiliza vários moldes para criar as peças que, quando juntas, dão formas às casas ou prédios idealizados em computador. Após a definição dos modelos, as máquinas podem produzir até 20 metros por minuto, sendo necessário apenas um operador para cada dezena de impressoras. Dependendo do tamanho do investimento, isso poderia representar uma economia de 80% com gastos em mão-de-obra.

Segundo Ma Yihe, o método é extremamente adaptável, podendo ser executado sem muitas dificuldades no Ceará. Outro fator positivo desta técnica, que levou 16 anos para ser desenvolvida, é que ela pode ser aplicada em todas as etapas da construção: das bases ao acabamento.

"Depois que montamos o projeto, podemos executar todo o processo com as impressoras, desde a fundação, além do subsolo, à criação dos ambientes para a colocação dos móveis e linhas elétricas. Ainda temos a facilidade de tudo isso ser gerado por computador", afirmou.

Impacto ecológico

Além da facilidade na elaboração do projeto, os materiais utilizados, segundo Yihe, são extremamente baratos, já utilizam um mistura de concreto, areia, brita, fibras e metais. As máquinas ainda podem reaproveitar refugos de mineração, entulhos processados, e material de demolição, o que reduz ainda mais os custos de produção.

"No futuro tenho a convicção de que não usaremos mais cimento para construir casas da maneira convencional e o nosso modelo nos proporciona trabalhar com materiais que não geram nenhum tipo de lixo, pois tudo é cuidadosamente planejado e executado com o auxílio de computadores", disse Yihe.

Investimento

Durante a palestra do Inova Construir Experience, o presidente da WinSun afirmou ter muito interesse em conseguir parcerias para começar a trabalhar em território nacional.

Yihe se disse preparado para negociar com qualquer empresa que desejar utilizar a tecnologia 3D poderá fechar um negócio de aluguel das máquinas ou comprar os equipamentos, que, dependendo do tamanho do projeto, podem custar de 10 mil a 1 milhão de dólares.

 

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