Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Estoque alto exige mais publicidade

O setor imobiliário continua a apostar em campanhas de descontos de preços, facilidades de pagamento e oferta de benefícios aos clientes para acelerar a venda, principalmente, de unidades prontas. As iniciativas incluem, até mesmo, a comercialização de imóveis pela televisão - campanha da Brasil Brokers, segunda maior rede de imobiliária do país. Mesmo em queda, o volume de estoques prontos do setor segue elevado. A Brasil Brokers vai vender unidades novas de 15 incorporadoras no canal de televisão Shoptime, com programas entre os dias 14 de setembro e 9 de outubro.

Serão anunciadas unidades de 180 empreendimentos. Entre as incorporadoras participantes, estão Gafisa, Even e Tegra. A campanha prevê descontos e facilidades de pagamento, além de cupons para compra de produtos no Shoptime, segundo o presidente da Brasil Brokers, Cláudio Hermolin. Os potenciais clientes poderão tirar dúvidas, por telefone, com corretores da Brasil Brokers, para os quais enviarão a documentação. A visita aos plantões seguirá a estratégia de cada incorporadora. Em setembro e outubro, a rede de imobiliárias terá também campanha online com vídeos feitos a partir dos programas.

Além de realizar feirões em várias cidades até amanhã, a MRV Engenharia - maior incorporadora de capital aberto do país - tem, em curso, a campanha "60 razões para comprar seu apê com a MRV", até o fim de setembro. Entre os benefícios oferecidos estão entrada parcelada em até 60 vezes para imóveis prontos, pagamento de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e registro grátis para algumas unidades em construção, prontas ou quase prontas.

A Helbor tem focado suas campanhas de venda em ações pontuais na entrega de cada prédio, com oferta de pagamento do condomínio por seis meses e obtenção de taxas de financiamento diferenciadas para os clientes junto aos bancos. No caso de imóveis comerciais, em São Paulo, a incorporadora oferece um ano de condomínio, financiamento direto e possibilidade de entrada de 10% do valor.

A Helbor já fez a maior parte dos ajustes de preços, segundo o diretor comercial, Marcelo Bonamata. A incorporadora Rodobens Negócios Imobiliários tem oferecido, em média, 20% de desconto na venda de unidades prontas, disse o copresidente Alexandre Mangabeira. Em alguns produtos, o abatimento é maior. Ele ressalta que os clientes ainda buscam negócios em que sintam que têm vantagens. A empresa oferece facilidades nas condições de pagamento, afirma.

A EZTec está com a campanha "Financiamento Fácil e Direto", com facilidade na aprovação do crédito, entrada de ao menos 20%, juros a partir de 10% ao ano e até 20 anos para pagamento. A iniciativa da EZTec abrange imóveis de 48 metros quadrados até 441 metros. Já a Trisul tem focado investimentos em mídia online e marketing direto, com estratégias específicas para cada produto em vez de campanhas de desconto e financiamento direto. Do estoque de R$ 540 milhões da Trisul, 9% é de unidades prontas.

Nos últimos anos, o volume de estoques passou a ser muito pressionado pelo retorno das unidades às incorporadoras devido aos distratos. No segundo trimestre, o total das rescisões da CR2, Cyrela, Direcional, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, João Fortes, MRV, PDG Realty, Rodobens, Rossi, Tecnisa, Tenda, Trisul e Viver somou R$ 1,89 bilhão, o correspondente a 34,46% do total de vendas brutas das companhias. Na comparação anual, os números tiveram queda de 24,5%.

 

Mercado eleva projeção para alta do PIB em 2017 de 0,39% para 0,50%

O mercado elevou a projeção para o crescimento da economia este ano de 0,39% para 0,50%, após o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre ter surpreendido ao subir 0,2% sobre os primeiros três meses do ano. As estimativas do boletim Focus para a atividade em 2017 estavam estacionadas há sete semanas abaixo de 0,40%.

De acordo com o IBGE, o retrato do segundo trimestre mostrou uma forte reação do consumo, via comércio e serviços, com pouco dinamismo da indústria e investimento muito fraco. Desta forma, apesar de elevar a estimativa para o PIB no geral, os economistas consultados para o Focus mantiveram a projeção de alta de 1% da produção industrial. Para 2018, a perspectiva de crescimento segue em 2%.

Para a balança comercial, que contribuiu com o avanço do PIB no segundo trimestre, o mercado estima superávit de US$ 61,35 bilhões, valor um pouco acima da projeção feita pelo governo, de US$ 60 bilhões. Com o resultado de agosto, a balança superou no ano o saldo positivo de 2016 e acumula superávit de US$ 48 bilhões. Para 2018, a estimativa do Focus para as trocas comerciais se mantém em superávit de US$ 48 bilhões.

Banco espera reduzir conta bilionária com nova CLT

Há um otimismo moderado entre os maiores bancos do país a respeito do efeito que as mudanças na legislação trabalhistas terá sobre a disputa judicial multibilionária que travam há anos com seus empregados. Entre 2008 e 2016, os quatro maiores bancos de capital aberto do país - Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander - tiveram que pagar em caixa quase R$ 35 bilhões como resultado de condenações em ações trabalhistas, o que representou 8% da folha de pagamento das instituições no mesmo período.

A despesa contábil (incluindo correção e juros) foi ainda maior porque nem toda verba provisionada já foi desembolsada. No fim do ano passado, esses quatro bancos mantinham reservados nos balanços mais R$ 18 bilhões para fazer frente a novos pagamentos de mesma natureza.

Os quatro bancos citados, junto com a Caixa Econômica Federal, figuram na lista dos dez empregadores mais acionados no Tribunal Superior do Trabalho (TST), situação que não se repete em outros setores, mesmo aqueles com grandes companhias. Trata-se de um problema crônico, que se repete ano a ano, sem que tenha havido sinais de que seria resolvido por mudança de comportamento dos agentes envolvidos: bancos, empregados, sindicatos e advogados.

Os bancos seguem contratando em modelos que sabem que serão questionados, os empregados aceitam termos de trabalho que depois contestam, os sindicatos resistem a mudanças de regras que são difíceis de justificar nos dias de hoje e os advogados criaram uma indústria de pedidos de indenização que muitas vezes extrapolam o limite do razoável.

A reforma trabalhista aprovada pelo Congresso Nacional, que entrará em vigor em novembro, não põe fim a uma das principais alavancas de processos, que é a jornada de seis horas para os bancários que não exercem função de confiança, e ninguém no setor se arrisca a fazer previsões percentuais de queda no valor dos provisões e das condenações trabalhistas.

Mas existe expectativa entre instituições financeiras e advogados especializados de que haja mudanças sensíveis nos valores requeridos e no número de demandas em cada processo, ainda que o efeito nos balanços deva demorar cinco anos para aparecer integralmente - já que os processos cobrem esse tempo de serviço.

Entre as medidas de maior impacto no curto prazo estão as mudanças ligadas aos custos processuais - que teve a constitucionalidade questionada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot -, que obrigam que o empregado arque com os honorários dos advogados do banco - que deverão variar de 5% a 15%, a critério do juiz - sobre a parcela da indenização pedida que não for concedida.

A previsão é que isso diminua o valor muitas vezes milionários das ações, e evite a prática que os executivos de banco chamam de "se colar, colou".

"Uma reclamação trabalhista tem em média sete pedidos. Esse número é grande por não haver consequência se uma demanda não for acolhida pelo juiz. É uma opção gratuita. Agora se espera que haja mais cuidado e critério tanto para entrar com pedido como, quando entrar, sobre o que pedir. Talvez passem a pedir uma ou duas coisas", diz José Vita, diretor jurídico do Itaú.

Já as alterações nas regras para pedido de equiparação salarial devem reduzir o montante das condenações, já que a equiparação "em cadeia" ou "remota" deixará de existir e o pedido só será aplicado para funcionários que tiveram trabalhado no mesmo estabelecimento comercial, e não mais na mesma região metropolitana. "Na regra atual as pessoas conseguem equiparação com um salário de um terceiro com quem nunca tinham trabalhado", afirma um executivo de grande banco, que não quis se identificar.

Para Gisela Freire, advogada sócia da área trabalhista do Souza Cescon, outra novidade que pode dificultar pedidos de equiparação indevidos é que os planos de cargos e salários, incluindo critério de meritocracia, passarão a ter validade jurídica. Ela e outros reconhecem, contudo, que ainda existem dúvidas sobre o efeito prático do conjunto de mudanças. "A reforma traz mais segurança jurídica. Mas ela só vai poder ser efetivada quando a Justiça do Trabalho começar a se posicionar nos processos, e não somente na imprensa", diz Gisela.

Boa parte das novas possibilidades trazidas pela reforma também depende de negociação com sindicatos para ser usada. E essas entidades já têm dado sinais de resistência.

No mês passado, o Comando Nacional dos Bancários enviou à entidade patronal Fenaban uma proposta de termo de compromisso que lista 21 itens da reforma que, se os bancos concordassem, não seriam adotados parcialmente ou na íntegra pela categoria.

Entre as medidas que eles defendem que não sejam usadas no setor bancário, estão a negociação direta com empregados que ganham acima de dois tetos do INSS (cerca de R$ 11 mil a valores de hoje), o fim da homologação da demissão nos sindicatos, a flexibilização do horário do almoço e o documento por meio do qual o funcionário, com participação do sindicato, daria quitação anual das obrigações trabalhistas.

A Fenaban não respondeu à proposta, mas é improvável que aceite os termos sugeridos, que praticamente neutralizariam os efeitos da reforma. Procurada, a entidade não comentou. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região também não se manifestou.

Vita, do Itaú, diz ter a expectativa de aumento da segurança jurídica sobre a validade do que se escreve nos contratos de trabalho, seja pelo artigo que diz que o convencionado deve prevalecer sobre o legislado seja pela permissão de negociação direta com os funcionários que ganhem mais de R$ 11 mil.

"É do nosso interesse que o que for combinado, inclusive com participação do sindicato, seja mantido pela Justiça do Trabalho. O que vemos hoje é que qualquer coisa que se combine fora do modelo rígido atual acaba sendo anulado", afirma o executivo, com a ressalva de que os casos em que se prove que houve coação, por exemplo, continuarão podendo ser caracterizados como fraude.

"Não gosto de pensar a regra pela exceção. Não quero presumir que todos os combinados são ilegítimos ou legítimos. O Judiciário vai ter que avaliar as circunstâncias", diz. Para o Santander, que se pronunciou por meio de nota, a principal novidade da reforma foi aumentar "a autonomia de negociação entre as partes". "Esse avanço, seguramente, favorecerá a redução do volume de litígios judiciais no setor financeiro", disse o banco.

O Banco do Brasil disse apenas que estuda o assunto "que possui uma consistente política de prevenção e mitigação do risco trabalhista, o que inclui a prática de conciliação judicial e extrajudicial com os seus funcionários".

O Bradesco não se pronunciou. Um instrumento que poderia reduzir bastante o contencioso é o da quitação anual das obrigações, que só terá validade se for assinada junto com o sindicato. "Uma vez que o funcionário assine, ele não pode mais pedir (valores referentes àquele ano) e o documento se torna prova processual", diz Vita.

Outra fonte do setor, contudo, duvida que os sindicatos vão participar disso. "Talvez aceitem dar quitação parcial, não total."

 

Expansão econômica "pode facilmente superar 3%" , em 2018, afirma Molan

A alta de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre trouxe sinais importantes de que a reação do crescimento é sustentável, avalia Maurício Molan, economista-chefe do Santander. A absorção doméstica - soma do consumo das famílias, dos investimentos e dos gastos do governo - finalmente voltou ao campo positivo, destaca Molan, impulsionada pelo primeiro componente, tendência que deve continuar.

O consumo respondeu à liberação do saldo de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e à desaceleração da inflação, fatores que devem perder importância daqui para frente. Por outro lado, a redução do comprometimento de renda das famílias vai se acentuar, como reflexo do afrouxamento monetário, afirma Molan, dando início a um ciclo de retomada da demanda. O investimento, porém, só deve voltar a crescer em 2018, ano para o qual o Santander estima aumento de 2,5% do PIB.

A expansão da economia no próximo ano "pode facilmente superar 3%", aponta o economista-chefe do banco, cenário condicionado à aprovação das reformas estruturais.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: Como o sr. avalia os resultados do PIB do segundo trimestre?

Maurício Molan: O dado foi muito bom, até melhor do que o esperado, porque mostrou duas coisas muito importantes. É a primeira vez que o PIB entrou no terreno positivo, na comparação com igual período do ano anterior [alta de 0,3%] desde o fim de 2013 e início de 2014, e houve finalmente crescimento da demanda doméstica, algo que não tinha aparecido no primeiro trimestre. Essas são duas mensagens muito importantes para apostarmos na sustentabilidade dessa recuperação.

Valor: A recessão realmente ficou para trás?

Molan: A recessão claramente ficou para trás. Mas ainda vamos levar um tempo para voltar aos patamares máximos de renda atingidos em 2013. O PIB per capita caiu mais de 10% e, para recuperar essa queda, vamos levar entre cinco e dez anos.

Valor: Houve algum efeito da crise política sobre a atividade?

Molan: Aparentemente, se houve, não foi relevante. Poderíamos medir isso através dos indicadores de confiança das empresas e das famílias. No auge da crise política, eles caíram, mas muito pouco, e já voltaram a crescer. A queda foi pequena e já superada.

Valor: A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) seguiu em queda e a taxa de investimento está em nível bastante baixo. Nem esse componente do PIB foi afetado pela crise?

Molan: Existem coisas muito maiores limitando o investimento. Há ainda um estoque grande de imóveis à venda, o que desestimula uma retomada dos investimentos no setor de construção civil, e tem muita capacidade ociosa na investimentos no setor de construção civil, e tem muita capacidade ociosa na indústria, o que desestimula o investimento em capital. Então primeiro vamos ver alguma expansão mais consolidada da demanda das famílias para depois vermos uma retomada do investimento. Os fatores de confiança vão ser um pouco menos importantes neste caso.

Valor: Quando o investimento deve voltar a crescer?

Molan: Projetamos um crescimento superior a 5% da formação bruta em 2018, puxado tanto pelo fim do ciclo de estoques na construção quanto pela retomada dos investimentos em capital, principalmente a partir de um ciclo de reversão do crédito. A retomada do crédito para pessoas jurídicas vai ajudar muito no ano que vem, com aumento da oferta e da demanda e taxas de juros mais baixas, que significam redução do custo de capital e resultam em mais projetos de investimentos atrativos.

Valor: O consumo das famílias teve expansão de 1,4% no segundo trimestre, depois de oito trimestres de queda seguidos de estabilidade. Isso indica o início de novo ciclo?

Molan: O crescimento do consumo se deveu a alguns fatores, com o FGTS, a queda da inflação, que ajudou a reforçar a renda, e a queda da taxa de juros, que reduziu o comprometimento de renda das famílias com o pagamento de juros e amortizações. Daqui para frente, os dois primeiros fatores serão menos importantes, mas a redução do comprometimento de renda vai se acentuar muito. Portanto, acreditamos que está em curso o início de um ciclo de retomada importante do consumo.

Valor: O que o sr. espera para a evolução do PIB neste ano e no próximo?

Molan: O PIB deve ficar ao redor de 0,5% em 2017 e para o ano que vem projetamos 2,5%, mas a alta pode facilmente superar 3%. O que contribuiria para o impulso maior seria um bom andamento das reformas, que consolidaria o processo de retomada de confiança e de investimentos.

Valor: E se o próximo presidente eleito não tiver uma agenda reformista, como fica o cenário?

Molan: Se tivermos uma eleição que aponta para incertezas em relação ao processo de reformas, isso trará volatilidade para o mercado e abortará uma retomada do crescimento que, por enquanto, parece promissora. Mas acreditamos que a sociedade tem se convencido da necessidade de reformar o Estado e da importância do reequilíbrio das contas públicas. Isso deve se refletir nas eleições de 2018.

 

Incertezas políticas fazem cenário para investimentos continuar ruim, diz Jensen

Antes na ponta mais pessimista das projeções para a atividade, a 4E Consultoria revisou para cima suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) deste e do próximo ano. A projeção de 2017 saltou de queda de 0,1% para alta entre 0,7% e 0,8%. Para 2018, a estimativa continua positiva, passando de crescimento de 1,2% para 1,8%.

De acordo com Juan Jensen, sócio da 4E, os números do PIB do segundo trimestre e a conjuntura econômica mostram cenário mais favorável do que o previsto inicialmente para o consumo, "motor" da retomada. Já os investimentos, que acumulam queda em 14 dos últimos 15 trimestres, têm piores perspectivas, principalmente por causa das incertezas políticas.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: A 4E esperava retração de 0,1% do PIB neste ano. Depois do resultado do segundo trimestre, esse número pode ser revisto para cima?

Juan Jensen: Será revisto, para algo entre alta de 0,7% e 0,8%. Para o ano que vem, também revisamos, de 1,2% para 1,8%. O principal fator é o consumo das famílias, que foi muito forte no segundo trimestre, puxado pela liberação do FGTS. No segundo semestre, vemos uma recuperação de renda já em curso combinada com a expansão do emprego, que começou no emprego informal e por conta própria, e que caminha para o formal. A massa de salários também deve ter um crescimento robusto, quando comparada à do ano passado.

Valor: Sem liberação do FGTS, a retomada do consumo se sustenta?

Jensen: Sim. Da liberação do FGTS, apenas parte virou consumo, algo entre R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões. Quando olhamos a massa de salários, teremos aumento ao redor de R$ 10 bilhões no terceiro trimestre e de R$ 13 bilhões no quarto, sempre em relação ao anterior. Isso só da massa de salários. É um valor que sustenta o patamar de consumo e cria espaço para que continue crescendo.

Valor: Vocês atribuíam à turbulência política parte da "culpa" pela projeção de 0,1% de retração neste ano. Esse risco se dissipou?

Jensen: Não exatamente. Isso está impactando mais o investimento do que o consumo, que de alguma forma está se descolando [das incertezas políticas]. Para os investimentos, o quadro continua ruim. Apesar de a economia ter crescido nos dois primeiros trimestres, eles continuam em retração. Dos últimos 15 trimestres, recuaram em 14. Isso tem três causas. Uma é a conjuntura política. Um segundo fator são as eleições de 2018. Há incerteza grande a respeito dos candidatos e de quem será o vencedor, e isso coloca em risco a continuidade da agenda reformista. Um terceiro fator é a grande ociosidade de capital.

Valor: Nem o investimento em reposição de máquinas depreciadas, por exemplo, é possível?

Jensen: Em alguns setores, sim. No agronegócio, que está muito bem, há investimentos. Mas em outros, principalmente a indústria, há um nível de ociosidade muito alto. O setor automotivo é um dos que se recupera, mas continua com ociosidade grande. É esse tipo de investimento que vai demorar, em parte pela ociosidade, em parte pelo risco político.

Valor: Quando os investimentos podem voltar ao terreno positivo?

Jensen: O primeiro passo é parar de cair. Talvez ao longo dos próximos meses a gente consiga ver o fim dessa queda. Um dos setores que afetam muito os investimentos é a construção civil, e há um estoque muito grande de imóveis não vendidos. Enquanto não diminuírem os estoques, dificilmente as construtoras vão criar novos empreendimentos. Então, é algo que pode começar a caminhar minimamente para o lado positivo no ano que vem, mas só vai acelerar à medida que o quadro eleitoral ficar mais definido.

Valor: Apesar da alta menor do PIB no segundo trimestre, a composição é melhor do que no primeiro?

Jensen: No primeiro, houve crescimento bem maior, mas concentrado no agronegócio. Agora está um pouco mais disseminado, ainda que a velocidade seja muito baixa. Uma alta de 0,2%, depois de tudo o que o PIB caiu, é muito pouco. Mas temos um dado mais disseminado no segundo trimestre, com serviços ganhando força, a indústria de transformação e a extrativa crescendo um pouco.

Valor: E do lado da oferta, tanto no segundo semestre quanto em 2018, o que dá para esperar?

Jensen: Será uma recuperação ainda gradual, da indústria e dos serviços. No trimestre que vem, a indústria ainda deve cair, puxada principalmente pela construção. A indústria de transformação vem em trajetória de expansão, assim como serviços. Mas dificilmente veremos aceleração do ritmo de crescimento. No terceiro trimestre, a taxa deve ser próxima aos 0,2% do segundo trimestre.

Valor: Qual é o espaço que o BC tem para ajudar nessa retomada?

Jensen: A queda de juros tem sido relevante, mas o crédito ainda não é fator fundamental nessa recuperação. Vimos queda importante no endividamento das famílias nos últimos meses, e há uma recuperação incipiente no processo de concessão de crédito. A taxa básica de juros caiu bastante e vai cair mais. O spread caiu pouco, ou seja: os bancos não estão com essa confiança toda. Mas é uma variável que vai ganhando relevância.

Valor: Dá para dizer que a recessão ficou para trás?

Jensen: Já são dois trimestres consecutivos de crescimento, com desenhos bem diferentes entre eles, mas dois trimestres de alta depois de oito quedas consecutivas.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Novo título imobiliário tem isenção no Imposto de Renda e prazo de 2 anos

Uma nova alternativa de aplicação financeira atrelada ao mercado imobiliário estará disponível ao investidor em breve.

A LIG (Letra Imobiliária Garantida), regulamentada na última terça-feira (29) pelo Conselho Monetário Nacional, tende a ser uma opção mais segura e acessível em relação a outras modalidades de investimento com lastro no setor imobiliário, como LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), segundo especialistas.

Criada por uma lei de janeiro de 2015, a nova letra de crédito ficou em consulta pública desde o começo deste ano.

O instrumento nada mais é que um título de renda fixa isento de Imposto de Renda.

Emitido por instituições financeiras (bancos e sociedades de crédito, por exemplo), a LIG inspira-se nos chamados "covered bonds", papéis garantidos por um conjunto de ativos e que movimentaram cerca de 2,5 trilhões de euros na Europa ao longo do ano passado.

GARANTIAS

A principal vantagem da LIG é a dupla garantia: além da segurança da instituição que emitiu os títulos, a aplicação é coberta por uma carteira de créditos imobiliários, que fica separada do patrimônio do banco.

Isso significa que, se a instituição financeira der calote, esse conjunto de ativos vai honrar o compromisso de pagamento aos investidores, diz Marcelo Prata, especialista em crédito imobiliário e fundador do site Canal do Crédito e do aplicativo Resale.

A garantia adicional torna o produto menos arriscado do que outras letras, como a do setor imobiliário (LCI) e a do agronegócio (LCA). Nesses casos, o investidor corre o risco de o banco emissor quebrar. Ainda assim, ambos

os papéis contam com a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) de até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.

Com prazo mínimo de dois anos, a LIG não é indicada para quem precisa de liquidez imediata ou prevê resgatar o dinheiro em um horizonte mais curto -o produto tem carência de 12 meses.

"Vale a pena se a pessoa estiver guardando para objetivos de médio ou longo prazo, como uma viagem daqui a dois anos", exemplifica Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper.

Em geral, LCI e LCA também têm menor liquidez, o que faz com que os recursos só possam ser sacados no vencimento. Essas modalidades "forçam o investidor a aplicar por mais tempo, em troco de uma rentabilidade maior", afirma Alfredo Cunha, planejador financeiro e gestor de investimentos.

Segundo Cunha, é possível encontrar opções com maior retorno em papéis emitidos por bancos médios e pequenos, oferecidos em plataformas de corretoras e distribuidoras independentes.

Já o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e o CRA (Certificado de Recebíveis Agrícolas) são emitidos por instituições securitizadoras, a partir de dívidas de empresas. Assim como a LIG, esses títulos não possuem a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos e também têm pouca liquidez.

O risco que o investidor corre é o de a empresa quebrar. "É importante conhecer a solidez da companhia e da securitizadora que está intermediando a operação", recomenda Juliana.

FONTE DE RECURSOS

Para os especialistas, a chegada da Letra Imobiliária Garantida reforça as fontes de financiamento do setor brasileiro de imóveis, em um cenário de juros baixos e inflação sob controle. Atualmente, os principais instrumentos de captação de recursos são caderneta de poupança, LCI e CRI.

"Em países desenvolvidos, a LIG é o principal veículo de captação de recursos. A regulamentação para o mercado nacional foi feita seguindo as melhores práticas internacionais", destaca Gilberto de Abreu, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).

 

 

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