TRIBUNA DO NORTE
‘Minha Casa’ deve R$ 500 milhões
Brasília (AE) - O coordenador-geral de Análise Econômico-Fiscal de Projetos de Investimento Público do Tesouro Nacional, Hailton Madureira de Almeida, confirmou ontem que cerca de R$ 500 milhões em pagamentos de obras do programa Minha Casa Minha Vida estão atrasados. De acordo com Almeida, 100% dos recursos disponíveis para o mês de março já foram liberados. “Temos cerca de R$ 500 milhões pendentes para pagamento do FAR”, disse. O Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) recebe recursos do Orçamento Geral da União para viabilizar a construção das unidades habitacionais. Segundo ele, esses atrasos não ultrapassam 30 dias. “Estamos tentando reduzir (os atrasos) cada vez mais”, ressaltou.
A informação foi contestada por representantes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que disseram observar descumprimentos de até 60 dias nos cronogramas de pagamento. “Nós vamos ter obra parada, gente dispensada se isso não for organizado. Essas empresas não aguentam mais manter o ritmo anterior”, disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins, que pede uma regra clara sobre qual a capacidade do governo de fazer pagamento. O representante do Tesouro Nacional acredita que, com a programação de pagamentos de abril, a situação seja normalizada. “Serão mais de R$ 1 bilhão para o Minha Casa Minha Vida e acho que vai regularizar esse atraso”, disse.
As afirmações foram feitas em audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara, que discutiu a disponibilidade e liberação de recursos para o programa habitacional. Hailton Almeida disse que o governo tem aumentado, ano após ano, os aportes ao programa e que “vai continuar assim”. “Mesmo em 2015, que temos queda de receita real, uma dificuldade econômica, já pagamos R$ 3,8 bilhões até hoje, 25 de março”, informou.
O superintendente nacional do Minha Casa Minha Vida na Caixa Econômica Federal, Roberto Carlos Cerato, confirmou o atraso, mas ressaltou que o banco público não usa recursos próprios para bancar ou suprir pagamentos pendentes nos empreendimentos do programa habitacional.
“A Caixa não banca nada. De fato, nós só repassamos o recurso quando o Tesouro e o Ministério das Cidades nos repassam”, explicou. Segundo ele, os atrasos são de 15 a 20 dias, em média, exceto em “situações que fogem à regra”. “Muitas vezes, há discussões técnicas, documentos necessários a serem apresentados. “ Cerato informou que a Caixa está aguardando o repasse dos recursos atrasados para que o crédito seja feito às construtoras.
Reportagem recente da Folha de S. Paulo mostrou que construtoras que atuam no Minha Casa, Minha Vida, no Nordeste, ameaçam paralisar obras e ampliar demissões, caso os pagamentos do programa não sejam regularizados. Até a primeira quinzena de maio, o setor tinha a receber do governo uma soma de R$ 175 milhões, em repasses atrasados no Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Bahia. À reportagem, o Ministério das Cidades assegurou, no entanto, que o fluxo de pagamentos estava normal. Só no Rio Grande do Norte, o Sinduscon afirmou haver R$ 15 milhões em dívidas. Na Bahia, o valor atrasado chega a R$ 80 milhões, segundo a Folha.
Dilma condiciona pedidos dos governadores ao ajuste
O atendimento às demandas dos governadores do Nordeste pela continuidade dos investimentos e acesso a financiamentos subsidiados ficará vinculado à aprovação das medidas de ajuste fiscal ao Congresso Nacional, disse o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. “Avançamos na possibilidade de financiamentos, mas as definições mais importantes vão depender da decisão final do Congresso Nacional sobre o ajuste”, disse o ministro, após reunião com os governadores dos nove Estados da região no Palácio do Planalto. O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, participou da reunião.
O ministro disse que a proposta de mudar o indexador das dívidas dos Estados e municípios não foi discutida na reunião. Segundo ele, o problema não atinge todos os Estados e municípios do País, mas principalmente as capitais São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo Mercadante, a presidente Dilma Rousseff agradeceu a carta dos governadores em apoio e defesa da democracia. “Os governadores falaram da importância de desarmar espíritos e buscar diálogo e racionalidade no debate político”, afirmou.
Mercadante afirmou que Dilma se comprometeu a aprofundar as discussões sobre os pontos apresentados pelos governadores. O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), disse que cada governador vai se reunir com deputados e senadores de seus Estados para defender a aprovação das medidas de ajuste fiscal. Depois disso, cada um irá se reunir com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, para apresentar suas próprias demandas.
Os governadores cobraram acesso a novos financiamentos de organismos internacionais e continuidade dos investimentos em programas como o PAC e o Minha Casa Minha Vida. Os governadores defenderam ainda a taxação de grandes fortunas como forma de financiar a saúde. Pediram também ainda a implementação do Sistema Único de Segurança, que unificaria as Forças Armadas e as polícias federal, militar e civil nos Estados em torno de uma política única, e ações para combater e minimizar os efeitos da seca, como a continuidade das obras da transposição do Rio São Francisco.
Mercadante afirmou que Dilma se comprometeu a aprofundar as discussões sobre os pontos apresentados pelos governadores. O ministro admitiu que o governo estuda formas de taxar grandes fortunas ou grandes heranças. O ministro garantiu que o governo federal vai cumprir todos os contratos de obras já firmados.
Mercadante disse ainda que as principais linhas de financiamento do governo para indústria, agricultura e imóveis serão mantidas, mas os subsídios vão diminuir. “O governo está reduzindo o subsídio e o impacto do Tesouro nessas linhas. Isso faz parte do equilíbrio das contas públicas.”
VALOR ECONÔMICO
Inadimplência de empresas pode piorar
A inadimplência no mercado de crédito como um todo segue próxima das mínimas históricas, em 2,8%, mas o nível de calotes no segmento de pessoas jurídicas dá sinais de que pode começar a destoar. A taxa de atrasos entre 15 e 90 dias, vista como um indicador antecedente, subiu 0,4 ponto percentual, considerando-¬se os recursos livres na passagem de janeiro para fevereiro, para 3,3%.
Esse nível não era visto há mais de dez anos e não foi registrado nem na crise de 2008/2009. A inadimplência oficial, acima de 90 dias, manteve-¬se em 3,5% em fevereiro. Na avaliação dos economistas da Rosenberg e Associados, o aumento talvez já seja um dos primeiros reflexos da Operação Lava¬Jato sobre a capacidade de algumas grandes empresas de rolar suas dívidas. Além disso, cita a consultoria em relatório, empresas têm tido dificuldade para captar no mercado externo, o que pode levar a uma maior demanda por recursos bancários.
"Como já vínhamos alertando, este indicador de inadimplência continuará sendo monitorado com lupa nos próximos meses. A continuidade de sinais de aumento redundará em estrangulamento ainda maior das concessões", diz.
De janeiro para fevereiro, as concessões totais para pessoas jurídicas caíram quando comparadas com o mesmo mês do ano anterior. Passaram de R$ 141 bilhões para R$ 118,8 bilhões. Também em relatório, analistas do Credit Suisse chamam atenção para a taxa de inadimplência entre 15 e 90 dias.
O banco aponta que esse indicador também sobe para as pessoas físicas pelo segundo mês, saindo de 4,9% em dezembro para 5,4% em fevereiro. "Essa dinâmica acena para uma reversão da tendência de baixa que se viu nos últimos meses. Além disso, o avanço do crédito livre para as pessoas jurídicas foi puxada pelo cartão de crédito, que usualmente apresenta maior inadimplência", diz o Credit Suisse, acrescentando que sua expectativa é de alta do calote em função da retração da atividade e do aumento do desemprego.
Ainda na avaliação do crédito para empresas, a Rosenberg aponta que as taxas de expansão do estoque com recursos livres teve retração pela décima vez consecutiva e o crédito com recursos direcionados continua perdendo fôlego. "A Operação Lava¬Jato e a deterioração da atividade econômica têm tido efeito significativo na oferta de crédito por parte das instituições financeiras", destaca. Já no crédito direcionado, quem dá o rumo é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo a Rosenberg, a percepção é que a participação do BNDES e demais bancos públicos, sob a tutela da nova equipe econômica, será mais comedida, o que pode resultar na retração nominal do crédito em 2015, o que não se via desde 2003. Isso é reflexo de uma redução do spread entre Selic e TJLP, e diminuição dos repasses do Tesouro.
"Devemos observar uma importante retração dessa modalidade. A menor demanda ensejada pela redução dos investimentos por parte dos envolvidos na Lava¬Jato, incertezas de pagamentos e aumento da inadimplência também deverão afetar o desempenho ao longo do ano", diz a consultoria.
BRASIL ECONÔMICO
Efeito dominó na economia cria perdas que vão da fábrica ao comércio
Em patamares cada vez mais negativos, que se assemelham aos de 2009, a falta de confiança de empresários e consumidores tem provocado um efeito dominó na economia, puxando para baixo o ritmo de atividade de setores ligados aos bens de capital e consumo de duráveis, desde a produção na fábrica até a venda no comércio.
Nos últimos 12 meses até janeiro, a produção de bens de capital caiu 10,9% e a de duráveis, 9,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em paralelo, as vendas no varejo ampliado, que incluem materiais de construção e veículos, têm queda de 2,4% em igual período.
“A confiança está em patamares extremamente baixos”, diz o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV/Ibre, Aloisio Campelo, referindo-se aos números da prévia de março do Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgados ontem, que chegou aos 76,2 pontos, o menor nível desde fevereiro de 2009 (75,4 pontos).
Da parte dos consumidores, o cenário também é ruim. Entre janeiro e fevereiro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV recuou 4,9% , ao passar de 89,8 pontos para 85,4 pontos. Este é o novo recorde negativo na série iniciada em setembro de 2005.
“A fraqueza da demanda interna e as perspectivas ruins da economia no curto prazo têm pesado mais que o câmbio, em patamares melhores, na confiança dos empresários da indústria”, afirma Campelo. “O consumidor está com pouco fôlego para comprar. Além do baque no poder de compra com a recomposição de tarifas, o momento não é muito propício com taxas de juros mais altas e bancos mais restritivos a conceder crédito”, acrescenta.
Embora o clima de pessimismo seja disseminado na indústria de transformação, a situação é mais delicada entre os segmentos ligados a investimentos, como os de máquinas e equipamentos e construção civil. Apesar da retração de 7,1% na produção industrial no acumulado dos últimos 12 meses, de acordo com o IBGE, a indústria de máquinas e equipamentos conseguiu um surpreendente crescimento de 3,1% no faturamento em janeiro na comparação com igual mês do ano passado. Mas o resultado é tido como pouco animador pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que projeta queda na receita para este ano.
O cenário do mercado de trabalho nas empresas da Abimaq também reforça as perspectivas negativas: houve fechamento de 12,289 mil vagas em janeiro, na comparação com igual mês de 2014.
Já a indústria de materiais de construção registrou, em fevereiro, queda de 16,4% nas vendas, em relação a igual mês de 2014. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), a desaceleração nas vendas gerou impactos no emprego, que recuou 10,2% na comparação com igual mês de 2014.
“O mercado no primeiro bimestre foi muito aquém do esperado. Mais da metade das vendas vem do varejo, afetado por emprego, renda e crédito às famílias. E outra parcela pelo mercado imobiliário, que tem sofrido muito com a falta de confiança de empresários”, observa o presidente da Abramat, Walter Cover.
Para os fabricantes de eletrodomésticos e eletrônicos o ano também não começou muito bem. Só em janeiro, houve queda de 14% na venda de equipamentos domésticos no atacado, em comparação com igual mês de 2014. “Inseguro em relação ao emprego, o consumidor deixa de efetuar novas compras”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Eletrodomésticos e Eletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula.
Prova disso é o aumento dos estoques nas lojas. O indicador que mede a percepção dos empresários em relação ao nível de estoques do comércio na região metropolitana de São Paulo (RMSP), por exemplo, passou de 106,9 pontos em fevereiro para 103,9 pontos em março. Segundo a FecomercioSP, que capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total).
“A trajetória de encarecimento do crédito já vinha colocando um freio nas compras. Somou-se a isso a queda significativa na confiança do consumidor, com o mercado de trabalho mais fraco. O efeito mais evidente desse cenário de retração da demanda aparece nos duráveis, como os automóveis”, observa o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes.
Em 12 meses, a produção de automóveis registra retração de 17,2% na produção e de 10,8%, nas vendas. A forte desaceleração do setor acaba puxando toda a cadeia de suprimentos na qual se destacam os segmentos chamados de transversais, como metalurgia e siderurgia, vidros, químicos, plásticos e borracha.
“O que acontece na indústria de transformação como um todo se reflete na química, pois somos uma indústria transversal. Logo, se a turma de automóveis e construção civil, principalmente, não crescer, nós não crescemos”, diz Fernando Figueiredo, presidente da Associação Brasileira da Indústria Química(Abiquim).
Tombini diz que inflação vai ceder já em abril
Brasília - A escalada recente do custo de vida, que, em março, poderá ultrapassar a casa dos 8,2%, no acumulado em 12 meses, deverá perder força a partir do mês que vem e dar algum alívio ao bolso do consumidor. O recado foi dado ontem pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado. Na ocasião, o comandante da política monetária disse esperar que, “já a partir de abril, devemos observar uma inflação bem mais baixa do que neste início de ano”.
Mas, por mais que Tombini tenha se esforçado em mostrar otimismo, os prognósticos para a economia, confidenciou, nem de longe inspiram confiança. “Estamos trabalhando com um cenário desafiador no curto prazo e melhorando as perspectivas para o médio e longo prazo”. O BC, acrescentou, enxerga “uma economia fraca” este ano, que pode vir “melhor no segundo semestre do que no primeiro”, e acredita que uma situação “um pouco melhor” só deve de fato ocorrer de 2016 em diante.
Parte dessa imprevisibilidade com a economia se deve à instabilidade do câmbio em 2015. Dado o cenário político turbulento e devido a preocupações no âmbito externo com os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos, o dólar vem ganhando força contra as principais moedas, inclusive o euro e o real. Em três meses, a divisa pulou de R$ 3 para R$ 3,30. Nos últimos três dias, porém, diante da manutenção do grau de investimento do Brasil pela agência Standard & Poor’s, o quadro de apreciação cambial inverteu-se, e a moeda americana passou a operar em queda frente ao real. Após três quedas consecutivas, no entanto, a cotação ainda incomoda: R$ 3,12.
O BC acompanha com lupa o movimento do câmbio, porque entende que uma apreciação forte e duradoura do dólar poderá elevar ainda mais a pressão sobre a inflação. Outra preocupação iminente é com a exposição das empresas, sobretudo as não financeiras, a dívidas em moeda estrangeira. Após a normalização dos fluxos financeiros, depois de vencida a primeira etapa da crise econômica mundial, diversas empresas brasileiras foram ao mercado externo tomar dinheiro a taxas de juros reduzidas, em empréstimos feitos em dólar.
O BC viu risco de quebradeira dessas empresas com a reversão da política de juros baixos dos EUA, o que se tornou mais claro em meados de 2013. Por isso, mantém, desde agosto daquele ano, um pesado pacote de intervenções sobre o dólar, batizado de ração diária ao mercado. O programa de leilões de swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra já foi renovado duas vezes, em 2014 e no início deste ano. Esta última etapa, no entanto, vai acabar este mês: ontem à noite, o Banco Central emitiu comunicado dizendo que a “não renovação do referido programa em 31 de março de 2015”. Em vez disso, a autoridade monetária disse que renovará integralmente os swaps cambiais vincendos a partir de 1º de maio de 2015, “levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado”.
O BC vinha usando duas estratégias para suavizar as variações do dólar: diariamente, injeta dólares no mercado, por meio de operações de venda de moeda no mercado futuro (leilões de swap); em outra frente, oferece liquidez às empresas, ao rolar contratos de câmbio.
Ontem, Tombini deu declarações dúbias sobre as intenções do BC. Primeiro, disse que o programa de swaps cambiais tem atingido “plenamente” seu objetivo, e reforçou que o instrumento de oferta de hedge (proteção) tem impacto “cumulativo” no mercado. Depois, mencionou que, apesar de elevado, o estoque de intervenções sobre o câmbio representa atualmente 30% das reservas internacionais. Não por outro motivo, disse ele, o BC não tem nenhuma preocupação em manter esses estoques, ainda que a oscilação da cotação do dólar possa gerar perdas ao BC. “Estamos confortáveis com essa posição. Nós podemos mantê-la por 10, 20 anos”, frisou Tombini, despistando em seguida: “Não que vamos fazer isso.”
Tombini também reforçou que, embora o dólar possa causar preocupações sobre o comportamento da inflação, a manutenção ou não das intervenções não tem por objetivo “segurar o câmbio em nenhum nível”
JORNAL O ESTADO DE MINAS
Arrefecimento do consumo já ocorre desde 2013, diz chefe de departamento do BC
Em fevereiro, foi observada a primeira queda na margem do estoque de crédito com recursos livres para as famílias em um ano. De acordo com dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira, houve recuo do saldo de 0,3% em fevereiro ante janeiro, para R$ 784,1 bilhões. Em fevereiro do ano passado, o estoque passou de R$ 747,2 bilhões para R$ 745 bilhões. "Há dinâmica de arrefecimento no crédito ao consumo. Isso não é tendência na margem, pois já ocorre desde 2013", considerou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
De acordo com ele, uma explicação para esse desempenho é o mercado imobiliário. "Houve desaceleração e a tendência é de continuidade de desaceleração do crédito imobiliário", considerou. Apesar disso, Maciel lembrou que, no geral, houve expansão do estoque no mês e que isso ocorre em ambiente de "plena estabilidade da inadimplência". O saldo total aumentou 0,1% no mês passado, para R$ 1,567 trilhão, quando é observado o segmento de recursos livres e 0,5% quando todo o sistema financeiro é avaliado.
Automóveis
Segundo Maciel, o melhor retrato da retração do crédito para o consumidor pode ser visto no segmento de automóveis. "Há dinâmica de arrefecimento no crédito ao consumo já há algum tempo e o segmento mais emblemático é o de veículos, que voltou a recuar em fevereiro", salientou. "Concordo que temos moderação no crédito para consumo", acrescentou.
O técnico observou que o arrefecimento da economia está associado a esse movimento e que "boa parte" da renda está alocada em financiamento para imóveis. O crédito imobiliário cresceu mais de 50% em 2007 e 2008 e, desde então, têm sido registradas expansões menores - até pelo aumento da base de comparação.
Em fevereiro, a alta desse segmento foi de 26,7%, considerada ainda expressiva, já que está "bem acima" do crédito total, de 23,4%. "A tendência é de continuidade de desaceleração do crédito imobiliário, como é vista já há alguns anos", disse Maciel. Além disso, de acordo com o técnico, outro fator que influencia os dados é a própria elevação do custo do crédito, com a elevação dos juros. "É a reação que se espera num ciclo de aperto monetário."
Em fevereiro, houve queda do estoque do crédito do cartão à vista, mas Maciel salientou que trata-se de algo específico para o mês. "Diferentemente do segmento de veículos, que já vem há algum tempo", considerou. A baixa do estoque de crédito para cartão à vista foi de 2,5% no mês passado ante janeiro, para R$ 4,288 bilhões. Em 12 meses até fevereiro, é vista uma elevação de 4,9%. Já no caso de veículos, a contração no mês passado foi de 1%, para R$ 181,940 bilhões e, em 12 meses, a baixa é de 5,2%.
PORTAL CBIC
CBIC ressalta a importância do PMCMV para o país e das empresas não trabalharem na imprevisibilidade
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, participou na manhã desta quarta-feira (25/03), em Brasília, de audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados sobre a disponibilidade e liberação de recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV).
Martins destacou que o fato de a audiência estar concorrida já é um forte indicativo da importância do PMCMV para o País. O programa é considerado o mais exitoso, além disso é responsável pela formalização do mercado e pela geração de cerca de 400 mil empregos diretos.
O setor da construção espera uma definição de prazos de pagamentos por parte do governo federal. No início do programa, os pagamentos ocorriam em dois dias. Ano passado, decidiu-se pelo pagamento em 15 dias, o que não vem ocorrendo na prática. As empresas precisam ter uma segurança de que o débitos serão quitados e assim o programa dar continuidade. “Nós, parceiros da construção, entendemos que o País vive um momento difícil, mas as regras precisam ser claras. Não dá para continuar com a imprevisibilidade de hoje”, enfatizou o presidente da CBIC.
Também participaram da audiência, Roberto Sérgio Abdalla, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip); Hailton Madureira de Almeida, da Secretaria do Tesouro Nacional; Inês Magalhães, da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, e Roberto Carlos Ceratto, superintendente Nacional de Habitação Social da Caixa Econômica Federal.
DCI ONLINE
Construção teme maior corte de trabalhadores até o fim do ano
São Paulo - Depois de registrar um corte de 30,9 mil trabalhadores em fevereiro, empresários e entidades da construção temem que o nível se acentue nos próximos meses. Isso em função da economia mais fraca e da piora na perspectiva de crescimento dos construtores.
No mês passado, o número de empregados recuou 0,94% sobre janeiro. Na comparação com o mesmo mês de 2014, houve queda de 7,82%, menos 278 mil postos. "A queda ocorre em uma dimensão preocupante em todos os segmentos do setor, que representa 50% dos investimentos do País", argumentou ontem o presidente doSindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto.
Para interromper o processo, segundo o executivo, é necessário a retomada dos investimentos em infraestrutura e em obras imobiliárias, com mais recursos para o Programa Minha Casa Minha Vida, para estimular o mercado.
"É preciso estancar o processo de demissões, retomando os investimentos do PAC, voltando a pagar em dia, revendo o fim da desoneração da folha de pagamentos da construção e acelerando os estudos para novasconcessões públicas", explicou o executivo, em comunicado oficial.
Por estado
De acordo com o SindusCon, a Região Sudeste apresentou o maior número de empregos suprimidos (12.813), com queda de 0,78% em comparação a janeiro. A queda mais expressiva foi constatada no Norte (-2,24%), com o corte de 4.628 vagas no último mês.
No Nordeste, o saldo entre demissões e contratações foi negativo em 1,56%, com a eliminação de 11.122 empregos; no Sul, ocorreu o corte de 947 vagas (-0,19%) e no Centro-Oeste, de 1.452 (-0,58%).
No Estado de São Paulo o índice ficou negativo em 0,62%, com um corte de 5,2 mil vagas. Em relação a fevereiro do ano passado, foi constatada queda de 6,08%, com o fechamento de 54.316 postos de trabalho. O número de empregados na construção civil estadual estava em 839,2 mil pessoas no fim de fevereiro.
Resultado positivo
O balanço do Sinduscon, liberado em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), apontou ainda que houve aumento na contratação de pessoal nas cidades de Ribeirão Preto, com a criação de 287 novos postos de trabalho e alta de 0,53% sobre janeiro, e Santos, com a geração de 170 vagas, o que é 0,55% maior do que no mês anterior. Na capital paulista, o saldo foi 0,72 inferior a janeiro, com a redução de 2.806 trabalhadores.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.