Quinta-feira

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO

Com estoques em alta, lançamentos de imóveis novos devem cair 10% em São Paulo  

O volume de imóveis residenciais novos no mercado paulistano vai encolher ainda mais em 2015. De acordo com as previsões do Secovi-SP, sindicato da habitação, o número de lançamentos tende a cair 10% na comparação com 2014, ano que já foi de retração no setor, com queda de 7%.

Se a previsão se confirmar, serão colocados 28,5 mil imóveis novos no mercado ¬ volume semelhante ao de 2012, quando as incorporadoras entraram em crise e registraram prejuízos bilionários, sendo obrigadas a diminuir de tamanho.

Desta vez, segundo o presidente do sindicato, Cláudio Bernardes, o motivo está menos relacionado a uma estratégia das companhias de encolher a operação e mais com a conjuntura econômica, que aumentou a incerteza do consumidor e fez as vendas caírem 35% no ano passado. "A demanda continua existindo, mas o brasileiro não quer comprar", diz.

O resultado são estoques em níveis recordes, que serão prioridade na estratégia de comercialização das incorporadoras daqui pra frente. Os imóveis prontos que não foram vendidos chegaram à marca de 27,3 mil ao fim de 2014 ¬ a mais alta da década.

Esse cenário, no entanto, não deve ter como consequência uma queda no preço dos imóveis já que, segundo Bernardes, as empresas não têm espaço para diminuir seus custos, principalmente por causa das novas regras impostas pelo Plano Diretor de São Paulo. No ano passado, o aumento real dos valores foi de 0,4%. "Isso indica um patamar de estabilidade de preços, que deve se manter."

Para as vendas, em 2015, o Secovi¬SP projeta dois possíveis cenários, que variam entre uma queda de 10% a uma alta de 10%. Com isso, a previsão é de que sejam comercializadas entre 19,5 mil unidades e 23,7 mil unidades. Divisor de águas. As previsões para este ano também colocaram os lançamentos imobiliários num patamar muito próximo do que se via no mercado antes de 2007, ano que é considerado um divisor de águas no setor por causa da onda de aberturas de capital que levou uma dezena de incorporadoras à Bolsa e encheu o caixa delas de dinheiro.

Em 2006, as empresas tinham lançado 25,6 mil imóveis na capital paulista e, no ano seguinte, já sob a pressão dos investidores para crescer, elas fizeram esse número saltar para 38,9 mil. "De fato, o nível de lançamentos voltou ao que era lá atrás, mas como resultado de um cenário difícil. Nunca vi um início de governo federal tão desacreditado", disse o presidente do sindicato.

Segundo ele, a queda só não foi maior no ano passado pelo desempenho observado nos últimos dois meses de 2014, quando os lançamentos responderam sozinhos por mais de um terço do total lançado durante todo o ano.

Só a Cyrela, maior incorporadora do País, lançou entre novembro e dezembro seis empreendimentos, voltado para o mercado de alto padrão e de luxo. As vendas, por sua vez, despencaram 35,2% no ano passado, para 21,6 mil unidades, abaixo de projeção da entidade que era de 24 mil no ano.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Presidente da Fiesp defende mudança em ajuste fiscal

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, defendeu nesta quarta-¬feira (24) mudança no ajuste fiscal enviado pelo governo ao Congresso. Durante encontro com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB¬RJ), Skaf pediu a rejeição da alteração no sistema de pagamento proposto para o auxílio-doença.

A proposta do governo aumenta o prazo de 15 dias para 30 dias a responsabilidade do empregador com o salário do trabalhador afastado por doença. A partir desse prazo, a Previdência Social assume os gastos. Para o empresário, a alteração prejudica a competitividade. "As empresas já estão bastante carregadas e isso é mais ônus em cima das empresa. O enfraquecimento das empresas significa o enfraquecimento dos empregos, o que não é bom. O que queremos é que fique como está", disse.

O presidente da Fiesp disse que Cunha reconheceu que há prejuízo para a indústria. Ex-ministra da presidente Dilma Rousseff, a senadora Gleisi Hoffmann (PT¬PR) tenta flexibilizar a proposta do governo, estabelecendo que o empregador assumiria o pagamento por 20 dias de salário e daí para a frente a Previdência cobriria o auxílio.

A posição de Skaf se soma a das centrais sindicais que trabalham para derrubar as modificações nas regras para concessão de seguro-¬desemprego, abono salarial, pensão por morte e segur-o¬defeso para pescadores artesanais. O presidente da Câmara tem defendido a necessidade de um ajuste fiscal.

 O empresário também almoçou com o vice-¬presidente, Michel Temer, que mostrou preocupação com a situação econômica do país. Em relação a greve dos caminhoneiros, Skaf defendeu equilíbrio no custo e no preço. Ele lembrou que a categoria é autônoma e houve aumento de custos. "Tem leite estragando, matéria-¬prima que não chegam, máquinas que param por falta de abastecimento. Lamentavelmente essa história caminhou muito e deveria ter sido resolvido rápido", disse.

 

O GLOBO

Atraso nos repasses causa demissões e reduz ritmo de obras pelo país

SÃO PAULO - Sem a aprovação do Orçamento de 2015, o governo federal enfrenta dificuldade para fazer repasses a obras de infraestrutura espalhadas pelo país, muitas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O problema já causou demissões de operários e a redução do ritmo de execução dos projetos em Rio, São Paulo, Ceará e Bahia. Isso pode atrasar iniciativas de um dos principais programas do governo.

Os pagamentos foram paralisados a partir do segundo semestre de 2014. Naquele momento, o objetivo do governo era segurar os repasses para evitar um rombo nas contas do ano passado. Mesmo assim, houve déficit de R$ 20 bilhões. Agora, o problema é a demora do Congresso para votar o Orçamento da União. Essa votação costuma acontecer antes do recesso parlamentar, no fim do ano. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), reconheceu ontem que há "oscilações nos repasses":

- Enquanto você não tem orçamento, não pode gastar. Há um volume de recursos menor. É evidente que, num momento como este, os investimentos sofrem mais porque não se pode deixar de pagar salário, manutenção de creches e escolas - disse.

As prefeituras enfrentam problemas para receber verbas de convênios com o governo federal. A administração de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, diz que o ritmo das obras de um piscinão de R$ 296 milhões, que integra o PAC, foi afetado:

- Não é só São Bernardo. Várias cidades brasileiras estão nessa situação. Obras do próprio governo federal estão com problema de pagamento - afirmou o prefeito Luiz Marinho (PT), ex-ministro e um dos políticos mais próximos do ex-presidente Lula.

EM SÃO PAULO, MONOTRILHO AFETADO

Em São Paulo, as obras do monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô são um exemplo de redução no ritmo de execução. Funcionários admitiram ao GLOBO que houve demissões nas últimas semanas e que há menos trabalho para fazer.

A linha deve ser entregue em 2016, dois anos após o previsto. Em nota, o Metrô respondeu que as obras estão em "pleno andamento" e que há 1.200 empregados. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada de São Paulo, Antonio Bekeredjian, disse que cerca de 25 mil trabalhadores foram demitidos, desde novembro do ano passado, em todo o estado. Deu como exemplo a Linha 17 e outra obra: o Trecho Norte do Rodoanel:

- Estamos pedindo mesas de negociação com os empresários. Eles dizem que antes, quando tinha atraso do governo, pegavam dinheiro no banco. Agora, não conseguem.

Empreiteiras chegaram a ficar 45 dias sem receber repasses do Programa Minha Casa Minha Vida, segundo José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC):

- Você tem a inflação, que aumenta o preço da matéria prima. Depois vêm os atrasos nos pagamentos por parte do governo. E, por fim, a incerteza na economia. O que acontece? As empresas diminuem o ritmo para correr menos risco. E isso vai estourar lá na frente, com demissão e atrasos.

Orçada em R$ 1,5 bilhão, a construção do Cinturão das Águas, no Ceará, também teve demissões recentemente, segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção local.

- Faz 15 dias que a obra está totalmente parada. Em torno de 4.500 trabalhadores foram demitidos - disse Evandro Ribeiro, representante do sindicato em Juazeiro do Norte.

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O governo do Ceará, responsável pela obra, diz que não há alteração no cronograma, mas não informou se houve atrasos nos repasses.

NO RIO, OBRA PARADA

Outra obra com problemas é o trecho Santa Guilhermina do Arco Metropolitano do Rio. A obra de R$ 360 milhões está parada desde dezembro, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Duque de Caxias. O Deparamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) nega pagamentos pendentes.

Em Salvador, a construção de dois conjuntos de avenidas, iniciada em 2014, não tem o número de funcionários necessário para sua execução plena, diz o Sindicato dos Funcionários da Construção Pesada. O governo baiano nega atrasos. Responsável pela coordenação do PAC, o Ministério do Planejamento informou que as obras seguem ritmo normal.

 

DCI ONLINE

Prédios sustentáveis são sonho distante para moradia popular

São Paulo - A construção de empreendimentos residenciais sustentáveis - que economizem água e energia - ainda é um sonho distante para moradias populares. Com o alto valor dos terrenos e do custo para construir, fica inviável a inserção de itens econômicos que induzam o morador a diminuir o consumo de água.

"Nos Estados Unidos, quando o governo decidiu que precisava reduzir o consumo de água dentro das casas, a primeira medida foi incentivar a venda de materiais econômicos com preços competitivos", argumentou o presidente da construtora Construminas, Leonel Ferreira Brandão, lembrando que hoje, no Brasil, uma bacia com duas fases de água custa até 40% mais que a comum.

Além das bacias, arejadores, torneiras de fechamento automático, payback, medição individualizada podem reduzir em até 30% o consumo de água.

A visão do executivo vem em linha com a posição do professor de engenharia civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Celso Moura Ricco. "A atualização dos contratos do programa Minha Casa Minha Vida não acompanhou a alta no preço do terreno. Uma construtora, por maior que seja, não consegue segurar o preço obrigatório com esses materiais mais caros", explicou.

Hidrômetro

Outro ponto para redução do consumo de água é a individualização dos hidrômetros.

Segundo o membro do comitê de tecnologia e qualidade do Sindicato da Construção Civil de São Paulo (SindusconSP), Alexandre Oliveira, as construções devem ser prontas estruturalmente para abrigar hidrômetros individualizados. "No entanto, a medida não é utilizada por falta de cultura desse uso."

Na visão do executivo, o brasileiro ainda tem uma cultura de desperdício. "Temos de nos esforçarmos para levar a cultura de economia ao consumidor final. Não adianta apenas implementar técnicas e não implementar a cultura. Nós já construímos empreendimentos verdes, mas não ensinamos os operadores a como lhe dar com essa tecnologia"

De opinião similar partilha Renato Mesquita, que também integra o comitê de tecnologia e qualidade do SindusconSP. "Temos necessidade urgente de que se regulem normas de reúso da água. A lei das piscininhas também devia ser revista", disparou.

Para ele, o custo extra com a individualização dos medidores de água varia. "No entanto, dá para garantir que se houver um investimento maior, ele se paga no médio prazo, às vezes até no curto, com a economia do recurso", disse ele sem arriscar uma cifra.

Na cidade de São Paulo, um dos planos do chefe do executivo, Fernando Haddad, é a implementação de descontos no IPTU para empreendimentos verdes. "Vamos finalizar o projeto em breve e mandá-lo para apreciação da Câmara. Isso pode ajudar as construtoras a investir mais", diz a secretaria de finanças do Município de São Paulo, Suiane da Costa.

Outros países

O processo de mudanças de bacias comuns por outras mais econômicas, segundo o gerente do Departamento de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Sabesp, Américo Sampaio, já aconteceu, através de programas de incentivo, em outros países. "Já houve programas assim em Nova York e na Cidade do México. Cada vaso trocado resultou em economia de 200 litros por dia, por vaso."

Em Nova York, a prefeitura pagou a troca para os usuários. Na Cidade do México houve uma parceria com o governo. "Aqui esperamos fazer isso em breve, mas ainda não sabemos como será feito e quando será."

Na cidade norte americana, foram trocados mais de 1 milhão e 900 mil vasos. "Aqui a quantidade seria maior. Conversamos com produtores, indústrias, secretarias, para colocar em prática em breve."

Canteiros verdes

Para diminuir o consumo de água na obra, a MBigucci armazena chuva. "No Piemonte, em dez meses, economizamos 211,4 mil litros, o que representaria R$ 8,6 mil, se fosse comprada da Sabesp. Já nos testes de impermeabilização, que começamos este ano, devemos economizar 31 mil litros de água", disse o diretor técnico da MBigucci, Milton Bigucci Junior.

Quem também aposta na reutilização no canteiro é a construtora Trisul. Através de um sistema que ganhou o nome de Cascata a empresa consegue abastecer caixas d'água nos subsolos. "Além disso, em todos os pontos de torneira temos um tambor com um 'ladrão', que não deixa a água transbordar. Esse excesso volta para as caixas dos subsolos e retroalimenta o sistema. Também usamos contrapiso autonivelante e argamassa em silos, para um melhor controle do consumo de água", explicou o gerente de obras da Trisul, Emerson Paraguassú,

Segundo o executivo, hoje, a empresa coloca em todos seus lançamentos as bacias econômicas, e a perspectiva é que a partir do segundo semestre os empreendimentos novos também contem com um sistema de filtragem e reaproveitamento da água de chuva.

"Estudamos também fazer o tratamento do esgoto para projetos futuros", disse Paraguasú, lembrando que o consumidor está mais atento a esse tipo de iniciativa da construtora.

Na Tarjab, além dos canteiros de obras, há preocupação com ações que façam com que o empreendimento consuma menos água no longo prazo. "Temos entregado os prédios com caixa acoplada que permite o acionamento do fluxo de agua em 3 e 6 litros. Em outros empreendimentos entregamos com estação de tratamento de esgoto de águas cinzas para reutilização de bacias sanitárias. Além disso, todos os prédios têm estação de tratamento reúso de águas pluviais com a captação das águas de chuva", diz o diretor-técnico da Tarjab , Sérgio Domingues.

Novas soluções

Em tempos de crise no abastecimento, a empresa de tecnologia AquaStock, especializada no desenvolvimento de soluções para o gerenciamento e captação de águas de chuva vendeu 50% mais no último ano e pretende faturar 50% mais em 2015. "As construtoras acham atraente nosso serviço porque é a forma mais simples de reúso de água já que aumenta pouco o orçamento do prédio e a manutenção pode ser feita pelo próprio condomínio", diz o diretor da empresa, Marcos Barros.

Quem também pretende crescer com propostas de construções verdes é a Tecverde. Com a premissa de casas sustentáveis, a empresa promete construir com redução de 90% no consumo de água, através de um sistema mais industrializado de lajes paredes e coberturas. "Desde o projeto arquitetônico adotamos estratégias sustentáveis, com isso, as casas consomem até 50% menos", diz o arquiteto Pedro Moreira, gerente de engenharia da construtora.

A empresa, de Curitiba, chegou ao Sudeste em 2010, e ano passado entrou no mercado paulista. Segundo Moreira, 45% da procura por casas Tecverde vêm do eixo Campinas-Jundiaí, local que concentra alto número de condomínios horizontais.

 

VALOR ECONÔMICO

Concessões de crédito caem 18,5% em janeiro; média diária recua 14,7%

O sistema financeiro concedeu em janeiro 18,5% a menos em novos empréstimos e financiamentos comparativamente a dezembro. O número divulgado pelo Banco Central (BC) leva em conta as concessões totais em cada mês. Considerando a média por dia útil, houve queda de 14,7% em janeiro. Houve recuo nas concessões para empresas e nas operações com famílias.

Na comparação dos volumes acumulados em cada mês, as concessões para clientes corporativos diminuíram 27,2% ante o mês anterior, somando R$ 130,8 bilhões em janeiro. Para as famílias, o sistema financeiro concedeu R$ 170,5 bilhões em novos empréstimos e financiamentos, 10,4% abaixo do que tinha concedido em dezembro. Sob o ponto de vista do tipo de recurso usado pelas instituições para dar o crédito, a concessão com recursos livres caiu 14,3% e com recursos direcionados diminuiu 39,8% no mês passado.

As concessões no crédito direcionado encolheram 20,4% nas operações com pessoas físicas, enquanto foi registrada uma baixa de 54,5% nas operações com empresas. Quando são consideradas as concessões no crédito livre, o volume caiu 20,5% nas operações com empresas e encolheu 8,8% nas operações com as famílias.

Estoque de crédito

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro diminuiu 0,2% em janeiro, para R$ 3,013 trilhões. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo BC para 12 meses acumulados, o estoque de operações recuou de 58,9% em dezembro para 58,5% no mês passado. Em 12 meses, o crescimento do estoque de crédito está em 11%.

Para 2015, o BC projeta expansão de 12%, após avanço de 11,3% no ano passado. O saldo total do crédito livre recuou 0,7% em janeiro sobre o mês anterior, chegando a R$ 1,566 trilhão. Já o crédito direcionado avançou 0,5% em janeiro, atingindo o volume de R$ 1,447 trilhão.

O saldo total de crédito para as famílias aumentou 0,9% em janeiro ante dezembro, chegando a R$ 1,425 trilhão. Para as empresas, houve retração no período, de 1,1%, para R$ 1,588 trilhão. Crédito para veículos O saldo de operações para a compra de veículos voltou a apresentar queda no mês passado, após breve recuperação em dezembro.

De acordo com dados do BC, o saldo na carteira de pessoas físicas com recursos livres caiu 0,2%, para R$ 183,9 bilhões. Em 12 meses, o saldo acumula queda de 4,7%.Ao longo do ano passado, o BC alterou regras para depósitos compulsórios e fatores de ponderação de risco visando estimular a concessão de crédito nesse segmento.

As concessões tiveram queda de 23% no mês passado, para R$ 7,795 bilhões. A inadimplência nessa modalidade mostrou estabilidade em 3,9%. A taxa de juros média teve alta de 2 2,3% para 23,8% ao ano. Em 12 meses, o juro médio subiu 1,1 ponto percentual. Entre medidas anunciadas pelo BC estava um “estímulo” para os bancos elevarem as concessões para compra de veículos.

Se a instituição quiser continuar deduzindo do recolhimento compulsório, a carteira nessa modalidade tem de subir 20% acima do verificado ao longo do primeiro semestre. Se a instituição quiser deduzir ainda mais, tem de ampliar a carteira, em média, mais que esses 20%. Também caíram ponderações de risco para diferentes prazos. O BC não mais restringe, via medidas prudenciais, financiamento com mais de 60 meses. Em outubro o mesmo tipo de medida foi ampliada para as concessões voltadas a capital de giro.

 

Dólar e juros sobem com piora na percepção de risco

Os efeitos da crise em torno da Petrobras, que culminaram com o rebaixamento do rating de crédito da empresa para grau especulativo pela Moody's na segunda-¬feira, há tempos têm extrapolado os limites da companhia e do mercado de ações de forma geral. O dólar e os juros futuros, vistos como importantes medidas de risco, vêm sendo impactados pela avalanche de notícias negativas envolvendo a estatal e a piora da perspectiva para a economia brasileira.

Exatamente por isso a reação desses ativos ao rebaixamento da nota de crédito da Petrobras não foi tão intensa no pregão de ontem. A moeda americana subiu 1,38%, para R$ 2,8698, enquanto o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021, mais sensível a aversão a risco, avançou para 12,58%, ante 12,54% no ajuste anterior. "Houve algum contágio inicial para os preços da dívida externa e para os mercados locais, mas uma série de más notícias já estavam refletidas nos preços dos ativos de tal forma que os efeitos secundários adversos têm sido mínimos", avalia Siobhan Morden, chefe de estratégia de renda fixa do Jefferies Group.

Dentro do mercado de DI, uma medida que ilustra o aumento da percepção de risco é a inclinação da curva a termo entre o DI para janeiro de 2021 e o DI para janeiro de 2017. Quanto menor essa inclinação, menor a percepção de risco do investidor no longo prazo. Essa diferença ontem era negativa em 0,38 ponto percentual, ante ¬0,41 ponto de terça¬-feira. Essa diferença chegou a ser de ¬0,71 ponto no dia 26 de janeiro, quando os mercados passaram a depositar mais confiança na autonomia do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Desde então, essa diferença vem aumentando. A preocupação com a Grécia, a escalada do dólar ante o real, dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal, além da piora da perspectiva para o PIB neste ano ¬ com a possibilidade de racionamento de energia ¬ ajudaram a compor o quadro de maior aversão a risco, que foi agravado pelo falta de solução para a crise na Petrobras. A contaminação dos problemas da Petrobras à percepção de risco se dá por várias frentes.

A estatal é a maior empresa brasileira e estima¬-se que seus investimentos representam, de forma direta e indireta, o equivalente a 10% do PIB. Além disso, o maior acionista da companhia é o governo federal, o que alimenta o debate no mercado sobre o risco de o governo ter de capitalizar a empresa o que teria implicação para o resultado fiscal.

"Se o governo precisar capitalizar a Petrobras, o risco de um rebaixamento para 'junk' [grau especulativo] da nota de crédito soberana é maior", afirma o analista de pesquisa macroeconômica do Barclays Bruno Rovai.

A analista da Jefferies lembra que o bônus em dólar de dez anos do Brasil já está sendo negociado com um prêmio de 50 pontos¬-base em relação aos bônus de países como Paraguai e Guatemala que têm rating de crédito "BB", o que implica que o risco de perda do grau de investimento já está, em parte, no preço.

Para Siobhan, as agências de rating vão esperar para avaliar o desempenho fiscal do governo brasileiro neste ano, e uma eventual perda do grau de investimento pelo Brasil viria só em 2016.

Para o chefe de pesquisa para mercados emergentes da Tandem Global Partners e ex¬-diretor de assuntos internacionais do BC, Paulo Vieira da Cunha, um dos motivos para o rating do Brasil não ter sido rebaixado é o fato de o país ter uma dívida externa pequena e um volume de reservas internacionais suficiente para cobri¬la, que soma hoje US$ 371,89 bilhões.

No entanto, Cunha chama a atenção para o aumento do endividamento externo das empresas brasileiras, que podem começar a ter dificuldade para rolar essas dívidas, o que afeta as expectativas para captações externas. A própria estatal é o principal emissor de dívida privada do Brasil.

A maior aversão a risco e o próprio impacto no fluxo cambial podem aumentar a pressão sobre o câmbio, reduzindo o espaço para o Banco Central encerrar o programa de venda diária de swaps cambiais, estendido até o fim de março. "É importante que haja uma desvalorização do real, porque há um déficit externo que é insustentável, mas a rápida velocidade desse ajuste pode forçar o BC a ter que renovar o programa", diz Cunha.

 

EXAME

Moody's diz que não há impacto na nota do Brasil

São Paulo - O analista sênior para rating soberano da Moody'’s, Mauro Leos, manifestou em nota ontem que, nos vários cenários traçados para a economia do Brasil, mesmo o que considera algum apoio financeiro do governo à Petrobras, a dívida pública bruta não vai superar 70% do PIB.

"Esse nível (de dívida) continuará compatível com o rating atual do Brasil", que é de Baa2 - o segundo menor dentro da escala de grau de investimento da agência.

"E isso nos manterá confiantes de que o governo vai responder com um plano crível para atingir a consolidação fiscal, a melhora das métricas da dívida e o fortalecimento dos investimentos e do crescimento", afirmou.

De acordo com Leos, caso ocorresse um choque que elevasse os níveis da dívida para acima de 70% do PIB, isso poderia "certamente colocar pressão significativa" sobre o atual rating soberano.

"Mas nossa avaliação sobre a força do crédito do Brasil poderá continuar sendo guiada pela nossa avaliação da credibilidade dos planos do governo e das perspectivas econômicas e fiscais do País para o médio prazo", completou.

Apesar de acreditar que, mesmo com um eventual apoio financeiro à Petrobras, a dívida do Brasil continuará num nível compatível com o rating atual, Leos havia dito, na semana passada, que há uma "interconectividade" alta da petroleira com a economia - ou seja, que uma piora na empresa poderia afetar a atividade do País, com consequente impacto na nota.

Ele havia ressaltado que as previsões para o Brasil este ano não eram nada animadoras, variando de estabilidade a queda de 1% no Produto Interno Bruto.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Com ajuste fiscal em xeque, governo tenta evitar rebaixamento do país ¬

Sob crescente ceticismo quanto às promessas de ajuste fiscal, o governo Dilma Rousseff tenta agora evitar que a perda do selo de investimento seguro da Petrobras contamine a avaliação de toda a dívida pública. Enquanto o rebaixamento da nota de crédito da estatal pela agência Moody's alimenta temores de um socorro com dinheiro do Tesouro, as finanças federais estão longe de dar sinais de melhora.

Divulgados nesta quarta (25), os primeiros resultados da arrecadação tributária na gestão do ministro Joaquim Levy (Fazenda) mostram que a paralisia econômica – agravada por incertezas políticas e tensões sociais como a greve dos caminhoneiros– dificultará o reequilíbrio do Orçamento.

Sob o impacto da retração na indústria e no comércio, a receita de impostos, taxas e contribuições caiu 5,4% em janeiro, já descontada a inflação, ante o período correspondente do ano passado. Os dados da quarta queda mensal consecutiva ilustram o risco de um círculo vicioso em que os anunciados cortes de gastos públicos e aumentos de tributos piorem ainda mais a atividade econômica, comprometendo os resultados da arrecadação.

Não por acaso, as expectativas dos analistas de mercado estão se distanciando da meta anunciada pela Fazenda de poupar R$ 66 bilhões neste ano para o abatimento da dívida pública, um ajuste de quase R$ 100 bilhões em relação ao deficit contabilizado em 2014.

Segundo pesquisa do Banco Central, o ponto central das estimativas de bancos e consultorias está em R$ 55 bilhões –e em queda. Como o pessimismo afeta as decisões de contratar e investir, a equipe de Levy procura estancar a perda de confiança: a estratégia do governo envolve tanto evitar novos rebaixamentos da Petrobras quanto demonstrar a viabilidade da meta fiscal.

A primeira tarefa deverá ser dificultada pela evolução das investigações de corrupção na estatal, que até hoje não conseguiu publicar um balanço de 2014 referendado por auditores externos. No segundo caso, permanecem obscuras as dimensões do corte de despesas a ser anunciado pelo governo, que ainda não dispõe de um Orçamento aprovado.

De mais concreto, apenas a perda de R$ 7 bilhões na arrecadação de janeiro (de R$ 125,3 bilhões no total), distribuída entre os tributos mais importantes. A nova gestão da Fazenda, ao menos, não faz mais previsões irrealistas: avaliou que a receita só se recuperará quando a economia recobrar o fôlego. 

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