DIÁRIO DO NORDESTE (CE)
Construção civil espera mudanças na economia
A expectativa da indústria da construção civil cearense é de mudanças radicais na condução da economia nacional, com os novos ministros anunciados pela presidente Dilma Rousseff, ontem. "Essa equipe vem com uma linha diferente, de ajustes firmes, essa é a nossa esperança", afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro de Holanda. "Nós temos muita esperança de que o segundo Governo Dilma mude totalmente em relação ao primeiro", complementa.
Na opinião dele, os novos ministérios da Fazenda e do Planejamento precisam sinalizar uma mudança de postura em relação setor produtivo. "É preciso mostrar que o desenvolvimento passa por nós. Passa por educação, saúde, mas também passa por infraestrutura, e a infraestrutura passa pelo setor da construção civil", defende.
O presidente também acredita que a nova condução da economia do País irá influenciar no Executivo estadual. "Nós esperamos, também, que ele (Camilo Santana) siga a mesma linha de austeridade. Camilo é uma pessoa que nos ajudou bastante com o Minha Casa Minha Vida, realmente mudou bastante a face do programa", ressalta.
"É uma equipe que vai fazer o dever de casa: ajuste nas contas públicas, controle da inflação, liberação do câmbio. Assim, nós voltaremos a trabalhar com previsibilidade. Nós esperamos que a equipe tenha autonomia para implantar os ajustes que o Brasil está precisando", acrescenta o presidente da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE), Marcos Novaes.
Debate
O presidente do Sinduscon-CE avalia que o Fórum Brasil em Debate leva discussões nacionais importantes para além do Sudeste, facilitando a tomada de atitudes de investimento mais firmes pelo empresariado cearense. Além do economista Eduardo Giannetti, já haviam palestrado em edições anteriores do evento Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Amorim, Dony de Nuccio e Arnaldo Jabor.
"São grandes palestrantes. Eles nos dão caminhos para que nós possamos tentar influir nas decisões dos governos", afirma André Montenegro.
O que eles pensam
Quais são as perspectivas para 2015?
"Eu acho que é quase consenso nacional que se repetirá um quadro de baixíssimo crescimento em 2015. Não há nenhuma razão palpável para se pensar diferente disso. A nossa expectativa é de que esse baixo crescimento sirva para que a gente faça nosso dever de casa, para nós colhermos os resultados disso em 2016".
Aristarco Sobreira
Diretor da Mercurius Engenharia
"Nós estamos tentando compreender qual a sinalização que o Governo está colocando, o que ogoverno irá fazer no próximo ano. Uma coisa é certa: o ramo da construção civil, na parte de incorporações, está aguardando as novas medidas do Governo. A gente está se preparando para saber se investe mais ou menos".
Patriolino Dias
Diretor da Dias de Sousa Construtora
TRIBUN A DO NORTE
Inflação dá um salto e aluguel vai a 0,98% em novembro
São Paulo (AE) - Puxada pelos preços de três matérias-primas no atacado - soja, milho e bovinos-, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), deu um salto este mês e acendeu um sinal de alerta sobre as pressões maiores que devem ocorrer no custo de vida do consumidor neste ano e no próximo, especialmente por causa dos preços dos alimentos. Em novembro, o IGP-M subiu 0,98%, com alta de 0,70 ponto porcentual na comparação com outubro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 12 meses, a inflação que estava perdendo o fôlego por seis meses seguidos voltou se acelerar em novembro e acumulou alta de 3,66%. Só soja, milho e bovinos responderam por quase a metade do resultado de IGP-M de novembro. No atacado, a soja subiu 6,05% este mês, seguida por bovinos (5,86%) e pelo milho em grão (10,92%).
“Houve um choque agrícola em outubro, provocado principalmente pela seca, com reflexos nos preços dessas commodities em novembro”, afirma Salomão Quadros, superintendente adjunto de preços da FGV. Ele pondera que o choque agrícola atual não foi tão forte quanto o que houve no início do ano. Em março, O IGP-M subiu 1,67% por causa dos alimentos. Mas ele ressalta que a escalada de preços dessas commodities deve ter impactos na inflação ao consumidor em dezembro e no ano que vem.
Adriana Molinari, economista da consultoria Tendências, prevê que o grupo alimentação no IPCA, o índice oficial de inflação, tenha uma trajetória ascendente. Para este mês, projeta 0,73%; para dezembro, 0,78%, e 0,90% para janeiro de 2015.
Nesta semana o Boletim Focus do Banco Central apontou que o mercado elevou de 6,40% na semana anterior para 6,43% a inflação ao consumidor medida pelo IPCA para este ano, Para 2015, a expectativa foi ampliada de 6,40% para 6,45%.
“Foi apressada a leitura feita a partir do IPCA-15 de novembro, que subiu 0,38%, de que a inflação estava perdendo força”, observa Quadros. Em outubro, o índice tinha subido 0,48%. Na sua avaliação, a alimentação em 2015 não vai ajudar a inflação. “Não haverá novas rodadas de queda de preços das commodities”, prevê. Entre maio e agosto, o IGP-M teve deflação por causa do recuo dos preços das matérias-primas.
Quadros observa que, além do fato de as commodities agrícolas deixarem de contribuir para segurar a inflação, em 2015 haverá pressão exercida pelos preços administrados, que vão ser reajustados. Também a perspectiva da volta do imposto sobre combustíveis deve pressionar a inflação.
Essa também é a avaliação do diretor de pesquisas da consultoria GO Associados, Fabio Silveira. “Diante do resultado do IGP-M, a inflação de 2015 começa muito pressionada.” Além do efeito das cotações das commodities que, segundo ele, que foram pressionadas mais pela alta do câmbio do que pela seca, o fato de o IGP-M ter se acelerado piora o quadro para o ano que vem. É que o IGP-M é usado para reajustar outros preços, como os aluguéis. “Há também a inflação gregoriana, que é o reajuste que ocorre na virada do ano.”
VALOR ECONÔMICO
IBGE: PIB cresce 0,1% no 3º trimestre e país sai da "recessão técnica"
RIO - O Produto Interno Bruto (PIB) teve expansão de 0,1% no terceiro trimestre, comparado ao segundo trimestre deste ano, de acordo com o resultado das Contas Nacionais divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o país sai da chamada “recessão técnica”, quando há dois trimestres consecutivos de queda da atividade econômica.
O resultado ficou abaixo da estimativa média apurada pelo Valor Data junto a 19 consultorias e instituições financeiras, que apontava crescimento de 0,2% no PIB do período. As projeções variaram de queda de 0,6% a alta de 0,5%. O percentual do terceiro trimestre também veio abaixo do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB e que mostrou expansão de 0,59% sobre o período de abril a junho de 2014.
No segundo trimestre deste ano, o PIB teve contração de 0,6%, dado mantido. No primeiro trimestre, houve queda de 0,2%.
Na comparação do terceiro trimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, houve queda de 0,2% no PIB. A média das estimativas do Valor Data apontava recuo de 0,2%, com intervalo entre alta de 0,1% e queda de 0,5%.
Oferta
No lado da oferta, a indústria registrou aumento de 1,7% no terceiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, resultado que veio acima da média de alta de 0,8% apurada pelo Valor Data. O setor de serviços teve expansão de 0,5% no período. A expectativa era de expansão de 0,4%.
Já a agropecuária caiu 1,9%, resultado abaixo da projeção média de queda de 0,6%.
Demanda
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias caiu 0,3% no terceiro trimestre deste ano, ante o segundo.
Já o consumo do governo aumentou 1,3% e a formação bruta de capital fixo (FBCF - que representa o investimento em máquinas e equipamentos e na construção civil) subiu 1,3% entre julho e setembro, sobre abril a junho, feitos os ajustes sazonais.
Por fim, a taxa de investimento atingiu 17,4% do PIB no terceiro trimestre.
Analistas consultados pelo Valor Data estimaram alta de 0,2% para o consumo das famílias, avanço de 1,2% no consumo do governo e aumento de 1,3% na formação bruta de capital fixo.
Setor externo
No setor externo, as exportações cresceram 1%, segundo o IBGE, enquanto as importações cresceram de 2,4% no terceiro trimestre, sobre o segundo.
A média apurada pelo Valor Data foi de aumento de 0,7% para as exportações e crescimento de 2,2% para as importações.
Juro futuro não deve ter queda expressiva com nova equipe
Embora o compromisso da nova equipe econômica com o ajuste das contas públicas seja positivo e possa levar a cortes adicionais dos prêmios de risco, analistas não veem espaço para uma nova rodada expressiva de queda dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) nos próximos dias.
Entre meados da semana passada e o pregão do dia 26, véspera do anúncio da nova equipe, o DI com vencimento em janeiro de 2021 havia caído mais de 0,70 ponto percentual. Ontem, desceu apenas 0,02 ponto, para 11,63%. Analistas também ressaltam que a diferença entre o derivativo para janeiro de 2017 e para janeiro de 2021 já está negativa em mais de 0,40 ponto. Esse fenômeno, conhecido como inclinação negativa da curva a termo, já é um sintoma evidente da diminuição da percepção de risco.
Divulgada em nota da Presidência da República, a indicação oficial do novo time econômico teve ares de anticlímax. Como esperado, Joaquim Levy será o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa assumirá a pasta do Planejamento e Alexandre Tombini seguirá como presidente do Banco Central (BC).
Futuro ministro da Fazenda, Levy deu o recado na área fiscal. O governo vai perseguir a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor público consolidado no ano que vem e de no mínimo 2% em 2016 e 2017. Embora não tenha adiantado eventuais medidas e dito que não haverá "pacote fiscal", Levy deixou claro o compromisso em alcançar um superávit primário capaz de pôr a relação dívida/PIB em trajetória cadente.
O pregão regular já havia sido encerrado quando Levy fez seu pronunciamento e respondeu perguntas a jornalistas. Mas a reação na sessão estendida ("after market") foi tímida, o que dá sustentação à tese de que o mercado "já havia se antecipado".
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o novo time econômico "começou bem", mostrando compromisso com a austeridade fiscal. Mas novas rodadas de queda das taxas futuras dependem da execução do ajuste das contas públicas. "Os juros futuros já caíram bastante nos últimos dias, se antecipando ao anúncio da equipe e não acredito que possam recuar muito mais no curto prazo", afirma Rosa.
Para o sócio-gestor da Queluz Asset Alexandre Hortsmamm, o resgate da austeridade fiscal, com compromisso de geração de superávits primários, afasta o "fantasma da perda do grau de investimento" e pode levar a uma queda adicional dos juros futuros mais longos. "Já os curtos devem seguir pressionados com a expectativa para o ciclo de aperto monetário", diz.
Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, Levy é "excepcional" e, em tese, pode entregar um superávit primário de 1,2% do PIB no ano que vem. Mas isso vai requerer um "corte importante de investimentos", o que pode não ser aceito pela presidente Dilma Rousseff. "Ela precisará reafirmar o tempo todo que o dono da economia agora é o Levy. Como isso dificilmente vai acontecer, devemos esperar trovoadas nos próximos meses", afirma Vale. "Tenho a impressão que a presidente ainda não percebeu o que vai significar esse ajuste."
EXAME
Ajustes reforçam previsão de 2015 difícil para o Brasil
São Paulo - Em suas projeções, economistas de diferentes matizes podiam discordar das medidas que deveriam ser adotadas em relação à economia no próximo ano, mas sempre houve uma unanimidade entre eles: 2015 seria um ano difícil.
Na quinta-feira, 27, a fala conjunta dos futuros ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, ao lado do reconduzido presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou a projeção.
O ano será de duros ajustes que vão afetar a vida de todos os brasileiros. Pode parecer um contrassenso, mas a mensagem foi bem recebida pelos economistas.
Isso ocorreu porque, diferentemente da atual equipe econômica, a nova mostrou que reconhece o cenário ruim e sinalizou que vai trabalhar para corrigir a rota.
"A nova equipe econômica é uma clara mudança de rumo", diz o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso.
"E é uma mudança correta, porque os resultados do primeiro mandato se mostraram ruins. Então, agora não tem mais sentido qualquer análise catastrófica para a economia no ano que vem."
Segundo ele, um dos efeitos imediatos é o de que o mercado de trabalho, que começava a dar sinais de arrefecimento, não vai piorar tanto como o esperado.
O economista Eduardo Giannetti, que trabalhou na campanha da candidata à presidente Marina Silva (PSB), ainda tem dúvidas sobre se haverá espaço político para a nova equipe trabalhar, mas concorda com a visão.
"Caso o novo ministro possa colocar em prática suas ideias, é possível que o cenário de turbulências comece a mudar."
Ano duro
Uma boa pista sobre qual será o impacto de um eventual ajuste no dia a dia das pessoas está no valor anunciado do superávit primário (a economia do governo para pagar os juros da dívida). Levy falou em 1,2% de primário.
Ele é conhecido por ser um ortodoxo, então, a expectativa é de que faça um primário sem truques, que dependa de uma arrecadação mais robusta e de um legítimo corte de gastos.
"Nesse cenário, não tem mágica: teremos aumento de impostos e cortes de subsídios", avalia Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada.
Já se prevê aumento da Cide, que hoje está zerada, o que vai elevar o preço da gasolina. Também existe a expectativa de que as passagens de metrô e de ônibus, hoje represadas, sejam reajustadas.
O mesmo vai ocorrer com a energia. Pelas expectativas da Tendências Consultoria, o reajuste médio da conta de luz será de 18%.
O aumento das tarifas vai pressionar a inflação, que já encostou no teto da meta (de 6,5%). Assim, para fazer a inflação ceder, será preciso segurar o consumo.
A Selic, a taxa básica de juros, com certeza será elevada, encarecendo o crédito. As prestações, do calçado mais básico ao carro mais luxuoso, vão ficar maiores.
Gastos públicos
Há porém uma expectativa positiva em relação ao outro lado da equação do ajuste: o lado do gasto público.
"Se Joaquim Levy cortar gastos ou ao menos segurá-los para que parem de subir acima da receita, teremos dois efeitos benéficos", diz Marina Santos, economista-chefe da gestora Mauá Sekular.
O primeiro, diz ela, é aliviar a alta dos juros. A Selic ainda seria elevada, mas em pontos porcentuais menores. Assim, o tranco sobre o crédito tenderia a ser menor.
Isso é possível porque, para cada ponto porcentual a mais que o governo poupa, representa um ponto porcentual a menos para se elevar na Selic.
O outro fator positivo é que um governo mais austero será capaz de resgatar a confiança de consumidores e, principalmente, de empresários e investidores.
"O cenário para 2015 vinha se deteriorando há meses e tudo indicava que o País caminhava para a recessão, aumento do desemprego, queda da renda, com inflação e perda do grau investimentos: poderíamos retroceder uns 10 anos", diz Marina.
"Ainda não temos os detalhes sobre o ajuste, mas se o discurso for posto em prática, pode recuperar a confiança."
Em outras palavras: o ajuste vai doer em 2015, mas pode deixar a economia mais saudável a partir de 2016.
FOLHA DE SÃO PAULO
Consumo tem menor taxa no 3º tri desde 2003 e afeta resultado do PIB
Motor da economia do país nos últimos anos, o consumo das famílias dá sinais de esgotamento e cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre frente ao mesmo período de 2013. Trata-se da mais baixa taxa desde terceiro trimestre de 2003, quando o país vivia uma crise no primeiro ano do governo Lula.
No segundo trimestre, a alta havia sido de 1,2% na mesma base de comparação, segundo o IBGE. Na comparação com o segundo trimestre, o consumo das famílias caiu 0,3%. Foi a maior queda desde o último trimestre de 2008, quando a crise internacional derrubou a economia e o consumo.
O consumo, sozinho, corresponde a cerca de 60% do PIB brasileiro. Para o IBGE, o fraco crescimento do crédito, abaixo da inflação, é um dos principais fatores que restringem o ímpeto das famílias a gastarem.
O crédito subiu 5% em termos nominais, sem considerar a inflação. Ao levar em conta os índices de preço (o IPCA está na faixa de 6,5%), as concessões de financiamentos, por tanto, estão em terreno negativo.
Outros fatores que limitam o consumo são um mercado de trabalho com sinais cada vez mais claros de desaquecimento, com a taxa de desemprego em patamar baixo graças apenas à saída de pessoas do mercado de trabalho em razão de uma menor procura e crescimento menor da renda.
PEQUENO CRESCIMENTO
Após dois trimestres consecutivos em queda, a economia do país cresceu apenas 0,1% do segundo para o terceiro trimestre deste ano e saiu, em tese, da chamada recessão técnica. Pelo critério adotado por uma ala de economistas, esse cenário ocorre quando há dois períodos seguidos de declínio.
No primeiro trimestre, a retração foi de 0,2%. Já no segundo trimestre a produção de bens e serviços do país declinou 0,6% nessa base de comparação.
O resultado dos meses de julho, agosto e setembro mostra que a atividade econômica deixou a recessão, porém segue estagnada.
Em relação ao terceiro trimestre de 2013, o PIB recuou 0,2%. Com esse resultado, acumula alta de 0,2% neste ano. O indicador dos últimos 12 meses encerrados em setembro soma uma variação positiva de 0,7%.
Os dados do PIB foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE e estão abaixo do previsto pelo mercado. Segundo levantamento da agência Bloomberg com 46 economistas, era esperada alta média de 0,2% do segundo para o terceiro trimestre. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2013, a expectativa era de recuo de 0,1%.
Analistas duvidam de autonomia de Joaquim Levy
Vazada na semana passada, a oficialização da trinca Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini na equipe econômica não causou surpresas, mas o grau de autonomia e a interação entre os três são motivo de dúvidas para economistas e analistas do mercado.
Há receio sobre o quanto Dilma Rousseff será presente na condução da economia e se Levy terá carta branca para fazer os cortes necessários.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o primeiro desafio de Levy será convencer a presidente sobre a necessidade de um ajuste profundo, como o de 1,2% do PIB sugerido por ele. "A bola está com a presidente em vir a público e assinar embaixo, sem contestação, tudo o que o novo ministro está sugerindo", afirmou.
Para Antonio Correa de Lacerda, economista da PUC-SP, Dilma é e continuará sendo a dona da política econômica. A presidente, afirmou ele, fez uma concessão ao mercado ao nomear Levy, com o objetivo de preservar os gastos na área social. "Entregaram os anéis para ficar com os dedos. O mercado é insaciável e vai exigir mais. Vejo mais diálogo e uma mudança na comunicação das estratégias do governo, que foi falha no primeiro mandato", disse.
"Serão dois anos de austeridade para ter dois anos de gastança. Mas acredito que Levy terá um grau alto de liberdade; caso contrário, ele não teria aceitado o desafio", diz Marcos Weigt, especialista em gestão de riscos da SH Global Kapital.
FOGO AMIGO
Levy e Barbosa são vistos como de personalidades e visões econômicas antagônicas, o que poderá ser uma fonte recorrente de estresse.
Um colega de Levy à época do governo Lula diz que, se ele conseguir se entender bem com Barbosa (o que, segundo esse colega, será difícil), os dois serão complementares no trânsito político: Levy com mercado e Barbosa com a esquerda e empresários desenvolvimentistas.
Conta a favor disso o fato de não serem exatamente vaidosos, apesar de serem "gasosos" -querem ocupar todo o espaço que lhes derem.
O presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, que foi chefe de Levy até o início da semana, concordou que ele e Barbosa "se complementam" e dão unidade a um governo que almeja o controle da inflação, austeridade fiscal e reformas modernizadoras. O banqueiro fora convidado, mas recusou o posto de ministro de Dilma Rousseff.
Para o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Murilo Portugal, a presidente fez "excelentes escolhas". "Esperamos que essas indicações contribuam para a retomada da confiança, o que, como os mercados indicam, já começou a ocorrer", disse, em nota.
O presidente do Itaú Unibanco também aprovou a escolha. "São profissionais altamente qualificados e confio que conduzirão a política econômica de forma segura e visando a retomada do crescimento do PIB", afirmou Roberto Setubal.
JORNAL BRASIL ECONÔMICO
Mercado aprova a nomeação de Levy e Barbosa para equipe econômica
Luiz Carlos Trabucco, presidente-executivo do Bradesco, disse que novos ministros e Alexandre Tombini, que permanece no Banco Central, são pilares de credibilidade, cada um em sua área
Em comunicado, a Presidência também informou que Alexandre Tombini continua à frente do Banco Central.
Veja abaixo comentários sobre o anúncio:
LUIZ CARLOS TRABUCO CAPPI, PRESIDENTE-EXECUTIVO DO BRADESCO
"Os nomes de Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini representam pilares de credibilidade, cada qual em sua área. Mas eles se complementam e dão unidade de ação a um governo que almeja o controle da inflação, a austeridade fiscal e a elaboração de um conjunto de reformas estruturais modernizadoras."
MURILO PORTUGAL, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA FEBRABAN
"Estamos mais otimistas com o próximo ano, esperando que estas indicações contribuam para a retomada da confiança o que, como os mercados indicam, já começou a ocorrer."
JOSÉ BERENGUER, PRESIDENTE-EXECUTIVO DO JP MORGAN NO BRASIL
"As escolha são excelentes. São profissionais de muita qualidade e ótima interlocução com os setores da economia."
ARNALDO CURVELLO, DIRETOR DE GESTÃO DE RECURSOS, ATIVA CORRETORA
"O mercado está bastante ansioso (por medidas fiscais), mas, pensando de forma racional, vamos lembrar que Levy não é alguém que estava no bloco de comando nos últimos anos. (...) Eu acho natural que, antes de tomar qualquer medida, ele gaste um tempo para entender como está a casa."
"Tudo indica que ele vai ter uma autonomia grande e é sempre bom ver isso atestado. A minha percepção é que isso deve ser reforçado no discurso e deve manter o bom humor nas próximas semanas."
NEIL SHEARING, ECONOMISTA-CHFE PARA MERCADOS EMERGENTES DA CAPITAL ECONOMICS
"A nomeação de Joaquim Levy como ministro da Fazenda, em particular, vai reforçar as esperanças de um retorno a políticas mais ortodoxas durante o segundo mandato da presidente Rousseff. Enquanto a política fiscal e monetária não devem ser apertadas nos próximos trimestres, suspeitamos que a nova equipe vai lutar para avançar as reformas necessárias."
Em nota, entidades empresariais também aprovam nomes
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (FIRJAN)
"A indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda é uma prova auspiciosa e inequívoca de compromisso do segundo governo Dilma Rousseff com uma política econômica focada na estabilidade. Fica claro que o novo governo não irá transigir, a partir de agora, no combate à inflação, na condução de uma política fiscal responsável e na preservação da credibilidade internacional do país. O anúncio do nome de Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento é coerente com o perfil técnico e de qualificação que, ao que tudo indica, norteará a configuração da área técnica do novo governo."
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS (ANIBA)
"Recebemos com otimismo o anúncio da composição da nova equipe econômica do governo. Manteremos, como temos feito ao longo de nossa história, o diálogo frequente e franco que tem caracterizado nossa interlocução com os representantes do setor público, sempre com o objetivo de desenhar medidas que fomentem o desenvolvimento de canais privados de financiamento de longo prazo. Os representantes do mercado de capitais, reunidos na ANBIMA, saúdam a nova equipe econômica e colocam a Associação à sua disposição para contribuir na construção de uma agenda ambiciosa para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro."
Denise Pavarina
Presidente da ANBIMA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI)
"A CNI avalia que os nomes escolhidos pela presidente Dilma Rousseff para comandar a equipe econômica a partir de 2015 têm reconhecida competência técnica. Os novos ministros certamente atuarão de forma eficiente e eficaz para implementar as medidas capazes de elevar a competitividade da economia brasileira. Essa agenda é fundamental para o futuro da indústria. 'Queremos continuar trabalhando em colaboração com o governo para, juntos, construirmos uma agenda para o Brasil aumentar a competitividade, alcançar o crescimento vigoroso e sustentado, com uma sociedade que tenha mais igualdade de oportunidade', disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade."
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.