Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Copa reduz apetite por empréstimo

A queda no consumo durante a Copa do Mundo teve como reflexo uma menor procura por crédito em algumas linhas, ao mesmo tempo em que o número reduzido de dias úteis fez com que os atrasos de curto prazo no pagamento das dívidas aumentasse. Em um ano em que os empréstimos - em especial para pessoa física - têm perdido fôlego, fica a dúvida sobre quanto dessa perda os bancos conseguirão recompor. Divulgados ontem, os dados do Banco Central (BC) mostram que o "efeito Copa" foi pontual em algumas linhas de financiamento.

Levantamento feito pela Boa Vista Serviços, a pedido do Valor, tenta mensurar o tombo do crédito no período do Mundial, que começou em 12 de junho e durou um mês. Nesse intervalo, segundo a Boa Vista, a demanda por crédito caiu 4,3%, na comparação com igual período de 2013. No primeiro semestre como um todo, a demanda recuou 2,5%. A Boa Vista calcula essa variação da demanda usando o número de consultas à sua base de CPFs, que reúne os consumidores que deixaram de pagar as dívidas.

Os registros de inadimplentes na base de dados da Boa Vista caíram 8,6% e a recuperação de devedores também encolheu 14,4%, na comparação com o mesmo período de 2013. No acumulado do semestre, os registros cresceram 2,8% e a recuperação caiu 2%.

"A expectativa que tínhamos era que o recuo poderia ter sido maior. Houve uma queda, mas foi muito em linha com o que já acontece quando há poucos dias úteis", afirma o economista da Boa Vista, Flávio Calife. Para ele, a queda nos registros de inadimplentes se explica pela possibilidade de os bancos adiarem o envio de nomes dos inadimplentes ao birô, na expectativa de que os clientes acertassem os compromissos após o Mundial.

Em relatório, analistas do Credit Suisse também afirmaram esperar um efeito maior da Copa sobre os números de crédito em junho. "O menor número de dias úteis não parece ter causado um impacto preponderante sobre as originações no mês, contrário às nossas expectativas", disse o banco suíço.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, afirmou, em entrevista coletiva, que um possível impacto do menor acesso da população às agências bancárias pode ser visto no crédito direcionado como um todo e nos financiamentos do BNDES, que apresentaram em junho ritmo de concessão um pouco mais lento.

Os bancos, no entanto, relatam efeitos um pouco mais acentuados do menor número de dias úteis, em especial em linhas de crédito para pessoa física que não são pré-aprovadas. Modalidades como o crédito consignado e o financiamento de imóveis estariam entre as mais afetadas.

Foi o caso do Banco do Brasil (BB), que viu a produção de crédito à pessoa física cair 50% em dias de jogos em relação ao que seria a média do período, afirma Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do banco público, em entrevista anterior ao período de silêncio do BB. "Julho já é um mês em que normalmente temos uma queda no volume, já que é quando há liberação de uma parcela do 13º salário", diz. "Em termos de inadimplência ou pontualidade de pagamentos, não houve nada de muito relevante causado pela Copa", diz.

Segundo o executivo da área de consignado de um grande banco de varejo, em maio os bancos liberaram R$ 2 bilhões em crédito com desconto em folha para aposentados e pensionistas do INSS. Em junho, esse desembolso caiu para R$ 1,6 bilhão. "Em julho, caminhamos para repetir junho", conta.

De acordo com o BC, em junho foram desembolsados R$ 33,1 bilhões em empréstimos com recursos livres não rotativos, ou seja, que não foram pré-aprovados. Em um mês de 21 dias úteis - sem contar a dezena de feriados municipais em sedes da Copa -, o número indica um desembolso diário de R$ 1,6 bilhão, cifra 2,2% menor que no mesmo mês de 2013.

A Recovery do Brasil, empresa especializada em cobrança que tem participação do BTG Pactual, afirma que junho e julho foram meses muito ruins para cobrar devedores. "Não bastasse a Copa, São Paulo teve em junho a greve do transporte público", afirma André Calabró, diretor de gestão da Recovery. Ele explica que, com a paralisação, a principal mão de obra da cobrança - os funcionários de "call centers" - não conseguiu chegar ao trabalho. "Foram alguns dos piores meses de cobrança da nossa história", diz.

O financiamento habitacional também foi afetado pelo marasmo trazido pelo torneio. Na semana passada, quando apresentou o balanço semestral da modalidade, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip) apontou a Copa como causa do fraco desempenho de junho.

No mês, foram desembolsados R$ 9 bilhões em financiamento imobiliário, com queda de 19% em relação ao mesmo mês do ano passado. O financiamento de imóveis usados, mais dependente dos corretores imobiliários, foi o principal afetado. Segundo o presidente da Abecip, Octávio de Lazari Junior, julho também apresentou desempenho semelhante. "Mesmo com o fim da Copa, a recuperação não veio logo em seguida", disse.

 

AGÊNCIA ESTADO

Persiste o desaquecimento do setor de construções

Os indicadores do setor da construção civil divulgados nos últimos dias apontam para a continuidade da desaceleração. A situação é pior no tocante às obras de infraestrutura, mas os números relativos à edificação residencial e, em especial, comercial também deixam a desejar.

A Sondagem da Construção, divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas, mostrou queda, pelo quinto mês consecutivo, do Índice de Confiança da Construção (ICST). A variação negativa foi de 10,3% no trimestre maio/julho, em relação ao mesmo período de 2013, superando a registrada em junho (-9,8%). Utilizando os mesmos critérios de avaliação, a queda foi de 3,9% em janeiro. Mais do que a situação real, pioraram as expectativas.

A Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na última quarta-feira, afirma que "a atividade da construção continua se retraindo e as expectativas não são positivas". Foram insatisfatórios os números relativos ao emprego, à disponibilidade de trabalhadores qualificados, à variação da inadimplência e aos juros. Dois itens - a margem de lucro operacional e a situação financeira - tiveram, no segundo trimestre, a pior avaliação da série histórica. Pioraram também os indicadores mensais e o nível de atividade em relação ao usual - estes já estão na casa dos 40 pontos, inferiores, portanto, aos 50 pontos que separam o otimismo do pessimismo.

Entre junho de 2013 e junho de 2014, as vendas de materiais de construção, no mercado interno, caíram 13,6%. No mês, caíram 11%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção(Abramat). O recuo foi de 4,6% entre os primeiros semestres de 2013 e de 2014. E a indústria de cimento está cortando investimentos em razão do recuo da atividade da construção civil, mostrou o Estado ontem.

Até as operações de crédito realizadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), com recursos das cadernetas de poupança, perderam força em junho, com queda de 19,2% em relação a junho de 2013 (de R$ 11,17 bilhões para R$ 9,03 bilhões).

No mercado residencial, é possível supor que junho e julho sejam meses atípicos - influenciados pela paralisia dos negócios em decorrência da Copa do Mundo e das férias. Mas a queda da atividade nas obras de infraestrutura tem maior significado: os governos malogram na tentativa de elevar os investimentos.

 

TRIBUNA DA BAHIA

Queda na venda de imóveis passa dos 40% nos primeiros seis meses do ano

Carnaval tardio, realizado em março. Copa do Mundo. Eleições em 2014. Estas datas são alguns dos motivos apontados pelo Sindicato de Habitação de São Paulo (Secovi) para explicar o fraco desempenho do mercado imobiliário no Brasil e a frustração nas expectativas para o primeiro semestre deste ano.

Os dados revelam a situação mais especificamente de São Paulo, maior mercado imobiliário do País, mas segundo o Sindicato, servem também de termômetro para os outros estados.

Conforme o levantamento, a queda no número de imóveis residenciais vendidos em maio deste ano foi de 36,5% comparado ao mesmo período do ano passado. Somente no primeiro semestre deste ano, a queda foi de 41,4% em relação ao mesmo semestre de 2013.

Contatado, o Sindicato de Habitação da Bahia (Secovi-BA) afirmou não ter dados tais quais os do Secovi de São Paulo. O diretor secretário do Conselho Regional de Corretores de Imóveis 9º Região(Creci-BA), Noel Silva, afirma, entretanto, que na Bahia a situação não é diferente.

“É fator notório que houve diminuição muito grande de lançamentos no mercado imobiliário também em Salvador desde 2012 para cá por causa da saturação da demanda. O mercado sofreu uma estabilidade nos preços”, afirma.

Apesar da estabilização, o boom imobiliário vivido em Salvador nos anos de 2006 a 2011 – com a expansão daeconomia  brasileira, abertura de crédito e financiamento pelos bancos – rendeu bons frutos na opinião do diretor do Creci. Segundo ele, quem está no mercado imobiliário há muitos anos já esperava por este período que o setor está vivendo desde 2012.

“Sabíamos que o boom imobiliário em Salvador teria um prazo e depois disso o mercado voltaria aos níveis anteriores. Estamos mais realistas e diferenciados. O boom trouxe consequências boas. Profissionalizou, trouxe novidades tecnológicas, inovações de vendas, muitos detalhes interessantes. Profissionalizou o mercado. Tanto os incorporadores, como os corretores”, acrescenta.

Ele atribui o problema no número de lançamentos à diminuição da capacidade de endividamento da população e à insegurança jurídica gerada pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, que ainda será votado na Câmara. “Acredito que as coisas por aqui melhorem a partir do ano que vem, após as eleições. Mas é importante ressaltar que o mercado não está paralisado”, acredita.

Segundo o índice FipeZap, a média de preços dos imóveis no País, neste primeiro semestre de 2014, cresceu menos do que a inflação. O Índice FipeZap acompanha, em 16 cidades do Brasil, incluindo Salvador, a variação do valor médio do metro quadrado dos imóveis à venda. O Índice aponta que no primeiro semestre a alta registrada foi de 3,49%. Já a inflação fechou o período em 3,68%.

 

TRIBUNA DO NORTE

Juros para famílias chegam a 43% ao ano e atingem recorde histórico desde 2011

A taxa de juros do crédito cobrada das famílias chegou a 43% ao ano, em junho, o maior patamar da série histórica do Banco Central (BC), inciada em março de 2011. Houve alta de 0,5 ponto percentual em relação a maio.

Uma das modalidades que tiveram maior alta na taxa foi o cheque especial. A taxa subiu 3 pontos percentuais para 171,5% ao ano, em junho.  “É uma modalidade com custos mais elevados. Razão pela qual deve ser usada com muita cautela”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

A taxa do crédito pessoal apresentou alta de 2,8 pontos percentuais de maio para junho, quando ficou em 100,3% ao ano. No caso do crédito consignado em folha de pagamento, a alta ficou em 0,1 ponto percentual ao chegar a 25,6% ao ano. Já a taxa do crédito para compra de veículos ficou estável em 23% ao ano.

Segundo Maciel, os juros estão se acomodando em patamar mais alto depois do ciclo de alta da taxa básica Selic. Essa taxa básica serve de referência para os juros no mercado. No último dia 16, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC optou por manter a Selic em 11% ao ano, pela segunda vez seguida, após a taxa ter passado por um ciclo de nove altas consecutivas para conter a inflação.

 

VALOR ECONÔMICO

Ciclo atual de pessimismo começou em junho de 2013

O pessimismo na indústria já dura 14 meses. É o segundo ciclo mais longo de baixa confiança dos últimos dez anos e a segunda queda mais profunda durante esse período. O ciclo atual de pessimismo é muito diferente tanto do ciclo mais longo (20 meses entre março de 2005 e outubro de 2006) quanto do mais profundo (queda de 33% entre 2008 e 2009), observa Aloisio Campelo, superintendente-adjunto de ciclos econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para olhar o período de dez anos, Campelo gerou, a pedido do Valor, uma nova série a partir da série original. Ao olhar esse longo prazo, a linha de corte para o pessimismo ou otimismo passou a ser a média desse período, que ficou em 104,1 pontos.

Campelo lembra que no final de 2004, após a indústria se recuperar da crise decorrente da alta de juros e outras medidas adotadas no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para combater a inflação, o crescimento de 2004 não foi firme para levar a uma onda de investimento e a inflação voltou, trazendo de volta os juros. Na oportunidade, o ciclo foi longo, mas os movimentos foram suaves. Entre o início e o ponto mais "profundo" de queda, a confiança recuou 10%.

Se no ciclo mais longo a queda chegou a 10%, no mais profundo, o pessimismo se instalou quase de uma vez. Em apenas dois meses, a confiança "despencou" 25%, e depois continuou caindo por mais dois meses até acumular 33% de queda. A partir daí, começou uma trajetória lenta, porém constante de recuperação que durou oito meses. "O Brasil foi contaminado pela crise externa, mas a recuperação foi rápida", diz Campelo.

O ciclo atual de queda começou em junho de 2013 e a confiança traça, deste então, uma linha quase contínua de queda. Ela soluçou na virada de ano, mas nunca saiu da linha do pessimismo, e o recuo chega a 19%. Campelo não descarta, nos próximos meses, uma alta eventual no indicador, mas não imagina que a indústria saia da zona de pessimismo tão cedo.

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