Quarta-feira

VALOR

BC aponta riscos com retirada de estímulo e covid

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) vem ganhando resiliência desde setembro do ano passado, os níveis de provisão de crédito estão em patamar adequado, mas as perdas com inadimplência podem ficar acima do estimado dependendo do impacto da retirada das medidas emergenciais e das incertezas em relação ao avanço da pandemia.

A avaliação é do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central (BC). No seu 44 encontro, o colegiado alertou que, embora “não seja o cenário” principal, o fim dos estímulos adotados e uma duração prolongada da pandemia têm “potencial para afetar a qualidade do crédito”.

Um segundo ponto de preocupação é que “o custo de manutenção de liquidez aumentou e os prazos de captação encurtaram”. Fatores estruturais e conjunturais fizeram, por exemplo, a taxa média de captação ficar acima da taxa básica de juros “pela primeira vez desde que este acompanhamento é realizado”.

Além disso, “os prazos das captações foram encurtados em decorrência da crise, o que exige volumes maiores de liquidez disponíveis”. Mesmo assim, o colegiado considera que as instituições têm “capacidade de adaptação para lidar” com essas mudanças.

O comitê também decidiu manter o chamado Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em 0% “pelo menos” até o fim deste ano. O ACCPBrasil é uma espécie de colchão financeiro construído em tempos favoráveis.

Segundo o Comef, ao longo do segundo semestre de 2020 as instituições aumentaram as provisões para potenciais perdas, mantendo a capitalização e a liquidez do sistema financeiro em níveis superiores aos requerimentos prudenciais.

O colegiado destacou ainda os impactos positivos das regras que restringiram a distribuição de lucros pelas instituições financeiras durante a pandemia. Assim, “a cobertura dos ativos problemáticos atingiu seu maior valor histórico”.

Outro ponto considerado positivo pelo colegiado foi que as operações de crédito repactuadas durante a pandemia, das quais 84% já saíram do período de carência, têm “apresentado qualidade do crédito superior ao inicialmente esperado.”

“Os resultados dos testes para medir os impactos da pandemia mostram melhor capacidade de absorção de perdas em relação àqueles apresentados no último Relatório de Estabilidade Financeira (REF) e nas 42 e 43 reuniões deste comitê. Isso decorre principalmente da recomposição dos níveis de capital do SFN e da recuperação parcial da atividade econômica”, afirmou.

Na avaliação do Comef, a política macroprudencial adotada pelo Banco Central “tem cumprido um papel contracíclico” desde o início da crise, apoiando o setor real da economia. “O crédito cresceu sem excessos, enquanto os preços de ativos se comportaram em linha com os fundamentos econômicos, apesar da volatilidade acima do usual”, afirmou a ata da reunião.

Segundo o comitê, as medidas contracíclicas serão retiradas “gradualmente, mas sob monitoramento contínuo” do BC, já que permanecem incertezas “quanto à inadimplência e à retomada econômica” no pós-pandemia. O colegiado também recomendou que as instituições financeiras “mantenham a prudência na política de gestão de capital”.

“Ao longo de 2021, os bancos devem destinar os lucros de forma conservadora e alinhada às incertezas presentes e ao momento econômico”, disse. Em relação ao setor externo, “movimentos intensos e abruptos de reprecificação de ativos podem ter efeitos negativos para os fluxos de investimentos para economias emergentes”.

Isso porque a liquidez abundante e melhores perspectivas para economias desenvolvidas “contribuíram para aumentar riscos de cauda nos preços de ativos”. Riscos de cauda são aqueles com baixa probabilidade de se concretizarem, mas com consequências potenciais graves.

O colegiado do BC considera que “o sistema financeiro das principais economias segue resiliente”, mas afirmou que “a preservação da solvência das empresas depende da velocidade de recuperação da atividade econômica” após a pandemia. “Em algumas jurisdições [países] relevantes, já se observa elevação do número de pedidos de falência para acima dos níveis pré-pandemia”, disse o BC.

A divulgação da ata da reunião referente a semana passada foi a primeira desde 2013. O Banco Central passará a divulgar o documento após todas as reuniões, com o objetivo de aumentar a transparência das decisões do Comef, do qual faz parte toda a diretoria colegiada da autoridade monetária. O Comef volta a se reunir em 1 de junho.

 

 

Governo adia início de cobrança das linhas do Pronampe

O governo autorizou ontem os bancos a adiarem por três meses o início da cobrança dos empréstimos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), previsto para este mês. Assim, o período de carência poderá passar de oito para até 11 meses.

A concessão de mais prazo para os micro e pequenos empresários era uma das medidas que entraram no radar do governo depois que o isolamento social foi retomado em diversos pontos do país.

Segundo o Ministério da Economia, a extensão do prazo foi aprovada em assembleia do Fundo de Garantia de Operações (FGO) na última segunda-feira. “É muito importante que isso ocorra, ou ninguém vai pagar; ninguém tem condições”, disse a senadora Katia Abreu (PP-TO), relatora do Projeto de Lei (PL) 5575/2020, que propõe a conversão do Pronampe em uma linha de crédito permanente. A matéria está na pauta de votações de hoje do Senado.

Na tarde de ontem, a relatora avaliava a inclusão de pontos adicionais em seu texto, como o prazo extra para carência e o alongamento do prazo dos empréstimos de 36 meses para 48 meses. São dois pontos que foram solicitados pelo Sebrae.

A versão final do projeto de lei estava em discussão com o Ministério da Economia. “Não contávamos com a hipótese de a pandemia se intensificar”, disse ao Valor o presidente do Sebrae, Carlos Melles, ao justificar os pedidos de flexibilização do Pronampe. “Estamos quase envergonhados de pedir mais tempo, mas o fato é que a economia não andou.”

A retomada do auxílio emergencial, comentou, pode ajudar bastante as micro e pequenas empresas nessa nova etapa. Diferentemente do Pronampe de 2020, a proposta relatada por Katia Abreu estabelece que a taxa de juros será equivalente à variação da Selic acrescida de 6% ao ano.

No ano passado, o custo era de Selic mais 1,25% ao ano. Outra diferença se refere à cobertura contra perdas dos bancos usando os recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Em vez dos 85% da carteira, como no ano passado, agora será de até 25%, conforme a proposta cuja versão final ainda estava em construção.

O gerente de Políticas Públicas do Sebrae, Silas Santiago, avalia que esse novo nível de cobertura é suficiente para dar segurança às instituições financeiras, pois a taxa média de inadimplência das micro e pequenas empresas está em 8%. “Tem uma boa margem”, disse. Instituído em maio do ano passado, o Pronampe foi responsável por fazer chegar mais de R$ 37 bilhões na ponta, para quase 520 mil micro e pequenos empreendedores, segundo o Ministério da Economia.

Os recursos das operações de crédito puderam ser utilizados para investimentos e capital de giro. Carlos Melles disse que o Sebrae apoia outras propostas em análise no Congresso Nacional, como a criação de um Refis e uma “moratória” de tributos das microempresas, que seria na realidade um parcelamento. Essas proposições encontram resistência da área econômica, por isso é baixa a chance de avançarem no Congresso.

Já há muitos anos, a Receita se opõe frontalmente à criação de programas tipo Refis, por entender que eles estimulam a inadimplência. O Ministério da Economia acredita ter encontrado um substituto mais eficiente: a transação tributária. A transação permite que o contribuinte pague com desconto de juros e multas as pendências que são objeto de litígio ou que estão inscritas na dívida ativa da União.

Diferentemente do Refis, não é um parcelamento generalizado para todos os contribuintes. Nos bastidores, existe uma promessa da Receita de acelerar a inscrição de débitos em dívida ativa, para que esses possam ser objeto de transação. “O governo precisa sair do corner e as micro e pequenas empresas são o motor”, argumenta Melles. Elas representam 99% das pessoas jurídicas do país, 55% dos empregos formais e de 27% a 30% do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou.

 

Incerteza fiscal aperta condições financeiras

Os riscos em torno da trajetória da dívida pública e a deterioração das expectativas de inflação se somaram à forte alta dos juros internacionais e intensificaram o aperto das condições financeiras. Esse fator esquentou a discussão no mercado sobre os efeitos do início do ciclo de normalização da política monetária no momento em que a atividade econômica deve se mostrar bastante fraca.

Se o Banco Central optar por um aumento de 0,50 ponto percentual na Selic na próxima semana, a reação deve ser limitada, já que esse nível já está incorporado na curva de juros. Analistas, contudo, alertam para a chance de deterioração adicional das condições financeiras caso o caminho seja por manutenção da taxa Selic em 2% ou uma alta de apenas 0,25 ponto.

Elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o Índice de Condições Financeiras (ICF) já está em níveis bastante contracionistas. Quando o indicador está acima de zero, ele aponta para um aperto das condições financeiras. Abaixo de zero, indica alívio.

Pesquisadora do Ibre, a economista Luana Miranda nota que o ICF acima de 1 ponto está em um nível contracionista “que dificulta a retomada da atividade”.

O ICF agrega componentes de preços, como commodities e câmbio, de confiança dos agentes e variáveis de mercado, como índices nacionais e internacionais de bolsas, medidas de risco-país e o comportamento das taxas de juros. Com a piora nos preços dos ativos brasileiros, o indicador tem se mantido acima de 1 ponto.

“Temos visto uma reinterpretação do mercado sobre a agenda do Planalto. Antes se trabalhava com a hipótese de uma sintonia entre o Planalto e o Ministério da Economia. No entanto, uma sucessão de fatos tem levado a uma reprecificação desse cenário”, afirma o economista-chefe da XP Asset Management, Fernando Genta, ao apontar para a depreciação sofrida pelos ativos brasileiros neste ano.

O economista nota que a mudança anunciada no comando da Petrobras de forma súbita foi o primeiro evento a aumentar a desconfiança do mercado. Além disso, cita declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o setor elétrico e o Banco do Brasil; a iniciativa do Planalto de retirar o Bolsa Família do teto de gastos; e a relutância inicial do governo em relação ao texto da PEC Emergencial abarcar categorias que formam a base de apoio do Planalto.

“Essa série de fatores fez com que se reprecificasse o quanto seria o grau de suporte do presidente à agenda de reformas. É legítimo que o mercado questione e que isso se materialize nos preços dos ativos”, afirma Genta.

O economista observa que um aumento dos juros representa aperto das condições financeiras, mas como a alta da Selic já está precificada, boa parte desse aperto está dada.

Para Genta, contudo, se o BC não começar a dar agora uma resposta aos choques da economia e postergar o início do ciclo de elevação da Selic, poderia haver uma deterioração das expectativas como efeito da interpretação de um BC atrás da curva.

“A nosso ver, o BC não gostaria de correr o risco de ‘ficar para trás’ aos olhos do mercado, porque isso poderia impor um custo maior para a política monetária no futuro caso se perdesse a credibilidade no processo”, afirma o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski.

O banco britânico espera uma alta de 0,50 ponto na Selic na semana que vem, com a taxa básica encerrando o ano em 4,5%. Com outra metodologia, que tem como base os modelos do Banco Central, o Índice de Condições Financeiras elaborado pelo ASA Investments também está em um nível bastante contracionista.

O indicador atingiu recentemente o maior nível desde março de 2020, quando eclodiu a crise da covid-19 e desenha um cenário que é “o pior dos mundos” para o BC, aponta o economista-chefe do ASA, Gustavo Ribeiro. “Estamos nos aproximando da possibilidade de desancoragem das expectativas de inflação. O BC tem em mãos inflação corrente elevada e dúvidas crescentes sobre a trajetória fiscal. O resultado é um claro aumento de juros na semana que vem”, diz.

O ASA mantém um cenário construtivo em relação à questão fiscal, ao apontar que a PEC Emergencial, da forma como passou no Senado, tem efeito líquido positivo. Ribeiro ressalta, contudo, que o cenário de cauda se mostra mais forte diante da chance de a PEC ser desidratada na Câmara.

“Tudo depende da questão fiscal. Será uma reunião bastante difícil para o Copom, já que há uma deterioração importante do balanço de riscos. Apesar da pandemia trazer um risco de baixa para a atividade, ela também aumenta as pressões por uma guinada mais populista e isso atrapalha o trabalho do BC”, afirma Ribeiro.

Assim como o ASA Investments, a Armor Capital espera uma alta de 0,50 ponto na Selic agora em março. A economista-chefe da gestora, Andrea Damico, alerta, porém, que o BC pode ser percebido como leniente com a inflação caso não sancione esse aumento, levando a uma piora das condições financeiras. “O nível atual da taxa de câmbio já tem no preço que o BC irá elevar juros e dar continuidade ao ciclo de alta. Se o BC não fizer isso, podemos ter um processo ainda pior na dinâmica da moeda”, afirma a economista.

Ela aponta, ainda, para os juros de longo prazo, que podem subir ainda mais diante da possível leitura de um BC menos preocupado com a inflação corrente. Além disso, Damico diz não ver uma tendência de apreciação do real. “Se isso se confirmar, não tem muita escapatória e vamos ter mais inflação. O Focus deve continuar a ‘andar’ um pouco mais e daí, em linha com o consenso, o BC deve elevar os juros.”

Ao revisar suas projeções recentemente, o economista-chefe da Genoa Capital, Igor Velecico, também passou a considerar um cenário de câmbio mais depreciado, com o dólar em R$ 5,55 no fim do ano. Nesse ambiente, o IPCA encerraria 2021 em 4,5%.

Velecico também prevê uma alta de 0,50 ponto na Selic agora, com alguma chance de ser um aumento de 0,75 ponto. Para ele, o movimento deve dar apoio a uma melhora das condições financeiras, mas não a ponto de torná-las expansionistas. “No fundo, a diminuição da incerteza sobre a política fiscal brasileira é o que daria um alívio maior.”

O economista diz concordar com a visão de que o aperto das condições financeiras se dá, principalmente, pela desconfiança com a saúde das contas públicas. “Mas existe também um pouco de evidência empírica de que se o BC entregar altas de juros é possível haver alguma apreciação do real”, afirma Velecico, ao lembrar da valorização do câmbio após a divulgação da ata da reunião de janeiro do Copom, quando o mercado interpretou a mensagem do comitê como uma indicação mais dura em relação à retirada dos estímulos.

 

Para Fator, deter inflação requer juro real de 3%

Para desacelerar a inflação, seria necessário um juro real de 3%, mas o Banco Central não deve elevar a Selic a este ponto por causa da fraqueza da atividade, segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

O Comitê de Política Monetária (Copom) mudou de postura na virada do ano ao adicionar à constatação de que a alta dos preços do petróleo passou de choque a tendência a avaliação de que a inflação havia convertido para a meta, diz Gonçalves.

“Só essa avaliação sobre a inflação já garante uma alta da Selic. Minha leitura é que o BC elevará a taxa para algo entre 1 e 1,5 ponto percentual acima da inflação prevista nas próximas duas reuniões”, disse o economista ao participar de Live do Valor. Resta a questão do que fazer na reunião seguinte a essas duas, quando a piora da economia estará clara, afirma Gonçalves.

Assim, ele vê um cenário em que a Selic chegue a 5% ou 5,5% em 2021. “A não ser que a atividade econômica frustre tanto que essa taxa real de 1,5% não se verifique”, diz, acrescentando que este é um cenário possível.

O segundo passo do BC seria elevar a Selic a um nível que desacelere a inflação, que seria 3% em termos reais num horizonte mais longo. “Mas não vai dar para mirar esses 3% por causa da atividade.” Para Gonçalves, sem um combate adequado da pandemia de covid-19 no país, e com um cenário externo que se tornou mais desafiador, a perspectiva para a economia é desfavorável. O governo tem perdido um tempo precioso em embates com governos regionais, diz.

“O governo federal aposta numa situação de que se a pandemia e a economia vão mal a culpa é dos governadores e do distanciamento social. Acho que isso, em última instância, é o que determina a atividade econômica”, afirmou.

O atraso na volta do auxílio emergencial, principal responsável pela sustentação da demanda e da queda menor do PIB em 2020, diminui as chances de uma melhora da atividade. No fim do terceiro trimestre, quando ficou claro que a intenção do governo era zerar o auxílio, houve uma queda na atividade, lembra o economista.

O risco agora é o mesmo: um corte da transferência de renda, numa situação em que o mercado de trabalho não vai melhorar. “Há um movimento de contração da renda das famílias muito grave”, afirma.

Gonçalves observa que dados do índice de custo da construção, contido nos IGPs, mostram que o custo da mão de obra está crescendo cerca de 3% em 12 meses, o que seria uma aproximação dos reajustes de salários no setor, que foi o que mais criou emprego no ano passado.

“Os IPCs estão caminhando para 5% [no ano] e a remuneração do trabalho está em 3%. Isso é contração real da renda.” Para o economista, apenas o novo auxílio, menor e para menos pessoas, não será suficiente para sustentar o ritmo da atividade em 2021. Nem a poupança guardada pelas famílias de maior renda.

“A poupança não deve sustentar o consumo. Aquela bolha de poupança adicional do ano passado ainda está lá, parada. Enquanto a insegurança persistir esses recursos serão gastos com muita cautela”, diz.

“Caminhamos para situação bastante complicada, piorando claramente. Não tem ninguém que diga que estamos melhor do que imaginávamos no ano passado”.

Sobre a “variável Lula”, que mexeu com câmbio, bolsa e juros nos últimos dois dias, Gonçalves diz que, no curto prazo, Bolsonaro pode se beneficiar se voltar ao discurso do anti-PT. Por outro lado, neste momento é difícil antecipar o nível de apoio que o ex-presidente teria e sua capacidade de viabilizar uma candidatura de centro-esquerda à Presidência da República.

A grande novidade, diz, pode estar no desgaste de Bolsonaro com o desemprego, a inflação e a pandemia, num cenário em que ele não consiga empurrar a responsabilidade da recessão e da falta de vacinas para os governadores.

 

FOLHA

Possível candidatura de Lula retarda rompimento do mercado financeiro com Bolsonaro

A possível candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sucessão presidencial em 2022 piorou o humor de algumas das principais instituições do mercado financeiro.

Elas agora relutam em romper com Jair Bolsonaro (sem partido) apesar da certeza de que o presidente não irá cumprir a prometida agenda liberal e que trabalha, nos bastidores, para agravar ainda mais o quadro fiscal como forma de viabilizar sua reeleição.

Antes da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que anulou todas as condenações contra o ex-presidente pela Justiça Federal de Curitiba –devolvendo, assim, os direitos políticos a ele– nesta segunda-feira (8), banqueiros e gestores dos maiores fundos de investimento do país já estavam prestes a romper com o governo.

Contrariados com as promessas liberais não cumpridas, a intervenção de Bolsonaro na Petrobras e nas estatais, e céticos em relação ao poder do ministro da Economia, Paulo Guedes, representantes das maiores instituições financeiras do país se animavam com a possibilidade de apoio a um nome de centro para a sucessão presidencial.

Esse grupo recebeu a decisão de Fachin como um balde de água fria.

A Folha ouviu dois presidentes dos maiores bancos comerciais, dois gestores de investimentos e dois economistas-chefe de instituições financeiras, sob condição de anonimato.

O clima de frustração entre eles foi unânime. Afirmaram que o setor estava muito perto de um rompimento com Bolsonaro diante do agravamento acelerado dos principais indicadores da saúde financeira do país: inflação, câmbio, juros, endividamento e risco-país.

Um dos bancos operava com dois cenários no início deste ano. No mais otimista, que previa travas de controle fiscal na PEC Emergencial (que prevê contrapartidas na nova rodada de auxílio emergencial), o país conseguiria manter o câmbio na casa de R$ 4,70 e a inflação sob controle.

No modelo mais pessimista, o governo não conseguiria impor rigor fiscal na PEC e o câmbio chegaria a R$ 6 rapidamente com inflação em alta. Nesta terça-feira (9), o dólar fechou a R$ 5,80.

Diante desse cenário político, avaliam que será preciso “dar alguns passos atrás” porque Bolsonaro voltou a ganhar força e pode preservar o apoio do setor caso sinalize com alguma reforma, qualquer que seja.

Sabem que dificilmente reformas mais estruturantes serão realizadas mas, para redobrar a aposta, Bolsonaro “terá de entregar alguma coisa”, ainda que seja um simplificação tributária. Neste caso, querem um compromisso do próprio presidente e da ala ideológica.

Do ponto de vista do controle fiscal, já não basta mais medidas paliativas como o fim do abono salarial ou o congelamento de salário de servidores. Para o mercado, essas medidas já deveriam ter sido tomadas há mais tempo como forma de abrir algum espaço para despesas agora necessárias com a pandemia.

Como ainda não precificaram o "risco Lula" —cálculo do impacto da candidatura nos indicadores econômicos aos quais está atrelada a remuneração dos investimentos—, não têm um "plano B".

Analistas não descartam a possibilidade de Lula adotar um tom mais conciliador e de preocupação com as contas públicas, como na eleição de 2002.

No entanto, resistem ao petista porque não querem a volta das políticas de aumento da intervenção do estado na economia e nas empresas, como a concessão de subsídios diretos a setores ou por meio de créditos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Mas reconhecem que haverá um racha no empresariado. Para eles, setores pouco produtivos e contrários à abertura de mercado, como a indústria, tendem a apoiar Lula mirando a volta das políticas assistencialistas.

Esses banqueiros avaliam que, apesar de Bolsonaro estar mais confiante na aprovação pelo Congresso de uma pauta "mais populista capaz de garantir a reeleição", o setor tem mais chances de alguma reforma com Bolsonaro do que com Lula devido à base de apoio que o presidente arregimentou no Congresso.

Isso não significa que estejam confortáveis com essa possibilidade. O mercado considerou a votação da PEC Emergencial como marco da retirada de apoio ao governo. Caso a PEC fosse aprovada sem as travas fiscais, marcaria a debandada de instituições nacionais, agravando a queda da Bolsa.

Desde que foi submetida ao Senado, esses executivos consultados pela Folha afirmam que vêm monitorando a atuação do Planalto nos bastidores.

Seus emissários detectaram a intenção de Bolsonaro de retirar da PEC gastos sociais para, assim, escaparem da lei do teto —regra fiscal que restringe a correção das despesas de um ano à inflação do ano anterior.

Uma brecha no texto poderia tornar sem efeito o trecho que previa cortes de benefícios tributários, deixando intocados os incentivos existentes hoje na legislação.

Apesar do esforço do Planalto em agradar a base aliada, o Senado preservou dispositivos que garantiram algum controle fiscal.

Esses banqueiros afirmam que, nesta semana, com o texto tramitando na Câmara, Bolsonaro delegou a tarefa de conseguir novas brechas para gastos fora do teto para um deputado da base aliada e a seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Segundo esses executivos, Bolsonaro queria conceder benefícios para setores da economia que o apoiam --como a indústria-- e beneficiar categorias do ajuste, como policiais e outros profissionais da segurança pública. Escapariam, por exemplo, de congelamento salarial.

No entanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira (9) que a "maioria esmagadora" dos partidos da base apoia o texto como veio do Senado, para acelerar a liberação do auxílio emergencial.

Nas últimas semanas, a B3 perdeu mais de R$ 15 bilhões com estrangeiros que venderam suas ações de empresas nacionais, especialmente Petrobras. Com a alta dos combustíveis, Bolsonaro interveio na petroleira trocando o presidente, que resistia a conter as remarcações com caixa da companhia.

O principal executivo de um banco estrangeiro de investimento ironizou a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o dólar chegaria a R$ 5 se o governo “fizesse muita besteira”.

Na segunda-feira (8), o dólar ficou R$ 0,10 mais caro. A moeda fechou em alta de 1,67%, a R$ 5,7770, maior valor desde 15 de maio de 2020. Nesta terça (9), foi a R$ 5,7920.

Os juros futuros para alguns contratos de dez anos bateram 9%, o que pressiona a alta dos juros que indexam a economia no curto prazo. Na média, o juro para janeiro de 2031 foi de 8,22% para 8,45%. Isso significa que, para financiar sua dívida, o governo está pedindo mais prazo e pagando mais para ter crédito. O juro para janeiro de 2025 foi de 6,95% para 7,27%.

O risco-país medido pelo CDS de cinco anos subiu 9,55% nesta segunda, próximo ao fechamento do mercado, indo a 215,258 pontos, maior nível desde novembro de 2020.

A decisão de Fachin aos olhos do Mercado

A posição de altos executivos do mercado financeiro sobre o quadro eleitoral que se anuncia para 2022

LULA

•        A maioria recusa a volta de uma política populista implementada pelo PT marcada pela maior participação do estado na economia e nas empresas por meio de subsídios e empréstimos com dinheiro público num momento de aperto fiscal severo e aumento da dívida pública

•        Banqueiros consideram que parte do empresariado avesso à política da livre concorrência poderia abrir dissidência e apoiar a candidatura. Nesse time, estariam principalmente setores da indústria que temem a abertura comercial

BOLSONARO

•        Altos executivos do setor financeiro avaliam que o presidente estava a um passo do rompimento com o setor diante de suas sucessivas tentativas de minar as metas fiscais e recusa em levar adiante a promessa de campanha de implementar a agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes

•        Com a decisão do ministro do STF Edson Fachin, a avaliação é a de que Bolsonaro pode sustentar o apoio do setor caso acene com medidas reformistas, quaisquer que sejam. Não querem saber, porém, de “acessórios fiscais”, como o fim do abono salarial ou o congelamento de salários de servidores, por exemplo.

 

Barclays eleva previsão de inflação para o Brasil a 4,5% e prevê aumento de juros de 0,5 p.p

A inflação brasileira ficará significativamente acima do centro da meta este ano, forçando o Banco Central a elevar a taxa Selic mais rápido do que o anteriormente previsto, começando com um aumento de meio ponto percentual na próxima semana, disseram economistas do Barclays nesta terça-feira (9).

Em nota a clientes, eles aumentaram a projeção de inflação de fim de ano de 3,9% para 4,5%, acrescentando que os riscos continuam inclinados para alta. Isso ocorre apenas um mês após terem elevado a perspectiva ante um patamar de 3,6%.

A meta do BC para 2021 é de uma inflação de 3,75% medida pelo IPCA, com uma margem de erro de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Os dados oficiais mais recentes mostraram uma alta de 4,57% do IPCA-15 nos 12 meses até janeiro, impulsionada pela continuidade da alta dos preços dos alimentos e das commodities.

Os economistas do Barclays agora esperam que o Copom eleve a taxa Selic em 50 pontos-base na próxima semana, a 2,50%, e continue elevando os juros até 4,50% no final do ano.

"O (Copom) não gostaria de correr o risco de 'ficar para trás da curva' aos olhos do mercado, pois isso poderia representar um custo maior para a política monetária no futuro caso se perdesse a credibilidade nesse processo", escreveram.

 

Presidente do Banco Central age junto a Lira contra posição de Bolsonaro

O anúncio feito no início da tarde de ontem pelo relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do auxílio emergencial, deputado Daniel Freitas (PSL-SC), de que manteria o texto aprovado pelo Senado, foi o primeiro resultado prático da intensa negociação nas últimas 24 horas para evitar uma desidratação maior das medidas de controle de despesas, os chamados “gatilhos”, previstas no texto.

E quem atuou como porta-voz da equipe econômica foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, escalado para tentar reverter o risco de mudanças na PEC – que deve ser votada hoje na Câmara. Campos se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com líderes da base aliada do governo na residência oficial da presidência da Câmara, no Lago Sul, bairro nobre da capital federal.

Preocupado com a piora do humor no mercado financeiro, Campos Neto alertou para os riscos de mais perdas nas contrapartidas fiscais da PEC, consideradas essenciais pela equipe econômica para mostrar uma sinalização de compromisso do País com o equilíbrio das contas públicas e evitar a disparada da inflação e dos juros. O horário do encontro foi logo cedo, após a abertura do mercado, quando o dólar à vista batia em R$ 5,8593 – uma alta de 1,40%.

Depois da reunião, se seguiram as falas de Freitas e do próprio Lira em defesa da previsibilidade das ações e confirmando que o relator havia concordado com a posição dos líderes de não desidratar o texto. O encontro entre Campos Neto e Lira só entrou na agenda do presidente do BC depois.

Até a noite de segunda-feira, o placar da PEC parecia ser favorável ao movimento liderado pelo deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), que desde o final de semana trabalhou intensamente para blindar as forças policiais da União e dos Estados do alcance dos gatilhos. Uma vez acionados, eles impedem aumento de gastos de pessoal e colocam em prática o congelamento de promoções, reajustes e novas contratações.

Foi o próprio presidente Jair Bolsonaro que deu sinal verde para que a concessão fosse feita na Câmara, um aceno à sua principal base de apoio eleitoral. Vitor Hugo praticamente acampou no Palácio Planalto ao lado de parlamentares da bancada da bala e representantes sindicais das diversas categorias de policiais, na tentativa de executar o que vem sendo chamado de “quinto capítulo” da estratégia de manter as forças de segurança a salvo de medidas duras do ajuste fiscal. A estratégia bem-sucedida em angariar o apoio do presidente começou na reforma da Previdência e continuou na reforma administrativa e terminou na votação da lei 173, de socorro a Estados e municípios, que teve como contrapartida o congelamento do salário dos servidores.

Reação

Lideranças governistas ficaram irritadas com o movimento do ex-líder do governo e da sua tropa de parlamentares, passando por cima do acordo fechado com o Senado para que a proposta fosse aprovada com urgência e sem maiores ruídos por causa do cenário de alta volatilidade e incerteza que os indicadores do mercado financeiro têm retratado nos preços. O assunto comentado é que essa blindagem poderia descredenciar o acordo político, que marcou uma articulação mais azeitada entre as presidências da Câmara e do Senado.

O tema é delicado por conta do envolvimento direto de Bolsonaro, passando por cima da proposta da equipe econômica. E ninguém quer bater de frente com Bolsonaro. Na véspera, o presidente já tinha anunciado a intenção de blindar os militares e retirar mais dois itens do texto, motivo de abertura em queda da Bolsa ontem.

Como mostrou o Estadão, também foi o presidente que deu aval para negociação no Congresso para retirar o orçamento do Bolsa Família do teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação, com o objetivo de ter mais recursos para gastar em ano pré-eleitoral. Depois da repercussão negativa dos investidores, parlamentares do Centrão desistiram de levar adiante a ideia, já que cairia neles o carimbo de fura-teto.

Coube a Lira dar um recado, por vias indiretas, ao comentar como o presidente reagiu à decisão do relator de manter as contrapartidas como foram aprovadas no Senado. “Recebeu muito bem, tranquilo e sereno, porque sabe que a PEC tem e teve origem no Legislativo, é de autoria de um senador, foi votada no Senado, será votada na Câmara e promulgada pelo Congresso.”

A avaliação no momento entre lideranças governistas e integrantes da área econômica, que defendem a PEC sem desidratação, é que o placar do jogo ainda não está definido, mas a situação não está mais como na segunda-feira à noite, tranquila para Vitor Hugo e sua tropa. “O jogo está virando”, resumiu uma dessas fontes com esperança de uma vitória final.

 

Novo cenário político faz consultorias preverem deterioração na economia

A incerteza gerada pelo novo cenário político, com a possibilidade de o ex-presidente Lula se candidatar e o risco de o presidente Jair Bolsonaro adotar uma agenda mais populista para ganhar popularidade até 2022, que se soma a um cenário já conturbado na economia, já fez consultorias e corretoras reverem suas projeções macroeconômicas para este ano e para o próximo. Em linhas gerais, os economistas apostam em inflação e taxa de juros mais altos, real mais desvalorizado e PIB mais fraco em 2022.

A MB Associados reajustou, nesta terça-feira, 9, suas estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, de 4% para 4,3%, e para a taxa básica de juros (Selic) em dezembro, de 4% para 5,5%. A consultoria também anunciou que deve rever a projeção do PIB de 2022 de 2,4% para abaixo de 2%.

“Temos dois candidatos com dificuldade de fazer gestão de política macroeconômica equilibrada. Bolsonaro está agora ainda mais impaciente para entregar algo para a população. Do lado do Lula, não o vejo fazendo uma Carta ao Povo Brasileiro. Não o vejo se aproximando do mercado. Ao contrário, a dificuldade em se relacionar com o mercado cresceu depois do impeachment da Dilma”, diz o economista-chefe da MB, Sérgio Vale.

Segundo ele, o estresse atual no mercado financeiro decorrente da incerteza política deve pressionar de forma mais permanente os preços dos ativos, como a moeda, que já está se desvalorizando. Um real mais fraco afetará o preço dos importados e, portanto, elevará a inflação. Esse cenário deve fazer o Banco Central subir a taxa de juros, o que terá um impacto negativo na atividade econômica do próximo ano.

A Necton Investimentos também revisou o IPCA, de 4,1% para 4,58%, e a Selic, de 4% para 5%. Segundo o economista-chefe da corretora, André Perfeito, o que deve pressionar mais inflação e juro, agora, é o comportamento do presidente Bolsonaro. Perfeito diz ver Bolsonaro em posição fragilizada, encurralado por diferentes atores políticos, e tendo de escolher quem serão seus aliados. Nessa situação, pode optar por medidas populistas para evitar perder sua popularidade entre, por exemplo, militares e servidores, se indispondo com o mercado. “Há um conjunto de pressões em torno do presidente, e a questão Lula é mais uma que o joga para uma situação de desconforto.”

O economista afirma ainda que a incerteza política aumentou, o que eleva também o risco de se investir no País e a taxa de juros que os investidores pedem para emprestar ao governo. Tudo isso pode reduzir a quantidade de crédito na economia e dificultar a retomada econômica.

Apesar de a consultoria LCA não ter mexido em suas projeções, seu economista-chefe, Braulio Borges, afirma que possivelmente terá de elevar a atual estimativa da Selic - hoje em 4,5%. Para o PIB deste ano, ele acha difícil haver um resultado inferior aos 3,2% que projeta hoje por causa do carrego estatístico (quando a base de comparação é baixa - o resultado médio do PIB em 2020 -, mas o ponto de partida é elevado por conta da recuperação ao longo do último semestre do ano). Borges admite, no entanto, que talvez tenha de rever para baixo o de 2022, atualmente em 3%.

Essa possível deterioração em suas estimativas, afirma o economista, também decorre do aumento da incerteza com o retorno de Lula à política. “A incerteza é a inimiga número um da decisão de se investir. O empresário vai postergando o plano de investimentos. E essa incerteza aumentou também porque não sabemos qual figurino o Lula vai vestir. Embora ele tenha sido pragmático a maior parte do tempo em que esteve na presidência, ele pendeu mais para a extrema esquerda nos últimos anos.”

A Tendências Consultoria deve divulgar suas novas projeções amanhã. O economista Silvio Campos Neto, sócio da empresa, destaca que a mudança no cenário da corrida eleitoral tem impacto maior sobre o câmbio. Outras revisões que estão sendo feitas decorrem também de alterações na economia internacional e no aumento dos riscos fiscais.

Para Campos Neto, a possível disputa entre Lula e Bolsonaro em 2022 interfere sobretudo no mercado financeiro no curto prazo. No médio prazo, pode fazer com que empresas retardem apenas os grandes investimentos. “Elas podem preferir aguardar uma definição do cenário político para ver para onde as coisas vão caminhar, mas o foco hoje ainda é a pandemia. Parte da recuperação está preservada no segundo semestre. Decisões de dia a dia de consumo de famílias e de empresas, como ajuste em estoque, estão preservadas."

Já na visão do diretor-executivo para as Américas da consultoria de risco político Eurasia, Christopher Garman,a retomada da economia independe da nova disputa política e paira sobre o controle da pandemia nos próximos 45 dias. “Se a gente atravessa esse período e a economia se recupera no segundo trimestre, aí Bolsonaro pode ser favorito independentemente do que o Lula fizer. Se o quadro sanitário ficar mais dramático, Lula será uma camada de incerteza a mais.”

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