Segunda-feira

VALOR

Ibre vê 1º trimestre ainda fraco e projeta PIB de 0,2%

Depois de frustrar no fechamento de 2019, o ritmo de atividade deve começar 2020 ainda mais fraco, mas a perspectiva de recuperação cíclica no ano está mantida. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), que projeta alta de 0,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre em relação aos três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais.

Na edição de janeiro do Boletim Macro, divulgada com exclusividade ao Valor, a equipe de conjuntura do Ibre revisou para baixo, de 0,8% para 0,6%, a estimativa para o crescimento no último trimestre do ano passado, também na comparação trimestral com ajuste. As previsões para a expansão da economia em 2019 e 2020 foram mantidas em 1,2% e 2,2%, respectivamente.

“Os sinais de fraqueza de alguns indicadores econômicos no quarto trimestre reforçam o cenário do Ibre de um crescimento ainda bem modesto no início do ano”, afirmam os pesquisadores Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos na abertura do documento. “Para o primeiro trimestre, esperamos desaceleração em todos os setores da economia”, apontam eles.

Coordenadora do boletim, Silvia afirma que o instituto não tem visão negativa sobre a evolução da atividade, mas houve certa euforia do mercado com os dados há alguns meses, que está sendo corrigida agora. “A recuperação cíclica não está perdida. Ela vai vir. Mas recuperação cíclica não é o PIB crescer 3%, 4%”, diz a economista, que aponta dificuldades para o PIB engrenar uma velocidade mais expressiva.

A diluição dos efeitos dos saques do FGTS, concentrados nos últimos três meses de 2019, não é o único fator que deve desacelerar a economia no começo deste ano, destaca o Ibre. A inflação mais pressionada também vai diminuir os ganhos de renda dos trabalhadores e, consequentemente, o impulso para o consumo das famílias.

Nas projeções da entidade, o consumo cresceu 1,1% de outubro a dezembro, mas deve subir apenas 0,3% entre janeiro e março de 2020. De maio até outubro, a inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de apenas 0,5%, observa Silvia, evolução benigna que ajudou a renda real a crescer no período, mas já ficou para trás. “Quando a inflação sobe, reduz a magnitude do consumo das famílias.

Na seção sobre mercado de trabalho do boletim, o economista Daniel Duque afirma que, mesmo com o reajuste um pouco maior do salário mínimo, fixado em R$ 1.045 mensais, os primeiros trimestres móveis da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua devem mostrar queda da renda real em 2020. Isso porque, além da alta da inflação, o aumento da informalidade tende a reduzir o impacto da correção do piso nacional sobre a renda do trabalho.

Segundo os pesquisadores Aloisio Campelo e Viviane Seda, responsáveis pela seção de confiança do Boletim Macro, as expectativas empresariais para contratação de mão de obra em 2020 estão melhores, o que indica que a confiança dos consumidores deve seguir em alta. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da FGV, subiu 2,7 pontos entre e novembro e dezembro, para 91,6 pontos.

No momento, porém, a percepção das famílias sobre a facilidade se conseguir uma ocupação ainda está próxima do piso histórico da Sondagem do Consumidor. “Uma recuperação mais consistente tende a continuar dependendo da recuperação do mercado de trabalho”, dizem.

Para Silvia, os investimentos também não devem ter bom desempenho no primeiro trimestre, depois da queda de 0,2% prevista para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das Contas Nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e inovação) entre outubro e dezembro de 2019, interrompendo dois trimestres seguidos de aumento.

Apesar do avanço estimado de 4,4% para a FBCF na média de 2020, alguns fatores devem atrapalhar o investimento neste início de ano, diz a coordenadora, como a fraqueza da indústria de transformação e a incerteza econômica ainda elevada.

Em meio à decepção com o ritmo de retomada, economistas começaram a discutir se o Comitê de Política Monetária (Copom) deve voltar a reduzir a Selic ou não, mas, para Silvia, o debate ainda não faz sentido. “Por que o investimento não está voltando? Temos incerteza elevada, questões estruturais como instabilidade de regras e ambiente de negócios menos favorável, ainda não sabemos como vai ser o regime tributário. Não é a política monetária que vai resolver isso.”

Se, passado o primeiro trimestre, a reação da atividade seguir frágil e os choques sobre a inflação se dissiparem, é plausível que o Copom reavalie seu cenário, mas cortar os juros já na reunião de fevereiro do Copom seria precipitado, afirma. “Teríamos que ter um PIB zerado ou negativo para dizer que a política monetária não está funcionando.”

 

Mercado avalia corte da Selic e inflação baixa

Ainda que de forma gradual, os agentes do mercado começam a reforçar a aposta de medidas adicionais de acomodação monetária pelo Banco Central, em um momento que a perspectiva de inflação branda se mantém firme sobre a mesa. Indicadores de atividade que frustraram os investidores nos últimos dias também deram aval para que o mercado passasse a precificar a inflação para este ano em níveis cada vez mais abaixo da meta de 4% em 2020.

Mesmo assim, os contratos de swap de juro de 360 dias continuam a indicar Selic próxima de 4,5%, o que comprova o comportamento mais cauteloso por parte dos investidores, embora as taxas futuras, por exemplo, já indiquem possibilidade majoritária de redução da Selic em fevereiro. Na sexta-feira, os juros dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) indicavam 62% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual na Selic no mês que vem, nos cálculos da Quantitas.

Também entre os derivativos, os contratos de opção de Copom, que precificam a variação da Selic definida nas reuniões do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, indicavam entre 60% e 65% de chance de corte na taxa básica no encontro de 4 e 5 de fevereiro, segundo Cássio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset.

“O preço da carne já mostra sinais de desaceleração. Nos nossos modelos, a inflação para este ano já está muito mais próxima de 3,3% do que de 3,6%. É uma reversão do choque de proteínas”, afirma Xavier. Para ele, como os investidores estão deixando de projetar um impacto maior dos preços de carnes, é natural que o swap de juro de 360 dias tenha movimentos contidos. “Algumas casas ainda estão bastante conservadoras, mas pode ser que os próximos dados gerem revisões para baixo na Selic.”

O economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, por exemplo, continua a enxergar maior possibilidade de o juro permanecer inalterado em 4,5% em fevereiro, com base na posição do BC de que as incertezas relacionadas aos efeitos defasados de transmissão da política monetária permanecem sobre a mesa.

Ele, contudo, reconhece que a chance de mais estímulos monetários aumentou após os dados de novembro. “Ainda atribuímos chance um pouco maior à estabilidade das taxas em fevereiro em relação a um corte, apesar de admitirmos que ambos os cenários poderiam ser justificados pelo BC”, afirma Secemski.

No cenário base do Barclays, o juro básico permaneceria inalterado em 4,5% nos próximos meses, enquanto o processo de normalização teria início no segundo semestre, levando a Selic a 5,25% em dezembro. Entre os que acreditam que movimentos adicionais de acomodação monetária serão necessários, os economistas do Itaú Unibanco continuam a projetar dois cortes de 0,25 ponto percentual no juro básico este ano.

O banco revisou suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e, agora, prevê que o índice oficial de inflação ficará em 3,3% este ano ante 3,5% esperados antes. Para eles, apesar da comunicação do BC ter levantado dúvidas quanto a medidas acomodatícias adicionais, as projeções de inflação “reforçam que existe espaço adicional para estímulos”.

Guilherme Abbud, diretor de investimentos da Persevera Asset Management, vê possibilidade de a Selic se aproximar de 3% ainda em 2020. “Como aconteceu em várias outras vezes, o BC acha que está no fim do processo de corte de juros e pensa que a taxa está estimulativa. Mas, quando vierem mais dados, vamos começar a perceber que a atividade continua crescendo menos do que os modelos indicavam e que a inflação continua a vir baixa”, diz.

Abbud aponta que o mercado se animou no fim do ano passado diante de expectativas de que o crescimento poderia ser mais acelerado em 2020. Ele, porém, pontua que essa expectativa já perdeu gás por se tratar “de uma repetição do filme dos últimos anos”.

Para Abbud, “o crescimento não deve chegar nem a 2% neste ano e a inflação deve seguir muito tranquila e ficar muito próxima de 3%”, o que, na visão da Persevera, permitiria ao BC efetuar reduções adicionais e de baixo risco na taxa de juros. É com esse cenário em mente que a Persevera diz achar que há bastante prêmio de risco tanto na curva de juro real quanto na de juro nominal.

Nossa posição está menor do que no passado por estarmos na mão do BC. Não temos noção sobre o quão rápido o BC vai comprar esse panorama. Pode ser que ele corte o juro agora e retome o afrouxamento apenas mais à frente. Nossa expectativa é de ir aumentando posição na ponta curta da curva ao longo do tempo”, afirma Abbud.

Do lado oposto está a SPX Capital. Em carta referente ao mês de dezembro, a gestora diz ter encerrado as alocações aplicadas nos juros de curto prazo. Para a SPX, com a política monetária “bastante acomodatícia” e a economia doméstica “em clara recuperação”, a relação entre o risco e o retorno de cortes adicionais nos juros “é ruim”.

A gestora, liderada por Rogério Xavier, projeta um crescimento de 2,5% para 2020 e diz que a inflação deve girar ao redor do centro da meta de 4%, “exigindo que o Banco Central comece a retirar parte do grande estímulo monetário que foi dado nos últimos anos”. Dado esse panorama, a SPX espera que os juros sejam elevados no fim deste ano, “provavelmente no fim do terceiro trimestre”.

 

ESTADÃO

Com queda de juros, portabilidade de crédito imobiliário dispara 175%

A sequência de cortes na taxa básica de juros e a redução do custo de financiamento da casa própria deixaram a portabilidade do crédito imobiliário mais atraente para o brasileiro – e têm feito multiplicar o número de pedidos de modalidade.

Segundo os dados mais recentes do Banco Central, de janeiro a novembro de 2019 a transferência de dívida imobiliária para outro banco somou R$ 1,46 bilhão, um crescimento de 175,43% em relação aos 11 primeiros meses de 2018.

Ao fazer a portabilidade do financiamento, o consumidor pode conseguir reduzir o valor das parcelas e melhorar as condições do empréstimo.

Se considerados apenas os dados de novembro do ano passado, 1.094 mutuários da casa própria transferiram suas dívidas. O montante total de crédito que migrou para outras instituições somou R$ 250,8 milhões, um aumento de 367,02% em relação ao mesmo mês de 2018. A média das taxas cobradas em novos financiamentos estava em 7,2% ao ano. Cinco anos antes, em novembro de 2014, era de 9,3%.

Com o custo menor, muitos bancos buscam atrair os brasileiros que possuem contratos antigos de financiamento imobiliário, em outras instituições. “Temos uma melhora da economia, que se reflete na oferta de imóveis e de crédito imobiliário. A redução da taxa de juros teve impacto na queda da taxa das operações de crédito”, afirmou o chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) do BC, João André Calvino Marques Pereira.

“A portabilidade cresceu em função da queda dos juros, mas há também uma atitude mais agressiva dos bancos”, avalia o economista José Dutra Vieira Sobrinho, especialista em Matemática Financeira. “O banco tem muito interesse em atrair o cliente. Quem entra em um financiamento habitacional se torna consumidor de longo prazo de outros produtos.”

Cálculos feitos por Dutra mostram que quem fez um financiamento há dois anos, no valor de R$ 500 mil, a uma taxa de 10% ao ano (0,7974% ao mês), possui hoje uma prestação de R$ 4.229,39 pelo Sistema Price – um dos sistemas de amortização mais comuns em financiamentos imobiliários no Brasil. Nesta conta, são considerados apenas os juros, sendo que um financiamento tradicional embute ainda os custos com seguros e os serviços do banco, como a avaliação do imóvel. O indexador utilizado para atualização do saldo no cálculo é a taxa referencial (TR), que nos últimos anos ficou em zero.

Se este cliente efetuar hoje a portabilidade do saldo ainda a ser pago (de R$ 493.323,28), para um banco que ofereça taxa de 7% ao ano (0,5654% ao mês), o valor da prestação cairá para R$ 3.282,05 ao ano. A queda é de 22,40%. “A diferença é brutal”, reconhece Dutra.

 

 

O GLOBO

'O efeito do corte de juros uma hora será superado’, diz a economista Zeina Latif

Uma das primeiras mulheres a assumir a chefia do departamento de pesquisa de uma grande instituição financeira no país, a economista Zeina Latif acaba de deixar a XP Investimentos. Ela vê uma recuperação mais forte da economia este ano, mas adverte que o país precisa de um crescimento maior, que só virá com reformas. Zeina alerta que o efeito dos juros baixos na economia tem prazo para acabar e diz que o país não pode se acomodar.

A recuperação da economia é consistente?

A recuperação está mais forte. Depois do crescimento de 1% dos últimos anos, dá um certo alívio. O risco de ter uma frustração muito grande diminuiu. Por outro lado, é importante que a gente não se acomode porque ainda é um crescimento muito baixo, à luz da recessão que tivemos, dos desafios sociais do país, onde 60% da população têm que viver com até um salário mínimo, e à luz da experiência internacional. Mas, de fato, o risco de decepção diminuiu.

Por quê?

Porque estamos falando de um país que está conseguindo, diferentemente dos anos anteriores, se beneficiar com o corte de juros. Vimos um esforço enorme do Banco Central no governo anterior que reduziu a Taxa Selic de 14,25% ao ano para 6,5% e mal se viu o impacto na economia. Uma das razões foi que, diante da gravidade da crise, o mercado de crédito não estava operacional como se imaginava. O Brasil tem uma capacidade de recuperação de garantia que é muita baixa: 14%, de acordo com o Banco Mundial. Conforme as empresas vão melhorando seus balanços e a inadimplência caindo, tende a ter uma normalização do mercado de crédito. É isso que está por trás dessa recuperação. É lógico que tem melhora da confiança, mas o grande fator é a política monetária aumentando a sua potência. O risco é se acomodar diante disso e esquecer que é um número muito baixo.

Como não se acomodar?

Acelerar com reformas mesmo que elas não tenham impacto rápido para que esses 2%, 2,5% se consolide e, mais do que isso, consiga acelerar e voltar a crescer em linha com o mundo. Tivemos um segundo semestre praticamente perdido na agenda legislativa. Era um ano importante para avançar em temas mais polêmicos, quando o presidente está com capital político e o Congresso com aquela dinâmica benigna, porque 2020 tem eleição municipal. A julgar pelos desdobramentos recentes, essa eleição já será uma preparação para 2022. Já vemos sinais de que o presidente Bolsonaro deve ter um certo protagonismo. Tudo isso pode acabar tirando ou reduzindo o foco do presidente na agenda econômica. Se fossem reformas com temas mais pacificados, eu estaria menos preocupada, diferentemente da Previdência, que havia o consenso da necessidade de introduzir a idade mínima e era um tema mais maduro no país. Eu vejo que não falta ambição ao ministro Paulo Guedes em avançar com as  reformas, mas vejo um governo que tem dificuldades para estabelecer prioridades.

Para crescer mais só com reformas?

 Estamos colhendo os frutos do corte de juros. Sabemos que, em algum momento, o Banco Central vai ter que subir juros, talvez ainda em 2020. O fato é que o efeito do corte de juros tem uma hora que é superado.

E a queda na produção industrial em novembro?

Por que estamos falando de crescimento de 2%, 2,5% e não de 3%, 3,5%? Porque tem setores da economia que estão com problema grave de baixa produtividade e, portanto, de competitividade, que vão ficar para trás. Não é o corte da Selic que vai resolver o problema da indústria. O setor de uma forma geral está com problema grave de competitividade, com parque industrial obsoleto, defasado tecnologicamente e falta de mão de obra qualificada. Nossos produtos são caros e de baixa qualidade quando se compara com o mundo. Temos cada vez mais aumentado a participação de importados na nossa cesta, mesmo com o câmbio para cima. Por isso que balança comercial está se deteriorando numa velocidade mais rápida do que era esperado. Não é a Selic que vai resolver, ainda que seja o alicerce. Investimento em infraestrutura vai ajudar a reduzir custo-Brasil. É por essa agenda que temos que seguir.

O governo tem que ser o condutor desse processo ou o Congresso pode assumir?

Ainda que haja iniciativas do Congresso importantes, eu vejo um governo que não está suficientemente estruturado para isso. Se tiver que sair alguma, será uma agenda de reformas tímida como foi no segundo semestre de 2019.

Faltou articulação ao governo?

Várias medidas foram encaminhadas ao Congresso de ajuste fiscal. Há três PECs de ajuste fiscal, mas sinto falta de uma coisa mais estruturada, estabelecendo prioridades. Acho que, no caso das PECS, foi muita matéria de uma vez para o Congresso, tardiamente. Perdemos o segundo semestre. Havia a expectativa, em razão das próprias sinalizações do Ministério da Economia, que teria uma agenda muito intensa no segundo semestre e havia disposição da Câmara para avançar com a reforma tributária. Perdeu-se uma janela de oportunidade de ter avançado nisso em 2019. O ano de 2020 é mais desafiador, com eleição municipal, um temor dos municípios de ter perda de arrecadação. A conversa fica mais difícil com eleição.

O mercado de trabalho reage pouco. Isso limita o crescimento?

Atrapalha sim. O mercado de trabalho em parte é reflexo das nossas fragilidades e, do outro lado, ao ter uma recuperação lenta, dificulta essa aceleração mais vigorosa do PIB.

Cenário externo também ficou mais complicado.

O pano de fundo ainda inspira cautela, mas é possível que estejamos vendo a redução do risco de recessão nos países avançados, mas não vejo início de um novo ciclo. Até que o comércio mundial tenha sinais mais claros, o que não acredito que vá acontecer tão cedo porque os países estão adotando medidas muito protecionistas, não veremos um ciclo econômico mais vigoroso. Esse elemento não está presente. Os países estão muito fechados. Inclusive, eu acredito que avanços no acordo Mercosul e União Europeia vão ser difíceis, não vai ser fácil colocar de pé esse acordo. Cenário internacional não é negativo, mas vai ser trabalhoso. Inclusive esse mundo mais protecionista tende aumentar risco geopolítico.

Mas as contas externas começam a preocupar.

Parte da piora do déficit (nas transações com o resto do mundo) é ineficiência nossa, da dificuldade de concorrer com o produto lá fora. Isso preocupa. Não tem um problema de financiamento, o Brasil é credor líquido, não tem problema de solvência do país. Têm esses ruídos, mas a gente se acomoda e acha que não precisa fazer reformas. Esse risco da complacência, a julgar pela nossa história, é um risco concreto. Se levar em consideração que o governo dá uma derrapadas nessa agenda. Não é uma agenda que se vê o presidente se comprometendo.

A senhora saiu da XP Investimentos, o que houve?

É um ciclo que se completa. Precisava seguir meu caminho. Estava há seis anos na XP, período que tanta coisa aconteceu. É uma empresa intensa com a velocidade com que cresceu. A empresa naturalmente vai para um caminho que já não mais de meu interesse. A XP não é mais a mesma que eu entrei lá atrás. Também cansa a correria.

Foi uma decisão sua?

Foi uma decisão minha, mas claro que de comum acordo com a XP.

Há rumores que sua saída foi provocada pelos seus comentários críticos à condução da política econômica.

Têm injustiças nesses rumores. A XP sempre me deu liberdade para fazer minhas análises. Não acho que outras casas dão tanta liberdade assim. O que não quer dizer que não tenha tido divergência. Mas na XP, sendo bem justa com a empresa, sempre tive muita liberdade. Acho que essas especulações são injustas.

A senhora teve uma posição mais crítica?

Eu tenho uma visão mais crítica, tenho mesmo, inclusive em relação à média do mercado. Tinha uma visão cética sobre nossa capacidade de crescimento em 2019, o que foi um acerto. Era cética em relação a essa ideia que iria ter uma enxurrada de recursos passada a reforma da Previdência. Em compensação, eu tinha receio de ser uma reforma muito, muito tímida, e não foi. Tinha maior preocupação com agenda de reformas, tinha muito medo de ter uma agenda tímida em 2019, aquém do prometido. E foi verdade. Mas veio coisas melhores do que eu esperava. Por exemplo, o corte de juros, tinha medo de ter de subir juros em 2019.

Não foi isso que causou sua saída?

Não foi. A XP tem lá sua missão de uma empresa que está cavando crescimento mais forte e eu quero seguir outro caminho.

Qual caminho?

Já estava trabalhando como consultora, vou continuar escrevendo meus artigos, tenho alguns projetos nessa linha. O próprio crescimento da XP tem ali umas demandas de análises mais de curto prazo, que é algo que nesse meu momento profissional já não é o que me interessa. Aquela coisa da análise bem de curto prazo, o que o Copom (Comitê de Política Monetária) vai fazer, se a inflação vai subir um pouquinho ou não vai subir. Essas análises de curto prazo, que são importantíssimas, não é mais aquilo que me move. É uma página que eu quero virar.

 

 

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