Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

BC mantém juro em 6,5%, mas sinaliza elevação à frente

Em sua última reunião antes das eleições presidenciais de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada pelo quarto encontro seguido em 6,5% ao ano. Mas, pela primeira vez, sinalizou que a taxa básica Selic poderá subir em caso de piora do cenário para a inflação ou do balanço de riscos. No comunicado divulgado após a reunião, o Copom endureceu o tom.

"Esse estímulo começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora", afirmou.

Para economistas, o Copom indicou que há a possibilidade de um aumento dos juros já nas próximas reuniões. Isso vai depender, no entanto, do resultado da eleição e das expectativas de inflação. Para Alessandra Ribeiro, da Tendências, o Copom mostrou que está atento aos riscos de possíveis efeitos adversos no câmbio e na inflação decorrentes do processo eleitoral. Para a economista, dois pontos do comunicado indicam a possibilidade de a Selic ser elevada: a sinalização de que a política monetária estimulativa poderá começar a ser retirada e a projeção de inflação em 4,5% para 2019 no cenário de referência.

"Essas duas informações se complementam", diz, ressaltando que, deste modo, o Copom deixou a porta aberta para uma eventual alta de juros já na próxima reunião, em 31 de outubro. A alta da cotação do dólar, que vem turvando o cenário inflacionário, provocou uma gradual mudança na sinalização do colegiado para os juros ao longo do tempo. Em maio, quando surpreendeu o mercado ao interromper os cortes na taxa, o BC afirmou explicitamente que considerava "adequada" a manutenção da taxa nas próximas reuniões.

Nos dois encontros seguintes, o colegiado foi mais cauteloso e se limitou a dizer que seus próximos passos dependeriam da evolução da atividade, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação. O Copom projeta que a inflação fechará este ano em torno de 4,1% e chegará ao final de 2019 em 4% - abaixo das metas centrais de 4,5% e 4,25%, respectivamente.

Essas projeções levam em conta as trajetórias de juros e câmbio estimadas pelo mercado para o período. Em cenário que contempla juros constantes em 6,5% e taxa de câmbio de R$ 4,15 em todo o horizonte, a estimativa do BC é que a inflação fique em 4,4% em 2018 e em 4,5% em 2019 - acima da meta central nesse último caso.

Economistas apostavam de forma consensual na manutenção da Selic ontem, mesmo com a deterioração das condições de mercado verificada desde a reunião anterior, com o aumento do nervosismo gerado pelas eleições e também em meio a uma piora das condições externas. Pesquisa do Valor na semana passada com 45 economistas mostrou que todos esperavam juros estáveis nesta reunião. O Copom reiterou que seu cenário básico para a inflação tem riscos favoráveis e desfavoráveis.

De um lado, o nível elevado de ociosidade na economia favorece uma inflação abaixo do esperado. Mas uma frustração em relação a expectativas com a continuidade das reformas pode contribuir para uma elevação da inflação, risco que é intensificado no caso de deterioração do cenário externo. Mais uma vez, o Copom avaliou que esses riscos negativos se elevaram.

"O BC sinaliza que se houver deterioração mais forte da taxa de câmbio daqui para frente, devido a um ceticismo maior do mercado em relação à trajetória fiscal, vai ter que começar a retirar os estímulos, ainda que de forma gradual", afirma Mauricio Molon, economista-chefe do Santander.

Para o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, embora o comunicado tenha incluído a possibilidade de início da reversão dos estímulos, a retomada da alta da taxa Selic vai depender mais do comportamento das expectativas de inflação. "Mas vejo isso como uma realidade muito distante frente ao fato de que a gente tem um quadro de expectativas de inflação para 2019 no cenário do mercado em torno de 4,1%", diz.

Na opinião de Kawall, o que pode levar a um ajuste mais forte das expectativas não é apenas um choque do câmbio, mas uma frustração com as reformas. Isso depende, contudo, do resultado das eleições e de qual será a política econômica adotada pelo próximo governo. "Hoje nós temos um cenário binário, em que os preços podem estar melhor ou pior após a eleição."

Já para Camila Abdelmalack, economista-chefe da CM Capital Markets, o comunicado mostrou uma postura mais conservadora em relação ao quadro inflacionário. Todavia, a Selic deve permanecer estável no curto prazo. Para ela, não é motivo de surpresa o fato de a autoridade ter indicado que a política monetária estimulativa poderá ser removida gradualmente caso o cenário para a inflação ou o balanço de riscos apresentem piora.

"Colocaram no papel o que todo mundo já sabe, embora sinalizar isso possa trazer alguma apreensão ao mercado." Molon, do Santander, diz que a sinalização do Copom de que se houver uma retomada do ciclo de aperto monetário ele será um movimento gradual deve levar os investidores a reduzirem as apostas em uma alta mais elevada da Selic no curto prazo - promovendo uma queda das taxas de juros futuros com prazos mais curtos.

"A tendência é o mercado moderar essas expectativas e apostar em magnitude menor de alta de juros", diz. As taxas de juros futuros refletiam no pregão de ontem uma alta de 1,02 ponto da Selic neste ano.

 

Análise: Projeção de inflação do Copom já exigiria alta de juros

A projeção condicional de inflação com juros estáveis e taxa de câmbio nos níveis atuais já recomendaria o início de um aperto monetário. A taxa Selic não subiu agora apenas porque os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fizeram o julgamento de que, neste momento, deveriam dar um peso menor a essas projeções.

Segundo projeções do Copom, se os juros ficarem estáveis em 6,5% ao ano por tempo indeterminado e a taxa de câmbio permanecer em R$ 4,15, a inflação ficará em 4,5% em 2019, ano que é hoje o principal alvo da política monetária. A inflação projetada pelo Copom, portanto, já está acima da meta definida para o ano, de 4,25%. Se o Copom agisse mecanicamente com base nas projeções de inflação, teria que subir os juros já.

Como o Banco Central não elevou os juros na reunião de hoje, muito provavelmente julga que o cenário econômico não vai se comportar da forma apresentada na projeção condicional de inflação. No caso, há uma aposta de que a cotação do dólar vai recuar. É bom lembrar que as projeções condicionais de inflação dão apenas uma ideia da evolução do cenário econômico, na visão da autoridade monetária. Mas não representam a visão do BC sobre duas variáveis muito importantes que determinam a inflação: o câmbio e os juros.

O Copom trabalha, internamente, com a sua própria projeção para a taxa de câmbio, que não é revelada, mas certamente é menor do que os R$ 4,15 vigentes nos cinco dias úteis antes de sua reunião. Sobre os juros, aparentemente julga que devem continuar em 6,5% ao ano. Mas esse julgamento depende muito da taxa de câmbio. A projeção condicional de inflação do Copom no cenário de mercado dá uma ideia de quanto uma eventual queda da cotação do dólar poderá ajudar na melhora da projeção de inflação.

Tomando as previsões do mercado de que o dólar feche 2018 em R$ 3,83 e 2019 em R$ 3,75, a inflação projetada para o ano que vem fica em 4%, abaixo da meta, de 4,25%. Esse cenário de mercado inclui também um aperto monetário gradual ao longo de 2019, que elevaria os juros dos atuais 6,5% ao ano para 8% ao ano, mas os efeitos na inflação do ano que vem não tendem a ser tão poderosos, considerando as defasagens da política monetária. Não são apenas as projeções que mostram um cenário inflacionário menos confortável.

Até o mês passado, o Copom vinha ressaltando que os núcleos de inflação estavam entre baixos e confortáveis. Agora, diz que se encontram em patamares “apropriados”. Baixos são núcleos que apontavam a perpetuação da inflação inferior ao piso da meta, enquanto que confortáveis indicavam convergência para o centro das metas.

Com as projeções e núcleo de inflação mostrando pouca folga, não é nenhuma surpresa que o Copom sob o comando de Ilan Goldfajn tenha colocado pela primeira vez a hipótese de subir a taxa básica de juros, caso o cenário básico e o balanço de riscos piorem.

Por que o BC julgou que não era hora de subir os juros agora? Provavelmente, porque a evolução do cenário econômico e do balanço de riscos depende do resultado das eleições. A próxima reunião do Copom ocorre apenas após o segundo turno.

 

Câmbio afeta preço administrado e puxa IPCA

Mesmo com a atividade econômica fraca, a disparada do câmbio está elevando projeções para a inflação deste ano. Segundo economistas, o repasse cambial para os preços livres tende a ser menor devido ao excesso de capacidade ociosa na economia, mas seu efeito sobre os itens administrados é relevante. Nesse grupo, os maiores vetores de alta são os combustíveis, pressionados pela política de paridade internacional da Petrobras.

Nos 12 meses encerrados em agosto, as tarifas monitoradas acumulam alta de 9,6%, bem acima da variação dos preços definidos livremente pelo mercado, que foi de 2,4% no período. Divulgado na segunda pelo Banco Central, o boletim Focus trouxe revisão modesta na projeção mediana para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2018, que saiu de 4,05% na semana passada para 4,09% na atual. A previsão para a alta dos administrados no ano subiu 0,1 ponto, para 7,3%.

Analistas ouvidos pelo Valor, no entanto, já trabalham com avanço de cerca de 8% para esse conjunto de preços. É o caso de Vagner Alves, economista-chefe da Mogno Capital, gestora que está entre as instituições Top 5 de curto prazo. Mais pessimista do que o consenso de mercado, Alves estima que o IPCA encerrará 2018 com alta de 4,6% e alcançará 4,8% em 2019. Para este ano, a expectativa é que os administrados subam 8,2%. "A depreciação começou a aparecer em alguns pontos, o que fica mais claro na parte dos combustíveis", afirma Alves, para quem a gasolina vai aumentar 15% de janeiro a dezembro.

 "A gasolina deve ter alta relevante em setembro e seguir pressionada até o fim do ano", comenta o economista. Nos preços comercializáveis, haverá efeito do câmbio nos alimentos e, mais para frente, em itens como bens duráveis, ainda que o repasse seja menor e mais diluído do que em outras ocasiões, moderado pela fraqueza da economia, diz. "Não consigo ver deflação de bens duráveis neste ano, ou mesmo no próximo, em razão da depreciação cambial."

Em 2017, esses itens caíram 1,2%. Os preços livres, em especial os de serviços, seguem evoluindo de maneira modesta, em linha com o elevado nível de ociosidade na economia, avalia Fabio Romão, da LCA Consultores. Por isso, Romão aumentou em apenas 0,1 ponto, para 4,3%, sua previsão para o aumento do IPCA em 2018, mesmo contando com avanço de 7,7% na parte de monitorados.

Os recentes reajustes promovidos pela Petrobras terão impacto já no IPCA deste mês, observa Romão. Além da questão dos combustíveis, o economista acrescenta que, embora 80% dos reajustes nas contas de luz já tenham ocorrido em 2018, o cenário para esses preços também piorou ao longo do ano.

Em janeiro, era esperado que as tarifas de eletricidade residencial teriam alta de quase 10% em 2018, projeção que está em 14,1% atualmente, diz. A LCA considera que o patamar 1 da bandeira tarifária vermelha voltará em dezembro. Hoje, a bandeira está vermelha no patamar 2, mais caro.

A MCM Consultores revisou de 4,1% para 4,4% sua projeção para a alta do IPCA neste ano. Em relatório a clientes, a consultoria afirma que um dos fatores que levaram à mudança foram os reajustes de dois dígitos de tarifas de energia e a perspectiva menos favorável para as condições hidrológicas nos próximos meses.

O segundo fator é a alta do dólar e das cotações do petróleo no mercado internacional, que elevou de 6,9% para 7,9% a previsão da MCM para o aumento dos administrados em 2018. A desvalorização do real é destacada pelo Bradesco, outra instituição que ajustou para cima - também para 4,4% - a estimativa para o indicador oficial de inflação deste ano.

"Vale ressaltar que esse ajuste se concentrou apenas no grupo de preços administrados, especificamente na gasolina, não alterando nossa avaliação de que o repasse cambial para os preços livres será abaixo da média histórica devido a um ritmo de crescimento mais moderado", comentam os economistas do banco em relatório. Por fim, o Bank of America Merrill Lynch (BofAML) também revisou seu cenário inflacionário.

A expectativa para a alta do IPCA em 2018 foi mantida em 4,1%, mas com uma composição diferente, explicam os economistas David Beker e Ana Madeira. A estimativa para o aumento de preços regulados por contrato no período avançou de 6,2% para 7,4%. A projeção para a inflação dos preços livres, por outro lado, passou de 3,4% para 3%.

Os bens comercializáveis - que sofrem competição externa e, por isso, são influenciados pela cotação do dólar - devem encerrar o ano com alta de 1,9%, ante 1,6% estimado anteriormente, devido à valorização da moeda americana, observam os economistas. O fraco desempenho da demanda doméstica, no entanto, deve conter parte do repasse cambial, ponderam eles.

 

Datafolha: Bolsonaro tem 28%, Haddad vai a 16% e Ciro lidera 2º turno

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) manteve a liderança na disputa à Presidência da República, segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada no início desta quinta-feira. O capitão reformado do Exército ficou com 28% das intenções de voto na pesquisa estimulada, dois pontos percentuais acima da pesquisa anterior, divulgada dia 14.

O petista Fernando Haddad subiu 3 pontos e atingiu 16% das preferências, tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), quem manteve os 13% do levantamento anterior. A margem de erro é de dois pontos percentuais. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) também não oscilou, mantendo os 9% do levantamento anterior, e ficou tecnicamente empatado com Marina Silva (Rede), que soma 7%, 1 ponto percentual abaixo da pesquisa anterior.

As simulações do Datafolha para segundo turno mostram que Ciro é o único candidato que venceria todos os rivais. Ele bateria Bolsonaro com 45% das intenções, vantagem de 6 pontos sobre o capitão. Nos outros cenários, Bolsonaro empata com Haddad, Alckmin e Marina. A rejeição a Bolsonaro continua alta, e a de Haddad cresceu. Segundo a pesquisa, 43% dos eleitores dizem que não votariam de jeito nenhum no capitão e 29% rejeitam o petista.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Se novo governo for responsável, Selic pode ser mantida por mais tempo, diz ex-BC

O ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Langoni, acredita que, por enquanto, o estresse cambial não é motivo de preocupação para o Banco Central. Para ele, no cenário atual, uma das principais preocupações é o ambiente externo.

Ao tratar dos possíveis reflexos da disputa presidencial na política monetária, Langoni afirmou que, se o presidente eleito assumir o compromisso com as reformas, “isso vai facilitar a vida do BC”.

O próximo encontro do Copom já será depois das eleições. O que o sr. espera?

Por enquanto, notamos que o BC continua focado no desempenho da inflação. Ele não está preocupado com o estresse cambial, por exemplo. Até porque esse viés de valorização do dólar, que pode ser transitório, dependendo do resultado das eleições, não contaminou negativamente as expectativas. É muito bom não aumentar a taxa de juros às vésperas de uma eleição já tão tensa e disputada. Isso dá tranquilidade ao mercado

Mas dependendo do resultado da eleição, pode ser que o dólar continue em alta e haja deterioração do cenário. Isso levaria o BC a subir juros ainda em 2018?

Essa é a última estratégia do BC. Ele vai ter de decidir, para conter um eventual overshooting do dólar, se usará os juros para combater a pressão cambial ou outros instrumentos para intervir no mercado. Mas aí estamos em terreno absolutamente imprevisível.

Em que circunstância o BC poderia elevar juros ainda em 2018?

Mesmo que seja eleito um presidente que tenha retórica populista ou neopopulista, acho que o BC vai aguardar para saber quem será o ministro da Fazenda e quem comandará a instituição. Apenas se houver a combinação entre uma catástrofe interna e o acirramento das tensões externas, o BC seria obrigado a antecipar o início do ciclo de alta de juros. Se o novo governo for responsável e anunciar uma agenda de reformas, o BC ganhará mais tempo para manter a Selic.

O que preocupa?

O que mais me preocupa é o ambiente externo. Estamos entrando em um terreno cada vez mais hostil, com essa guerra comercial entre EUA e China. Considero isso grave. É uma ameaça ao crescimento da economia mundial.

 

 

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