Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

'Nunca vi país tão nervoso e mercado tão calmo', diz Parnes

O diretor e economista-chefe da SPX Gestão de Recursos, Beny Parnes, disse que a economia brasileira ainda não se recuperou. Ex-diretor do Banco Central, ele vê uma economia estagnada e disse que qualquer previsão para 2019, neste momento, é um exercício de laboratório que desconsidera as incertezas políticas.

O economista vê com "estranheza" a "calma do mercado" frente à falta de clareza sobre o futuro do país. "Nunca vi o país tão nervoso e um mercado tão calmo... [As projeções para 2018] Parecem um rato de laboratório, inoculado com doenças que já conhecemos. [A projeção para o ano que vem] será um rato de laboratório mutante inoculado com um vírus que não conhecemos. Estamos indo para um caminho político completamente desconhecido", disse Parnes, no III Seminário de Análise Conjuntural de 2018, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Parnes destacou que um dos principais desafios do novo presidente da República será administrar a crise fiscal do país. E afirmou que o mercado reagirá, a depender de como o novo governo vai atuar. "Estamos sentados em cima de uma falha geológica fiscal enorme e estamos provocando essa falha. E não há solução de curto prazo para o déficit", disse. "A questão é a quem o mercado dará o benefício da dúvida?", questionou.

Segundo as projeções da SPX, o PIB brasileiro deve fechar o ano com uma alta de 1,1%. Uma retomada mais consistente do PIB está, no entanto, embaçada hoje pelas incertezas políticas e pela crise fiscal do país, segundo analistas. A SPX chegou a cogitar crescimento de 0,8% para o PIB este ano, mas elevou as projeções depois que os efeitos da greve dos caminhoneiros se mostraram "menos duradouros".

Samuel Pessôa, pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV por sua vez, disse acreditar que, independentemente do resultado das eleições de outubro, o ajuste fiscal fará parte da agenda do próximo presidente. "Vamos para uma arrumação fiscal independentemente de quem ganhar. E ela vai ser por meio de aumento de receitas, 2019 vai ser um ano de aumento de tributos", afirmou.

Ele explicou que, se a crise fiscal não for resolvida, haverá dificuldades para manter a inflação sob controle. "Haverá uma punição muito grande para o grupo político que for responsável pelo aumento da inflação e dificuldades para reeleição", disse. Já a coordenadora do Boletim Macro e Pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV, Silvia Matos, disse que 2019 será um ano de dificuldades para as contas fiscais, devido às restrições em relação à regra de ouro e ao teto de gastos. "Qualquer novo governante encontrará um quadro fiscal muito desafiador", afirmou.

A previsão, segundo ela, é que a dívida pública continue crescendo e feche o ano em 77% do PIB. Para 2019, a previsão é de 80,5%. Matos destacou que o PIB brasileiro fechará o ano com uma alta de 1,5% ante 2017. Ela acredita que o resultado do governo central em 2018 deve ser "significativamente melhor" que a meta traçada, puxado por receitas não recorrentes e mudanças legislativas vinculadas ao setor externo. "Mas não quer dizer que estamos bem", ressalvou.

Matos apresentou, ainda, as projeções para o câmbio - que, no cenário-base, chegará ao fim do ano cotado a cerca de R$ 3,90. "É mais provável que fique mais próximo de R$ 4 do que de R$ 3,5." Para o chefe do Centro de Estudos Monetários do IBRE/FGV, José Júlio Senna, o Banco Central não deve reagir ao aumento do câmbio nas próximas reuniões do Copom. Segundo ele, a valorização do dólar em relação ao real é "quase toda" influenciada pelas incertezas políticas, em meio à proximidade com as eleições. "É tudo especulação sobre o futuro da politica econômica...

O BC não vai reagir a preços de mercado determinados quase que exclusivamente pelo aumento das incertezas", disse Senna. A visão é compartilhada por Parnes. Segundo ele, o BC deve manter o "sangue-frio" e segurar o aumento dos juros, apesar da alta do dólar. "As expectativas ainda estão sob controle… Acho que os juros vão subir, mas não acho que agora", afirmou.

 

Ibope: Bolsonaro mantém liderança com 28% e Haddad vai a 19%

Candidato à Presidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) manteve a trajetória de crescimento observada nas últimas pesquisas do Ibope e registrou 28% das intenções de voto, no levantamento do instituto realizado entre os dias 16 e 18 e divulgado na noite desta terçafeira (18).

Na pesquisa anterior, entre 8 e 10 de setembro, Bolsonaro tinha 26%. O Ibope confirmou também o crescimento muito acelerado do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que, há um mês, tinha 4%, depois passou para 6%, 8% e agora aparece com 19%. O petista, que estava numericamente na quinta colocação, na semana passada, ocupa isolado o segundo lugar. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) ficou estável, com os mesmos 11%, no limite do empate técnico com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que oscilou negativamente de 9% para 7%. A ex-senadora Marina Silva (Rede) recebeu 6% das preferências dos votos, o que confirma sua tendência de queda. Há uma semana, tinha 9%, e na pesquisa de duas semanas atrás, 12%.

Impulsionado pelo apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba, Haddad cresceu, em uma semana, 11 pontos percentuais, mais do que o aumento obtido por Bolsonaro ao longo de um mês: 8 pontos percentuais.

No pelotão de candidatos menos competitivos, Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Rede) e Henrique Meirelles (MDB), que estavam todos com 3% no último levantamento do Ibope, agora têm 2% cada um. Cabo Daciolo (Patriota) manteve 1% e Vera (PSTU), que tinha 1%, não pontuou, juntando-se a Guilherme Boulos (Psol), João Goulart Filho (PPL) e Eymael (DC), que novamente ficaram com zero.

Os entrevistados que disseram votar em branco e nulo são 14%; e 7% não sabem ou não responderam. Na última pesquisa estes grupos eram 19% e 7%, respectivamente. Rejeição A taxa de rejeição de Bolsonaro continua a maior: oscilou de 41% para 42%. A segunda maior agora é a de Haddad, que subiu seis pontos percentuais, de 23% para 29%, e é seguida pela de Marina Silva, com 26%, Geraldo Alckmin, com 20%, e, Ciro Gomes, 19%.

Nas simulações de segundo turno, todas com Bolsonaro, só não há empate técnico quando a adversária é Marina Silva. O candidato do PSL tem 41% e a ex-senadora 36%. O capitão reformado do Exército empata em 38% com Alckmin, e em 40% com Haddad; e fica um ponto atrás quando o adversário é Ciro (40% a 39%).

 

Análise/Valor

Petista é favorito; tucano tende a ser canibalizado por adversários

O resultado do Ibope impressiona pelo segundo turno. Fernando Haddad (PT) está com 40%, empatado com Jair Bolsonaro (PSL), sendo que a rejeição do primeiro é de 29% e a do segundo, 42%. Considerando este dado, e tomando a pesquisa como marco de uma tendência, o petista está mais próximo do Palácio do Planalto do que o parlamentar do Rio de Janeiro.

Haddad se beneficia de um processo de transferência inesperadamente rápido de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao que tudo indica, deve estar perto do final. Lula chegou a ter algo entre 35% e 40% nas pesquisas de intenção de voto, já passou a metade para seu indicado.

 É provável que Haddad ainda cresça na próxima rodada Ibope. Daí em diante, dependerá das suas próprias forças. O que confere favoritismo para o petista é o tamanho do desafio que se impõe ao terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT). Ciro ainda está no jogo, porque tem 11% e não caiu, sua rejeição também não cresce, e empata com Bolsonaro no segundo turno.

Mas o pedetista só pode crescer pela direita. Sua única chance será avançar no espólio de Geraldo Alckmin (PSDB), que, em trajetória declinante, com quase três semanas de horário eleitoral gratuito, parece liquidado. A facada em Bolsonaro o matou, como disse ontem o presidente do PDT, Carlos Lupi.

É difícil para Ciro enveredar pela direita agora. O pedetista flertou com o Centrão, mas toda sua trajetória política desde 2006 tem sido em outra direção. E ele terá a concorrência de Bolsonaro na canibalização de Alckmin. O deputado do PSL já deteve o incipiente crescimento de Henrique Meirelles e João Amoêdo nas pesquisas. Vai tentar emplacar o discurso do voto útil.

 

China contra-ataca e vai sobretaxar US$ 60 bilhões em produtos dos EUA

A China anunciou nesta terça-feira novas tarifas sobre US$ 60 bilhões em produtos americanos, em resposta à última iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sobretaxas sobre US$ 200 bilhões em bens chineses. O Ministério das Finanças chinês avisou que vai levar adiante os planos anunciados em agosto para colocar sobretaxas de 5% e 10% sobre 5,207 mil produtos dos EUA.

A lista divulgada em agosto incluía café, mel e químicos industriais. A Pasta acrescentou que ainda está pronta para negociar um fim das tensões comerciais. O aumento visa diminuir "o atrito comercial" e o "unilateralismo e protecionismo dos Estados Unidos", apontou o ministério em nota em sua página eletrônica.

O órgão apelou "para o diálogo pragmático" para "salvaguardar conjuntamente o pincípio de livre comércio e o sistema comercial multilateral". Além da retaliação, o governo chinês anunciou ainda que vai complementar a queixa já feita na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as taxas americanas, de forma a incluir as novas alíquotas anunciadas ontem por Trump.

A China alega que as medidas - que logo afetarão US$ 250 bilhões em produtos do país - violam as regras do comércio internacional. Um porta-voz da OMC disse que a organização ainda não recebeu o texto da queixa atualizada. Uma vez recebido o pedido, será aberto um prazo de 60 dias para consultas sobre o assunto. Se os EUA e a China não conseguirem chegar a uma solução amigável dentro desse período, a China poderá então solicitar ao órgão de solução de controvérsias da OMC que investigue o caso.

Na segunda-feira, a administração Trump anunciou que as sobretaxas sobre cerca de 5 mil bens chineses vão começar em 10% a partir do dia 24 de setembro, subindo para 25% em janeiro de 2019 se Pequim se recusar a oferecer concessões comerciais. Os americanos alegam que a China desrespeita direitos de propriedade intelectual e pratica políticas de transferência forçada de tecnologia.

As novas tarifas chinesas também vão entrar em vigor no dia 24. No início desta terça-feira, o Ministério do Comércio da China disse que a iniciativa do presidente americano "traz nova incerteza sobre as negociações", mas não revelou se Pequim pode se retirar das tratativas propostas na semana passada por Washington.

Amcham na China O presidente da Câmara de Comércio dos EUA (Amcham) na China, William Zarit, declarou por meio de comunicado que Washington está subestimando a capacidade de Pequim enfrentar a guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump. “Ao contrário da visão de Washington, a China pode – e irá – se embrenhar na disputa e não somos otimistas sobre as perspectivas de uma resolução a curto prazo”, disse Zarit. “Ninguém sairá vitorioso desse círculo contraproducente”, acrescentou, pedindo que os dois governos negociem.

Segundo um levantamento recente da própria Amcham China com a Amcham Xangai, várias companhias americanas com operação no país asiático já relatam crescentes preocupações com as retaliações e dizem ter identificados nos últimos meses barreiras não comerciais, incluindo inspeções e lentidão no processo aduaneiro.

Em relação ao que até então era a possibilidade de os EUA lançarem uma nova rodada de tarifas sobre mais US$ 200 bilhões de produtos chineses, o que aconteceu na última segunda, 74,3% das empresas americanas consultadas pela pesquisa acreditavam que sofrerão um “forte impacto negativo”. E 67,6% creem que também sofrerão “forte impacto negativo” com a retaliação chinesa sobre mais US$ 60 bilhões em importações de bens americanos, medida que também foi confirmada nesta terça-feira.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Dez anos após a crise, confiança na economia cresce junto a pessimismo com futuro, mostra pesquisa

Uma década após a pior crise deste século, a confiança na economia mostra sinais de recuperação, mas o pessimismo com o futuro financeiro da geração mais nova ainda é grande, segundo pesquisa do centro Pew Research Center publicada nesta terça-feira (18).

O levantamento foi realizado com 30.133 pessoas em 27 países entre 14 de maio e 12 de agosto. Essas nações respondem por quase dois terços do PIB (Produto Interno Bruto) global.

No geral, a Alemanha foi o país onde a mudança no humor foi mais expressiva. Em 2009, somente 28% dos alemães diziam que a economia ia bem. Neste ano, 78% acham o mesmo.

Apesar da melhora, quando se compara com 2017, houve uma leve queda: 86% avaliavam as condições econômicas como boas no ano passado.

Nos EUA, o sentimento também melhorou consideravelmente: 65% veem a economia indo bem neste ano, ante 17% em 2009.

Em cinco países europeus analisados regularmente desde 2002, uma mediana de 46% vê a economia bem, comparada com 15% em 2013. E 44% dos japoneses avaliam a situação do país como boa, ante 7% em 2012.

Mas alguns países estão mais pessimistas. É o caso da Itália, onde a confiança na economia está em 15%, sete pontos percentuais a menos que em 2009. Ou da Argentina, em que 17% consideram a situação econômica boa, contra 20% no auge da crise.

O país vizinho é um exemplo de como os emergentes estão mais pessimistas em comparação com as economias mais desenvolvidas.

Na Índia, 56% dos entrevistados veem a situação econômica como boa, ante 83% em 2017. Na Tunísia, só 8% acham que o país vai bem --eram 19% no ano passado.

No Brasil, a confiança na economia piorou em relação a 2017: só 9% acham que a situação está boa, ante 15% no ano passado. Os três emergentes não possuem dados de 2009.

Os brasileiros também são pessimistas em relação ao futuro dos filhos: para 53%, eles estarão piores que os pais no futuro, contra 42% que pensam o contrário. O humor se assemelha ao dos sul-africanos (54% contra 40%).

Uma mediana de 56% em 18 países espera que as crianças estejam em pior situação financeira que os pais no futuro. Só 34% acham que elas estarão melhores.

O pessimismo é maior na França, onde oito em dez entrevistados veem um futuro financeiro pior para os filhos. Para 15%, a expectativa é positiva.

Na Polônia, o inverso: 59% acham que as crianças estarão financeiramente melhores, contra 25% que acreditam no contrário. O otimismo tem relação com o aumento da renda, afirma o Pew: o crescimento foi de 165% desde 1990.

Nos emergentes, o pessimismo é maior na Tunísia, com 64% vendo um futuro pior para as gerações mais novas. Já a Indonésia é o país mais otimista: três em quatro acham que os filhos estarão melhores que os pais.

Entre os emergentes, só Filipinas, Indonésia e Índia consideram as condições econômicas boas e conseguem antever um futuro melhor para os filhos.

Para quatro em dez brasileiros (43%), a situação financeira da população média está pior do que há 20 anos. Já 22% consideram que está igual, e 34% acham que a vida melhorou.

Nesse sentido, o brasileiro tem comportamento parecido com os húngaros, com 44% vendo condições piores e 33%, melhores; e americanos (45% enxergam piora e 32%, melhora).

Nos países desenvolvidos, o pessimismo é maior na Grécia: quase nove em dez qualificam a situação financeira como pior que 20 anos atrás. A Polônia está na ponta contrária: quase sete em dez veem as condições melhores que há duas décadas.

Entre os emergentes, essa oposição se dá entre Tunísia e Índia. Para 75% dos tunisianos, as coisas estão piores que há 20 anos. Para 65% dos indianos, estão melhores.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Juros parados, por enquanto...

Para a decisão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a ser divulgada hoje, a derradeira antes do primeiro turno da eleição, é unânime a aposta de analistas e investidores de que o Banco Central manterá a taxa de juros inalterada em 6,50% diante de uma ainda anêmica economia brasileira e de expectativas inflacionárias bem comportadas.

Mas o suspense desta reunião ficará para o comunicado que acompanha a decisão: irá o BC manter o tom vago e aberto do último comunicado sobre os próximos passos do Copom ou poderá endurecer o recado e sinalizar que o balanço de riscos para a inflação piorou e que, portanto, está pronto para elevar os juros?

E se decidir mexer no texto do comunicado, quão mais dura poderá ser a sinalização do BC sobre a eventual necessidade de subir os juros?

Apesar de a cotação do dólar ter disparado de R$ 3,7589 no dia da decisão do último Copom (em 1.º de agosto) para acima de R$ 4,20 ao longo da sessão de negócios de segunda-feira, o sentimento dos investidores é de que o BC não vai mexer na taxa Selic antes do desfecho da eleição presidencial. A reunião seguinte do Copom, marcada para os dias 30 e 31 de outubro, acontecerá três dias após o segundo turno.

Se o presidente eleito for alguém considerado pelo mercado como comprometido com reformas, em particular a da Previdência, os analistas contam com um recuo do dólar frente o real, aliviando, portanto, as pressões inflacionárias.

Mas se o vencedor da eleição for um candidato percebido pelo mercado como contrário às reformas e ao ajuste nas contas públicas, então a moeda americana poderá subir mais e forçar uma alta forte dos juros. Não são poucos os que preveem um dólar acima de R$ 5,00 caso a eleição presidencial tenha um desfecho adverso ao mercado.

Mesmo sem ter afetado as projeções de mercado da inflação para 2018 e 2019, a disparada do dólar desde a última reunião do Copom em agosto já está afetando os preços de produtos agrícolas no atacado, como soja, milho e trigo. Muitos analistas consideram que é uma questão de tempo para que uma alta mais forte e sustentada da moeda americana acabe sendo repassada para os preços ao consumidor.

Por enquanto, os analistas de bancos e outras instituições financeiras ainda apostam num desfecho favorável da eleição presidencial, ou seja, que o vencedor seja alguém comprometido em aprovar reformas no seu primeiro ano de mandato. De 67 analistas de instituições financeiras ouvidos pelo Projeções Broadcast, 61 preveem a manutenção da Selic em 6,50% até o fim do ano. Ou seja, o BC não irá elevar os juros nas últimas duas reuniões do Copom de 2018, após a eleição presidencial.

Mas as taxas embutidas nos contratos futuros de juros indicam que os investidores esperam a elevação da Selic para 7,50% até o fim deste ano, embora essas taxas reflitam também um prêmio de risco que vem afetando os países emergentes.

O que esperar então do comunicado do Copom? De um lado, será difícil o BC não reconhecer que o ambiente para os mercados emergentes piorou significativamente. Vários países registraram forte desvalorização das suas moedas, forçando os bancos centrais a elevarem os juros, como a Argentina, Turquia e até a Rússia.

De outro, será importante ver qual o peso que o Copom dará nas suas próximas decisões para a recente fraqueza da atividade econômica brasileira, refletida nas sucessivas reduções das projeções de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

Além disso, o foco dos analistas estará nas projeções de inflação do Copom para 2019 e 2020. No comunicado passado, o Copom projetou inflação de 4,1% para 2019 no cenário com juros constantes a 6,50% e dólar a R$ 3,75.

Neste Copom, a variável do dólar nesse cenário de juros constante certamente será mais alta (provavelmente entre R$ 4,10 e R$ 4,15), o que poderá afetar a projeção de inflação. Se essa nova estimativa para 2019, contida no comunicado a ser divulgado hoje, ultrapassar a meta oficial de inflação de 4,25% no ano que vem, certamente acenderá o sinal amarelo entre analistas e investidores de que uma alta dos juros ainda em 2018 não está totalmente fora do baralho.

 

O GLOBO

Juros no mercado sobem e acesso ao crédito piora para empresas

Os juros básicos devem ser mantidos na mínima histórica nesta quarta-feira, mas, na vida real, a turbulência eleitoral tem puxado para cima as taxas que realmente importam para a economia - as praticadas entre os investidores - e piorado as condições de financiamento das empresas. Diante de um acesso a crédito ainda precário, o aperto torna mais aguda a seletividade dos bancos na hora de emprestar e atrasa a retomada do investimento, dizem especialistas.

Enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) mantém a taxa Selic em 6,5% ao ano, os contratos de juros futuros - que refletem o nervosismo do mercado e são usados como referência para empréstimos - já são negociados por quase o dobro disso. Os contratos com vencimento em janeiro de 2021, que estavam em 7,8% em abril, fecharam em 9,8% na segunda-feira. Já o contrato vencendo em 2023 está em 11,5%, contra 9% em abril, enquanto o que vence em 2025 é negociado acima de 12%.

Os contratos de juros futuros DI são negociados em mercado e refletem a média das taxas praticadas entre agentes financeiros para determinado período. Na prática, refletem a expectativa dos investidores para o comportamento da Selic daqui em diante. Como os bancos emprestam esperando receber lá na frente, são esses contratos que eles observam para balizar quanto cobrarão do tomador.

Os juros futuros vêm subindo desde maio, impactados pela greve dos caminhoneiros. Depois da paralisação, as taxas recuaram, mas retomaram a trajetória de alta em agosto, com o acirramento da corrida eleitoral. Para os investidores, esses dois eventos são indícios de dificuldades econômicas no futuro, que levariam o Copom a subir os juros mais à frente para lidar com desequilíbrios como inflação elevada e fuga de capitais. A expectativa do mercado, no entanto, é que a taxa não deve subir a curto prazo, já que a inflação permanece baixa e a retomada da economia está mais lenta que o previsto.

- Para a economia, os juros que valem são os do DI. O banco não corre o risco da turbulência nos juros longos com as eleições. Ele se protege “travando” suas taxas com esses contratos futuros e repassando os juros para o tomador do empréstimo. No caso do empresário que vai pegar empréstimo no banco, acrescenta-se ainda o spread, que é a diferença entre o custo de captação e os juros cobrados - explica Paulo Petrassi, gestor de renda fixa e câmbio da Leme Investimentos.

De acordo com Petrassi, esse mercado continuará instável, devido às pesquisas de intenção de voto:

- O motivo do descompasso entre a Selic e os juros de mercado é, sobretudo, a encruzilhada eleitoral. Os agentes do mercado entendem que o país precisa de um candidato de perfil reformistas, mas têm dúvidas se esse é o resultado mais provável - diz. - Paralelamente, há ainda a influência do cenário externo, com os EUA crescendo mais rápido do que se esperava, o que valoriza o dólar e aumenta o risco associado a emergentes, como o Brasil.

PRESSÃO DE ALTA

Números do Banco Central até julho, dado mais recente, mostram leve alta nos juros cobrados das pessoas jurídicas. Após cinco meses de queda, a taxa média anual do crédito com recursos livres a empresas aumentou de 20,2% para 20,55% frente a junho; no caso dos juros do crédito ao capital de giro, passou de 18,11% para 18,25%; para a aquisição de bens (exceto veículos), foi de 16,09% para 16,23%.

- Os juros dos empréstimos têm um componente de expectativa. Quanto maior é a distância entre a Selic e os juros futuros, maior é a pressão para que o Copom eleve a taxa básica, e mais os bancos começam a antecipar esse movimento - explica o professor de Finanças do Ibmec-RJ Filipe Pires.

Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), argumenta que as elevações identificadas pelo BC não indicam mudança na tendência de queda dos juros — a alta não foi observada, por exemplo, nas pesquisas mensais da associação. Ele admitiu, porém, que os bancos continuam seletivos na concessão de crédito, e, caso a instabilidade continue, os juros finais podem subir:

- Há uma pressão para que os juros às empresas subam. Tudo dependerá de o comportamento das taxas futuras ser persistente. Caso continuem a subir, fatalmente haverá alta das taxas na ponta.

Já no segundo trimestre, o índice de acesso ao crédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) caiu 0,7 ponto, para 36,9 pontos, sua primeira queda após sete aumentos consecutivos. Abaixo de 50, o indicador aponta maior dificuldade de acesso ao crédito.

- A Selic baixa jamais chegou às empresas. Agora, aumentam as chances de alta nos juros, tornando ainda mais improvável que o setor de fato aproveite taxas baixas - diz Marcelo Azevedo, economista da CNI. - O que é prejudicial é a incerteza. Fica muito difícil tocar o dia a dia da empresa e praticamente impossível para investir.

 

Projeção para o PIB do setor de construção passa a ser de queda em 2018

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) revisaram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor em 2018.

Anteriormente, havia a expectativa de um crescimento de até 0,5% para este ano. Agora, dois cenários se delineiam. Se o PIB nacional crescer 1,4%, o da construção deverá cair 0,6%. E se o PIB nacional evoluir apenas 1,1%, o da construção deverá registrar baixa de 1,0%.

"O cenário dos últimos meses, agravado pela incerteza eleitoral, contribuiu decisivamente para que não se resgatasse a confiança dos investidores, revertendo a expectativa de que a construção voltaria a crescer em 2018", afirma o presidente do SindusCon-SP, José Romeu Ferraz Neto, em nota distribuída à imprensa.

Entre os fatores que impactaram o cenário ao longo do ano estão o declínio nas expectativas dos empresários do setor; o impacto negativo sobre os investimentos devido à persistência do alto grau de incerteza com o quadro eleitoral; e o baque da greve dos caminhoneiros sobre a indústria de materiais, cuja produção não se recuperou totalmente.

Além disso, o aumento em lançamentos e vendas no segmento imobiliário somente mostrará resultados na atividade da construção no ano que vem.

6,5 milhões trabalham no setor

Segundo dados do IBGE, o número de pessoas empregadas na construção, de 6,5 milhões no primeiro semestre de 2019, caiu 3,3% em relação ao primeiro semestre de 2017. Segundo pesquisa do SindusCon-SP, o emprego segue caindo em todos os segmentos, exceto em Engenharia e Arquitetura, o que mostra demanda maior apenas por projetos. Assim, a previsão do desempenho do nível de emprego formal no setor para este ano continua apontando uma queda de 2,9%.

 

 

 

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