Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Atividade encolheu mais de 3% em maio, dizem analistas

As fortes quedas na produção industrial e nas vendas do varejo - embora menores do que o inicialmente esperado -, em decorrência da greve dos caminhoneiros, no fim de maio, devem se refletir no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que será divulgado hoje pela autoridade monetária. A média das estimativas de 22 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta para uma retração de 3,3% do indicador, na base mensal ajustada, após avanço de 0,46% em abril.

As estimativas vão de uma retração de 2,2% a 5,7%. Se confirmada a média das projeções, o resultado será o pior da série histórica iniciada em 2003, superando até o de dezembro de 2008 (-3,19%), quando a atividade foi afetada pela crise financeira internacional. Na comparação anual, a média de 19 estimativas aponta para baixa de 2,9%. Após esses recuos, os indicadores antecedentes de atividade já conhecidos para junho confirmam as expectativas de recuperação da economia.

Ainda assim, alguns economistas apostam em Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre estável ou ligeiramente negativo na margem. Em maio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial caiu 10,9%, as vendas do varejo recuaram 0,6% no conceito restrito e 4,9% no ampliado (que inclui veículos, autopeças e material de construção), enquanto a receita real do setor de serviços encolheu 3,8%, sempre em relação a abril, com ajuste. "As três leituras foram menos fracas do que o esperado", afirma Marco Maciel, economista-chefe do Banco Pine.

A estimativa do analista para a indústria, por exemplo, era de uma queda entre 15% a 16%. O resultado menos ruim do que o previsto é importante porque a produção industrial é, entre os três indicadores de atividade, o de maior adesão ao IBC-Br, ressalta. O Pine projeta quedas de 3% e 2,5% para o indicador de atividade em maio nas comparações mensal e anual, respectivamente. Caso as estimativas piores tivessem se confirmado, as retrações seriam de 3,8% e 3,1%, nas mesmas bases, calcula Maciel.

Para junho, o economista espera um crescimento marginal do IBC-Br tanto na comparação mensal quanto anual. "Não espero um avanço significativo, porque essa história de que vai devolver o que não aconteceu em maio não existe. O que está dado está dado", diz. Assim, o economista aposta em estabilidade para o PIB do segundo trimestre.

O Bradesco também avalia que os efeitos da greve têm se mostrado menores do que o esperado. "Assim, revisamos nossa projeção de PIB do segundo trimestre, passando de uma contração de 0,3% para estabilidade", pontuam economistas do banco, em relatório.

 A projeção para o PIB no ano foi mantida em 1,5%. "Vale ressaltar que parte das perdas desse período é irrecuperável e o impacto sobre a confiança pode limitar a intensidade da retomada da atividade nos próximos trimestres", acrescentam.

O Rabobank estima o IBC-Br em queda de 3,6%, na margem, e de 3,2%, na base anual. Para junho, a projeção preliminar do banco é de um avanço de 14% a 15% na produção industrial. "Isso compensa parcialmente as perdas de maio, mas o trimestre ainda é fraco", diz Mauricio Oreng, economista-chefe da instituição.

O analista tem viés de baixa para sua estimativa de um PIB de 0,2% no segundo trimestre. "Precisaria de uma recuperação muito forte em junho para salvar o trimestre", avalia. Oreng destaca ainda que a piora das condições financeiras, da confiança e a lenta recuperação esperada para o emprego devem seguir limitando investimento e consumo.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Desvalorização de 10% do real levará inflação a 5% em 2019, afirma banco

Uma desvalorização de 10% do real no próximo ano pode levar a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 5%, aponta levantamento do Credit Suisse obtido com exclusividade pela Folha.

O estudo busca prever os efeitos de um real mais fraco sobre os preços, o que é conhecido pelos economistas como "pass-through".

Embora o impacto não seja claramente perceptível pelo consumidor comum, um dólar mais forte encarece, por exemplo, matérias-primas que precisam ser importadas pela indústria —o que acaba pressionando os preços.

O tamanho do repasse do câmbio para a inflação varia conforme o tempo e também o ritmo da atividade econômica.

Segundo a equipe do Credit Suisse, em condições normais, esse efeito é considerável: a cada 10% de desvalorização cambial, 0,7 ponto percentual é adicionado à inflação.

Mas como a economia brasileira está saindo de um período de recessão e passando por um ciclo de retomada que ocorre a passos lentos, esse repasse cambial à inflação não é desprezível, mas é menor.

No ambiente atual, de crescimento baixo e desemprego alto, uma desvalorização de 10% do real adicionaria 0,44 ponto percentual à inflação de 2019, diz Lucas Vilela, economista do Credit Suisse.

O crucial nessa equação, explica o economista, é a elevada ociosidade das empresas. Em um quadro de demanda mais fraca, a necessidade de importar da indústria, por exemplo, pode ser menor.

Como a inflação esperada para 2019 pelo Credit Suisse está em 4,5%, o efeito a levaria para perto de 5% —acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,25% no próximo ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Por enquanto, esse não é o cenário central do banco, que espera um dólar médio de R$ 3,65 em 2019.

Embora as projeções dos economistas para inflação tenham acelerado para algo ao redor de 4% como consequência da paralisação dos caminhoneiros, o nível ainda é considerado confortável.

De qualquer forma, o sinal de alerta em relação a pressões inflacionárias está aceso, com ao menos dois importantes eventos com fôlego para mexer com o câmbio: o período pré-eleitoral e os respingos de uma guerra comercial entre EUA e China.

Vilela prevê uma forte elevação da taxa Selic no próximo ano —dos atuais 6,5% para 9,5% no fim de 2019-- como forma de evitar uma inflação maior a partir de 2020.

 

Equipe econômica descumprirá pautas-bomba

A secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, afirma que a equipe econômica não vai cumprir parte das pautas-bomba aprovadas pelo Congresso Nacional.

À Folha, Vescovi diz que espera um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para subsidiar a manutenção de alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os fabricantes de refrigerantes instalados na Zona Franca de Manaus.

Para fechar acordo com os caminhoneiros e pôr fim à paralisação da categoria em maio, o presidente Michel Temer tomou uma série de medidas compensatórias para cobrir a conta de R$ 13,5 bilhões aberta pela negociação.

Uma delas foi a redução do volume de créditos tributários gerados pelos fabricantes de refrigerantes instalados na Zona Franca.

Antes, a cada venda realizada pelas fábricas havia uma geração de crédito de IPI equivalente a 20% do valor da compra. Temer reduziu o índice para 4%.

Os recursos são usados para o abatimento do Imposto de Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) dessas empresas.

Na semana passada, o Senado decidiu, por meio de decreto, cancelar a medida de Temer e devolveu os 20% para o setor.

A medida ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados em agosto, quando acaba o recesso parlamentar.

Mesmo assim, a secretária da Fazenda afirma que a pasta descumprirá a medida e vai manter os 4%.

Segundo Vescovi, a Constituição prevê que um decreto legislativo não pode suspender os efeitos de um decreto presidencial.

Pessoas próximas às conversas afirmam que o parecer da procuradoria está em elaboração.

"Com o parecer, estaremos amparados para manter a eficácia do decreto presidencial. Alguém pode contestar a nossa decisão, mas ela é legítima, já que um decreto legislativo, para este caso, não tem amparo na Constituição", afirma Vescovi.

A decisão do Senado é apenas uma entre uma série de pautas-bomba, ou projetos com elevado impacto fiscal.

Se todos forem levados adiante, o próximo presidente poderá ter de lidar com uma conta extra de R$ 68 bilhões somente em 2019.

Outra dessas pautas que também não será levada adiante, segundo a secretária, é o projeto de lei que prevê compensações de R$ 39 bilhões por ano da União aos estados pela não incidência de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre exportações, a Lei Kandir.

"Esse é um cálculo que não fica de pé", diz Vescovi.

"A Lei Kandir permitiu ao Brasil multiplicar por cinco suas exportações. Isso gerou atividade econômica nos estados, que foram muito beneficiados com essa expansão. Isso gerou base tributável. Para exportar, você importa, e as importações também geram arrecadação", afirma.

Para afastar riscos às contas públicas, Vescovi explica que a principal estratégia da equipe econômica é a edição de um decreto regulamentando um artigo da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Esse dispositivo determina que, a cada projeto que gere perda de arrecadação da União, seja indicada uma medida compensatória.

"Há uma discussão no governo sobre a importância dessa regulamentação, até para podermos atender a interpelações do Ministério Público de Contas, do TCU [Tribunal de Contas da União]."

Questionada ainda pela reportagem sobre a declaração do presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, que disse ser favorável à adoção de impostos flutuantes para amortecer a volatilidade no preço dos combustíveis, Vescovi afirma que medidas como essa só podem ser adotadas quando a situação das contas públicas melhorar.

"O ministério vê essa possibilidade acontecendo apenas quando tivermos uma normalidade fiscal."

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Empreiteiras encolhem R$ 55 bi após Lava Jato

As seis maiores empreiteiras brasileiras, que já dominaram os megaprojetos de infraestrutura do País, perderam R$ 55 bilhões em faturamento desde 2015. Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Mendes Júnior e Constran (da UTC) tiveram suas receitas reduzidas a um quarto nesse período – de R$ 77 bilhões para R$ 22 bilhões. A rápida deterioração financeira dessas construtoras é reflexo da crise econômica do País e do envolvimento delas na Operação Lava Jato.

De 2015 para cá, as empresas tiveram de enxugar suas estruturas e reduzir o quadro de funcionários. O levantamento feito pelo Estado com as seis maiores construtoras mostra que o corte no número de trabalhadores beira os 200 mil em três anos. Toda a indústria da construção perdeu 500 mil postos de trabalho no período, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

Com essa nova estrutura e num cenário econômico de escassez de obras, cada empreiteira tem adotado uma estratégia para se recuperar. Algumas criaram novas empresas para se desvincular da Lava Jato e começar vida nova; outras apostam em descontos elevados para vencer licitações e renovar a carteira de obras; e há ainda quem aposte no mercado internacional para dar a volta por cima. Mas, por ora, os resultados ainda estão apenas no papel. As poucas obras conquistadas recentemente ainda são insuficientes para dar fôlego a essas empresas.

Nos últimos anos, a maioria delas teve de se concentrar para resolver pendências jurídicas e financeiras, deixando de lado a carteira de obras. Sem dinheiro em caixa, as empreiteiras tiveram de correr atrás de crédito novo para cobrir empréstimos – e para capital de giro – que estavam vencendo. Por causa dos crimes cometidos na Lava Jato, o crédito para essas empresas praticamente secou.

A Andrade deixou de pagar US$ 500 milhões a credores internacionais e ainda não chegou a um acordo; a Queiroz negocia com bancos uma reestruturação da dívida de R$ 10 bilhões; a Mendes Júnior está enrolada com seu plano de recuperação judicial, requerida no início de 2016; e a Odebrecht, que ainda é a maior empreiteira do Brasil, só conseguiu um financiamento para pagar dívidas e fortalecer os negócios depois de quatro meses de intensas negociações.

Desde que seu presidente Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015, a construtora entrou numa espiral de más notícias que só foram interrompidas em maio deste ano, com o acordo de financiamento com os bancos e, na semana passada, com a assinatura do acordo de leniência com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU).

“Depois do acordo com o Ministério Público, a assinatura com CGU e AGU representa o marco mais importante para a empreiteira”, diz o presidente da construtora, Fabio Januário. A empresa, cujo faturamento caiu de R$ 57,9 bilhões, em 2015, para R$ 11 bilhões em 2017, começa a mapear obras potenciais no Brasil e no mundo. “Entre 2018 e 2020, temos planos de disputar projetos da ordem de US$ 490 bilhões (70% desse montante no exterior).”

Nos últimos três anos, a empreiteira demitiu 100 mil pessoas e fez um grande ajuste nas estruturas gerais e administrativa. “Assumimos nossos erros e fizemos o dever de casa com um amplo programa de conformidade. Agora precisamos virar a página.”

 

Esperança do PIB, construção naufraga e se mantém no patamar de 2009

Considerado um dos setores que dariam impulso à economia neste ano, a construção civil decepcionou. O setor encolheu 20,5% nos últimos quatro anos, fechou 1,2 milhão de vagas em todo o País e se mantém no mesmo patamar de 2009, para onde retrocedeu após a crise. O desempenho só não é pior que o registrado no início da “década perdida”, quando a construção recuou 22,5% entre 1981 e 1984.

No fim do ano passado, o consumo de matéria-prima do setor começou a reagir, indicando que poderia haver uma retomada em 2018, o que impulsionaria a economia do País. “Foi alarme falso. O começo deste ano já veio mais fraco”, diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

As projeções de crescimento para o setor estão entre as que mais mudaram nos últimos meses. Na LCA, por exemplo, enquanto a estimativa do PIB do País foi reduzida em 0,8 ponto porcentual, a da construção foi revista em 2,8 pontos. Antes, a consultoria previa um avanço de 2,6%; agora, queda de 0,23%. A aposta do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, é que o setor cresça 0,5% – a previsão inicial era uma alta de 2%.

 “A gente continua com uma expectativa de crescimento, mas revimos o porcentual. O ritmo lento da economia e as incertezas políticas nos levaram a mudar a projeção”, afirma Ana Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Ibre.

Dependente de investimentos de longo prazo, que, por sua vez, demandam confiança do empresariado e do consumidor, a construção também foi afetada pela paralisação dos caminhoneiros. “É um dos setores mais prejudicados, porque a greve afetou a confiança e as decisões de investimento”, acrescenta o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

A construção civil foi o setor que mais sofreu na recessão e agora é o que tem mais dificuldade de deixá-la para trás, destacam os economistas. Houve um excesso de investimentos antes da crise que, na área imobiliária, resultaram em imóveis encalhados. “Leva tempo para digerir o excesso”, diz Ana Castelo, do Ibre, que lembra ainda que as obras públicas também estão paradas, travando a recuperação econômica.

A diferença da construção em relação aos demais setores é que ela é uma das atividades que mais demandam mão de obra. Uma recuperação na área impulsionaria o mercado de trabalho e, consequentemente, a economia.

Bráulio Borges, da LCA, afirma que, para o PIB do País apresentar um resultado melhor do que o atual – o mercado estima uma alta de 1,53% neste ano –, a construção tem de avançar em um ritmo semelhante. “O ideal é que seja até mais, já que a base de comparação é muito baixa”, afirma.

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS