Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Volatilidade e queda da Selic elevam demanda por crédito privado

Com a taxa básica Selic no patamar mais baixo da história, em 6,50% anuais, os investidores aumentaram a demanda por fundos de crédito privado, levando alguns gestores a lançarem novas carteiras com esse perfil. Além de oferecer um retorno maior, esses fundos podem ser uma alternativa para os investidores em momento de estresse no mercado, como o atual, uma vez que os preços dos papéis privados tendem a ter uma volatilidade menor que a dos títulos públicos, que são ativos de maior liquidez, ou seja, mais fáceis de vender.

Em maio, por exemplo, o índice Ima-Geral, que acompanha o desempenho dos títulos públicos, teve perda de 1,43%, enquanto o Índice de Debêntures Anbima (Ida) acumulou perda de 0,14%. A captação dessas carteiras neste ano está forte. Levantamento da TAG Investimentos mostra que no acumulado dos últimos 12 meses até abril, os fundos de crédito livre captaram R$ 8,802 bilhões, enquanto os portfólios que investem em títulos públicos ou em papéis com grau de investimento, que oferecem retorno próximo aos dos títulos soberanos, tiveram entrada líquida de R$ 1,540 bilhão.

Com o aumento do interesse dos investidores por crédito privado, os gestores lançaram novos produtos com esse perfil. DLM Invista, AF Invest e JGP lançaram fundos de renda fixa de crédito privado e a Vinci Partners e a CSHG estudam abrir novos portfólios. A DLM Invista, que tem cerca de R$ 1 bilhão em gestão de crédito privado, abriu o fundo DLM Premium 30. A carteira tem carência para resgate de 30 dias e tem como meta uma rentabilidade em torno de 115% do CDI. "Temos observado um aumento da demanda por crédito privado e da tomada de risco como um todo", diz Marcelo Domingos, sócio e gestor da DLM Invista.

A gestora foca em papéis de crédito privado com rating mínimo de grau de investimento e também tem comprado cotas de fundos de fundos de recebíveis - Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) - com garantias. A AF Invest também lançou um fundo neste ano com prazo de carência de 30 dias. A gestora já conta com uma captação líquida de R$ 700 milhões em 2018. A gestora tem R$ 2,6 bilhões sob gestão em dois fundos de crédito privado distribuídos no mercado e em carteiras exclusivas dos clientes da área de gestão de fortunas.

"A queda de juros, aliada à redução da atuação do BNDES, criou um ambiente favorável para as empresas emitirem mais títulos, gerando oportunidade para os fundos de crédito", diz Pedro Sternick, sócio responsável pela gestão dos investimentos da AF Invest. Ele pondera, contudo, que a disputa eleitoral pode influenciar o volume de emissões. "O cenário político pode esfriar as emissões se não vier um candidato com um perfil pró-reforma."

O gestor tem preferido investir em crédito de empresas dos setores com maior previsibilidade de fluxo de caixa, como o de energia elétrica e saneamento. "Não gostamos muito de investir em setores cíclicos, como construção civil ou açúcar e álcool, mas analisamos caso a caso", disse. Já o gestor de crédito da JGP, Alexandre Muller, vê oportunidade de investimento em papéis de empresas de ciclo de investimento mais longo, como de construção civil, depois dessas companhias terem sofrido na crise.

A gestora, que tem R$ 1,3 bilhão sob gestão em crédito privado, lançou uma carteira no fim do ano passado para ser distribuída exclusivamente na plataforma da XP Investimentos. "Tivemos um crescimento de 30% do patrimônio nos fundos dedicados a crédito", diz Muller. As novas emissões, no entanto, têm saído com spreads menores dado o aumento da demanda por esses ativos.

Com o prêmio menor nas debêntures de empresas de primeira linha, a gestora do BTG Pactual tem buscado outros ativos, como a alocação em FIDCs e papéis de empresas estreantes no mercado, conta Albano Franco, sócio responsável pela área de crédito da BTG Pactual Asset Management.

A gestora investiu, por exemplo, no FIDC da Light, cuja demanda por parte dos investidores chegou a R$ 2,6 bilhões, quase o dobro do tamanho da oferta de R$ 1,4 bilhão. A primeira série do fundo saiu com remuneração de CDI mais 1,20% ao ano e a segunda série, com retorno de 5,75% mais a variação do IPCA.

O BTG também sentiu esse aumento de demanda por fundos de crédito privado. A carteira da gestora que aloca nesses ativos teve captação líquida de R$ 1,3 bilhão neste ano, dobrando o patrimônio, que era de R$ 1 bilhão em dezembro.

Segundo Franco, esse portfólio teve boa performance inclusive durante a crise em 2015 e 2016. Desde o início da operação, em 2012, o fundo teve um retorno anualizado de 11,91%, contra variação de 10,60% do CDI. "O fundo se beneficiou da queda dos spreads dos papéis de crédito em função da redução de juros e da escassez de títulos bancários de emissores financeiros de primeira linha", diz Franco.

Já a Vinci Partners tem focado em fundos com horizonte de investimento de longo prazo. A gestora, por meio da Vinci Crédito, avalia, a partir do segundo semestre, levantar um novo fundo de crédito de longo prazo, caso a conjuntura de mercado permita e os investidores estiverem receptíveis.

O produto seria voltado para crédito corporativo de baixo risco, com lastro em garantias reais semelhante ao fundo que a Vinci já gere atualmente, de R$ 500 milhões com carência para resgate de 10 anos, que está em fase de desinvestimento, retornando capital aos seus cotistas.

O novo fundo teria uma meta de retorno equivalente à remuneração das Notas do Tesouro Nacional - série B (NTN-B) - que são títulos públicos atrelados à inflação - mais um spread entre 200 a 300 pontos-base e será voltado para investidores profissionais. "Enxergamos a captação de um segundo fundo como sendo um caminho bastante natural", diz Marcello Almeida, sócio da Vinci.

A gestora tem um fundo mezanino de infraestrutura de R$ 1,2 bilhão, que compra papéis de dívida, que também está na fase de desinvestimento. A Vinci ainda foi selecionada neste ano pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para gerir o fundo de energia sustentável de R$ 500 milhões que tem o banco como cotista.

A carteira tem prazo de investimento de 15 anos e aplicará em debêntures incentivadas de projetos de energia renovável. "O mercado de crédito é uma das classes com maior potencial de crescimento nos próximos anos se considerarmos o nível de concentração bancária que existe no Brasil", diz Marcello Almeida, sócio da Vinci Partners.

 

BC de Ilan chegará ao fim da semana com venda recorde de swap

O Banco Central poderá chegar ao fim desta semana concluindo a venda de quase US$ 39 bilhões em contratos de swap cambial, incluindo aí os papéis já negociados desde meados de maio. Se confirmado, esse volume será recorde para um período de um mês, o que dá dimensão do tamanho do desafio do BC de amenizar a volatilidade cambial, especialmente diante das incertezas eleitorais domésticas e do processo de redução de liquidez no mundo desenvolvido.

Apenas ontem, o BC injetou no mercado futuro um total de US$ 2,5 bilhões na forma desses contratos. Numa demonstração de que o mercado segue nervoso, o dólar fechou em alta de 0,45%, a R$ 3,7242. O BC retomou as ofertas de swap em maio num esforço para acalmar os ânimos de investidores, que levaram o dólar às alturas como resposta ao incômodo com o fortalecimento global da moeda americana e, sobretudo, com a falta de notícias positivas no plano doméstico.

Num primeiro momento, as ofertas de swaps suavizaram a pressão no câmbio, mas o alívio teve vida curta. A tensão alcançou o ápice na semana passada, quando o dólar disparou para perto de R$ 4. A rápida desvalorização do real obrigou a autoridade monetária a vir a público, na noite de quinta, para informar a realização de novos leilões de swap, com oferta extra de US$ 24,5 bilhões.

Entre 14 de maio e 7 de junho, o BC injetou no mercado futuro de dólar o equivalente a US$ 14,117 bilhões via swaps. Com os US$ 24,5 bilhões prometidos para o intervalo entre 8 e 15 de junho, o montante total garantido pelo BC para o intervalo entre 14 de maio e 15 de junho chega a US$ 38,617 bilhões. Para um período de um mês - mais especificamente 24 dias úteis -, seria a maior colocação desses contratos desde 2002, quando o BC passou a utilizar esse instrumento para atuar no mercado de câmbio.

Nem em 2008, na esteira da crise financeira global; nem em 2015, quando o dólar foi a quase a R$ 4,25 em meio a uma liquidação de ativos brasileiros; nem em maio do ano passado, com as delações da JBS. Em nenhum desses períodos o BC precisou disponibilizar ao mercado tanta liquidez em tão curto espaço de tempo. Nem mesmo durante o programa de oferta de swaps cambiais que vigorou entre 2013 e 2015, na era Alexandre Tombini, o BC precisou ofertar liquidez nessa magnitude num período de 24 dias úteis.

Na ocasião, o programa foi anunciado para debelar os efeitos da sinalização do Federal Reserve (Fed, BC americano) de redução de estímulos monetários, que provocou alta global do dólar, estendida ao Brasil. Nos cálculos de Cleber Alessie, operador da H.Commcor, o BC teria de vender US$ 4,563 bilhões em swaps, entre terça-feira e sexta-feira, para cumprir a promessa de colocar no mercado US$ 24,5 bilhões em swaps "O BC vai preservar a discricionalidade. Até porque nesta semana tem Fomc, então existe o risco de uma pressão no dólar", diz, lembrando a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, BC americano), marcada para quarta-feira.

Em evento promovido ontem pelo Goldman Sachs, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reiterou que oferecerá um total de US$ 24,5 bilhões em swaps até o fim desta semana. Ilan reforçou que o BC continuará a oferecer liquidez, que não há preconceito com o uso de qualquer dos instrumentos disponíveis e que o estoque de swaps poderá ultrapassar os valores máximos já alcançados. Em 31 de março de 2015, o estoque de swaps bateu o recorde de US$ 114,918 bilhões. O dado considera a data de liquidação dos contratos, não de venda.

 

Incertezas no mercado devem interromper queda de juro bancário

A forte instabilidade nos mercados deve interromper o processo de redução das taxas de juros cobradas pelos bancos, que começava - ainda que timidamente - a ganhar corpo. As instituições anunciaram nas últimas semanas uma série de cortes nas taxas das principais linhas ao consumidor e pequenas empresas, desde o crédito imobiliário até o cheque especial.

Esse movimento agora fica comprometido pela disparada das taxas futuras de juros, uma das referências para o spread - diferença entre a taxa de captação e a cobrada pelos bancos no crédito. Com a expectativa de que o cenário permaneça incerto durante o período eleitoral, executivos das instituições veem pouco espaço para novas mudanças nas taxas no curto prazo.

Mesmo antes da piora recente nos mercados, os juros cobrados pelos bancos não vinham acompanhando a redução da taxa básica de juros (Selic) na mesma proporção. O juro médio dos financiamentos com recursos livres encerrou abril em 41% ao ano, queda de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior. No ano, porém, as taxas ainda registram alta de 0,7 ponto, de acordo com o Banco Central.

Aos poucos, porém, os cinco grandes bancos de varejo - Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander - começaram a anunciar uma série de cortes nas taxas em linhas para pessoas físicas e empresas. No crédito imobiliário, as taxas caíram para abaixo de 9% ao ano no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia imóveis avaliados em até R$ 950 mil.

Os bancos diminuíram também os juros em linhas como crédito consignado, financiamento de veículos, capital de giro e até no cheque especial. As condições, como de praxe, variam de acordo com o perfil do cliente, por isso a taxa anunciada muitas vezes não é a que o cliente obtém no balcão da agência ou no aplicativo do celular.

"Com a melhora consistente da inadimplência, conseguimos repassar esse benefício para o consumidor com a redução das taxas", afirma Eurico Fabri, vice-presidente do Bradesco. O banco anunciou corte nos juros do crédito consignado de 1,99% para 1,80% ao mês. A instituição também reduziu os juros no financiamento imobiliário, de 9,30% para 8,85% ao ano, e para a compra de veículos - a taxa mínima passou de 0,95% para 0,89% ao mês.

O banco concentrou os cortes nas linhas nas quais pretende crescer e que contam com menor inadimplência, segundo Fabri. Para ampliar as concessões, o banco não fez mudanças na política de crédito além da redução das taxas. "A melhora no perfil dos tomadores com a recuperação da economia tem levado ao aumento nas aprovações pelo banco", afirma. A turbulência nos mercados, que deve se estender durante o período eleitoral, limita o espaço para quedas adicionais nos juros, mas a tendência de longo prazo ainda é positiva, segundo Fabri.

Mais do que a redução da taxa em si, o Santander tem procurado oferecer opções mais baratas de crédito, afirma Eduardo Jurcevic, superintendenteexecutivo de produtos de crédito do banco. "Se o cliente é elegível ao consignado, que é a linha com menor custo, o banco não vai fazer outra oferta até que ele tome toda a margem", diz. Dependendo do convênio, o executivo afirma que as taxas no consignado podem chegar a 1,30% ao mês.

No crédito imobiliário, o banco reduziu em abril as taxas de 9,49% para 8,99% ao ano. Depois de priorizar no último ano as linhas que consomem menos capital, a Caixa Econômica Federal anunciou a redução das taxas cobradas nas linhas de crédito imobiliário do SFH (de 10,25% para 9% ao ano) e no capital de giro para micro e pequenas empresas, que passa a ter juro a partir de 0,95% ao mês.

Nos últimos 12 meses, o saldo de financiamentos do banco público para as companhias menores recuou 16,1%. A Caixa deve manter o foco no financiamento imobiliário e para infraestrutura e promover cortes nas taxas dos demais produtos de maneira prudente, segundo o presidente do banco público, Nelson Antônio de Souza. "Não reduzimos juros por reduzir", afirmou, em entrevista coletiva na divulgação do balanço do primeiro trimestre.

Ele disse que o objetivo não é ser o banco com menor taxa, mas com taxas competitivas. Banco do Brasil e Itaú Unibanco também promoveram reduções nas taxas em linhas como crédito imobiliário, consignado e capital de giro para empresas. Como era de se esperar, os bancos não estão dispostos a abrir mão de suas margens de lucro para reduzir os juros dos financiamentos.

No primeiro trimestre, a margem financeira dos cinco grandes bancos, que inclui o resultado com crédito antes das despesas com provisão contra calotes, atingiu R$ 67 bilhões, queda de 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa dos executivos é que a queda da inadimplência e o aumento do volume de novos empréstimos nas linhas de pessoas físicas e pequenas empresas, que são mais lucrativas, compensem o corte recente das taxas.

Para o executivo de um grande banco, que pediu para não ser identificado, uma redução maior dos depósitos compulsórios, em particular nos depósitos a prazo, ajudaria a estimular a queda dos juros nas linhas de crédito. Mas todo esse cenário muda com a turbulência recente nos mercados. As linhas de crédito com taxas mais altas, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, entraram na mira do BC.

Dentro da agenda de redução dos spreads bancários, o regulador determinou o prazo máximo de 30 dias de permanência no rotativo do cartão de crédito. Após esse prazo, as instituições passaram a ser obrigadas a migrar a dívida para um crédito parcelado, com taxas mais baixas.

Antes que o BC fizesse o mesmo com o cheque especial, os bancos se anteciparam e anunciaram uma autorregulação. Pelas novas regras, que entram em vigor em julho, as instituições deverão oferecer opções mais baratas de crédito caso o cliente use mais de 15% do limite por um período superior a 30 dias. A adesão, porém, não é obrigatória, como no rotativo.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Caixa vai financiar até 80% de imóveis usados para servidores públicos

Os servidores públicos poderão financiar um valor maior ao comprarem imóveis usados por meio da Caixa Econômica Federal. O banco elevou, de 70% para 80%, o limite de financiamento, igualando o teto com o usado na compra de unidades novas.

Os demais clientes continuarão a financiar até 70% do valor de imóveis usados e 80% no caso de imóveis novos. Em nota, o banco informou que o aumento do limite para os servidores públicos tem como objetivo beneficiar o segmento com a mais baixa inadimplência e estimular o relacionamento de longo prazo com a instituição financeira.

Tradicionalmente, os servidores públicos, por terem estabilidade no emprego, pagam juros menores e têm condições mais favoráveis de crédito por terem menor risco de inadimplência. Atualmente, a Caixa tem R$ 43,2 bilhões emprestados para servidores públicos em todo o país.

Essa é a segunda alteração no crédito imobiliário da Caixa nos últimos dois meses. Em abril, o banco, que concentra 70% do mercado no setor, reduziu os juros nas linhas para a compra da casa própria com recursos da poupança.

As taxas mínimas do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) – que financia imóveis de até R$ 800 mil na maioria do país e de R$ 950 mil em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Distrito Federal – caíram de 10,25% para 9% ao ano. Para o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que financia a compra de imóveis acima desse valor, os juros mínimos foram reduzidos de 11,25% para 10% ao ano.

 

Ministro da Fazenda diz que economia já voltou ao normal

"A economia brasileira voltou ao normal, após desabastecimentos e perdas causadas pela paralisação de caminhoneiros, retomando a trajetória de crescimento, mas precisa que as reformas continuem para atingir um desempenho sustentável", disse nesta segunda-feira (11) o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Falando a jornalistas em São Paulo, o ministro avaliou como "descabido" discutir mudanças na meta de inflação antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para a última semana do mês.

Composto por Guardia, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, o CMN decidirá a meta de inflação de 2021 na reunião deste mês.

"A recuperação da economia brasileira vinha ocorrendo em escala crescente no primeiro trimestre, mas o ritmo perdeu força e não se repetirá nos próximos trimestres", segundo o ministro do Planejamento. Na avaliação de economistas do mercado consultados pelo Banco Central todas as semanas no boletim Focus, a expansão da economia será inferior a 2% neste ano.

A economia brasileira acelerou ligeiramente no primeiro trimestre, avançando 0,4% sobre os três meses anteriores, em linha com estimativas do mercado.

Já o desempenho do segundo trimestre se tornou mais difícil de prever depois dos 11 dias de paralisação dos caminhoneiros, que causou desabastecimento de insumos para a indústria e de produtos básicos para o consumidor, além de gerar perdas estimadas de mais de R$ 5 bilhões na agropecuária.

A questão foi solucionada com um pacote fiscal ao custo de R$ 13,5 bilhões, levantando ainda dúvidas sobre a sustentabilidade das contas do governo.

"Não há dúvida de que a greve teve prejuízos para o país, a greve paralisou o país durante 10 dias, tivemos desabastecimento, afetou diversos setores da economia, inclusive a atividade dos próprios caminhoneiros", disse Guardia.

"O que a gente tem que discutir agora é qual é o impacto disso e eu vi muitos números que me parecem excessivos."

Segundo Guardia, a alta de preços influenciada pela falta de produtos que não conseguiam chegar ao consumidor pela paralisação nas estradas tende a não contaminar a economia por muito tempo.

"No momento da greve você teve desabastecimento e preços subiram, refletindo a falta da disponibilidade desses bens. Na medida que a economia volta a funcionar, os preços voltam à sua normalidade", afirmou.

O efeito da paralisação dos caminhoneiros sobre a indústria ainda não foi quantificado, segundo o presidente interino da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Roriz Coelho, mas deve vir com a redução do PIB neste ano.

Presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), Coelho assumiu a presidência na semana passada, após Paulo Skaf sair para concorrer às eleições.

Segundo o presidente interino, o PIB deste ano não deve ultrapassar um crescimento de 2%, e a perspectiva mais realista é que fique em torno de 1,5%. "Qualquer número agora é prematuro, mas o PIB que se imaginava de até 3% dificilmente será atingido."

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

‘A inflação não ficaria abaixo de 3% para sempre’, diz Ilan Goldfajn

O Banco Central já trabalha com uma alta da inflação neste ano. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que a trajetória da inflação para 4% está na conta da instituição e indicou a decisão da diretoria em manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. Mesmo com a concretização desse cenário, o índice oficial de preços ficaria abaixo da meta estipulada para este ano, de 4,5%.

Na última pesquisa Focus, uma centena de economistas ouvidos pelo BC projetou o IPCA em 3,82% no fim de 2018 – há um mês, as projeções eram de 3,45%. “É claro, e já estava na conta, que a inflação em 12 meses não ia ficar abaixo de 3% para sempre.”

Ao responder a questões de investidores e economistas no Broadcast Interativo ao Vivo, Ilan disse que não vê risco de custo para as contas públicas no aumento de swaps (contratos equivalentes à venda de dólar no mercado futuro). Segundo ele, o BC também não vai esperar o mercado “secar” para atuar no câmbio e impedir a desvalorização do real, porque o País “acumulou munição” para enfrentar momentos como o de agora.

Com a escalada dos preços agrícolas e dos combustíveis, não seria prudente o BC elevar os juros no próximo encontro?

Temos dito que a política monetária (aumento de juros) não será usada para estabilizar o câmbio. A política monetária vai continuar sendo usada para atingir a meta de inflação, olhando expectativa de inflação e balanço de riscos. Olhando isso, nós decidimos a cada 45 dias qual será nossa decisão sobre a Selic, mantendo os princípios do regime de meta de inflação. Nesse caso, não será diferente. Vamos tomar a decisão sobre juros no dia 20 de junho.

A última reunião do Copom foi marcada por críticas em relação às sinalizações do colegiado sobre a Selic. Onde o BC errou na comunicação?

Não nos leva a nada ficarmos vendo no que errou, como errou. A questão mais relevante no momento é a dos nossos riscos, que mudaram. O BC tem sido muito claro em relação ao risco do cenário internacional. Nós alertamos que o cenário benigno não iria continuar para sempre, e isso se revelou verdade. Mas também alertamos que é necessário continuar na trajetória de ajustes, de reformas. Além disso, temos dito que as decisões do Copom são tomadas no dia da reunião. É neste dia que as condições são avaliadas. Isso vale para a reunião passada e para todas as reuniões do Copom.

A coleta de preços de curto prazo aponta que já em junho a inflação de 12 meses deve passar de 4%. Como o sr. avalia o balanço de riscos para a inflação no momento?

Já estava na conta que a inflação em 12 meses não ia ficar abaixo de 3% para sempre e, inclusive, essa foi a base da nossa decisão passada (de manutenção da Selic em 6,5% ao ano). De fato, o risco de a inflação ficar abaixo da meta é bem menor hoje. Então fazia sentido a gente manter a taxa de juros na reunião anterior, dado que a inflação ia voltando com mais segurança para a nossa meta. O fato de ela voltar em direção a 4% ao longo deste ano não me parece algo fora do cenário-base. É claro que vamos ter de olhar as expectativas. As projeções de inflação vão subir para frente? Qual o balanço de risco à frente? Isso tudo vamos avaliar na reunião do Copom.

O BC anunciou operações de US$ 20 bilhões em swap cambial (cujo efeito é equivalente à venda de dólares) até o fim desta semana, o que acomodou o dólar. O que a instituição vai fazer a partir da semana que vem?

No momento, não anunciamos nada para frente. Vamos observar. Nosso objetivo tem sido de estabilizar o mercado, deixar o câmbio flutuante, mas evitar a turbulência que vimos na semana passada. Este tem sido nosso objetivo. A partir daí, a gente vê para frente.

O sr. também comentou que o BC, se necessário, fará operações com swaps além do estoque visto no passado, que chegou a US$ 115 bilhões. Uma posição tão grande em swaps não representa um custo muito grande para o País?

Nós temos US$ 380 bilhões de reservas internacionais e a posição de swap é uma forma, em contratos derivativos, de usar essas reservas que temos. Essas reservas foram acumuladas para serem usadas em momentos de necessidade. Montamos este seguro e, uma vez que temos isso, ele é para ser usado em momentos de necessidade. Achamos que o momento é agora, é este ano. Se você chegar ao máximo visto no passado, por exemplo, são US$ 115 bilhões de swap de um lado versus US$ 380 bilhões de reservas de outro. Ainda há bastante espaço. Não considero um risco para o País.

O BC não poderia se adiantar à falta de recursos e fazer leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra no futuro) para inibir especulações, como sugerem alguns profissionais?

Dissemos que se houver demanda, vamos oferecer. Agora, haver demanda não significa esperar a liquidez secar. Se observarmos que há necessidade, se houver demanda maior que oferta de dólares, obviamente estaremos à disposição para ajudar. Não há problema em fazer leilão de linha. Temos reservas e elas nos dão lastro para fazer os leilões.

Qual o risco para o Brasil de vitória na eleição presidencial de um candidato não comprometido com as reformas fiscais?

Não comento questões políticas. Gostaria que o BC se mantivesse neutro, apartidário, para poder cumprir melhor o seu papel. Mas temos dito que é muito importante para o Brasil continuar na trajetória das reformas, principalmente do lado fiscal, porque apenas isso vai garantir consolidação fiscal, inflação baixa, recuperação da economia e taxas de juros estruturais mais baixas.

 

Carência de terrenos pode limitar maior expansão na baixa renda

Os imóveis populares atraem empresas que não trabalhavam com o segmento econômico. Para o diretor de negócios da Cury Construtora, Leonardo Mesquita, isso também explica o grande aumento no número de projetos destinados ao programa Minha Casa Minha Vida. A obra fica atrelada à oferta de terrenos com preço e condições para lançamento nas regras do MCMV, cujo teto é de R$ 240 mil. “A procura tende a aumentar, mas há limite de produção por conta de áreas.”

Segundo ele, talvez não consiga subir tanto no volume. A Cury cresceu cerca de 25% em 2017, registrando valor dos lançamentos de R$ 488 milhões na capital e Grande São Paulo. Foram sete empreendimentos, todos no programa MCMV.  “Lançamos em regiões mais centrais, onde o terreno tem preço mais elevado”, conta o diretor, destacando o lançamento do Dez Bom Retiro, em novembro. Tem 268 unidades, de dois dormitórios, desde R$ 182 mil. No terreno de 4,2 mil m², são duas torres de oito andares, ao lado da estação Armênia do metrô. Também cita o Dez Cerejeira, em Itaquera, com 300 unidades, de dois dormitórios e 40 m². Tem oito apartamentos por andar e uma vaga na garagem. “São regiões bem valorizadas”, declara Mesquita.

Na faixa de R$ 160 mil a R$ 210 mil, a Cury apresentou cinco projetos. Em março, lançou a segunda fase do Dez Jardim Botânico, perto da Rodovia dos Imigrantes, com preço a partir de R$ 164 mil. Em setembro, foi a vez do Meu Lar Cantareira (R$ 174 mil), terceira e última fase do projeto Meu Lar Zona Norte. Tem 300 unidades, com dois dormitórios. Serão 15 torres, próximo do Parque da Cantareira para famílias com renda a partir de R$ 2,6 mil.

Dez Vila Ema, a partir de R$ 207 mil, próximo da estação do Oratório, na Vila Prudente, zona leste, foi lançado em julho, a 800m da futura estação Oratório monotrilho. Tem duas torres com 294 unidades. O prédio, no terreno de 4 mil m², terá 18 andares. “Em frente ao Monotrilho”, diz, ressaltando que a Cury conseguiu lançar em locais bem interessantes, onde o terreno é mais valorizado.

Este ano, a Cury já fez dois lançamentos e tem mais dois para breve: o Dez Anhaia Mello e o Dez Parque do Carmo.

 

EXAME

Conheça as propostas econômicas dos principais candidatos à Presidência

O primeiro turno da eleição presidencial do Brasil está programado para 7 de outubro e o suspense em relação a quem assumirá a maior economia da América Latina é cada vez maior.

Confira a seguir o que alguns dos principais candidatos têm a dizer a respeito dos assuntos econômicos mais polêmicos.

PRIVATIZAÇÃO

Jair Bolsonaro

Venderá rapidamente um terço das empresas estatais, principalmente aquelas criadas por governos de esquerda. Afirma que ativos estratégicos precisam ser “preservados” e defende restrições à propriedade de terras agrícolas e depósitos minerais por estrangeiros.

Ciro Gomes

– Não é contrário às privatizações em princípio, mas se opõe à venda de empresas estratégicas como a Petrobras e a Eletrobras.

– Promete expropriar determinados campos de petróleo leiloados durante o governo do presidente Michel Temer.

Marina Silva

– “Não tenho dogma contra privatizações”, afirmou.

– É contrária à ideia de vender Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Geraldo Alckmin

– De forma geral, apoia as privatizações, mas postura em relação à venda da Petrobras oscila.

– Não venderia bancos estatais como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Alvaro Dias

– Apoia a privatização e promete vender 149 empresas estatais.

– É contrário à ideia no tocante a empresas que descreve como estratégicas, como Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Jair Bolsonaro

– Apoia uma reforma da previdência de forma geral, mas ainda está trabalhando em uma proposta; alerta que o sistema previdenciário atual provavelmente vai “explodir” nos próximos anos.

– Como todos os candidatos, com exceção de Alckmin, Bolsonaro criticou a proposta de reforma do governo Temer.

Ciro Gomes

– Afirma que o sistema previdenciário do Brasil não tem déficit, mas apoia uma reforma multifacetada favorável a novas entradas no mercado de trabalho e uma pensão mínima universal.

Marina Silva

– A reforma da previdência é estratégica e precisa ser enfrentada logo no início do novo governo.

Geraldo Alckmin

– Apoia a proposta de Temer de fixar uma idade mínima de aposentadoria e de limitar outros benefícios.

– Afirma que o próximo presidente precisa aprovar uma reforma nos seis primeiros meses de governo.

Alvaro Dias

– É favorável à idade mínima e à redução da diferença entre as aposentadorias públicas e privadas.

AUTONOMIA DO BANCO CENTRAL

Jair Bolsonaro

– Defende um Banco Central autônomo com meta de inflação clara.

– Seria bom manter a diretoria atual do banco ou empossar uma com ideias similares.

Ciro Gomes

– Afirma que o Banco Central atua com uma autonomia “criminosa”, citando nomeações do setor privado para o conselho ao longo dos anos.

– Para ele, o Banco Central deveria ter metas para inflação e emprego.

Marina Silva

– Apoia a autonomia operacional para o Banco Central. Afirma que sua proposta em 2014 como candidata, favorável à independência do Banco Central, não correspondia à sua visão pessoal.

Geraldo Alckmin

– Afirma que a autonomia do Banco Central não é tão prioritária quanto a questão fiscal.

– Diz que Ilan Goldfajn está fazendo um bom trabalho e que seria uma boa ideia mantê-lo no cargo.

Alvaro Dias

– Descreve a autonomia do Banco Central como um objetivo.

ESTADO GRANDE OU NÃO?

Jair Bolsonaro

– Defende um Estado menor e a limitação da carga tributária do Brasil.

– É contrário à taxação de lucros e dividendos.

Ciro Gomes

– Afirma que os cidadãos pobres e de classe média pagam mais impostos do que a classe alta.

– Apoia a transferência da carga tributária das compras de produtos básicos, medicamentos e eletricidade para outras áreas, incluindo heranças e riquezas.

Marina Silva

– Quer uma transparência maior e um sistema tributário descentralizado e simplificado.

– Argumenta que os cidadãos pobres não deveriam pagar mais impostos.

– Pensa que o enxugamento não pode comprometer a capacidade do governo de oferecer serviços básicos.

Geraldo Alckmin

– Defende a necessidade de cortar custos para fazer negócios no Brasil e a implementação de medidas que aumentem a competitividade e também a confiança para atrair investimentos.

Alvaro Dias

– Defende a ideia de reduzir o número de ministérios e também o número de parlamentares do Senado e da Câmara dos Deputados.

– Afirma que o Estado brasileiro cresceu demais.

 

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

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