Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Guardia quer avançar em mudanças tributárias

Ao receber o cargo do antecessor Henrique Meirelles, o novo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, fez um discurso de continuidade da atual política econômica, mas tentou mostrar que não pretende apenas gerenciar o caixa federal até o fim do ano. Além de reforçar a mensagem de compromisso com a disciplina fiscal, o fortalecimento do mercado de capitais e o incentivo à produtividade, ele colocou entre seus temas prioritários a reforma do PIS/Cofins e uma simplificação do ICMS.

O primeiro tema já vinha sido tocado tecnicamente por ele e pela Receita Federal desde o ano passado. Agora, à frente da equipe econômica, Guardia tentou mostrar mais ambição e disse que pretende mexer também na lei complementar 87, que trata do ICMS, um problema que envolve outros 27 atores - os governos estaduais. "É enorme a complexidade do ICMS. Ele e PIS/Cofins são os maiores impostos hoje", afirmou.

 "É fundamental que tenhamos a simplificação dessa legislação e uma tentativa de unificar alíquotas do ICMS", disse, explicando que o tema começou recentemente a ser discutido com secretários estaduais de Fazenda. Segundo o ministro, uma das ideias é simplificar as obrigações acessórias ligadas ao tributo estadual, tentar unificar as 27 legislações existentes e estabelecer uma alíquota interestadual máxima de 4% - que ele mesmo reconheceu como ponto mais difícil de avançar no Congresso.

Guardia afirmou que o governo gostaria de mandar juntas as alterações tanto no ICMS como em PIS/Cofins. "Mas não posso garantir, porque o PIS/Cofins está mais avançado", disse. Outro tema tratado por Guardia tanto em seu discurso na transmissão de cargo como em sua primeira entrevista à imprensa foi a "regra de ouro" das contas públicas.

Ele defendeu mudanças que façam com que o dispositivo constitucional que impede endividamento para pagar despesas correntes (como salários) tenha regras convergentes com a do teto de gastos, como a vedação de reajustes em salários caso o limite seja rompido. Guardia afirmou que hoje há um desequilíbrio para o cumprimento da "regra de ouro" e que a norma não dá "flexibilidade" para um ajuste em curto prazo. "Todos nós entendemos que 'regra de ouro' é boa e tem que ser mantida. [Mas] para completar o ajuste, precisa de tempo, e 'regra de ouro' não tem essa flexibilidade", disse.

Como esse tipo de mudança demanda emenda constitucional, que não pode ser feita em período de intervenção em um Estado (no caso, o Rio de Janeiro), ele reconheceu que o tema não será tratado para vigorar no ano que vem.

Nesse sentido, Guardia chegou a dar uma mensagem contraditória ao de seu par, o novo ministro do Planejamento, Esteves Colnago - que sinalizou que o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) já terá uma previsão de crédito suplementar ou especial para cobrir o rombo da regra.

O chefe da Fazenda apontou que o tema seria tratado de maneira "evidente" na lei orçamentária, só em agosto. Uma fonte do Planejamento, contudo, reiterou que um comando genérico sobre isso já estará na LDO. Guardia disse ainda que a tese do crédito especial não é a única solução sendo pensada pela equipe econômica, sem revelar qual seria a alternativa em debate.

Ele também sugeriu que o cumprimento da regra deve ser verificado apenas em 2020. "Esse [crédito especial] é um dos caminhos, não o único, para lidar com a "regra de ouro" em 2019. Lembrando que o cumprimento da regra não se dá no Orçamento, mas no início de 2020, quando for analisada a peça de 2019", afirmou.

No entanto, técnicos do Congresso já elaboraram parecer defendendo que a regra deve ser atendida já no envio do Orçamento - e não só na execução do orçamento em 2019, visão compartilhada pelo Planejamento.

Na cerimônia de transmissão de cargo, o ex-ministro Henrique Meirelles também defendeu uma "modernização" da "regra de ouro" para dar "transparência e solidez" às contas públicas. No evento, o ex-ministro fez um balanço de sua gestão, destacando a saída da recessão e dizendo que a retomada econômica hoje é "forte" e disseminada setorialmente.

 

Economista-chefe do Credit Suisse diz que retomada está mantida

A economia brasileira se encaminha para crescer 2,5% neste ano, impulsionada pelo consumo das famílias, que segue com perspectivas favoráveis, avalia o novo economista-chefe do Credit Suisse, Leonardo Fonseca. Como nunca chegou a projetar uma expansão na casa de 3% ou mais para este ano, Fonseca não se decepcionou com os resultados um pouco mais fracos da atividade nos primeiros meses de 2018.

"Todos os determinantes do consumo das famílias apontam de fato para uma recuperação sustentável", afirma ele, destacando a expectativa de um aumento razoável da massa salarial real (descontada a inflação), na casa de 3,5%, do avanço do crédito para a pessoa física e do menor endividamento do consumidor, num quadro de juros bem mais baixos.

Ele estima um crescimento de 3,1% para ao consumo das famílias em 2018, uma aceleração razoável em comparação ao 1% registrado em 2017. Para Fonseca, o que faz da atual retomada a mais lenta desde o começo dos anos 1980 são os outros componentes da demanda - o consumo do governo, as exportações e o investimento. Na atual retomada, o crescimento trimestral médio é de 0,5% em relação ao trimestre anterior; nos oito episódios anteriores, de 1,4%, diz Fonseca.

Para ele, o investimento deve crescer 5% em 2018, depois de quatro anos de quedas consecutivas. A alta não deverá ser mais forte por fatores como a delicada situação fiscal de União, Estados e municípios, a mudança no perfil do crédito no país e a incerteza em relação às contas públicas num ano eleitoral.

Na entrevista, a primeira desde que assumiu o cargo no mês passado, Fonseca destaca a necessidade de medidas fiscais que revertam a trajetória de alta da dívida bruta e de medidas que melhorem a capacidade de o país crescer a um ritmo mais forte de modo sustentado. A seguir, os principais trechos:

Valor: A atividade começou o ano num ritmo mais fraco. Isso muda a perspectiva de crescimento?

Leonardo Fonseca: A nossa leitura era um pouco mais conservadora do que a que o mercado tinha. Já prevíamos crescimento para este ano de 2,5%. O consenso estava convergindo para um cenário mais perto de 3% para 2018. O que vemos neste começo do ano é de fato uma moderação nos dados, especialmente em relação a dezembro, quando começou a ter mais otimismo em relação ao crescimento deste ano. Foi o mês em que a produção industrial teve uma alta fortíssima e os dados de crédito mostraram melhora. Em janeiro e fevereiro houve alguma devolução. Mas, de modo mais amplo, há um processo de recuperação gradual desde o começo do ano passado.

Valor: Quão lenta é esta retoma em relação às anteriores?

Fonseca: Na recuperação atual, o ritmo de crescimento trimestral está perto de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Nos oito processos anteriores de saída de recessão desde os anos 1980, a taxa média foi de 1,4%.

Valor: Por que isso ocorre?

Fonseca: Primeiro, há a questão do consumo do governo. Dada a situação fiscal atual, boa parte dos cortes de gastos ocorre nas despesas discricionárias. As exportações, por sua vez, crescem, contribuindo para a retomada, mas já contribuíram mais no passado. Quando o país tinha uma pauta mais voltada para produtos manufaturados, como no começo dos anos 2000. E, por fim, há a questão dos investimentos. Uma parte importante é construção civil, que vê uma recuperação mais lenta, também associado à questão do próprio governo.

Valor: O que mais afeta a retomada do investimento?

Fonseca: Boa parte do processo de ajuste fiscal tem sido feita pelo corte de investimentos, tanto em Estados e municípios como no governo federal. É mais um fator que dificulta uma aceleração mais rápida. Outro é a questão dos bancos públicos. Todo mundo avalia como positiva a questão da medida da TLP [Taxa de Longo Prazo, que substituiu a partir deste ano a Taxa de Juros de Longo Prazo nos empréstimos do BNDES ], mas no curto prazo afeta a oferta de crédito. No Relatório de Inflação, o BC mostrou que a volta do mercado de crédito está sendo muito parecida com outros processos de flexibilização monetária. É verdade, mas no crédito livre. Em outros momentos, o crédito direcionado se expandia num ritmo mais forte. Hoje não tem isso. O crédito livre precisaria estar crescendo a um ritmo maior para ter o mesmo tipo de impacto.

Valor: O consumo das famílias decepcionou no quarto trimestre e os indícios deste começo de ano não são muito favoráveis.

Fonseca: Os dados do ano passado foram muito influenciados por medidas pontuais. Houve liberação dos recursos das contas inativas do FGTS. Se você olhar os dados do segundo e terceiro trimestres, registraram acelerações mais fortes do que se imaginava. Havia um processo de desalavancagem, que ocorre de forma gradual, no mercado de trabalho, ninguém esperava que o desemprego fosse cair de forma muito rápida, e muito menos a questão dos salários reais. No começo do ano passado, houve inflação caindo muito mais rápido do que se esperava. Os salários reais terminaram crescendo 2,4%, mesmo com desemprego ainda alto, de 12,7% na média do ano. Na verdade, houve várias surpresas que ajudaram o consumo a destravar e começar a crescer antes e mais rápido que se imaginava.

Valor: Mas o crescimento de 0,1% do consumo das famílias no quarto trimestre não foi muito baixo?

Fonseca: O número do quarto trimestre com ajuste sazonal, de alta de 0,1%, indica uma desaceleração grande em relação ao 1%, 1,1%, dos trimestres anteriores. Mas o dado na comparação ano contra ano já está ali perto de 3%. Não é um ritmo historicamente muito elevado, mas já é um ritmo bastante razoável de crescimento. Se continuar crescendo 3%, é mais ou menos o número que nós temos para este ano. O que estamos vendo é um processo de melhora que tende a permanecer. Se você pensar que o crédito livre para pessoa física tem mantido um ritmo de expansão, mesmo em janeiro e fevereiro, a massa salarial vai desacelerar, mas segue crescendo entre 3,5% e 4%. Além disso, há um nível de comprometimento de renda já num nível muito mais baixo. Todos os determinantes do consumo das famílias apontam de fato para uma recuperação sustentável. Para mudar muito esse cenário, precisaria de algum tipo de mudança mais radical que revertesse todo esse estímulo monetário.

Valor: E essa inflação persistentemente mais baixa tem a ver com uma atividade possivelmente mais fraca?

Fonseca: Os modelos vão mostrar que, com uma economia um pouco mais fraca, isso leva a uma inflação menor. Mas há um problema nessa questão de estimar variáveis não observadas. Há toda a questão do crescimento potencial da economia brasileira. Existe um nível de incerteza elevado sobre isso. E acho que o impacto da moderação do crescimento no começo do ano não tende a ser tão grande sobre a inflação. No nosso cenário, esperamos uma alta de 0,7% para o PIB no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior, e hoje talvez esteja se tornando mais provável algo como 0,5%. Do ponto de vista da inflação, isso não deveria ter grande contribuição. O que poderia ter é outro fator que se tem discutido, o quão longe o PIB está do PIB potencial. Há pessoas argumentando que os dados recentes mostram que talvez se esteja numa distância maior do que se pensava.

Valor: A recuperação do mercado de trabalho se dá basicamente pela informalidade, isso preocupa?

Fonseca: Isso é um risco, sem dúvida. O emprego formal vem se recuperando, mas num passo gradual. Já o setor informal começa a mostrar uma desaceleração. Será que essa desaceleração do informal vai ser mais rápida do que a aceleração do mercado formal? Aí entraria um cenário de risco e o desemprego talvez não caísse tanto quanto se imagina. Mas, se pegar o Caged, continua a haver indícios de recuperação, de criação de postos de trabalho, num ritmo talvez compatível com o que nós já imaginávamos, de 2,5%, e não um ritmo muito mais forte que parte do mercado imaginava. A economia começa o ano crescendo num ritmo mais moderado, mas crescendo e mantendo a perspectiva de recuperação. Isso é o que importa.

Valor: E como voltará o investimento sem crédito direcionado e com a construção patinando?

Fonseca: Os investimentos são a parte mais sensível à questão da transmissão monetária. Quando o BC corta juros, é o componente que mais reage quando se pensa em termos de demanda. Para traçar um cenário de recuperação mais forte dos investimentos, é necessário manter esse cenário de juros baixos por mais tempo. Como se consegue isso? Mantendo a incerteza lá da frente baixa. Nós temos hoje num quadro com inflação baixa, as expectativas de inflação estão bem comportadas e não há um problema de demanda afetando. Se a taxa de câmbio não tiver nenhum movimento forte, o cenário é relativamente favorável para a inflação. Você consegue manter os juros baixos até que esse efeito se reflita numa economia mais forte. Isso também depende da nossa capacidade de crescimento hoje. Temos muita ociosidade, se conseguirmos crescer a um ritmo de 2,5%, 3%, se esse cenário de juros prevalecer por um tempo relativamente grande é natural que uma hora a economia reaja a isso. Com todo esse processo de desalavancagem de empresas, de famílias, a demanda voltando e tudo mais, o caminho normal vai ocorrendo e se consegue estimular também os investimentos.

Valor: Há quem ache que o BC demorou para baixar juros.

Fonseca: A minha opinião é diferente. Se você pegar a projeção do Focus em agosto, setembro de 2016, ela vai mostra uma inflação de 5,5% para 2017, mas ela ficou em 3%. Todo mundo foi surpreendido, tanto é que muita gente na época defendia uma flexibilização da meta de inflação. Isso mostra, por si só, que não era claro para ninguém que haveria uma queda expressiva da inflação. O BC foi ajustando o passo de acordo com o que ele foi vendo. Houve um choque muito forte de alimentos [no domicílio], que saiu de uma alta de 16% para uma queda de 5% [em 12 meses]. Então ele foi de atualizando, como todo mundo. Valor: Quais suas projeções para IPCA e Selic este ano? Fonseca: Temos um IPCA de 3,8% e esperamos que haja mais um corte de 0,25 ponto percentual e ele para o processo de redução dos juros.

Valor: E qual é o seu cenário básico para os próximos anos?

Fonseca: Nós vamos até 2019, até porque nós importamos o cenário global do banco. Os nossos times de fora projetam até 2019, então não temos muito como ampliar muito para 2020, porque se eles vêm com uma projeção diferente nós temos que mudar completamente o cenário. Mas o que vemos hoje é uma série de desafios. Se pensarmos do ponto de vista da partida, alguma coisa já foi feita. Houve um primeiro passo, a medida do teto de gastos. Não resolve o problema, mas talvez coloque parâmetros para a discussão, embora seja necessário observar ao longo dos próximos anos uma série de medidas tendo que ser implementadas. Há a questão primordial da reforma da Previdência. Em qualquer cenário fiscal de alguma forma precisa contar com uma reforma relativamente dura.

Valor: O que seria uma reforma relativamente dura?

Fonseca: Pelo menos igual à primeira versão da proposta que o governo apresentou no fim de 2016, que ele enviou ao Congresso. Precisaria começar por ali para começar a observar algum tipo de ajuste. Sem essas medidas adicionais, o teto não vai funcionar.

Valor: O teto de gastos será rompido já no ano que vem?

Fonseca: No nosso cenário, rompe, mas fica muito perto. É muito difícil fazer uma previsão precisa em relação a isso. É necessário admitir que no ano passado o governo conseguiu controlar as despesas discricionárias numa magnitude maior do que se imaginava. Há essa incerteza de quanto eles conseguem cortar a mais de modo a não prejudicar muito a qualidade dos serviços públicos. Nas nossas projeções, colocamos que o teto acaba sendo rompido, mas, se olharmos o que tem sido feito nos últimos meses, não pode se afirmar categoricamente que será. Mas, se não for em 2019, o rompimento será muito mais provável em 2020.

Valor: Mesmo com uma reforma da Previdência mais dura?

Fonseca: Nós vamos precisar de medidas adicionais. A reforma da Previdência ajuda nos próximos dez anos, mas no primeiro ano o efeito não é tão significativo, algo como R$ 15 bilhões. Então o governo claramente vai precisar já no curtíssimo prazo trazer outras medidas de corte, de ajuste, para atuar junto com a reforma da Previdência e garantir o cumprimento nos primeiros anos. Num prazo mais amplo, a reforma da Previdência tem um impacto maior e aí ajuda. Mas é difícil. Mesmo com a reforma da Previdência, não é trivial cumprir o teto de gastos nos próximos dez anos. Você vai precisar de medidas adicionais.

Valor: Que medidas? Mudar a regra de reajuste do salário mínimo? Acabar com o abono salarial?

Fonseca: Parte significativa dos gastos primários é voltada também para salários. Nós observamos durante um período altas acima da inflação, ganhos reais significativos. Estamos num período que precisará ter um ajuste também por aí para fazer uma parte do trabalho. Também há o abono e uma série de questões de eficiência que o governo pode adotar para auxiliar pelo menos a reforma da Previdência na tarefa.

Valor: No seu cenário-base há um governo reformista em 2019?

Fonseca: Se tiver avaliação de que o próximo governo está indo para o caminho certo, o quadro pode ser muito mais favorável, porque entram impactos não considerados no nosso cenário base. Nós consideramos um cenário ali no meio do caminho, com algumas reformas sendo implementadas, porque, se não for, as simulações de dívida mostram uma tendência de alta pelos próximos dez anos que não é revertida. Do ponto de vista do crescimento, temos projeção de 2,3% no ano que vem. Pode ser melhor se houver uma avaliação mais favorável em relação ao próximo governo, que poderia, por exemplo, manter essa situação de juros mais baixos por mais tempo, uma aversão ao risco menor.

Valor: Há um aumento da tensão política. O sr. considera algum cenário mais caótico, de inviabilidade, de ameaça à democracia?

Fonseca: Não é o cenário base com que a gente trabalha. Quando se fala que possivelmente as eleições vão gerar uma volatilidade nos preços dos ativos, é mais pela questão do ponto de partida em que estamos hoje. Se pensarmos em processos eleitorais anteriores, de alguma forma a economia estava um pouco mais ajustada. Hoje, se pensarmos do ponto de vista de desafios, e aí não só do lado fiscal, como de crescimento, a percepção é de que a economia, se nada for feito, não consegue crescer muito mais que 2%, 2,5% ao longo dos próximos dez anos. A incerteza é maior. Tem que entregar muita coisa e nós sabemos que às vezes o ritmo de aprovação das medidas não acontece na velocidade ideal.

Valor: E essa incerteza se traduz num cenário de crescimento um pouco mais gradual da formação bruta de capital fixo, não? Quanto o investimento cresce este ano?

Fonseca: Temos 5%. Se fosse seguir o ritmo das recuperações anteriores estaria crescendo até acima de 10%. Geralmente é a variável de ajuste, num processo de queda é o componente da demanda que mais se contrai, num processo de expansão é o que mais se expande num primeiro momento. E aí, por conta dessas questões, seja de incerteza, do próprio impacto do governo sobre o investimento, pensando como um todo, tem as estatais, Petrobras por exemplo, contribuía muito mais. Tudo isso de alguma forma trava a recuperação dos investimentos.

Valor: Como estão vendo o cenário para disputa eleitoral?

Fonseca: Quando nós olhamos as pesquisas, vemos muita incerteza. Para nós, não está nem um pouco claro qual é o candidato que vai vencer as eleições. Começa por aí - se o Lula não participar, para onde vai essa intenção de voto. Não conseguimos fazer uma avaliação candidato a candidato. A informação disponível hoje é baixa. Tentamos de algum modo não entrar muito nesse detalhe. O que nós tentamos fazer é mostrar que há muitos desafios, nossa visão é cautelosa por causa disso. Quando começar a se delinear um cenário mais claro em relação ao próximo presidente, o que ele vai anunciando, nós vamos ajustando o nosso cenário. Hoje o cenário está muito incerto.

Valor: Em que cenário um quadro de dominância fiscal poderia ocorrer?

Fonseca: Se as medidas [fiscais] não forem adotadas, nós vamos voltar para a mesma discussão. E acaba sendo relativamente rápido. Quando quebra a confiança, ninguém vai investir em algo que não acredite. O mercado antecipa. Ninguém vai esperar o governo chegar a uma situação completamente desfavorável. [Os investidores] vão observar se as medidas estão de acordo com a trajetória que levaria a dívida se estabilizar e as contas a melhorarem. Considerando o ponto de partida hoje, não dá para se dizer que está completamente afastado. Se voltar a ter políticas de expansão de gasto fiscal, voltaria a discussão.

Valor: E o cenário externo?

Fonseca: Ainda vemos o cenário externo atuando favoravelmente. É bem verdade que o ano começou com a Europa crescendo muito mais, os próprios EUA com os dados e a própria perspectiva de crescimento sendo maior, todo mundo revisando os dados de economia global. Economias que estavam em recessão, como Brasil e Rússia, tudo também se recuperando, num processo cíclico. Houve esse primeiro momento de ajuste aí a partir de fevereiro, talvez, começou a haver alguns acontecimentos que mudaram um pouco o cenário para frente. É a questão de ritmo de alta dos juros pelo Fed, de como o banco central americano vai implementar a política monetária, e houve a questão comercial, com a discussão sobre uma guerra comercial.

Valor: Vai acontecer?

Fonseca: Não é o cenário que nós assumimos. Acreditamos na moderação e um acerto entre os países. O cenário externo continua favorável porque o crescimento segue alto lá fora e o ajuste monetário ocorre de forma gradual.

 

Articulação fraca é principal risco político, diz Volpon

A chegada de um presidente com pouca articulação no Congresso é o principal risco do quadro eleitoral. A falta de capacidade do governo para lidar com os parlamentares e levar adiante os ajustes fiscais poderia configurar um quadro semelhante ao de 2015: de crise econômica e política. Essa é a avaliação do economista-chefe do UBS e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon. No entanto, o especialista ainda está otimista com as reformas mesmo que o processo até a aprovação das medidas seja tortuoso. "A situação está muito ruim [...] É quando a situação está péssima que as medidas certas acontecem", diz.

"Ainda acho que a reforma será feita, mas pode ser de uma forma positiva ou negativa, com crise política, econômica", acrescenta. A seguir, os principais trechos da entrevista: Valor: Como pode ser definida a instabilidade recente mesmo após a prisão do ex-presidente Lula? Tony Volpon: A eleição começa a influenciar o comportamento dos investidores. Toda essa novela do caso Lula antecipa a questão eleitoral, que normalmente tomaria mais corpo na decisão dos agentes depois da Copa do Mundo.

As pessoas estão vendo que será um processo extremamente incerto e isso gera uma preocupação antecipada. Vai ser uma disputa diferente e estamos bem longe da conclusão ou de mais clareza sobre o andamento. Mas a instabilidade tem várias fontes, não tem um culpado só. O ambiente externo está bastante volátil, como pode ser visto num gráfico do S&P 500. Estamos num ambiente mais incerto e obviamente isso afeta países mais frágeis, a exemplo do Brasil. E tem outros fatores mais específicos: as demissões no Ministério de Minas e Energia, as notícias de que o governo vai gastar mais neste ano.

Tudo isso cria um mau humor. Não é que os fundamentos econômicos tenham piorado, mas o mercado trabalha com visão de mundo. E desta vez olha o copo meio vazio, em vez do copo meio cheio.

Valor: Olhando só o quadro eleitoral, caiu a ficha no mercado de que não tem um candidato reformista despontando nas pesquisas?

Volpon: Não sei se é bem isso. O Brasil tem uma questão fiscal tão dramática que é quase impossível que o próximo presidente não faça algo sobre isso. É essa leitura que eu tenho percebido com investidores. Qualquer pessoa que assuma a cadeira da Presidência em janeiro de 2019 vai ter de tentar algo. Desde o Bolsonaro até a ala mais moderada do PT, todo mundo sabe que vai precisar de um ajuste fiscal. Já vimos no caso da [ex-presidente] Dilma que um governo incapaz de lidar com o fiscal - essa é a percepção a partir de meados de 2015 - acaba gerando uma crise tamanha que inviabiliza politicamente o presidente. Sem entrar nos detalhes, a conclusão que fica é: um governo só é inviabilizado quando perde apoio político. Por outro lado, o Temer conseguiu rejeitar as denúncias porque tinha articulação.

Valor: Mas, então, qual é o risco principal da eleição?

Volpon: O risco mais concreto é chegar alguém com apoio muito pequeno no Congresso. A capacidade de executar a reforma, achando uma efetiva base de apoio no Congresso, é o problema principal. Não acho que é o momento de olhar isso, mas é a questão principal. Pode ser que tenhamos um presidente que queria fazer reformas, um ministro da Fazenda que é um bom técnico e tenha ideias corretas, mas não consiga apoio do Congresso. E aí voltamos para o cenário de 2015. Ainda acho que a reforma será feita, mas pode ser de uma forma positiva ou negativa, com crise política, econômica etc.

Valor: Como definir o quadro eleitoral que vai se formando agora? Temos vários pré-candidatos, como Joaquim Barbosa, Henrique Meirelles...

Volpon: É normal ter muitos pré-candidatos nesse ponto do ciclo eleitoral. Só vamos ver grandes coligações mais para frente. Se haverá um afunilamento até lá, haverá. Mas temos de ver que cachorro sai desse mato. O mercado está apostando muito que vai sair um cachorro bom desse mato eleitoral. E, se não sair, vai ter de reagir e vamos cair num cenário de 2015. Tem gente que aposta que sairá uma grande coligação ao redor do Alckmin e isso o levará a ser o candidato competitivo contra um candidato à direita, como Bolsonaro, ou à esquerda, talvez alguém indicado pelo Lula. Outro cenário é que essa grande coligação de centro não ocorra. E acaba tendo várias candidaturas que disputam o mesmo espaço político e se anulam. Nesse caso, teria alguém da esquerda, de novo turbinado pelo Lula, contra o Bolsonaro.

Valor: Mas qual cenário tem mais chance? E quem teria mais apoio do Congresso?

Volpon: É cedo para falar, depende do tipo de eleição. A Dilma venceu por margem muito estreita e isso a enfraqueceu politicamente. E a capacidade de articulação no Congresso, que era relevante no primeiro mandato, decaiu muito e ela não conseguiu aprovar nada.

Valor: Podemos ficar mais pessimista ou otimista sobre relação do Congresso com futuro presidente?

Volpon: Estou otimista, mas é um otimismo meio estranho. Estou mais positivo porque a situação está muito ruim. É quando a situação está péssima que as medidas certas acontecem. Foi assim com o Real, com a desvalorização de 1999, a crise de 2015. É quando o contexto está bom que cometemos muitos erros.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Reformas precisam de presidente respeitado e com autoridade moral

"Não é possível mudar o país sem respaldo popular." Essa é a lição que fica do governo Michel Temer, na opinião do banqueiro Ricardo Lacerda, fundador do banco de investimento BR Partners.

Para ele, o Brasil precisa de um presidente eleito com legitimidade e que tenha autoridade moral para avançar.

Lacerda, que desde a fundação do banco, em 2010, fechou operações que ultrapassam R$ 100 bilhões, ressalva que o governo Temer conseguiu estabilizar a economia.

Mas não fez nada que atendesse os anseios de quem foi às ruas pedir mudança.

Para ele, a prisão do ex-presidente Lula é consequência de um amadurecimento do Judiciário, o que beneficia o ambiente de negócios, mas o importante agora é que o mesmo rigor pegue outros corruptos.

Folha - Como o senhor avalia o impacto da prisão do ex-presidente Lula para o país?

Ricardo Lacerda - Lamento que um presidente com uma trajetória tão bonita tenha seguido o caminho da mentira e da corrupção. Considero isso uma grande desnecessidade diante do papel que a história reservava a ele. Mas a condenação se deu dentro de um processo transparente e ordenado. Isso fortalece nossas instituições e a imagem do Brasil perante os investidores. O fim da corrupção e da impunidade vai melhorar muito nosso ambiente de negócios.

O que quer dizer na prática?

É um processo de amadurecimento das instituições e do Poder Judiciário. Há um fortalecimento do Ministério Público e da Polícia Federal e uma orientação mais rígida dos tribunais. Tudo isso levou a centenas de prisões e recuperação de bilhões desviados com a corrupção.

A prisão de Lula é consequência disso, com o simbolismo de que ninguém está acima da lei. O importante agora é que o mesmo rigor pegue outros corruptos, de todos os espectros políticos.

Mas o investidor teme a possibilidade de ele sair da prisão antes da eleição?

O PT e as esquerdas terão peso na eleição mesmo com Lula preso. Mas hoje o mercado acredita na vitória de um candidato de centro ou direita. Não está no preço dos ativos a vitória de um candidato radical de esquerda.

Que diagnóstico o sr. faz do país hoje? Qual é a prioridade?

Estamos vivendo a falência do modelo da Constituição de 1988. O Estado inchou, foi corrompido e engoliu boa parte da sociedade. Se não for contido, implodirá o país. Precisamos de reformas que garantam a solvência do Estado e devolvam poder ao cidadão. A força da sociedade tem de estar com trabalhadores, empreendedores e empresários, e não com políticos e burocratas.

A receita é fazer reformas, dar independência ao BC, privatizar os bancos e empresas estatais, rever o papel do BNDES e modernizar as agências reguladoras. O Estado tem que se concentrar em educação, saúde e segurança.

O que o sr. acha dos candidatos à Presidência?

É cedo para prognósticos. A grande dúvida é se teremos um segundo turno entre radicais ou se algum nome de centro se viabilizará e com qual discurso. Acredito no segundo cenário, mas a dúvida é se teremos alguém novo, eleito com uma plataforma de reformas, ou um candidato de coalização de partidos desgastados, que governará com as amarras de sempre.

O sr., diversas vezes, elogiou Henrique Meirelles. Ele teria capacidade de domar o Congresso para fazer as reformas?

Henrique Meirelles e Pedro Parente são os nomes deste governo com legitimidade para disputar a Presidência da República. Assumiram a responsabilidade de corrigir graves erros do governo anterior e entregaram resultados concretos. Ambos são boas opções de centro para as próximas eleições, mas não está claro se serão candidatos.

Por que o mercado e alguns empresários simpatizam com Jair Bolsonaro? Eles acreditam na promessa de privatização de um ex-estatizante?

É triste que parte da elite intelectual e econômica defenda uma candidatura sem nenhuma qualificação, ancorada no ódio e desprovida de valores morais e humanos. Há um clima de muita frustração na sociedade, uma desilusão enorme com os políticos tradicionais e uma busca por mudanças. Apesar de nesse estágio do processo eleitoral os radicais estarem em evidência, isso tende a ser corrigido com o decorrer da campanha. Para o bem do país, creio que essa candidatura não se sustentará.

O movimento de empresários interessados em entrar na política pode beneficiar o país? O sr. apoia alguma iniciativa?

Estou engajado no Partido Novo e na pré-candidatura do João Amoêdo à Presidência. Ele é um empresário de sucesso, estudioso do setor público, criou um partido do zero, mostrando obstinação notável. É o que temos de mais próximo a Emmanuel Macron, uma grande esperança para quem quer mudar de fato o Brasil.

Que balanço o sr. faz do governo Temer? Ainda há tempo para mudar seu legado?

Exceto pela estabilização da economia, esse governo não fez nada que fosse ao encontro dos anseios dos que foram às ruas pedir mudanças. É o retrato do Brasil que queremos esquecer.

Não sei se há legado, mas ficam algumas lições: a primeira é reconhecer a necessidade de transparência na política econômica, de controle da inflação e das contas públicas. A segunda é a necessidade de reformas estruturais, como a tributária e a da Previdência. Mas a principal lição é que não é possível mudar o país sem respaldo popular. Precisamos de um presidente legitimamente eleito, respeitado e com autoridade moral para propor o melhor caminho para a sociedade.

A atual retomada econômica é sustentável?

É sustentável num patamar aquém do almejado. O Brasil está crescendo abaixo da economia mundial e dos países latino-americanos. Isso é inaceitável diante de nossas necessidades de criação de riqueza e distribuição de renda.

É retrato de um Estado gigantesco e autofágico, que precisamos rever com urgência. Precisamos criar condições para atrair capital estrangeiro em larga escala. Só isso pode elevar nosso patamar de crescimento sustentável.

 

Brasil tem colchões para enfrentar volatilidade nos mercados, diz Ilan

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira (11) que o Brasil tem colchões para enfrentar a recente volatilidade nos mercados financeiros, como elevadas reservas internacionais e estoque mais baixo de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.

Falando em inglês durante entrevista à mídia internacional, Ilan disse ainda que o cenário para a política monetária não mudou após o resultado de março do IPCA, divulgado na véspera, ter vindo bem abaixo do esperado.

Segundo ele, o BC tem visão de mais longo prazo, para os próximos anos. Ou seja, o BC continua enxergando espaço para mais um corte da Selic em maio, próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), e pausa no processo de flexibilização a partir daí. Hoje a taxa básica de juros está na mínima histórica de 6,5% ao ano.

Na véspera, foi divulgado que o IPCA de março subiu apenas 0,09%, nível mais fraco para o mês desde a implantação do Plano Real em 1994 e ficou abaixo da expectativa em pesquisa da agência Reuters com economistas, de avanço de 0,12%.

O presidente do BC ressaltou ainda que essa sinalização pode mudar se o cenário base também se alterar, e repetiu ainda a importância de as reformas continuarem para a economia brasileira.

Ilan disse também que o Brasil tem colchões importantes para enfrentar a recente volatilidade nos mercados financeiros, gerada por temores com eventual guerra comercial e normalização das políticas monetárias de grandes bancos centrais.

O presidente do BC lembrou que as reservas internacionais elevadas, o baixo estoque de swaps em cerca de US$ 24 bilhões e bons dados do setor externo do país ajuda a proteger o Brasil neste momento das incertezas externas.

Ele repetiu que o cenário internacional continua benigno, mas que não se pode contar com ele para sempre.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Azevêdo alerta que guerra comercial já é uma realidade política

O comércio mundial irá registrar um aumento em 2018 de 4,4%, bem acima do esperado. Mas, diante da guerra comercial que ganha força, as retaliações podem sair de controle e acabar afetando a economia mundial e qualquer tipo de previsões. O alerta é da Organização Mundial do Comércio (OMC), que apresentou nesta quinta-feira, 12, seus números anuais.

Para o diretor-geral da entidade, o brasileiro Roberto Azevêdo, tecnicamente a guerra comercial ainda não começou, já que algumas das medidas anunciadas por governos ainda não foram implementadas e o diálogo continua. “Politicamente, acho que já estamos vendo o começo disso (guerra comercial)”, admitiu. “É isso o que peço aos membros que possamos evitar”, disse.

O desempenho de 2018 ficará abaixo da média registrada em 2017, com 4,7%. Mas, ainda assim, é considerada como positiva. Os números, porém, não consideram ainda a guerra comercial, já que os economistas da entidade admitem que não tem como saber o que vai ocorrer e quantos produtos serão afetados. Para 2019, a expectativa é de que ocorra uma perda de força nos fluxos comerciais, com uma expansão de 4%. A média ficará abaixo da tendência histórica desde 1990, mas ainda está acima do que foi registrado nos fluxos comerciais depois da crise financeira de 2008.

Mas diante da perspectiva de uma guerra comercial entre as maiores economias do mundo, a OMC alerta que os riscos são reais.

“O crescimento comercial forte que vemos hoje será vital para um crescimento econômico, recuperação e apoio à criação de empregos”, disse Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC. “Mas esse progresso importante pode ser rapidamente minado se governos recorrerem a políticas comerciais restritivas, especialmente um processo de retaliações mútuas que poderia levar a uma escalada que não poderia ser administrada”, alertou.

“Um ciclo de retaliações é a última coisa que a economia mundial precisa”, insistiu. “Os problemas comerciais nos países membros da OMC seriam melhor tratados se fossem lidados de forma coletiva”, disse. “Eu apelo a governos para que mostrem cautela e resolvam suas diferenças por meio do diálogo e um engajamento sério”, disse.

Nas últimas semanas, a proliferação de barreiras comerciais adotadas pelo governo de Donald Trump levou parceiros como a China a prometer respostas duras e retaliações. Pelo menos US$ 100 bilhões em fluxo de comércio seriam afetados.

Segundo Azevêdo, a realidade é que, mesmo com medidas ainda não aplicadas, há indícios de que as hostilidades já começam a afetar ordens de importação em março. Para ele, o risco é “sério” e a situação poderia fazer a “recuperação econômica sair dos trilhos, colocando em risco empregos”.

Para o brasileiro, com uma economia globalizada, serão os mais pobres que sofrerão mais com uma crise comercial. “Ela vai afetar mesmo aqueles que não estão envolvidos diretamente”, disse.

Resultados. Em 2017, a OMC indicou que a expansão do comércio foi a maior desde 2011, levada por um maior consumo e investimentos. O resultado ficou bem acima do que a própria OMC estimava, com um crescimento projetado de apenas 3,6%. Em termos de valores, a expansão foi de 10,7% nas exportações. 

Para 2018 e 2019, porém, a entidade admite que os riscos de fazer previsões foram elevados de forma importante desde que medidas protecionistas passaram a vigorar. As barreiras, segundo a OMC, criam “incertezas para empresas e consumidores” e poderiam gerar um “ciclo de retaliações que poderia pesar na produção e comercio mundial”.

Mudanças nas políticas monetárias de países ricos e tensões geopolíticas também poderiam representar riscos.  Diante das incertezas, os economistas da OMC acreditam que o fluxo comercial terá uma expansão em volume entre 3,1% e 5,5%.

Na avaliação da entidade, “a onda crescimento de um sentimento anti-comércio e a vontade de governos de aplicar medidas restritivas” podem barrar essa expansão.  Segundo os economistas, a “escalada de políticas restritivas poderiam levar a um resultado fora dessa faixa”. 

“Medidas recentes têm sido aplicadas a um amplo número de produtos fornecidos por um grande número de países, com contra-respostas já prometidas”, disse. “Um ciclo de escala de retaliações ainda pode ser evitado se negociações conseguirem evitar uma tensão. Mas isso não está garantido”, disse.

Para 2018 e 2019, os países emergentes devem ter um melhor resultado em termos de expansão de exportações e importações. Enquanto as economias ricas devem registrar um crescimento de 3,8% nas vendas, a taxa entre os emergentes deve ser de 5,4%.

“Entretanto, a atividade econômica também deve ser afetada pelas barreiras comerciais, o que poderia resultar em cenários mais negativos”. Para 2018, a perspectiva ainda é de uma expansão do PIB mundial de 3,8%.   

 

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