Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

'Tem aumentado a chance de manutenção do ritmo de redução da taxa Selic'

O aumento das incertezas na política impacta de maneira negativa as expectativas de crescimento econômico e tem um caráter desinflacionário, abrindo caminho para a continuidade da flexibilização monetária, aponta o economista¬chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo. Para o especialista, pela conjuntura econômica, haveria espaço para queda da taxa Selic abaixo do 8,5% ao ano no fim do atual ciclo de flexibilização.

No entanto, as dúvidas em torno das reformas econômicas pesam sobre as apostas dos agentes financeiros. Alves de Melo avalia que o cenário está "complicadíssimo" para aprovação da reforma da Previdência. "E se passar a idade mínima, seria algo bastante positivo para o mercado e os ativos teriam amplo potencial de melhora", diz o economista.

Valor: Temos observado uma piora das expectativas de crescimento do PIB nos anos de 2017 e 2018. No boletim Focus, por exemplo, a expectativa agora é de expansão de 0,4% neste ano e de 2,2% no próximo. Na sua avaliação, o que tem motivado essas revisões?

Rodrigo Alves de Melo: Os agentes financeiros parecem estar incorporando o aumento da incerteza política no cenário, com efeito negativo no crescimento. Na margem, tem crescido o pessimismo sobre a atividade econômica. Nas estimativas de inflação, também há uma revisão para baixo. Pelo que eu tenho acompanhado, a tendência é de novas alterações para baixo. Agora, somando o cenário de crescimento e o de inflação, parece que a leitura, na média, é de que o efeito da desinflação deve superar o choque de inflação que viria com a piora da taxa câmbio, pelo menos até o momento.

Valor: Diante dessa visão dos agentes, como está visão sobre a trajetória da taxa Selic?

Melo: Tem aumentado a probabilidade de manutenção do ritmo de corte de Selic, de um ponto percentual, em julho. A inflação de curto prazo tem ficado muito baixa e o cenário se mostra benéfico para a política monetária, com alguns sinais de impacto de segunda ordem do choque benigno de inflação. O aspecto qualitativo tem sido bastante benigno na inflação. Embora o BC tenha sinalizado que pode reduzir a Selic em 0,75 ponto na próxima reunião do Copom, a dinâmica favorável para inflação abre espaço para repetição do corte de 1 ponto. O risco é a esfera política trazer novidades desagradáveis, impactando adversamente o prêmio de risco e o câmbio.

Valor: E a expectativa da taxa Selic no fim do atual ciclo de flexibilização? A Focus tem mantido a projeção de 8,5% em 2017 e 2018.

Melo: A taxa Selic deveria ser até menor do que 8,5% por causa da inflação. É uma discussão que pode ganhar força mais na frente, se os preços continuarem da forma que imaginamos. O aspecto cíclico pode prevalecer agora e tem força desinflacionária por um bom tempo ainda, mas há também a questão estrutural, de longo prazo, que envolve a questão previdenciária entre outras reformas. Se as coisas não ocorrerem de forma favorável, a taxa neutra deve ficar mais elevada. Por enquanto, os ventos são bastante favoráveis para continuidade do ciclo de corte da Selic, haja vista que a ociosidade da economia deve continuar expressiva e em patamar acima da média histórica por diversos anos.

Valor: Em meio às incertezas na política, como está a avaliação sobre a reforma da Previdência e sua possível aprovação?

Melo: Parece que o cenário está complicadíssimo para aprovação da reforma da Previdência, ainda mais depois da derrota da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. Se passar a idade mínima, seria algo bastante positivo para o mercado e os ativos teriam um amplo potencial de melhora. Agora existem outras reformas e ajustes que podem ajudar na dinâmica de mercado, como a aprovação da reforma trabalhista no plenário do Senado, a redução da meta de inflação, a continuidade da mudança no papel do BNDES e a redução do crédito subsidiado, entre outras.

 

Eleição de 2018 ameaça reformas, dizem analistas

O cenário político conturbado pode não atrapalhar muito o desempenho da economia este ano, mas as eleições de 2018 representam risco real à agenda de reformas necessárias para o país voltar a crescer. Até essa definição, a economia deve ser afetada pela incerteza. A avaliação foi feita por empresários e economistas que participaram de evento promovido pelo Instituto Millenium. Os acertos na política econômica do atual governo abrem espaço para que a economia se descole da política, disse Zeina Latif, economista¬chefe da XP Investimentos. "Minha maior preocupação é se essa volta da economia será suficiente para termos eleições organizadas. É preciso um debate sério sobre a agenda econômica no ano que vem", disse.

Segundo Zeina, a sociedade avalia que somente combater a corrupção é suficiente e, por isso, existe o risco de que discursos populistas ganhem terreno, evitando o debate econômico. "É exagero dizer que vamos repetir 2002, mas não consigo jurar de pé junto que não vamos. O grau de incerteza é muito grande, tem potencial de gente muito esquisita no ano que vem".

O déficit fiscal está em 2,4% do PIB, observou a economista, enquanto o Brasil precisa fazer superávit primário de 2,5% do PIB. A agenda de reformas a ser enfrentada é dura e o debate econômico avançou, mas o desafio é grande. "Não há espaço para populismos", afirmou Os negócios da Klabin não foram afetados diretamente pela crise política mais recente, mas num país como o Brasil, não é possível ter uma economia totalmente descolada da política, avaliou Horácio Lafer Piva, membro do conselho de administração da empresa.

A reforma previdenciária será aprovada de forma bem mais fraca do que deveria e a reforma tributária foi jogada para frente, disse, questões que afetam bastante o humor do empresariado. "A credibilidade do país e as expectativas dos agentes econômicos estão muito ligadas à política. É difícil voltar a ter vigor econômico se a política não se acertar." Stephane Kaloudoff, CEO do Banco Confidence, afirmou que, apesar da instabilidade política, o Brasil segue um mercado forte e com muito potencial. "Sou bastante otimista com o país no longo prazo.

Os fundamentos do Brasil não mudaram e isso é importante para o investidor estrangeiro", disse Kaloudoff. Segundo Cláudio Lottenberg, presidente do UnitedHealth Group Brasil, a perspectiva para o setor de saúde no país é positiva, tanto para o setor público quanto para o privado, mas um cenário de estabilidade aumentaria os investimentos da sociedade na área e ajudaria o país a crescer.

 

Bancos discutem mais crédito para pequenas empresas

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, informou ontem que está negociando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras instituições financeiras a criação de uma linha de financiamento voltada para micro, pequenas e médias empresas. Presente a um evento comemorativo dos 65 anos do BNDES, o executivo defendeu o aumento do crédito destinado às exportações e a projetos de infraestrutura no país. "A infraestrutura vai ajudar na retomada do crescimento e da produção interna. E a [queda] na taxa de juros acaba sendo consequência disso", afirmou Caffarelli, para quem a retomada deverá ocorrer ainda no segundo semestre deste ano.

Na visão dele, o aumento da inadimplência provocado pela recessão no país assustou as instituições financeiras. Com a melhoria das condições econômicas, o presidente do Banco do Brasil acredita que "é preciso separar o joio do trigo", retomando a capacidade do setor bancário de conceder crédito. "Concomitantemente ao crédito, temos de estimular exportações", disse. No caso da linha de crédito em discussão com o BNDES ¬ voltada para micro, pequenas e médias empresas ¬ tanto as condições de financiamento como o montante que estará disponível ainda não foram definidos, segundo Caffarelli.

 "Provavelmente será uma linha do BNDES que vai ser aplicada pelos bancos que tiverem interesse em aplicar esta linha", afirmou. Questionado sobre o fato de já existirem linhas de financiamento voltadas para o segmento de empresas de pequeno e médio porte, o executivo argumentou que os esforços são no sentido de tornar esse tipo de crédito mais atrativo. A ampliação de linhas de financiamento também foi um tema destacado pelo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que frisou que o banco não planeja um "pacote de bondades".

Sugeriu, porém, que vai aumentar a atuação da instituição de fomento na economia do país. "Este governo e o Brasil estão para além da era de pacote, aqui ninguém está empacotando nada, porque não somos mercearia, muito menos bondade. Queremos desobstruir o que está travado e o que o país, em nome de 14 milhões de desempregados, precisa destravar", afirmou Rabello de Castro. Bem¬humorado, o economista negou a devolução de cerca de R$ 300 bilhões que o BNDES ainda estaria devendo ao Tesouro Nacional. Disse que o banco iria usar esse montante e que talvez ainda precisasse de mais recursos.

O discurso foi bem recebido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que reforçou a necessidade imediata de crédito para a retomada do crescimento. Skaf não citou a administração da presidente anterior do banco, Maria Silvia Bastos Marques, que deixou o BNDES sob críticas de dificultar a concessão de empréstimos, mas disse que nos últimos meses a direção do BNDES estava "gerando e entesourando caixa".

"Voltar ao crescimento não é uma prioridade? Tirar essas empresas do sufoco não é uma prioridade?", questionou o empresário. "Tem que haver uma reação forte do BNDES", pediu o presidente da Fiesp.

 

Desembolsos do BNDES caem 13% nos 5 primeiros meses de 2017

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caíram 13% nos cinco primeiros meses do ano na comparação com igual período de 2016, para R$ 27,7 bilhões, informou o banco de fomento nesta terça-¬feira. Considerando apenas o mês de maio, os desembolsos foram de R$ 6,35 bilhões, alta de 0,36% ante abril. O BNDES também informou que as consultas foram de R$ 37,8 bilhões entre janeiro e maio, um recuo anual de 22%. Já os enquadramentos caíram 21%, para R$ 33,7 bilhões.

Em maio, na comparação com abril, as consultas subiram 62,7%, para R$ 10,3 bilhões. Setores O único setor que não apresentou recuo nos desembolsos entre janeiro e maio foi o agropecuário. O resultado na área ficou estável em relação a igual período do ano passado, em R$ 5,5 bilhões.

Infraestrutura teve desembolsos de R$ 10,3 bilhões entre janeiro e maio, com recuo de 1%, na comparação anual. A indústria teve o maior tombo no período em desembolsos, de 34%, chegando a R$ 5,8 bilhões. Na área de comércio e serviços, o volume caiu 14% ante o mesmo período de 2016, para R$ 6,2 bilhões.

Finame

Os desembolsos para a linha BNDES Finame em maio somaram R$ 1,5 bilhão, uma alta de 11% frente ao mesmo mês do ano passado e o primeiro aumento nessa comparação desde setembro de 2014. “A Finame constitui um dos primeiros indicadores de retomada, ao refletir os investimentos de curto prazo em modernização. As aprovações nesta linha costumam se converter em investimentos na economia rapidamente, já que a contratação e o desembolso acontecem, em média, em menos de duas semanas”, diz o comunicado divulgado pelo BNDES.

No acumulado entre janeiro e maio, no entanto, o desembolso para a linha BNDES Finame ainda está 6% abaixo do registrado em igual período do ano passado, com R$ 6,9 bilhões. O principal destaque da Finame nos últimos cinco meses foi a alta de 18% dos desembolsos para o financiamento de equipamentos agrícolas, refletindo a safra recorde e os programas do governo federal operados pelo BNDES, como o Moderfrota.

Entre janeiro e maio, o BNDES liberou R$ 3,1 bilhões em crédito para aquisição de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, contribuindo para o aumento da demanda da indústria de equipamentos e da produtividade no campo. Quase 65% dos recursos desembolsados pela Finame nos cinco primeiros meses do ano foram para empreendedores individuais e para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).

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