Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Para BC, inflação rumo à meta é compatível com corte maior do juro

A decisão do Banco Central (BC) de acelerar o ritmo de corte de juro para 0,75 ponto percentual na reunião de janeiro foi um movimento de “antecipação do ciclo de distensão da política monetária” que permite “contribuir desde já para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que isso exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018”. O corte veio acima do esperado pela maior parte dos analistas de mercado, que trabalhavam com uma redução de 0,5 ponto.

Na ata do encontro, apresentada nesta terça-¬feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) explicou que tal possibilidade chegou a ser avaliada, mas as condições para um corte maior, trazendo a Selic para 13%, já estavam presentes “em função do processo de desinflação mais disseminada e atividade econômica aquém do esperado, em ambiente com expectativas de inflação ancoradas”. “Os membros do Copom concordaram que, com expectativas de inflação ancoradas, e projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, o desempenho da atividade econômica recomenda a antecipação do ciclo de distensão da política monetária. Essa estratégia permite contribuir para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que se desvie dos objetivos de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018.”

O BC aponta que a atividade econômica segue aquém do esperado, “inclusive no último trimestre de 2016”, e a retomada “deve ser ainda mais demorada e gradual” que a antecipada previamente. Destacou ainda que a economia segue operando com alto nível de ociosidade, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego. Nas suas discussões, o Copom chegou a analisar que um corte menor de juro permitiria que o colegiado acumulasse mais evidências de consolidação do cenário básico e uma maior suavização na trajetória dos juros, possibilitando maior previsibilidade da política monetária no longo prazo.

No entanto, acabou decidindo que a redução maior no juro contribuiria para estabilização e posterior retomada da economia, sem abandono das metas. A ata apresentou ainda as justificativas para o Copom ter surpreendido o mercado. Na avaliação do colegiado, a evolução do cenário prospectivo para a inflação e as evidências sobre a evolução da atividade econômica colhidas desde a reunião do Copom em novembro de 2016 e o Relatório de Inflação de dezembro daquele mesmo ano permitiram uma redução da taxa básica de juros maior que a debatida na reunião de novembro.

“O caráter condicional de sua comunicação sobre a condução da política monetária permite aos agentes econômicos ajustar suas expectativas com base em tais evidências”, afirmou no comunicado. Após o anúncio da decisão, parte dos analistas do mercado foi crítica não ao corte em si, mas ao fato de a comunicação da autoridade monetária não ter sido tão explícita quanto à possibilidade de uma redução ainda maior que o 0,5 ponto que havia sido avaliado no encontro do fim de novembro.

 

'Brasil está em um momento de virada'

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, usa as previsões meteorológicas de ¬15ºC nesta semana em Davos para estabelecer um contraste com as perspectivas globais. "Em termos de temperatura, será um dos encontros mais frios", diz ele, que participa todos os anos do Fórum Econômico Mundial, na Suíça. "Com relação ao mundo, nunca foi tão aquecido, tão beligerante. Parece que ficou mais mal humorado comparado a anos anteriores."

A mensagem que Trabuco carrega na bagagem para Davos, como executivo muito procurado por investidores estrangeiros, é que "o Brasil está em um momento de virada" e "o estoque de pessimismo dos últimos três anos está se esgotando". Na avaliação dele, em 2017 haverá dois anos em um só: o primeiro semestre carrega uma recessão inercial; o segundo termina com crescimento na margem de até 2,5% do Produto Interno Bruto, em termos anualizados, inflação controlada e juros de um dígito.

Contido nos elogios ao governo, mas demonstrando apoio à agenda de reformas do presidente Michel Temer, Trabuco vê dois "pactos não anunciados e correlacionados" como efeito da crise. Um é a crescente articulação entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Outro é uma harmonia maior entre Estado e mercado. Ambos giram em torno da necessidade de reformas.

Leia os principais trechos da entrevista.

Valor: Qual é a mensagem que o sr. e os empresários brasileiros vão trazer para Davos?

Luiz Carlos Trabuco: O Brasil está em um momento de virada. Em 2017, teremos dois anos em um só. O primeiro semestre está contratado: a recessão inercial ainda provoca desaceleração na economia. Para de piorar, mas ainda vamos ver dados negativos, principalmente na atividade econômica. No segundo semestre, a expectativa que tenho ouvido ¬ e eu também acredito nela ¬ é de um outro ano. Teremos concluído a agenda de reformas propostas e a redução da Selic já estará dando resultados, do ponto de vista de mudar o custo de capital, além de uma consolidação na queda da inadimplência. Os créditos problemáticos estão sendo limpados na carteira dos bancos, seja por "write off" [baixa contábil], seja por renegociações com aumento das garantias. O crédito irrecuperável você lança como perda e vira a página. Mas, quando o cliente pode dar uma melhoria nas garantias, os bancos ¬ e nós em particular ¬ temos alongado e reperfilado. Os problemas da inadimplência em 2016 não vão se repetir em 2017.

Valor: Pesa sobre o presidente Michel Temer o risco de cassação da chapa pelo TSE. O sr. conta com uma normalização do cenário político ou há risco de mais turbulências?

Trabuco: Os riscos sempre existem, mas as turbulências que vimos no ano passado foram muito intensas e são impossíveis de acontecer em 2017. O tom neste ano é de pragmatismo e uma visão realista do presente. Existe consciência de que o tempo é curto, não cabe nada mirabolante ou heterodoxo, mas de que o futuro vai depender de um trabalho feito agora. Há uma expansão da consciência, por parte da sociedade brasileira, de que a agenda proposta pelo governo é necessária. Não é a agenda possível, é a agenda necessária.

Valor: Então o sr. aposta na aprovação da reforma da Previdência e da minirreforma trabalhista?

Trabuco: Não temos alternativa. Chegamos a um grau de consciência de que isso é absolutamente necessário. Caso contrário, não haverá crescimento sustentável. Se não for isso, é voo de galinha. Quando digo que 2017 vale por dois anos, é lembrando que 2018 também é um ano eleitoral. As reformas precisam ser feitas agora. Mas esse futuro depende de fechar as portas para o passado. O que passou, passou. Esse estoque de pessimismo dos três últimos anos, principalmente em 2015 e 2016, está se esgotando. Ele amarra a mudança de expectativas. Há um certo momento em que existe a chamada fadiga de material. O clima de pessimismo fica para trás. Estamos vivendo um momento de transição. O novo governo propôs uma agenda importante, pesada, mas fundamental para retomar o crescimento e a geração de emprego.

Valor: A redução em 0,75 ponto percentual da taxa Selic marca uma mudança de ânimo na economia?

Trabuco: Essa é uma questão pontual. O novo ciclo de afrouxamento monetário estava contratado. O ciclo anterior, de aperto monetário, foi extremamente intenso. Esse rigor foi necessário, principalmente para estabelecer credibilidade nas metas de inflação. Mas, eternizado, traria um custo insuportável para a dívida pública. O comunicado do Copom já sinaliza novas reduções de 0,75 ponto. Não foi uma decisão com base em relatórios. Foi uma conclusão sólida: nós conquistamos a oportunidade de reduzir os juros de maneira mais acelerada. Isso tem a ver com a queda da inflação. Há uma unanimidade de que a inflação futura está comportada e manter os juros tão altos seria inócuo para reduzir os índices para um outro patamar.

Valor: Qual é a expectativa do sr. para a trajetória da Selic?

Trabuco: Ela vai em direção a um dígito. Valor: Chega a 9%, como preveem alguns analistas? Trabuco: Não saberia dizer se chega a 9%, mas algo um pouco abaixo de 10%, provavelmente. A direção é positiva, o cenário é benigno para essa trajetória.

Valor: O sr. diz que 2017 terá dois anos em um só. Qual será o ritmo de crescimento no fim do ano?

Trabuco: Nosso departamento econômico projeta que, no último trimestre, estaremos crescendo entre 2,3% e 2,5% na margem [em ritmo anualizado]. Não subestimemos a capacidade que o ciclo de afrouxamento monetário tem na economia brasileira. A própria expectativa com a pauta do governo é de uma revisão do custo de crédito no país. Até abril, existe o compromisso do sistema bancário de redesenhar os instrumentos do cartão de crédito, como o rotativo e o parcelado. Sou otimista com a agenda colocada. Não esperamos desvalorização do real face a outras moedas. O fluxo de capitais é grande, a balança comercial surpreendeu, o déficit em conta corrente está ao redor de 1% do PIB.

Valor: A redução dos juros é suficiente para garantir o crescimento no 2º semestre ou isso depende da combinação de juro e reformas?

Trabuco: Os juros, isoladamente, não garantem. Junto com as reformas, e também com o programa de concessões, permitem retomar o crescimento. É verdade que, depois de um processo recessivo tão longo, a retomada não gera emprego em um primeiro momento. A economia cresce em cima da capacidade ociosa. Quando a confiança se sedimenta, transforma-¬se em geração de emprego. A novidade é que estamos construindo um modelo de governança em torno de dois pactos não anunciados e correlacionados.

Valor: Quais são?

Trabuco: Existe um elo entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Em momentos de dúvida, os poderes acabam se articulando. Por que isso aconteceu? Porque a crise ficou tão manifesta e a visão futura da economia ficou tão comprometida que a maioria da sociedade brasileira está procurando o caminho do centro, do meio, em que não cabe ideologia. Existe outro pacto não escrito que é uma espécie de avanço na convivência entre Estado e mercado. Esse modelo de governança já rendeu uma agenda positiva, que está em curso e tem como item prioritário tirar o Brasil da rota de insolvência. Um país insolvente com dívida social tão intensa é algo catastrófico.

Valor: O sr. comentou no início que espera uma consolidação na queda da inadimplência. Poderia explicar melhor isso?

Trabuco: Quando a crise acelerou, a partir de 2014, as empresas estavam extremamente equilibradas e com geração de caixa favorável. Sentimos uma redução no nível de endividamento das empresas naquele momento. A ausência de crescimento do crédito se deve a dois fatores: a menor necessidade de financiamento para multiplicar os negócios, mas também pela liquidação de compromissos financeiros. A inadimplência da pessoa física demorou para aparecer. Isso aconteceu primeiro com as empresas, que entraram em crise. Em 2016 e talvez no primeiro semestre de 2017, teremos muitos reperfilamentos, mudanças de patamar em prazos. A redução da Selic vai ajudar. Renegociar o crédito com um custo de capital tão elevado pode onerar ainda mais as empresas. A questão é criar um perfil de endividamento que caiba no bolso e na geração de caixa das pessoas e das empresas. Já tivemos retomada do crédito em momentos piores. Só 80% do estoque global de crédito vencido era renovado. Hoje está ao redor de 90%.

Valor: Como está o processo de sucessão no banco?

Trabuco: O processo sucessório estava inicialmente previsto para acontecer em 2017. Por uma proposta do conselho de administração, ratificada pelos acionistas, eu continuo na função pelos próximos dois anos ¬ até 2019. A sucessão vai acontecer com os valores do Bradesco: aqui se valoriza a prata da casa, o processo de carreira, a identidade com o banco. É um caminho natural.

Valor: Qual é o desafio no tempo que lhe resta à frente do banco?

Trabuco: Temos desafios enormes e a minha presença na presidência foi um voto de confiança para executar o nosso grande objetivo em 2017 e em 2018, que é a integração do banco adquirido [HSBC], a maior aquisição da nossa história, equivalente a 20% do nosso tamanho e justamente no momento mais duro da economia. Em qualquer cenário favorável, os ganhos de sinergia dados por essa operação agregam valor ao acionista. O desempenho do banco no ano passado mostra que estamos preparados, mesmo em um cenário adverso do crédito. O balanço da organização até o terceiro trimestre mostra que temos um bom modelo de negócios: somos um banco de crédito, mas também de prestação de serviço e temos a maior seguradora da América Latina, além de um banco de investimentos e bem segmentado. No ano passado, nossas ações tiveram alta de 62% na Bovespa, o que significa um reconhecimento do mercado.

Valor: O Bradesco fez questão de defender a conclusão do mandato de Murilo Ferreira na Vale. Houve mal-¬estar com o governo?

Trabuco: Esse é um assunto sempre discutido na Valepar ¬ com Previ, Mitsui, BNDES e Bradespar. O mandato do Murilo está em andamento e há uma relação extremamente respeitosa entre as partes. Aquela discussão ocorreu durante o mandato, mas o mandato vai até maio e está preservado.

Valor: Espera um desfecho em 2017 das acusações que pesam contra o sr. no âmbito da Operação Zelotes?

Trabuco: Nós ¬ o Bradesco e eu em particular ¬ temos um respeito imenso pelas instituições: a Polícia Federal, o Ministério Público e o Poder Judiciário. O processo existe, fizemos a defesa e estamos confiantes em que haja um entendimento em relação ao que aconteceu e ao que não aconteceu. Tenho uma confiança grande na Justiça.

 

CEOs brasileiros estão entre os mais otimistas

A confiança dos executivos brasileiros na melhora de seus negócios ao longo dos próximos 12 meses mais do que dobrou em comparação com o início do ano passado. Esse salto no otimismo, sempre tomando o cuidado de lembrar que a medição anterior havia sido feita em pleno auge da crise política, foi qualificado como "impressionante" na 20ª pesquisa anual da consultoria Pricewaterhouse Coopers (PwC). Divulgada tradicionalmente na véspera da abertura do Fórum Econômico Mundial, como uma espécie de termômetro do humor da elite global, a pesquisa coloca o Brasil como vice¬campeão em confiança. Para 57% dos executivos do país ouvidos no levantamento, a perspectiva é de aumento das receitas em suas empresas ao longo de 2017. Há um ano, eram apenas 24% dos CEOs.

Se é certo que muitas companhias estão com a demanda baixa, tornando menos desafiador o cenário de aumento dos negócios, a pesquisa reforça a percepção de que o fundo do poço realmente pode ter ficado para trás. Só os executivos da Índia esbanjam mais confiança no futuro imediato: 71% veem crescimento das receitas nos próximos 12 meses. A média global é 38% ¬ três pontos percentuais acima do número verificado no ano passado. Foram realizadas 1.379 entrevistas com CEOs de 79 países.

Apesar do ânimo entre os próprios brasileiros, a visão dos estrangeiros deixa qualquer entusiasmo de lado e mantém certa prudência. Em um sinal claro de importância do mercado local, o Brasil foi apontado por 7% dos executivos como um dos três países mais relevantes para o crescimento de suas respectivas multinacionais nos próximos 12 meses. Isso está longe de representar perda de interesse, mas o país está mais distante do terceiro lugar na lista de preferências dos investidores antes da crise. Em 2014, o Brasil perdia para EUA e China como prioridade para novos negócios.

Agora está em 7º lugar, atrás da Alemanha, Reino Unido, Japão e Índia. De modo geral, o grupo dos emergentes tornou¬se menos popular. Rússia e Argentina, por exemplo, saíram da lista dos dez principais "queridinhos" de que faziam parte no início da década. Apesar do terremoto político causado pela eleição de Donald Trump nos EUA e pela rejeição dos britânicos à União Europeia, o humor dos CEOs melhorou discretamente de um ano para cá. Passou de 27% para 29% a quantidade de executivos confiantes em uma aceleração do crescimento global. "Apesar de um 2016 tumultuado, a confiança está se recuperando, mesmo que lentamente e longe dos níveis que observávamos em 2007", disse o presidente mundial da PwC, Bob Moritz, referindo¬-se ao ano que antecedeu a quebra do banco americano Lehman Brothers ¬ considerada um balizador do agravamento da crise.

No ambiente ultraliberal de Davos, algumas queixas dos executivos que surgem como "grandes preocupações" para o futuro de seus negócios até soam previsíveis, como o excesso de regulação ¬ lamentado por 80% dos soam previsíveis, como o excesso de regulação ¬ lamentado por 80% dos CEOs. Esse ponto também aparece entre as principais críticas dos executivos brasileiros, junto com a alta carga tributária e a infraestrutura inadequada logo em seguida. Nesta edição, o relatório anual da PwC tem um apêndice sobre as transformações tecnológicas e discute que uma era de "desglobalização" começa lentamente a tomar forma, com aumento do protecionismo e questionamentos dos processos de integração.

A consultoria fez entrevistas com mais de cinco mil pessoas, em 22 países, e constatou que apenas 38% veem impacto positivo da globalização nos movimentos de capital, bens e informação. "O descontentamento público tem potencial para erodir a confiança necessária para o crescimento sustentável de longo prazo", afirmou Moritz. Para ele, isso reforça a exigência de um relacionamento "mais profundo" e de "mão dupla" dos executivos com consumidores, empregados, acionistas e o público em geral. O impacto da automação também é lembrado. Duas décadas atrás, conforme lembra o relatório, havia 700 mil robôs industriais nas fábricas de todo o mundo. Hoje são 1,8 milhão; o número deve chegar a 2,6 milhões em 2019.

Com o avanço da inteligência artificial, esse processo migra agora para o setor de serviços, enquanto a impressão 3D se intensifica até na manufatura de automóveis e aviões. Para 79% das pessoas entrevistadas, a tecnologia provocará redução de empregos nos próximos cinco anos. Mas o temor popular não encontra amparo na expectativa imediata dos CEOs. Apenas 16% dos executivos têm planos de enxugar pessoal nos próximos 12 meses ¬ só um quarto desses aponta a tecnologia como fator principal para as demissões. "Entender as raízes dessa percepção é um primeiro passo crítico na direção de comunicar os benefícios dos negócios à sociedade", completou o presidente da PwC.

 

País deve chegar ao 4 º trimestre com expansão de 2% do PIB, prevê Meirelles

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, prevê que a economia brasileira chegará ao último trimestre de 2017 com crescimento de 2% em ritmo anualizado. Ele minimizou a revisão para baixo das estimativas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e disse que elas refletem uma média para o ano todo, que carrega os efeitos estatísticos da crise em 2016. "Quando os números do primeiro trimestre forem divulgados, já vamos verificar crescimento", disse o ministro a jornalistas brasileiros, em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

"E o crescimento vai se acelerar ao longo do ano. O importante é o crescimento na ponta, não na média. Saindo de uma recessão muito forte, a média do PIB também cai." De acordo com Meirelles, o próprio governo está revisando suas projeções, mas ele não quis antecipar nada. "O FMI tende a ser mais conservador. O mercado aponta um pouco mais de 0,5% de PIB em 2017. A crise é séria e grave, mas está terminando." O ministro cravou a próxima segunda-feira como nova data para a assinatura do acordo com o Rio de Janeiro para alívio financeiro do Estado.

A previsão inicial era quinta¬feira, mas o feriado no dia seguinte dificulta a ida para Brasília dos chefes de outros Poderes do Estado do Rio, como quer o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), para dar mais robustez política ao acordo. Além disso, segundo ele, há negociação em torno dos detalhes. Meirelles abriu as portas para novos acordos de ajuda financeira com Estados em situação de emergência fiscal. Ele deixou claro, no entanto, que os termos negociados agora servirão de base para futuras discussões.

"O ajuste que o Rio de Janeiro se compromete a fazer é duro. Se outros Estados tiverem a mesma necessidade e estiverem dispostos a fazer o mesmo tipo de ajuste, certamente poderemos fazer acordos", afirmou. Em seus primeiros encontros com investidores em Davos, o ministro da Fazenda aproveitou para vender a ideia de solidez política do novo governo no Brasil. Ele usou, como argumento, a taxa de aprovação de projetos enviados ao Congresso Nacional nos últimos meses. "Isso é visto como sinal de estabilidade política", disse Meirelles, que participa pela décima vez do fórum. Ele mencionou a aprovação da PEC do teto de gastos e da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. "As reformas estão sendo bem avaliadas. Existe, pela primeira vez nos últimos anos, uma expectativa positiva sobre o Brasil em Davos."

De acordo com Meirelles, há grande curiosidade da elite global sobre o nível de atividade da economia. Ele se reuniu ontem com os presidentes do UBS, Axel Weber, e do Lloyd's Bank, John Nelson. Também lembrou que o Brasil tem ficado mal classificado no ranking Doing Business, do Banco Mundial, que mede a competitividade dos países. "Temos dificuldades em pagar impostos, exportar, abrir empresas. Agora estamos enfrentando o assunto com reformas econômicas."

 

Incorporadoras definem hoje regras de distratos

O setor de incorporação deve definir, hoje, a versão final do texto que trata da cobrança de multa em caso de cancelamentos de vendas de imóveis, os chamados distratos. A aplicação de multa fixa em caso de distratos ou a definição de faixa de preços dos imóveis para a incidência da penalidade é o maior imbróglio do setor para definir o texto final a ser apresentado ao governo, segundo o Valor apurou.

O mais provável, de acordo com fonte, é que, na reunião de hoje, com representantes da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e dos ministérios do Planejamento e da Justiça, seja aprovada a versão com cobrança de uma única alíquota, de 10%, sem variação conforme o valor do imóvel.

O Valor apurou que a Abrainc defende que o percentual retido em caso de distrato seja maior no caso de imóveis com valor mais elevado, enquanto a CBIC é defensora de uma parcela única. Na própria Abrainc, haveria divergências em relação ao percentual de referência da retenção. A maioria das incorporadoras defende fatia de 12%, mas há quem proponha 10%, mesma posição defendida pelo governo, segundo fonte. "É normal que haja certas divergências, mas o texto aprovado deve atender a, praticamente, todo mundo", diz o vice¬presidente do conselho da Abrainc, Meyer Nigri.

As condições que forem acordadas na reunião do grupo de trabalho, em Brasília, serão encaminhadas ao governo por meio dos ministérios do Planejamento e da Justiça. "O governo tem pressa para resolver a questão e vai regulamentá-¬la por Medida Provisória", disse uma fonte setorial. Em abril do ano passado, o setor assinou o primeiro acordo que regulamenta a cobrança de multa em caso de cancelamento de vendas. Na ocasião, ficou prevista multa fixa de até 10% sobre o preço do imóvel, além da perda integral do sinal e de até 20% dos demais valores pagos pelo comprador.

O texto foi refinado, em meados do ano, mas a regulamentação não saiu. Maior problema enfrentado pelo setor, os distratos começaram a ganhar volume em 2012, com o aumento das entregas. No terceiro trimestre, os distratos das incorporadoras de capital aberto ¬ com exceção da Cyrela e da JHSF, que não informaram os números ¬ somaram R$ 2,02 bilhões, o equivalente à metade das vendas brutas do período.

 

FMI prevê crescimento de apenas 0,2% para o Brasil neste ano

O Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou a perspectiva de crescimento do Brasil para 0,2% em 2017. O percentual é menor do que o estimado pelo Banco Mundial na semana passada e pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC). Ambos projetaram um avanço de 0,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano – o mesmo número que o FMI previu em outubro, mas que agora foi revisto. A avaliação do Fundo é a de que o Brasil está encontrando mais dificuldades do que o esperado para se recuperar dos três anos consecutivos de recessão.

Em outubro, quando o FMI estimou 0,5% de expansão para este ano, a expectativa era a de que as reformas encaminhadas ao Congresso e a retomada na atividade da economia tivessem efeitos mais contundentes. Porém, o desempenho econômico do país no fim de 2016 foi mais fraco do que a equipe do Fundo esperava, o que levou a mais um rebaixamento. “No caso do Brasil, as razões (para a redução na projeção de crescimento) são que, em 2016, no terceiro e no quarto trimestre, o crescimento foi mais fraco”, justificou Oya Celasun, chefe da Divisão de Estudos Econômicos Mundiais do Fundo. Já para 2018 foi mantida a projeção anterior, feita em outubro, de 1,5% de avanço para a economia brasileira. A revisão para baixo nos prognósticos do Brasil está afetando a expectativa de recuperação da economia na América Latina.

O relatório “Panorama da Economia Mundial” (WEO, na sigla em inglês) reduziu em 0,4 ponto percentual a projeção de crescimento na região para este ano, passando de 1,6%, em outubro, para 1,2%, na atual edição. Segundo o documento, essa revisão para baixo reflete em grande medida uma menor expectativa de recuperação a curto prazo na Argentina e no Brasil. Os dois países ficaram aquém das expectativas no segundo semestre de 2016. A região também enfrenta condições financeiras mais restritivas e a crise na Venezuela, cuja economia está em colapso. Na América Latina, até mesmo o México, que vem sofrendo com ataques sucessivos do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e caiu 0,6 ponto percentual na revisão atual do FMI ante outubro, está na frente do Brasil, com expectativa de crescer 1,7% neste ano.

 

Empréstimos investigados da Caixa tiveram taxas mais baixas

As empresas que obtiveram recursos da Caixa Econômica Federal e do FIFGTS com empréstimos suspeitos de contar com a atuação do ex¬-ministro Geddel Vieira Lima conseguiram, em geral, condições mais generosas do que as operações de mercado. A Polícia Federal suspeita do pagamento de propina na liberação de pelo menos R$ 1,4 bilhão em financiamentos. As operações investigadas se concentraram em 2012, quando Geddel era vicepresidente de pessoas jurídicas do banco. As taxas das operações foram obtidas pelo Valor a partir de bases públicas e das conversas retiradas dos celulares de Eduardo Cunha e de Fabio Cleto, exvice presidente da Caixa, que deram base ao inquérito da Operação Cui Bono? ("a quem beneficia?", em latim).

Procurada, a Caixa não comentou o assunto. É importante lembrar que, na época, tanto a Caixa como o Banco do Brasil praticavam taxas inferiores à média do mercado na maioria das operações. A determinação da ex-¬presidente Dilma Rousseff era usar os bancos públicos para forçar uma derrubada nos spreads do sistema financeiro. Como resultado, a participação das instituições públicas no crédito subiu de 41,9% em 2010 para 53,4% do total em 2014. Embora fosse essa a diretriz da Caixa na época, os diálogos incluídos no inquérito da PF mostram Geddel e Cunha trocando informações sobre as taxas que seriam concedidas em empréstimos. Em outros trechos, os dois discutem como fazer para melhorar a avaliação de risco da empresa e, desta forma, melhorar as taxas.

A polícia suspeita de três operações com empresas da família Constantino, controladora da companhia aérea Gol. A ViaRondon, uma rodovia de 331,13 km da empresa de concessões da BRVias, obteve em 2012 um crédito de R$ 300 milhões do FI¬FGTS, a uma taxa equivalente à inflação medida pelo IPCA mais 7,75% ao ano, por um prazo de 15 anos. A concessionária aparentemente não tinha certeza de que os recursos do FGTS seriam liberados. Em paralelo com o processo na Caixa, a ViaRondon preparava uma captação no mercado de capitais no valor de R$ 275 milhões com uma emissão de debêntures.

A empresa estava disposta a pagar uma taxa de IPCA mais 9,15% ao ano, por 12 anos. Ou seja, por um prazo menor e a um custo maior do que o financiamento obtido com os recursos do fundo de garantia. Vale lembrar, contudo, que a meta de rentabilidade do FGTS é menor que a de bancos e investidores em geral, por isso as taxas de juros exigidas costumam ser menores. Nas conversas incluídas no inquérito, Cleto relata atrasos no processo de aprovação da operação, a cargo da vice¬presidência de gestão de ativos de terceiros, que não estava ligada nem a ele nem a Geddel. Com a aprovação da linha pela Caixa, a ViaRondon cancelou a emissão no mercado.

A concessionária também negociou com um banco público o empréstimoponte, linha de curto prazo concedida enquanto o financiamento definitivo não sai. Cunha e Geddel chegaram a discutir as condições da operação. O exministro diz que para o risco de crédito "C" atribuído à ViaRondon, a empresa pagaria uma taxa de 4,4% (provavelmente CDI + 4,4% ao ano), mas que ele teria condições de reduzi¬la. "Creio que uma taxa de 3% a 3,3% consigo bancar com risco C", escreveu Geddel. O inquérito da PF também aponta duas operações suspeitas relacionadas à J&F Investimentos. Em novembro de 2012, a holding da família Batista, do frigorífico JBS, obteve R$ 500 milhões da Caixa em uma emissão de debêntures. O custo da operação, equivalente ao CDI (taxa que acompanha a Selic) mais 1,82% ao ano, chamou a atenção do mercado e chegou a ser alvo de questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).

Nas conversas, Cunha diz que não está acompanhando essa operação. Mas a PF ressalta no inquérito que o financiamento ocorreu durante o período em que a J&F fez pagamentos de R$ 6,7 milhões na conta da Viscaya. A empresa é controlada por Lucio Bolonha Funaro, suspeito de atuar e de receber pagamentos de empresas que conseguiram financiamento da Caixa. Cunha e Geddel conversaram mais diretamente a respeito de outras duas operações destinadas à holding da família Batista. Inicialmente, o exdeputado pergunta se a situação da J&F foi resolvida. Geddel diz que sim, que estaria na pauta do conselho deliberativo, e complementa com uma ironia: "Vc tá pensando que eu sou esses ministros que vc indicou? [sic]".

Em outro diálogo, Geddel relata as condições dos empréstimos: o primeiro diz respeito a um "crédito especial empresa", no valor de R$ 200 milhões, com custo de CDI mais 0,15% ao ano e prazo de quatro anos, sendo dois de carência. A segunda linha, de R$ 50 milhões, com taxa de CDI mais 0,2% ao ano, seria liberada na modalidade conta garantida, espécie de cheque especial para empresas. Em ambos os casos, as taxas são muito inferiores às praticadas no mercado bancário.

É possível, contudo, que Geddel tenha se confundido ao relatar as condições dos financiamentos, pois se trata de custo muito inferior ao que a J&F obteve na linha de novembro de 2012. Quando fala sobre outros dois créditos, concedidos ao frigorífico Marfrig, Geddel fala em taxas semelhantes às concedidas à J&F, mas com correção ao mês. No primeiro deles, no valor de R$ 300 milhões, a taxa é equivalente ao CDI mais 0,20% ao mês (algo como 2,43% ao ano).

Na segunda linha, o custo é de CDI mais 0,38% ao mês (ou 4,66% ao ano). No mesmo dia em que os empréstimos foram aprovados, a PF identificou um depósito feito pela Marfrig em uma conta da empresa de Funaro. Os diálogos mostram ainda que a dupla atuou para melhorar a percepção de risco de crédito de empresas que buscavam crédito na Caixa. Quando a Digibrás, controladora da empresa de eletrônicos CCE, tentou um empréstimo no banco, Geddel avisou Cunha que a análise inicial não foi favorável. "Ao invés de negar, preferi negociar com eles atualização de informações... Digibrás, problemas no risco, to trabalhando", disse Geddel, na mensagem a Cunha. O teor das conversas dá a entender que o empréstimo acabou não sendo liberado porque a Digibrás negociou nesse meio tempo a venda para chinesa Lenovo.

 

Aumento da procura por crédito em 2016 foi para as dívidas, diz Serasa

O brasileiro aumentou a procura por crédito em 2016, ano em que a economia brasileira encerrou com uma queda quase tão grande quanto a de 2015, em torno de 3,5%. Mas, em vez de consumir, preferiu quitar dívidas. A avaliação é da Serasa Experian, que nesta segunda¬feira informou que a demanda do consumidor por crédito cresceu 3,7% no ano passado, mais que o 1% do ano anterior. No acumulado do ano de 2016, a demanda do consumidor por crédito avançou 7,2% na região Sul, 3,7% no Sudeste, 5,1% no Centro¬Oeste e 1,7% no Nordeste. Na direção contrária ficou apenas a região Norte com queda de 2,6%.

“Observando¬se tanto os dados das vendas do varejo quanto o das concessões de crédito em 2016, depreende¬se que a demanda no ano passado foi caracterizada mais pela procura de crédito para quitação e renegociação de dívidas do que para a expansão do consumo”, diz a Serasa, em nota. Apesar da alta ante 2015, o ano passado foi o quinto ano consecutivo de fraco desempenho da demanda do consumidor por crédito já que, no período de 2008 a 2011, o crescimento médio anual foi de 7,1%.

Em 2012, houve queda de 3,1%, em 2013, alta de 1,8% e, em 2014, queda de 0,5%. De acordo com os economistas da Serasa Experian, a inflação ainda alta, sobretudo no primeiro semestre do ano, os esforços do consumidor em reduzir e pagar dívidas, o elevado custo do crédito e o grau reduzido de confiança determinaram um desempenho enfraquecido da demanda do consumidor por crédito no ano de 2016. A busca do consumidor por crédito subiu em todas as faixas de renda em relação ao ano de 2015. Para os que ganham até R$ 500, a alta foi a mais fraca: 1,1%. Para os consumidores com renda mensal entre R$ 500 e R$ 1.000, foi de 3,7%. Para a renda mensal entre R$ 1.000 e R$ 2.000, o crescimento foi de 4,3%. Já os consumidores com renda mensal entre R$ 2.000 e R$ 5.000, o crescimento foi de 4,1%. Já para os que ganham entre R$ 5.000 e R$ 10.000 por mês, a expansão foi de 3,9% e, por fim, para a renda mensal maior que R$ 10.000, a alta na procura por crédito foi de 3,6%.

 

Cimento pode ter pior ano da história em 2017

A indústria de cimento terá, em 2017, provavelmente, o pior ano de sua história. Se a expectativa do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) de retração de 5% a 7% nas vendas internas do insumo se confirmar, a capacidade ociosa vai ultrapassar 50%, superando o recorde de 49%, registrado em 1984. Nos dois últimos anos, a indústria de cimento acumula redução de 19,3% nas vendas domésticas. "Há mais de uma década não tínhamos dois anos consecutivos de queda", diz Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC. Segundo Camillo Penna, o período de 2015 a 2017 será o pior triênio da indústria cimenteira. Ontem, a entidade divulgou que as vendas internas de cimento caíram 11,7% no ano passado, em relação a 2015, para 57,238 milhões de toneladas.

O SNIC projetava queda de 12% a 14% na comercialização doméstica do insumo. Em 2015, a redução foi de 9,5%. O consumo aparente caiu 11,9%, para 57,6 milhões de toneladas em 2016, segundo o SNIC. Em dezembro, houve retração de 5,3% nas vendas internas, na comparação anual, para 4,322 milhões de toneladas. Na medição por dia útil, as vendas encolheram 11,1%, para 176,4 mil toneladas. Entre 2004 e 2014, o setor cimenteiro registrou período de forte crescimento, chegando ao consumo recorde anual de 70,8 milhões de toneladas.

As cimenteiras se beneficiaram da expansão, sem precedentes, do setor imobiliário e da maior demanda para obras de infraestrutura. "Em 2012 e 2013, fabricantes tomaram decisões de investimento que estão maturando agora", ressalta Camillo Penna. A capacidade instalada do setor, que era de 93 milhões de toneladas em 2015, atingiu 100 milhões de toneladas no ano passado. A ociosidade chegou a 43%. "Neste ano, provavelmente, haverá acréscimo da capacidade instalada, mesmo com o ambiente de crise gravíssima", afirma. Segundo o presidente do SNIC, as operações de três fábricas de cimento estão paralisadas completamente e há linhas de produção desativadas.

O consumo foi reduzido tanto pelo segmento de infraestrutura, que responde por 25% do total, quanto pelo de edificações ¬ habitação, industrial e comercial ¬, responsável por 75%. Camillo Penna conta que a retração esperada para 2017, em patamar inferior ao do ano passado, resulta da intenção já anunciada pelo governo federal de retomar obras de infraestrutura, da entrada de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na economia, e da redução da taxa de juros e da inflação.

 

EXAME

Corte maior nos juros ajuda atividade econômica, diz ata do Copom

O Banco Central informou que a opção pela redução mais intensa nos juros básicos ajudaria a atividade econômica, conforme ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, em meio ao cenário de desinflação mais disseminada.

“Essa decisão contribuiria desde já para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que isso exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta de 4,5 por cento em 2017 e 2018”, trouxe o documento.

Na semana passada, o BC surpreendeu ao cortar a Selic em 0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano, após duas reduções seguidas de 0,25 ponto cada.

A queda da Selic é vista por economistas como uma das únicas ferramentas à disposição do governo para dar impulso à economia em meio ao persistente quadro de desarranjo fiscal.

Ainda assim, a avaliação é que a política monetária perdeu força e vai levar mais tempo para se refletir integralmente na atividade diante do cenário de forte recessão e baixa confiança tanto das famílias quanto das empresas.

Na ata, o BC também defendeu que o corte de 0,75 ponto era compatível com sua comunicação, “que favorece explicitar condicionalidades econômicas sobre a evolução da política monetária, o que melhor transmite a racionalidade econômica que guia as suas decisões”.

Após a investida mais agressiva do BC, muitos agentes ajustaram suas previsões para contemplar queda da taxa básica de juros a um único dígito ainda neste ano.

No boletim Focus mais recente, feito semanalmente pelo BC com previsões de uma centena de instituições, a expectativa passou a ser de Selic fechando 2017 a 9,75 por cento, contra 10,25 por cento antes.

Na ata do Copom, o BC repetiu que a extensão do ciclo e possíveis revisões no ritmo de flexibilização continuarão dependendo das projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de risco.

“Nada na minha visão mudou frente às conclusões que davam para ser tiradas no comunicado (do Copom) da semana passada”, afirmou o economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall.

“(O BC) reconhece o progresso da desinflação, que está mais disseminada com economia mais fraca”, acrescentou ele, para quem o BC cortará os juros em 0,75 ponto nas próximas três reuniões do Copom, diminuindo a intensidade para encerrar o ano com a Selic em 9,25 por cento ao ano.

Do lado favorável para a inflação, a ata do Copom destacou que a economia tem operado em ritmo mais fraco do que se esperava há alguns meses e que os passos no processo de encaminhamento de reformas e ajustes fiscais continuam sendo positivos.

Em sua última previsão sobre o Produto Interno Bruto (PIB), feita no fim de dezembro, o BC projetou expansão de 0,8 por cento para 2017. Economistas, por sua vez, esperam crescimento de 0,5 por cento segundo o Focus, enquanto o FMI vê alta de apenas 0,2 por cento.

Após assinalar na semana passada que os efeitos do fim do interregno benigno têm sido limitados no âmbito do ainda incerto cenário externo, o BC reforçou essa mensagem nesta terça.

Se de um lado as perspectivas são de impacto para o custo do financiamento nos países emergentes, disse o BC, países exportadores de commodities –como é o caso do Brasil– vêm experimentando melhorias em seus termos de trocas.

“Esse contexto reforça a avaliação dos membros do Comitê, de que não há relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária”, disse o BC.

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