TRIBUNA DO NORTE
Linhão para conectar eólicas deve sair até início de 2017
A conexão de parques eólicos dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará ao Sistema Interligado Nacional deverá estar pronta em fevereiro de 2017. A previsão é do diretor de projetos Gabriel Zarpelon, da Esperanza Transmissora de Energia, empresa vencedora do leilão de transmissão. Ontem, o Diário Oficial do Estado publicou uma retificação na licença de instalação dada pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema), para um novo traçado da rede.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Energias do Idema, Andreia Barreto Soares, foi preciso desviar cerca de 4,5 quilômetros para desvio da Flona, uma área de mata preservada em Assu. A alteração, entretanto, não implica em novo atraso na obra. “Acreditamos que não tem impacto no cronograma e deverá ser concluída e ligar os 120 parques existentes no estado, entre novos e os que já estão instalados”, observa a coordenadora. As obras para instalação dos linhões de 500kV, inicialmente previstas para terminar em setembro deste ano, estão com 50% dos 255 quilômetros implantados e não representam, por ora, riscos para as operações dos parques – segundo o Idema.
Cronograma
“O atraso no cronograma inicial da empresa se deve a demora em estudos de Eia¬Rima, do Idema, e estudos arqueológicos do Iphan. Estamos readequando o cronograma para não estender mais”, explica o diretor de projetos. “É uma obra importantíssima para o sistema de energia em todo o país, a primeira linha deste porte [de 500kV] licenciada pelo Idema no Estado e que irá conectar toda a geração de energia do RN e Ceará ao sistema nacional”, ressalta Zarpelon.
Segundo o diretor de projetos da Esperanza Transmissora, no entanto, os estudos do Iphan ainda não foram concluídos e podem implicar em novas demoras e custo adicional, que podem onerar a obra em até 20% do investimento total previsto. “Por ora, trabalhamos com a previsão de entrega até fim de janeiro início de fevereiro, só podemos avaliar ao final, caso ocorra atraso”, pondera ele. Alguns municípios ainda apresentam problemas de regularização fundiária.
No passado, o Rio Grande do Norte já enfrentou problemas com obras de linhas de transmissão e chegou a ficar com parques eólicos parados, entretanto, os atrasos na estrutura para conexão estão superados, segundo a ABEEolica. SAIBA MAIS Com investimentos de R$ 215 milhões, os linhões da Esperanza irão escoar a geração eólica potiguar atravessando 15 municípios entre Ceará Mirim, João Câmara a Assu, com cabos de grande porte. A empresa gera cerca de 600 empregos diretos e já implantou a rede entre os municípios de Ceará Mirim e João Câmara.
A liberação da instalação foi autorizada pelo Idema em dezembro de 2015, quando a empresa começou a implantação dos linhões. A nova proposta de traçado foi apresentada pela empresa em fevereiro. Confira abaixo mais detalhes: EXTENSÃO: O linhão terá 255 km MUNICÍPIOS: A estrutura passa pelos seguintes municípios: Assu, Itajá, Ipanguaçu, Afonso Bezerra, Pedro Avelino, Lajes, Jandaíra, Pedra Preta, João Câmara, Parazinho, Touros, Pureza, Poço Branco, Taipu e Ceará¬Mirim. Eólica no RN: O Rio Grande do Norte tem 102 parques eólicos em operação, com 2,8 Gigawatts de capacidade instalada. A operação dos linhões, ao término da obra, é autorizada pela ONS.
VALOR ECONÔMICO
Mercado adia previsão de corte da Selic
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e o discurso do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, provocaram forte ajuste no mercado futuro de juros, levando os investidores a postergar as apostas para o início do corte da taxa Selic neste ano, o que contribuiu para a queda das taxas de longo prazo. O presidente do BC destacou que o objetivo é buscar o centro da meta de 4,5% em 2017 e descartou a adoção de uma meta de inflação ajustada, proposta que chegou a ser discutida pelo mercado. Isso levou o mercado a adiar as apostas para o início do corte de juros para outubro ou novembro, reduzindo a probabilidade de queda da Selic em agosto, como refletia os juros futuros até segunda-¬feira.
Ontem, o contrato DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2017 subiu de 13,65% para 13,84%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou de 12,23% para 12,07%. O corte da Selic refletido nos DIs para este ano, caiu de 1,28 ponto percentual para 0,94 ponto, segundo cálculos da gestora Quantitas. O mercado de juros teve o maior volume negociado desde 20 de janeiro de 2016, com 2.157.435 contratos negociados. O discurso "hawkish" (menos inclinado ao afrouxamento monetário) do BC levou a inclinação da curva ¬ medida de risco dada pela diferença entre o DI de janeiro de 2021 e o de janeiro de 2017 ¬ a alcançar a mínima histórica de 1,77 ponto.
Quanto menor a diferença, menor é o prêmio de risco refletido no mercado de juros. Para Solange Srour, economista-¬chefe da Arx Investimentos, o discurso do BC deixa claro que não há espaço para flexibilização da política monetária no curto prazo sem colocar em risco o alcance da meta de inflação em 2017. "O presidente do BC quer criar condições para que fique crível que está buscando o centro da meta." Algumas instituições financeiras como Citi, Garde Asset Management e Brasil Plural revisaram o cenário para a Selic, postergando o início do corte de juros mais para o fim do ano.
O Citi revisou o cenário para início de corte da Selic de agosto para novembro, prevendo uma taxa básica de 13,75% no fim de 2016 e a 12% em 2017. "Duas coisas precisarão acontecer para o BC cortar juros. A primeira é uma melhora concreta do quadro fiscal e a segunda é o fim de choque de preços agrícolas. E nós achamos que as medidas fiscais, especialmente a provação da medida que estabelece um teto para o aumento das despesas do governo, não devem ser aprovadas antes das eleições municipais de outubro.
Além disso, o choque do preço de alimentos ainda deve levar alguns meses para se dissipar", diz Marcelo Kfoury, superintendente do Departamento Econômico do Citi Brasil. O Brasil Plural também mudou a projeção para a Selic e espera um corte de juros de 0,5 ponto em outubro, podendo ser seguido de nova queda da mesma magnitude em novembro, dependendo das consequências da saída do Reino Unido da União Europeia ("Brexit").
O economista-¬chefe da Garde, Daniel Weeks, também alterou a projeção e prevê queda da Selic em novembro, vendo ciclo maior de corte de juros, com a taxa básica encerrando a 10,75% ao final do período, ante 11,5% da projeção anterior.
Algumas instituições consideram a possibilidade de o BC não cortar a Selic neste ano para assegurar a convergência da inflação para o centro da meta em 2017. A economista sênior do Santander Brasil, Tatiana Pinheiro, afirma que as sinalizações dadas pelo RTI e reforçadas pelo presidente do BC são de que a Selic ficará estável em 14,25% até dezembro.
Ela pondera, contudo, que será preciso esperar até a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho e a subsequente ata para ajustar a projeção para a Selic. Por enquanto, o banco prevê corte de juros de 0,50 ponto em agosto, com a Selic encerrando o ano em 12,75%. O economista¬chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves Melo, também não descarta a possibilidade de o BC terminar 2016 com a Selic inalterada, mas ainda espera corte de 0,50 ponto da taxa básica em novembro. "No mínimo, o RTI reduz razoavelmente a probabilidade de queda neste ano", diz.
Como pontos "hawkish" do documento, Melo cita a projeção de inflação para 2017 no cenário de referência de 4,7%, acima da taxa de 4,5% contida na última ata do Copom. "Não deixa de ser uma surpresa, até porque o câmbio está mais baixo que o da ata", diz. No RTI, o câmbio no cenário de referência do BC é de R$ 3,45. O economista¬chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, acredita que ser viável a convergência da inflação para o centro da meta em 2017, considerando um cenário mais positivo para o câmbio e de taxa de juros estável em 14,25% por mais tempo neste ano.
Kawall afirma que deve revisar a projeção para início de corte de juros de agosto para novembro. O cenário para câmbio, segundo Kawall, deve ser mais positivo diante da expectativa de política monetária mais acomodatícia dos bancos centrais globais e redução das incertezas no cenário político e fiscal local. Ontem o dólar caiu 2,64%, para R$ 3,3045, menor patamar desde 23 de julho de 2015.
A alta do real foi intensificada pelas declarações do presidente do BC, que disse que a autoridade monetária poderá reduzir exposição a swaps cambiais tradicionais, cujo estoque soma US$ 62 bilhões, "se e quando estiverem presentes condições de mercado", levando a moeda brasileira a liderar os ganhos frente ao dólar entre as divisas emergentes. A leitura do mercado é de que o BC deve ter uma postura menos intervencionista e tolerar uma apreciação do real, o que pode contribuir para a convergência da inflação à meta. "O BC vai reduzir os estoque de swaps quando tiver oportunidade, sem interferir no preço do câmbio ou mirar um patamar específico", diz Solange da Arx.
Ilan indica que fiscal antecede redução de juros
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, enfim declarou explicitamente o seu compromisso com o cumprimento da meta de inflação de 4,5% em 2017, afastando especulações de que estaria planejando adotar um objetivo ajustado. E indicou que, para os juros caírem, será importante implementar medidas fiscais e outras reformas que diminuam os prêmios de risco da economia e restabeleçam a confiança, permitindo cumprir a meta de inflação de forma mais acelerada e com menos custos.
Ilan deu as suas primeiras diretrizes de política monetária em entrevista para divulgar a edição de junho do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Projeções apresentadas no documento mostram que, nas condições atuais, não seria possível cumprir a meta de inflação em 2017 caso os juros, hoje em 14,25% ao ano, caíssem como o previsto pelo mercado. "O cenário central não permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias", avisou o Banco Central no relatório.
Uma das projeções de inflação apresentadas no documento diz que, com juros estáveis e a cotação do dólar em R$ 4,45, a inflação de 2017 ficará em 4,7%. O percentual está um pouco acima do objetivo de 4,5%, o que em tese exigiria subir mais os juros, se fosse para aplicar cegamente o regime de metas de inflação. "Dentro das incertezas que vivemos, estamos dentro da margem de erro, e posso dizer que a inflação está em torno da meta de 2017", disse Ilan, mostrando conforto com a projeção levemente acima da meta.
Na mesma entrevista, o diretor de Política Econômica do BC, Altamir Lopes, descartou a necessidade de novos apertos de juros para levar a inflação a 4,5% em 2017 e disse que os juros atuais serão suficientes para tanto. Numa outra projeção apresentada no relatório, que usa a previsão do mercado de queda de juros e alta de dólar, a inflação encerraria 2017 ainda mais alta, em 5,5%. Ou seja, nas condições atuais, não haveria espaço para cortar os juros, como prevê o mercado.
Os analistas privados preveem juros médios de 13,45% ao ano no fim de 2016 e de 11,25% no fim de 2017. As projeções de inflação do BC levam em conta uma severa recessão neste ano, com contração de 3,3%. Mas, ainda assim, levemente menor do que a queda de 3,5% prevista na edição anterior do relatório, de março. Diante desse grande sacrifício, alguns especialistas chegaram a defender que o BC leve a inflação a 4,5% apenas em 2018, o que permitiria cortar os juros mais cedo e estimular a economia.
Para 2017, seria adotada uma meta ajustada, maior que 4,5%. Na projeção do BC apresentada no relatório com juros estáveis em 14,25% ao ano, a inflação chegaria a 4,2% no segundo trimestre de 2018, portanto abaixo da meta definida para 2017, de 4,5%. Embora projeções com horizonte tão longo sejam pouco confiáveis, em tese essa estimativa sugere haver espaço para cortar juro se o BC resolver alongar para 2018 o prazo de convergência da inflação aos 4,5%. Ilan, no entanto, procurou colocar um fim nas especulações sobre uma eventual meta ajustada. "Temos condições de atingir o centro da meta em 2017", afirmou.
"Nunca se falou em metas ajustadas." Os comentários sobre a possível adoção de uma meta ajustada haviam sido alimentadas por pronunciamentos dele próprio, que em dois discursos recentes deixou de declarar o seu compromisso com o objetivo de 4,5% em 2017. Na segunda ocasião, ele disse que, quando choques muitos fortes levam a inflação a estourar o teto da meta, de 6,5%, o BC deve fixar uma trajetória de convergência que seja ao mesmo tempo crível e desafiadora. Hoje, Ilan explicou que, nessas oportunidades, apenas definiu os princípios gerais de sua atuação à frente do BC, que incluem também mirar o centro da meta e usar os intervalos de tolerância para absorver choques inesperados que não podem ser combatidos dentro do ano-¬calendário.
Segundo ele, apenas ontem, na divulgação do RTI, estaria estabelecendo as diretrizes de ação. Ele pontuou que alongar o prazo de convergência à meta se justificaria em 2015, quando a inflação chegou perto de 11%, mas não agora. "Acredito que [cumprir] o centro da meta em 2017 é ambicioso e crível ao mesmo tempo", disse, lembrando que as projeções de inflação do BC que pressupõem juros constantes estão ao redor de 4,5%. Ele frisou que a meta deve ser cumprida num horizonte não muito distante.
"Nesse caso, parece¬me que 2017 é apropriado, não muito distante." Ilan não comentou a possibilidade de o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar uma meta menor do que 4,5% para 2018. Em tese, o fato de a inflação projetada para meados de 2018 já estar em 4,2% facilitaria alcançar um objetivo mais ambicioso. Embora a mensagem central seja de manutenção dos juros, Ilan apontou que a reforma fiscal e outras reformas poderão abrir espaço para uma eventual distensão num futuro indeterminado.
Ele destacou a necessidade de o governo efetivamente aprovar as medidas no Congresso, num sinal de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC não pretende cortar os juros sem antes o lado fiscal estar assegurado. "A aprovação e a implementação de ajustes na economia brasileira, inclusive de ordem fiscal, além de outros fatores como a dinâmica dos preços administrados, o processo de distensão no mercado de trabalho e a perspectiva de um hiato do produto desinflacionário são fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas", diz um dos trechos mais importantes do relatório.
Na entrevista, Ilan argumentou que, embora as projeções do BC que incluem corte de juros não levem a inflação à meta em 2017, esse quadro poderá mudar. "Estamos no início de ajustes econômicos que, se encaminhados e aprovados, têm todo o potencial para continuar reduzindo incertezas e riscos, favorecendo a queda das projeções de inflação do BC", disse. "O processo de desinflação em direção ao centro da meta ocorre[ria] mais rápido e com menos custos."
Sobre a política cambial, Ilan afirmou que o BC tem dois objetivos: manter o regime de câmbio flutuante e encontrar o momento oportuno para continuar reduzindo o estoque de swaps cambiais quando e se for possível. Ele repetiu que "sem ferir o regime de câmbio flutuante, o BC poderá utilizar com parcimônia as ferramentas cambiais de que dispõe". E voltou a afirmar que "poderá reduzir sua exposição cambial em determinado instrumento", esclarecendo que se referia a swaps tradicionais e reversos, ressaltando que o fará "em ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado".
Recuperação do PIB deve ocorrer mesmo com corte de juro adiado
A provável manutenção dos juros em 14,25% ao ano por mais tempo não deverá ter impacto relevante sobre a atividade econômica, segundo analistas. Além de a expectativa generalizada ser de um adiamento por apenas alguns meses do início do ciclo de queda da Selic, um Banco Central (BC) comprometido em levar a inflação para a meta de 4,5% no ano que vem pode ajudar a reduzir as taxas de juros de mercado, as que efetivamente determinam o custo de empréstimos e financiamentos.
Para o analista Antonio Madeira, da MCM Consultores Associados, é possível que o BC comece a cortar os juros apenas em outubro, depois da mensagem mais dura sobre a política monetária contida no Relatório de Inflação e na entrevista de ontem do presidente da instituição, Ilan Goldfajn. Nesse cenário, o BC promoveria duas reduções de 0,25 ponto percentual na Selic neste ano, uma em outubro e outra no fim de novembro, avalia Madeira. Antes, ele trabalhava com três cortes de 0,25 ponto na segunda metade de 2016, começando o ciclo de queda dos juros em agosto.
Esse eventual adiamento da primeira queda da Selic, porém, não deve ter grande impacto sobre a economia, diz Madeira, que não vê motivos para mudar as suas projeções de uma retração do PIB de 3,4% em 2016 e de um crescimento de 1,3% em 2017. O economista-¬chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, também espera que o BC comece a reduzir a taxa Selic apenas em outubro, avaliando que a instituição não vê espaço para afrouxar a política monetária neste momento. Essa atitude mais cautelosa, porém, não deverá impedir que a economia cresça um pouco mais de 2% em 2017, diz ele, que projeta expansão do PIB de 2,1% no ano que vem, uma das mais elevadas do mercado.
"Muito pelo contrário", responde Oliveira. "A postura mais cautelosa [do BC] deve impactar positivamente a atividade econômica, ao reduzir a ponta longa da curva de juros e colaborar na percepção de que o compromisso em reduzir a taxa de inflação para a meta é pra valer". Segundo ele, "é muito importante ter em mente que taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, bem como o de geração de empregos e de renda". Para ele, essa atitude mais dura do BC é que "permitirá mais rápida convergência das expectativas para a meta da inflação de 2017 e, assim, o início do ciclo de afrouxamento monetário". Oliveira estima dois cortes de 0,5 ponto da Selic, nas reuniões de outubro e novembro, com a Selic terminando 2016 em 13,25% e 2017 em 9,75%.
Daniel Weeks, economista-¬chefe da Garde Asset Management, também adiou sua estimativa de início do ciclo de corte de juros, de outubro para novembro. Para ele, o BC deve monitorar alguns riscos relevantes, como a tramitação da PEC do gasto e a evolução dos preços agrícolas, antes de decidir quando reduzir os juros. A contrapartida, porém, deve ser um corte de juros maior ao longo de 2017, para 10,75% ao fim do ano, estima.
Para Weeks, essa mudança não deve comprometer a retomada da economia, que já começa a aparecer nos indicadores de confiança, principalmente na indústria. Independentemente da política monetária, os índices estão, em sua avaliação, refletindo a tentativa do novo governo de "limpar" os riscos fiscais e políticos que tiveram um efeito bastante deletério sobre as expectativas no ano passado.
O compromisso de Ilan com o centro da meta de inflação, diz ele, faz parte do trabalho da equipe econômica como um todo de "arrumar a casa", restabelecendo o tripé macroeconômico formado por meta de inflação, política fiscal sob controle e câmbio flutuante. "E isso é mais importante do que ter Selic temporariamente mais baixa". Esse conjunto de fatores, diz, permite antever crescimento a partir do segundo semestre do ano e alta de 1% do PIB em 2017. Luiz Eduardo Portella, sócio¬-gestor do Modal Asset, estima que a economia pode crescer entre 1% e 1,5% no próximo ano, a depender do ritmo de retomada da confiança.
Para ele, o fato de o BC ter se comprometido com uma desinflação mais rápida da economia atua nesse sentido, já que esse é um vetor importante de aumento da confiança de consumidores. Portella também avalia que a manutenção da taxa básica de juros em 14,25% ao ano por um tempo mais longo, até outubro, não deve atrapalhar a recuperação da atividade. O conservadorismo do BC favorece diminuição da curva de juros futura, já vista ontem no mercado, taxa mais importante para decisões de investimentos, comenta. "Há anos estamos com inflação no topo da meta.
Precisamos que o IPCA fique mais perto de 4,5% para melhorar o ambiente de negócios, a confiança do consumidor, dos empresários", diz. Madeira diz ainda que um eventual conservadorismo maior na largada do ciclo de queda dos juros pode permitir que a Selic caia com mais força depois. O ciclo seria "mais longo e mais pronunciado". Com isso, a Selic pode até mesmo ficar abaixo dos 12,5% no fim de 2017, número projetado hoje pela MCM.
EXAME
Crédito imobiliário tem alta de 11,1% em maio ante abril
O crédito para aquisição e construção de imóveis com recursos da poupança somou R$ 3,9 bilhões em maio, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
O valor é o segundo melhor do ano, segundo a entidade, e representa um crescimento de 11,1% em relação a abril. Na comparação com maio de 2015, houve queda de 30,2%.
No acumulado dos primeiros cinco meses de 2016, os financiamentos imobiliários atingiram R$ 18,3 bilhões, montante 52,9% menor que o apurado em igual período do ano passado. Nos últimos 12 meses, de junho de 2015 a maio de 2016, foram destinados R$ 55 bilhões para aquisição e construção de imóveis com recursos de poupança, retração de 48,9% em relação ao montante apurado nos 12 meses precedentes.
Mês passado, 18,6 mil imóveis foram financiados nas modalidades de aquisição e construção, registrando aumento de 29,2% em relação aos 14,4 mil imóveis financiados em abril. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve recuo de 8,2%. Segundo a Abecip, a queda foi menor que nos meses anteriores, já que em maio de 2015 iniciou-se o processo de retração do mercado.
Entre janeiro e maio de 2016, foram financiados 80,8 mil imóveis, recuo de 53,6% em relação ao mesmo período de 2015, quando 174,3 mil unidades foram objeto de financiamento bancário. Em 12 meses, o crédito imobiliário viabilizou a aquisição e construção de 248 mil imóveis, redução de 50,3% relativamente aos 12 meses precedentes.
Poupança
Os saques nas cadernetas de poupança voltaram a superar os depósitos no mês passado, resultando em captação líquida negativa de R$ 4,2 bilhões. Segundo a Abecip, esse número é fruto do cenário macroeconômico atual.
"Entretanto, as sinalizações provenientes tanto das autoridades como de analistas econômicos sugerem que a Selic possa iniciar uma trajetória de redução nas próximas reuniões - o que, caso se confirme, permite esperar que o ritmo de perdas de recursos das cadernetas tenda à redução no segundo semestre", diz a entidade.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.