Sexta-feira

TRIBUNA DO NORTE

Governo tenta estimular o crédito imobiliário

Num mercado em franca desaceleração, o governo tomou mais uma medida para tentar estimular o financiamento imobiliário. Desta vez, deixou a gestão das carteiras de crédito imobiliário dos bancos um pouco mais frouxa, para que tenham margem de manobra para negociar suas carteiras de empréstimos do setor.

Segundo resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), as instituições financeiras passarão a ter um prazo de 12 meses para aplicarem recursos depositados na poupança em financiamentos imobiliários, quando venderem suas carteiras de crédito do setor para securitizadoras. O papel das securitizadoras neste caso é o de transformar esses financiamentos em títulos que rendem juros, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI).

Até então, essa compensação precisava ocorrer de forma imediata. A regra que ainda vale até o fim do mês prevê que os bancos direcionem 65% do saldo médio dos recursos da caderneta para financiamentos de imóveis. Quando as instituições não conseguem atingir essa meta, são obrigadas a recolher a quantia que feita para atingir o porcentual no BC - os chamados depósitos compulsórios.

Com rendimento baixo, e em alguns casos até nulo, deixar o dinheiro parado no BC é tudo o que os bancos tentam evitar. Ao conceder um prazo mais elástico, o governo tentar fazer o dinheiro girar. Em 12 meses, os bancos passam a ter mais fôlego para obter novos recursos e aplicar no setor imobiliário.

Resultado controverso. As novas regras animaram parte dos representantes do setor da construção. Eles acreditam que as mudanças podem aumentar o fluxo de empréstimos para aquisição de imóveis ou comerciais. No entanto, o otimismo não foi unânime e alguns especialistas mostraram receio com as mudanças, que poderíam ter o resultado contrário para os financiamentos.

Para o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Flavio Amary, as novas regras estimulam o sistema financeiro e ajudam a evitar que os recursos fiquem "engessados" no BC. "Ao dar mais prazo para os bancos, as instituições conseguem se organizar melhor para esse tipo de iniciativa. A venda de recebíveis imobiliários para securitização faz com que os bancos tenham mais recursos", afirmou.

O impacto dessas regras, porém, não deve ocorrer no curto prazo. Para Amary, o efeito será positivo no médio prazo, por causa do tempo do processo de securitização e geração de recursos. "Não é só apertar um botão e conseguir, de imediato, ativos vendidos e empacotados. É um processo que, com o tempo, deve ajudar operações no sistema financeiro e aumentar fluxo para o mercado imobiliário."

Dinheiro carimbado. O vice-presidente de economia do Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP), Eduardo Zaidan, afirmou que as mudanças parecem ser "racionais" em um momento de demanda enfraquecida no mercado de imóveis, em que o volume de crédito pode estar reprimido. Mas o executivo teme que a medida se prolongue e diminua os recursos disponíveis para o mercado de imóveis num momento de recuperação, por causa da dilatação do prazo e flexibilização da gestão do crédito.

"Hoje, sabemos que a demanda está baixa tanto do crédito para produção quanto para o consumidor final, por causa do quadro econômico. O receio é que a medida seja colocada e ninguém retire quando houver uma recuperação", disse. "O mercado em geral não gosta de dinheiro carimbado, como é o caso da poupança. E, volta e meia, aparece um esforço para liberar dinheiro."

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, avaliou o prazo de 12 meses da medida como "razoável", pois "é muito difícil que a instituição venda parte da carteira de crédito imobiliário e recomponha no dia seguinte". Martins minimizou o risco de faltar crédito imobiliárionum momento de retomada do mercado, por causa da competição entre os bancos.

"A medida interessa, em grande parte, aos bancos que têm apetite por crédito imobiliário. Os bancos enfrentam algumas dificuldades hoje, porque antes concederam muito empréstimo para o setor. Mas quando o mercado voltar, eles vão fazer de tudo, de novo, para recuperar o espaço", disse Martins.

 

COLUNA DE LUIZ ANTONIO

Recorde dos juros

A taxa de juros no Brasil é a maior desde 2005, mostra a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). De acordo com o diretor de estudos e pesquisas econômicas da associação, Miguel Ribeiro de Oliveira, estas elevações podem ser atribuídas aos seguintes fatores: crescimento dos índices devido à inadimplência e turbulência política e menor poder de compra das famílias. As expectativas para 2016 são igualmente negativas quanto a todos estes fatores, levando as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensar prováveis perdas.

 

O GLOBO

Mais de 400 mil operários perderam emprego na construção civil em 2015

O resultado de tudo isso interfere na conclusão de obras, sejam elas públicas ou privadas, que parecem se arrastar.

O setor de construção civil terminou o ano de 2015 com muitas demissões e o estado do Piauí foi o que exibiu as maiores altas de custos nesse setor.

As oportunidades de trabalho no setor despencaram. No ano passado, no Brasil, quase 417 mil operários perderam o emprego na construção civil e essa crise atingiu com mais força ainda o Piauí. 23% dos trabalhadores do setor ficaram desempregados, enquanto que o índice nacional foi de 14,56%.

A explicação do sindicato dos donos das construtoras do estado do Piauí é que o setor dependia muito de investimentos do governo federal. A obra da ferrovia Transnordestina, que absorvia boa parte desses trabalhadores, diminuiu o ritmo e já não emprega mais tanto. O outro exemplo é o Programa Minha Casa Minha Vida, que deixou de construir novas moradias para as pessoas com baixa renda familiar.

Mauro está sofrendo com essa crise. Há um ano ele procura o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil em busca de trabalho.

"Aonde a gente chega, a gente entrega o currículo e ficam dizendo que não tem mais vagas, já estão é mandando gente embora", conta Mauro Júnior Pessoa Cruz, que está desempregado.

Na sede do sindicato, as rescisões se amontoam. "As demissões vem aumentando muito, a gente vê as demissões todos os dias, mas não vemos nenhuma perspectiva de obras, obra para iniciar e estar gerando emprego para esses pais de famílias", diz Carlos Magno, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil.

O resultado de tudo isso interfere na conclusão de obras, sejam elas públicas ou privadas. Muitas estão parando no meio do caminho, outras, parecem se arrastar.

"Nós temos, por exemplo, a falta de crédito imobiliário, a inadimplência elevada, a diminuição da renda da população, esses fatores somados a outros, tem contribuído para que as construtoras e incorporadoras alonguem a entrega das obras contatadas no passado para entrega no futuro", explica Antônio Holanda, presidente do Sindicato das Imobiliárias do Piauí.

 

Prazo de empréstimos sobe dois anos puxado por imobiliário e consignado

São Paulo - Em meio à crise econômica brasileira, o prazo médio dos empréstimos feitos por bancos e financeiras a consumidores aumentou em mais de dois anos entre janeiro de 2014 e dezembro do ano passado, de acordo com dados do Banco Central (BC).

O alongamento das dívidas, que passaram de 11 anos e três meses para 13 anos e nove meses, veio ancorado, principalmente, nas linhas consideradas mais seguras pelas instituições financeiras - financiamento imobiliário e empréstimo consignado (com desconto em folha) - e no crédito renegociado.

De acordo com o regulador, o prazo médio do consignado para servidores públicos saltou de cinco anos e seis meses para seis anos e três meses no período, enquanto o crédito imobiliário avançou de 26 anos para 28 anos e nove meses.

"O crédito consignado, no passado, ainda tinha risco de fraude. Hoje, com novos mecanismos de segurança, esse produto acaba sendo aquele com a menor inadimplência", afirmou Eduardo Tambellini, sócio-diretor da consultoria GoOn Risk.

Tambellini lembrou que, ao longo dos últimos dois anos, o governo tomou medidas que ampliou o prazo máximo do consignado para servidores e beneficiários do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS).

Já as dívidas renegociadas, que costumam ter prazos maiores, foram ainda mais alongadas, em quatro meses, para três anos. "Hoje em dia, já não basta fazer uma nova prestação na renegociação de dívidas. Muitas vezes, mesmo as novas prestações não estavam cabendo no bolso do consumidor, então a solução foi alongar os prazos", analisou.

Segundo Giuliano Contento de Oliveira, professor do Instituto de Economia da Unicamp, os prazos aumentaram, em linhas gerais, para contrabalancear a subida dos juros. "Se isso não acontecesse, as prestações se tornariam incompatíveis com a renda dos consumidores", afirmou.

A taxa média dos empréstimos com recursos livres (os juros são definidos pelos bancos) aos consumidores subiu 18 pontos percentuais entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015, para 63,7% ao ano.

Empresas

Já o prazo das dívidas das empresas aumentou por conta dos recursos carimbados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O prazo do crédito para capital de giro concedido pelo banco de fomento aumentou em um ano e quatro meses e dos financiamentos agroindustriais foi alongado em dois anos e quatro meses.

Com a queda das vendas e a consequente redução do faturamento, as companhias passaram a precisar de mais capital de giro, aponta Oliveira. "É uma política do banco [BNDES] fomentar as empresas. Hoje, por conta das dificuldades crescentes do governo, essa política não envolve mais tanto volume de crédito, e sim prazos", observou.

Os dados do BC mostram que o saldo de crédito para capital de giro do BNDES caiu 39,7%, para R$ 14 bilhões.

De acordo com o professor, as medidas do banco têm como objetivo, inclusive, evitar que as empresas entrem em regime de falência ou recuperação judicial.

 

VALOR ECONÔMICO

Crise financeira global é novo risco no horizonte do BC

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu não subir a taxa de juros, há três semanas, não foi discutida em todas as dimensões a hipótese de uma crise financeira global. O que parecia estar no horizonte era uma deflação mundial. Tudo pode mudar de uma hora para outra nos mercados internacionais, mas hoje uma leitura que se ouve dentro da instituição é que, infelizmente, poderemos ter tanto uma crise como uma onda deflacionária. Para o Brasil, pode fazer uma grande diferença a natureza dos eventos que afetam os mercados. Uma onda deflacionária poderá, em tese, ajudar os esforços do BC para cumprir a meta em 2017.

Uma crise financeira, dependendo de sua evolução, pode atuar na direção contrária. A queda da cotação do petróleo, segundo uma fonte ouvida pelo Valor, teria uma transmissão limitada para a economia brasileira, já que a situação financeira da Petrobras atrapalha a redução dos preços dos combustíveis no mercado interno. O melhor cenário para o Brasil seria uma desinflação global que levasse a políticas monetárias acomodatícias em economias avançadas, sobretudo os Estados Unidos.

As indicações mais recentes da presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Janet Yellen, são de que os juros não subirão mais como previsto. A política monetária acomodatícia nos Estados Unidos provavelmente derrubaria o dólar no mundo todo, inclusive no Brasil. Um real mais forte poderia, tudo mais evoluindo positivamente, contribuir para fortalecer o cenário de cumprimento do teto de inflação de 2016 e do centro da meta em 2017, que o BC reafirma que são seus únicos objetivos.

Um dólar mais barato não está nas contas de ninguém, nem do próprio BC nem do mercado financeiro. Na ata do Copom, as projeções usam um dólar estável em R$ 4,00. O Top 5 de médio prazo, que reúne as projeções dos cinco analistas que mais acertam as suas previsões, aponta um dólar a R$ 4,41 em 2016 e de R$ 4,74 em 2017. Se a moeda americana cair bem abaixo dos R$ 4,00, devolvendo uma parte das alta do ano passado, o cenário de cumprimento da meta de inflação em 2017 tende a se fortalecer. O cenário de uma eventual crise financeira internacional poderia ser menos favorável, porque no limite impactaria a taxa de câmbio negativamente.

Para a política monetária, o que conta é como esses fatores internacionais vão pesar no cenário inflacionário. O Copom colocou, em sua última reunião, a taxa de juros "on hold" e não estabeleceu um horizonte preciso de tempo para avaliar o quanto o quadro internacional afeta a inflação dentro do Brasil. Hoje, já existe o diagnóstico dentro do BC de que, dada a enorme importância desses eventos globais, a realidade é que ter aumentado ou não a Selic em janeiro não mudaria muito o comportamento dos mercados ¬ salvo expectativas um pouco menos desancoradas.

O BC segue avaliando como as incertezas no cenário internacional, que se aprofundaram nos últimos dias, afetarão o balanço de riscos para a inflação e, sobretudo, o quanto poderá contribuir para fortalecer a trajetória de cumprimento da meta de inflação, de 4,5%, em 2017.

 

O que está havendo nos mercados? Cinco teorias tentam explicar o caos

A crescente volatilidade que os mercados de ações, títulos de dívida, câmbio e commodities estão experimentando neste ano lançou os investidores numa busca frenética para descobrir o que está acontecendo. As turbulências nos mercados se intensificaram ontem, com bolsas despencando no mundo todo diante da fuga dos investidores das ações para investimentos considerados mais seguros, como as notas do Tesouro americano.

Nos Estados Unidos, a Média Industrial Dow Jones recuou 1,6%, para 15.660,18 pontos, enquanto os rendimentos das notas de dez anos do Tesouro caíram de 1,706% ao ano na quarta¬feira para 1,642%, um reflexo da alta nos preços causada pela maior demanda pelo papel. Os futuros do ouro, outro ativo para o qual os investidores correm em tempos de incerteza, subiram 4,5%, para US$ 1247,90 a onça, enquanto o dólar caiu 0,96% ante o iene.

No Brasil, o Ibovespa recuou 2,62%. Enquanto investidores e analistas procuram motivos para a volatilidade global, o que parece plausível hoje é rapidamente descartado quando o mercado deriva para outra direção. Não faz muito tempo que a queda nos preços do petróleo era considerada o principal fator empurrando as ações para baixo. Mas, agora, o índice S&P 500 já recuou mais neste ano que seu subgrupo formado por empresas de petróleo ¬ e a queda de ambos foi superada pela dos papéis de empresas financeiras. Encontrar uma tese abrangente e amplamente aceita tem se mostrado difícil, o que levou ao surgimento de várias explicações concorrentes, todas elas bastante insatisfatórias.

"Há uma confluência de notícias ruins em todo o mundo que realmente abala a confiança do investidor", diz Brad McMillan, diretor de investimento da corretora Commonwealth Financial Network, que administra cerca de US$ 100 bilhões. "Essa volatilidade é percebida como muito incomum e assustadora, o que está agravando o problema." Então, qual a melhor maneira de explicar o comportamento dos mercados em todo o mundo?

Eis aqui cinco teorias: É culpa dos especuladores Enquanto o Federal Reserve, o banco central dos EUA, passava a maior parte de 2015 se preparando para elevar os juros, os investidores apostaram que os bancos embolsariam o aumento da diferença entre o que cobram por empréstimos e o que pagam pelos depósitos. Mas as ações de empresas financeiras vêm despencando neste ano depois que investidores abraçaram a ideia de juros "mais baixos por mais tempo" ¬ uma previsão sóbria de que os juros não subirão muito durante anos.

O Banco do Japão surpreendeu um já titubeante setor financeiro global ao levar seus juros para território negativo, em 29 de janeiro. E agora, até o próprio Fed não descarta essa possiblidade, como indicou sua presidente, Janet Yellen, ontem. Isso ressalta tanto o pessimismo sobre a economia global quanto o vaivém visto nos últimos 12 meses nas operações financeiras baseadas em grandes questões "macro". "O dinheiro especulativo foi para os bancos no fim de 2015 porque eles antecipavam altas nos juros, e aí esse dinheiro foi embora", diz Diane Jaffee, gestora de portfólio na TCW Group Inc.

Ansiedade ao redor do yuan Alguns dizem que o atual tumulto nos mercados tem raízes na China. Muitos investidores acreditam que o país não terá outra escolha a não ser desvalorizar o yuan, medida que poderá aprofundar a crise econômica global. As autoridades chinesas dizem que não pretendem desvalorizar a moeda, mas alguns fundos de hedge estão tentando forçar a mão fazendo apostas de bilhões de dólares contra o yuan. Analistas estão acompanhando este confronto de perto, depois que uma desvalorização do yuan, em agosto, deflagrou uma onda global de venda de ações.

Por trás desse movimento estava o receio de que a economia chinesa ¬ cujos dados há muito são vistos com suspeita por Wall Street ¬ está caminhando para um choque de realidade. São os fundos soberanos Países produtores de petróleo injetaram bilhões de dólares em fundos de investimento quando os preços da commodity estavam em alta. Agora, esses fundos estão liquidando ações compradas em tempos mais felizes e acelerando a forte queda do mercado nos EUA, teorizam alguns.

Claro que dados sobre quem está e não está vendendo são escassos e há certa razão em questionar se esses fundos, por maiores que sejam, podem realmente ter um efeito significativo nas bolsas dos EUA e do mundo. Embora o banco J.P. Morgan estime que os fundos soberanos serão forçados a vender US$ 75 bilhões em ações em todo mundo neste ano, o mercado americano recentemente foi avaliado em US$ 20,95 trilhões. "Os preços do petróleo serão constantemente pressionados, mas não vejo um fluxo de fundos soberanos alimentados por petróleo como uma ameaça mortal às ações dos EUA ou ações em geral", diz Ben Mandel, estrategista da divisão de gestão de ativos do banco J.P. Morgan.

Preocupações com os EUA Muitos investidores temem que os EUA, que nos últimos anos foram a economia com o melhor desempenho do mundo desenvolvido, estejam prestes a ser derrubados por forças globais, inclusive a valorização do dólar. O setor manufatureiro do país se contraiu pelo quarto mês consecutivo em janeiro. A criação de novos empregos, há muito o destaque da expansão econômica, desacelerou.

O Fed expressou preocupação. Ao mesmo tempo, para acentuar as incertezas, o desemprego caiu em janeiro e os salários cresceram, e muitos indicadores do mercado que podem apontar para dificuldades econômicas futuras parecem exagerados (considere a queda nas ações dos bancos, que derrubou o valor de mercado de grandes instituições dos EUA para abaixo do valor declarado do patrimônio líquido).

Não há crescimento A queda nos preços do petróleo desde junho de 2014 foi amplamente atribuída ao excesso de oferta, já que produtores de todo mundo continuaram extraindo mesmo com os preços deprimidos. Mas, com a cotação do petróleo registrando novos recordes de baixa neste ano, os investidores passaram a apontar para uma queda também na demanda. "Se os preços das commodities como um todo estão fracos, isso me diz que, no geral, a demanda global também está fraca", diz Paul Nolte, gestor de portfólio da Kingsview Asset Management, que administra cerca de US$ 150 milhões.

 

Preocupação com crescimento eleva risco de crédito

O risco de crédito aumentou no mundo inteiro, depois de comentários da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, renovarem as preocupações com o crescimento da economia mundial. O custo da proteção contra calotes de empresas nos Estados Unidos subiu para o maior nível em quase quatro anos, depois que Yellen disse que quedas nos preços das ações e outros mercados poderão afetar as perspectivas para a economia americana. Indicadores de CDS (credit default swaps) na Europa também atingiram os maiores patamares desde 2013, após comentários do Deutsche Bank sobre potenciais encargos para uma unidade varejista, e os lucros menores que os esperados divulgados pelo Société Générale.

A confiança na capacidade dos planejadores econômicos de dar suporte à economia global também pode estar diminuindo, após Yellen sugerir um possível adiamento na alta dos juros nos EUA ¬ declaração que impediu uma reação dos mercados. "Há muito incerteza por aí", diz Ryan Jungk, analista de crédito da Newfleet Asset Management, de Hartford, Connecticut. "O mercado participa desses pronunciamentos de Yellen na esperança de sair deles com alguma certeza. Mas isso não aconteceu e os ativos de risco retomaram a alta", disse. O índice Markit CDX North America Investment Grade Index chegou a subir seis pontos-¬base ontem, para 128 pontos¬base, segundo dados compilados pela "Bloomberg".

O indicador para os títulos de dívida de grau especulativo subiu 20 pontos¬base, a 596 pontos, o maior desde 2012. O índice Markit iTraxx Europe de CDSs de companhias com grau de investimento subiu cinco pontos¬base, para 122 pontos, o maior patamar desde junho de 2013, segundo a "Bloomberg". A dívida de maior risco do Deutsche Bank caiu para níveis recordes de baixa ontem, após o banco revelar que poderá ter de lançar mais despesas contra o balanço do braço de varejo do Deutsche Postbank.

Esta semana, o banco disse a investidores que conseguirá realizar seus pagamentos sobre as chamadas notas "Tier 1" adicionais neste ano e no próximo. Um colapso no mercado de títulos de maior risco dos bancos significa que os bônus mais duramente atingidos e emitidos pelo Deutsche Bank, UniCredit e Banco Santander, estão agora levando em conta nos preços uma média de três anos de cupons não pagos, segundo analistas do J.P. Morgan Chase. Os bancos podem ser impedidos de realizar pagamentos de cupons se o capital cai abaixo de um nível de desencadeamento.

Os bônus do setor de energia lideraram as perdas entre as dívidas de alto rendimento e grau de investimento nos Estados Unidos, com a queda do preço do petróleo para US$ 26,22 o barril. "Está havendo um efeito contágio para setores além do de energia" e vendas forçadas "impediram os preços de subir", disse Matthew Duch, gestor de recursos da Calvert Investments de Bethesda, Maryland, que gerencia mais de US$ 12 bilhões em ativos. "Os compradores não estão aparecendo porque não têm dinheiro, têm restrições ou querem esperar para ver o que vai acontecer", afirma.

O ciclo de crédito virou e os defaults vão aumentar por um período de vários anos, segundo um relatório do Morgan Stanley, datado de 8 de fevereiro. O rendimento extra ¬ spread ¬ que os investidores estão exigindo sobre os Treasuries para ter em carteira bônus corporativos americanos com grau de investimento aumentou 41 pontos-base no mês passado, para 215 pontos na terça-¬feira, o maior desde 2012, segundo a "Bloomberg". "Acho que não há uma oportunidade de prazos mais longos em grau de investimento, com o aumento dos spreads", afirma Jungk, da Newfleet.

 

Taxas de juros sobem pelo 16º mês seguido, diz Anefac

As taxas de juros das operações de crédito voltaram a subir em janeiro de 2016, na 16ª elevação mensal consecutiva, de acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo a Anefac, as seis linhas de crédito pesquisadas tiveram aumento de juros no mês (juros do comércio, cartão de crédito rotativo, cheque especial, crédito direto para financiamento de veículos, empréstimo pessoal de bancos e empréstimo pessoal de financeiras).

Com isso, a taxa média de juros geral para pessoa física subiu 0,11 ponto percentual de dezembro para janeiro deste ano e atingiu 7,67% ao mês (142,74% ao ano). Esse é a maior taxa desde fevereiro de 2005. No caso das empresas, também houve elevação nas três linhas de crédito pesquisadas (capital de giro, desconto de duplicatas e conta garantida). A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou elevação de 0,06 ponto percentual ao passar de 4,27% ao mês (65,16% ao ano) em dezembro de 2015 para 4,33% ao mês (66,31% ao ano) em janeiro de 2016. Esse é o maior patamar desde fevereiro de 2009.

De acordo com o diretor de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, um dos motivos que explicam as elevações dos juros é o cenário econômico, que aumenta o risco de os índices de inadimplência também subirem. “Este momento se baseia no fato de os índices de inflação estarem mais elevados, com aumento de impostos e juros maiores, que reduzem a renda das famílias. Agregado ao baixo crescimento econômico, deverá promover alta dos índices de desemprego”, disse Oliveira.

Ele acrescentou que como as expectativas para 2016 “são igualmente negativas quanto a todos estes fatores”, as instituições financeiras aumentam suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência. O outro fator que explica a elevação das taxas é o aumento dos juros futuros, por conta da turbulência política e econômica. 

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